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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Não. A Europa é que se comprometeu a si mesma ao esperar qualquer coisa de Trump em nome de uma aliança que ele não reconhece. Trump comporta-se como sempre se comportou. O problema desta cimeira não é o que Trump se comprometeu a fazer com Putin. Trump não é leal a ninguém -está ali com ar todo contente a dizer mal do seu próprio país, das pessoas do seu país, do FBI, como se ele e Putin fossem 'pals'-, a palavra dele não vale nada e o que hoje disse amanhã pode perfeitamente desdizer. O problema são as informações que ele passou a Putin sobre as reuniões da NATO ou com os líderes europeus. Putin percebe isto tão bem que apressou-se a dizer que Trump considera ilegal a ocupação da Crimeia para descansar as pessoas sobre o que ele terá dito, o que significa que terá dito mesmo qualquer coisa.
A Europa tem andado a fazer reuniões e cimeiras sem rumo. O Presidente da Comissão Europeia é um desastre, um tipo que não devia nunca ter sido mais que um organizador de sardinhadas e quem quis liderar, de facto, a UE, não lidera a não ser nas questões económicas onde se impõe mais que lidera. Se a Europa soubesse o que quer, delineava uma estratégia e não andava à nora à espera das conferências de Trump para reagir. Agia de seu próprio modo para os seus próprios objectivos.
Uma pessoa fica a pensar, 'mas não há ninguém naquele monstro burocrático da Praça Schumann que não esteja petrificado? Não existem meia dúzia de pessoas capazes de delinear estratégias, de propôr objectivos que não nos dividam, antes unam?'
Parece-me que será preciso um movimento transnacional com sangue novo para lhe abrir uma possibilidade de futuro, com ideias que quebrem este muro de incompetência e interesses dos grupos tomados pelo poder e lobbies de Bruxelas, um movimento que contrarie o sucesso dos partidos de direita extremista, transnacionais, que estão a minar a UE.
E não falo desse partido que anda aí a dizer que é do centro, o que é igual a dizer nada e que quer mudar tudo mas que não apresenta uma única ideia, proposta, estratégia, que não tem princípios orientadores para avaliarmos, embora ele seja um sintoma de que esta necessidade de mudança é tão forte em baixo que está a rebentar por todos os lados.
Falo que um partido ou movimento com propostas e estratégias muito claras de mudança: que diga para onde, porquê e como. Não é possível aderir ao projecto europeu se ele não existe enquanto tal. Ninguém neste momento sabe o que é o projecto europeu. Nunca foi de prosperidade comum, isso foi um embuste que já todos percebemos mas foi um projecto de manutenção de paz com sucesso e de cooperação dentro de valores europeus. Neste momento já não é isto, a não ser talvez a questão da paz e precisa de ser reorientado, adaptado aos tempos que correm e ao futuro que queremos.
Se continuamos a depender destes mesmos líderes que andam às aranhas a choramingar pelos cantos com medo de tudo e sem coragem para nada este projecto implode.
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