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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Sem a autonomia dos indivíduos não existem sociedades autónomas.
Sem sociedades autónomas não existe uma união democrática de países.
Apenas numa sociedade democrática podemos educar para a autonomia, que implica a crítica, a discordância, a discussão, o princípio de que os outros também podem e devem, ocupar os lugares do poder, para participar na dinâmica da construção das instituições que servem a sociedade dos indivíduos.
Onde não há autonomia, somos escravos. Escravos de outros que tudo decidem por nós.
Onde não há educação para a autonomia [educação para a reflexão, a crítica, a discussão, a responsabilidade e a partilha de poder] as sociedades resvalam para tiranias, sejam capitalistas, comunistas, teocráticas, oligárquicas.
As sociedades tirânicas estão sujeitas a revoltas, induzidas pelas desigualdades, injustiças, etc. que decorrem da ausência de autonomia.
As revoltas nas sociedades sem autonomia são de acordo com a sua educação não-autónoma: o que sobra, quando não há palavra, discussão, crítica, partilha de poder e reflexão? Violência.
Logo, sociedades onde os indivíduos não são autónomos, são sociedades de/para violência.
Questão: a UE é uma União de sociedades autónomas, com indivíduos autónomos? Não me parece. No entanto, esse ideal de autonomia era um dos pressupostos da construção do projecto europeu na altura em que se falava em assegurar a paz.
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Autonomia - palavra composta que vem do grego 'auto' que significa por si mesmo e 'nomos' que significa lei. Autonomia significa dar a lei a si mesmo. Não significa fazer o que se quer ou agir com espontaneidade ou por instinto ou prazer. Significa agir segundo a sua própria lei, o que tem implícito, ser capaz de reflectir e construir a sua própria lei, tornando-se independente de leis exteriores, sejam divinas, da natureza instintiva/sensorial ou de entidades/autoridades políticas não democráticas.
(a partir de notas de leitura de C. Castoriadis)
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