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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Uma pessoa vê-se aflita para escolher em quem votar. A minha ideia inicial era o voto para afastar o inútil que lá está. Votar no PSD, portanto. Entretanto, dá-se o caso de ser contra a minha natureza votar em pessoas falsas e mentirosas. E é aqui que a porca torce o rabo. É que o Passos Coelho deu uma de Sócrates com aquela de não saber do PEC e de ter de virar a mesa por causa dessa falta de ética de lho terem escondido...isto é o M.O. do Sócrates e eu não quero que o meu voto ponha lá outro Sócrates. O país não aguenta mais nenhum Sócrates. Depois há a cena do Nobre. Não me choca que o homem queira fazer política nem o acho má pessoa por isso. Mas, nem o acho adequado para presidente da AR (apesar de não estar acusado de pedofilia) nem acho bem que ele se tenha proposto em cima duma mentira - a de que nunca seria de nenhum partido.
De modo que estou sem saber em quem votar.
O país, parece-me, tem um problema de excesso de mentirosos e deficit de gente honesta, na política. E eu não voto em mentirosos.
Isto está muito difícil.
Estou indecisa acerca de como votar nestas eleições presidenciais. Vejo três hipóteses:
1. Desenhar balões a sair da boca dos candidatos e preenchê-los. Por exemplo, no de Cavaco podia escrever, 'não me pronuncio', no de Alegre, 'traição, traição', no Coelho da Madeira, 'as amantes é que se enchem de tachos', etc. Esta hipóetese tem a desvantagem de, na altura da contagem dos votos, ao abrirem o meu, perceberem que fui eu. Até os ouço: 'este é daquela maluca que ficou um quarto de hora na cabina.'...
2. Acrescentar um nome com um quadrado à frente e pôr aí a cruz, votando, por exemplo, no Afonso Henriques, no Jimi Hendrix ou no Elvis...
3. Deixar o boletim em branco.
Enfim, tenho ainda uns dias para me decidir.
* Se o PSD vota este orçamento tal como está, com estes roubos descarados para alimentar amigalhaços e Motas-Engis, não voto neles.
* se o PSD não tiver uma política para a educação e quiser a continuidade do atoleiro em que nos estamos a afundar, não voto neles.
* Se o PSD votar favoravelmente uma moção de confiança a este governo de bandidos, não voto neles.
* Se me começa a cheirar que o Passos Coelho é uma versão do Sócrates com um curso verdadeiro e que os Relvas todos são versões do Clone, do Dog, do Jamé, dos Costas e quejandos, não voto neles.
E mais, convenço todos quantos puder a não votar neles.
Voto a voto...
O blog do MUP tem um artigo de Carlos Fiolhais que saiu no Público sobre um estudo inglês acerca da Desigualdade Social (mobilizacaoeunidadedosprofessores.blogspot.com/2009/08/portugal-desigual.html). Não é que o estudo diga algo que não soubéssemos, mas uma coisa é saber, sem dados, outra é saber com factos e dados objectivos a fundamentar.
Li nesse artigo que Portugal está no topo da desigualdade entre a Inglaterra e os EUA e que existe um padrão de correlação entre a desigualdade social e diversos problemas: insucesso escolar, criminalidade, gravidezes na adolescência, etc.
Pela mesma ordem de ideias mas na razão inversa, existe um padrão de correlação entre uma fraca desigualdade social e a baixa frequência desses mesmos problemas.
Uma das armas, talvez a mais importante, contra a desigualdade social, como é sabido, é a educação como oportunidade de ascenção social/cultural.
Para que essa arma funcione, é necessário que os governantes olhem para o problema com honestidade e seriedade, o que significa perceber que a educação é um campo que não se presta a resultados estatísticos miraculosos e rápidos.
Neste país com pouca tradição de formação académica, quando os governantes têm excesso de poder e ficam lá muito tempo ficam tão absortos naquilo que o Mário Crespo chama, com humor, a Taxa de Roubo, que esquecem tudo o mais. Ora, a educação e a formação das pessoas são coisas frágeis que requerem atenção permanente.
É por isso que acho a alternância democrática a maior invenção da democracia. É que os que estão no poder têm tantos esquemas montados que pelo menos, enquanto os seguintes não nadam à vontade no sistema para montarem, por sua vez, os seus esquemas, nós sempre respiramos um pouco.
A questão pois é a de saber em quem votar para alternar. Eu, pessoalmente, se a Manela esclarecer, muito bem esclarecido, o que vai fazer à gestão escolar (os directores) e à divisão dos professores, é nela que voto para que se inverta este caminhar para o precipício a que nos obrigaram o senhor Sousa e a ministra salazarenta.
Se a Manela não deixar tudo esclarecido vou dar o meu voto a um desses movimentos que representam uma voz da sociedade não partidarizada. Se se não puder votar para mudar as políticas desastrosas destes tipos ao menos contribuo para que a Assembleia da República venha a ter maior representatividade, que bem precisa.
Alguém aí sabe se já há texto escrito, preto no branco, acerca do que vai ser decidido relativamente à divisão da carreira, ao sistema anti-democrático dos directores e besuntos, aos concursos, às avaliações de professores, à estupidez das centenas de grelhas que se preenchem?
É que estou à espera disso para decidir do meu voto! A única coisa que sei é em quem não voto LOL... nos três da vida airada...
E acho que não sou a única. somos milhares!
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