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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Putin chega a Pikalevo, uma pequena cidade onde as pessoas dependem duma fábrica que fechou as portas e deixou de pagar aos trabalhadores durante a crise. A fábrica pertence ao bilionário Oleg Deripaska. Putin, em frente das câmaras da TV humilha Oleg Deripaska. Diz-lhe que a sua administração é um bando de gente gananciosa e sem profissionalismo; que deixaram milhares de pessoas em dificuldades; diz-lhes que não precisa deles para nada e que, se não puserem rapidamente a fábrica a trabalhar, os tira do lugar e põe outros no lugar deles. Depois, manda o bilionário assinar um acordo de entendimento que ele mesmo fez. Atira-lhe a caneta com desprezo e trata-o como um professor primário trata um puto.
É por isto que o Putin é tão popular. Quem é o Presidente que tem a lata de fazer isto aos grandes bilionários que destroem milhares de postos de trabalho por mera ganância e incompetência? No entanto, é por isto que a Rússia não se desprende do autoritarismo. Putin governa um País que obedece e cumpre deveres por medo e não por consciência das suas responsabilidades sociais. No dia em que ele for embora os russos vão almejar outro papá que os proteja. É fácil ser ditador e governar com abuso de poder e arbitrariedades, o difícil é governar democraticamente: com respeito pelas pessoas, sem auto-privilégios [Putin critica a ganância dos administradores esquecendo que ele mesmo é dono de uma fortuna de 70 biliões mais vinte e tal mansões luxuosas em zonas protegidas, fora as posses da sua entourage de incompetentes auto-priviligiados que vivem dos abusos de poder], com decisões discutidas com parceiros sociais, consensuais, em vez de unilaterais para agradar aos que o rodeiam e à sua própria vaidade.
Hoje o Putin desprezou o bilionário, amanhã despreza o povo porque governa sem ética nem princípios, apenas interesses e vaidade. No entanto, as pessoas gostam desta gente assim e só percebem como são medíocres quando são elas o alvo particular do desprezo deles. Daí a popularidade do homem, dentro e fora do País.
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