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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Conheço bem a atividade dos professores das AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular). São licenciados e mestres, alguns preparam doutoramento. Gente do mais alto nível. Nas escolas onde vou, chamado para as ações com os meus pequenos leitores, lá os encontro. Jovens, dinâmicos, criativos, ensinam inglês, educação musical, expressão plástica, artes de palco, dança, atividades físicas e desportivas, educação para a cidadania, informática, xadrez, dramatizam as histórias com os alunos, constroem cenários, inventam peças de teatro, agarram nos poemas dos escritores convidados, aplicam-lhes uma música e põem os alunos a cantar empolgados, formando coros de vozes coloridas e alegres. Com o contributo destes professores, a escola não é uma seca. Longe disso. É um espaço de cor, alegria e vida, um motor de criatividade e autoestima. Nos espetáculos festivos, enchem os olhos aos pais, tios, avós e bisavós das crianças, que ali vão deslumbrar-se, orgulhosos, com os desempenhos inocentes das suas pequenas vedetas.
E o Estado o que lhes dá em troca? Miséria. Recebem remunerações mensais que, por vezes, nem chegam aos 300 euros, são "chutados" para a rua quando as aulas acabam sem ao menos se acautelarem os programas de continuidade pedagógica. São a mão de obra barata da Educação. Nem sequer podem pedir o subsídio de desemprego, nem subsídio de férias, nem de Natal, nem de maternidade. E se faltam um dia por doença... já não o recebem.
O contraste da educação com o indivíduo do post anterior e todos os outros proto-Salgados deste país. Quando a educação é sacrificada para beneficiar os tipos da banca que nos roubam e depauperam a todos que futuro podemos ter?
Ontem um comentador não gostou de qualquer coisa que escrevi contra os políticos que têm sustentado este estado de coisas e chamou-me (entre outras coisas) indigente. Pensou estar a ofender-me mas a verdade é que só está a confirmar os factos: efectivamente, na educação, exceptuando meia dúzia de pessoas cheias de privilégios (os moços de recados da tutela e os seus moços de recados) somos todos mais ou menos indigentes. Os mais novos mais, como se lê na notícia. Ninguém tem contas de bilião, tudo é contado ao tostão.
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