Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Manobras defensivas são a alma do xadrez já que impedem catástrofes posicionais ou garantem a solidez de uma posição. Neste jogo do mundo a Alemanha joga com as brancas e há muito que convenceu os países da Europa a uma autofagia de peças cruciais. A Grécia joga com as pretas que como se sabe são a posição defensiva. Só que existem jogadores que são muito bons a jogar com as pretas: são inventivos, corajosos e tenazes.
A Grécia acaba de atingir a Alemanha num dos seus orgãos vitais: o sector energético. A Alemanha que era o distribuidor único do gás que vinha da Rússia (a Merkele negociou com a Rússia ter o monopólio da distribuição de gás na UE para lucrar à custa dos seus 'parceiros'), teve o primeiro golpe com a resposta de Putin à crise da Ucrânia (obrigou a Merkele a ir de urgência a Espanha negociar o gás) e agora leva o maior golpe que é a Grécia tomar o seu lugar de distribuidor de energia para a maioria dos países, o que equivale a ter-lhe comido duma só vez, um cavalo e uma torre, sendo que Tsipras jogou a rainha para defender os peões, o que é de valor!!
Varoufakis foi ter com Obama garantir o apoio dos EUA. Quem obriga a Grécia a estas manobras defensivas é a Alemanha que não aceita desobediências à sua autoridade de grande líder duma Europa autofágica ajoelhada.
A Grécia já cedeu e cedeu mas a Alemanha quer mais e só aceita a rendição total autofágica: despedimentos em massa (o que nós fizémos e agora temos uma fuga de portugueses para o enriquecimento da Alemanha e outros países do Norte), redução de salários (o que fizémos ao ponto de um engenheiro ganhar 500 euros e termos a economia parada sem poder de compra e com os outros países poderem vir cá buscar quem querem ao preço da chuva ácida), desmantelamento dos serviços públicos e das empresas públicas (o que também fizemos obedientemente e que nos deixou com a saúde e a educação de rastos e com as empresas públicas a serem vendidas por dois tostões) e sustento público das incompetência e ganâncias da banca (o que também fizémos). Enfim, uma austeridade autofágica imposta.
Tsipras e Vroufakis estão a jogar com as pretas e a manobrar defensivamente, isto é, a diversificar as suas possibilidades de crédito e de alianças, que é como quem diz, de sobrevivência, porque ninguém sobrevive sozinho neste planeta e a UE dos canibais parece querer empurrar a Grécia para a situação de estrangeiro, à deriva no Mediterrâneo, dependente da caridade dos ricos que assistem impávidos ao seu naufragar.
É contra isso que Tsipras luta e a luta dele é também a nossa se não queremos ser os pigs amestrados da Alemanha.
Três vivas para o Tsipras.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.