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A Verdade nua

por beatriz j a, em 06.03.19

 

a verdade saindo do poço - Jean-Léon Gérôme, 1896

 

Conta a lenda que a Verdade e a Mentira se encontraram um dia. A Mentira disse para a Verdade, 'Que dia maravilhoso'. A Verdade olhou para o céu e suspirou pois o dia estava realmente lindo. Passaram muito tempo juntas e a certa altura chegaram à borda de um poço. A Mentira diz para a Verdade, 'A água está muito boa, embora tomar um banho juntas'. A Verdade, desconfiada, experimentou a água e descobriu que, de facto, estava boa. Despiram-se e começaram a tomar banho. Nisto, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge. A Verdade, furiosa, saiu do poço e correu por todo o lado à procura da Mentira para recuperar as suas roupas. O Mundo, vendo a Verdade nua, desviou o olhar com desprezo e fúria.

A pobre Verdade voltou para o poço e desapareceu para sempre, escondida, na sua vergonha. Desde então a Mentira viaja pelo mundo vestida de Verdade, satisfazendo as necessidades da sociedade, porque o Mundo não tem desejo nenhum de encontrar a Verdade nua.


publicado às 06:22


A mais pura das verdades

por beatriz j a, em 09.12.15

 

 

 

 

publicado às 16:27


'A-letheia' das palavras que importam

por beatriz j a, em 21.10.15

 

 

 

- Este mural é real?

- É.

- É lindo!

- Não é um mural a sério. Isto é photoshop 

Photoshop! Então, não é real!

- Photshop também é real.

Mas não é arte real. Real é a pintura de Dali.

- É uma outra aparência da arte.

Mas se é aparente não é real.

A aparência também é real.

Mas não é a original, é uma cópia, logo não é real.

- As cópias também são reais. 

Mas não são verdade.

A ideia de encher uma parede de cor e amor onde as pessoas mais precisam é bela e verdadeira.

A arte imaginada pode ser ainda arte?

- Mas existe arte sem ser imaginada? 

Se é bela então é arte?

Sim.

E se é arte, é real?

Sim, e se é real, é verdade.

Então a verdade e a aparência, o original e a cópia podem ambos ser beleza e verdade? 

E quem diz que a cópia não é um outro real, tão real como o real?

Podemos graduar a realidade? Um real mais real e um real menos real?

Não. Se é real, é.

Mesmo que seja aparência?

Mesmo que o seja. Se a aparência é, então é real. Uma outra dimensão de real.

Ah, então não há graus de real mas há dimensões de real.

Suponho que sim. Contextos de real.

- Humm... 

 

 parede com mural na síria (ou photoshop)

 

 

publicado às 05:10

 

 

 

«Dar-se-ão os cidadãos conta de que o sistema nacional de ensino está praticamente por conta de exames até final do ano lectivo? O curso normal das aulas e do trabalho lectivo do 3.º período tem sido consideravelmente perturbado pelas acções de formação previstas para os 2200 professores envolvidos no Preliminary English Test for Schools. Conforme já escrevi nesta coluna, o direito às aulas por parte dos alunos cedeu ao “direito” de uma instituição estrangeira utilizar professores pagos pelo Estado português, para os industriar na aplicação de instrumentos com os quais impõe a supremacia de uma língua de negócios, num quadro comunitário multicultural e plurilinguístico. E não são apenas as aulas sacrificadas. É também o restante trabalho não lectivo desses professores, de que serão dispensados durante o resto do ano.»

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publicado às 06:09


Problemas

por beatriz j a, em 02.02.15

 

 

O reputado pragmátivo W. V. Quine famosamente declarou que nas nossas teorias do mundo (cuja totalidade das declarações apenas foram pragmaticamente trabalhadas e ajustadas umas às outras) nenhuma declaração é não revisível. Mas não é a declaração de Quine, segundo a qual nenhuma declaração é não revisível, pensada para ser 'não revisível': para representar a verdade sobre a revisibilidade, haja ou não fundamentos pragmáticos para a manter? Ele não diz, 'nenhuma declaração é não revisível enquanto esta declaração não for revista'. De toda a maneira, se as declarações de Quine rejeitando as declarações não revisíveis fossem em si mesmas revisíveis, não seria isso a rejeição absoluta das declarações não revisíveis que ele pretendia. À semelhança do princípio segundo o qual não há princípios absolutos, a declaração de Quine rejeita-se a si mesma. (Dr Arnold Zuboff, tradução minha)

 

Mesmo que todas as verdades -ou declarações objectivas- sejam relativas isso não as torna, obrigatoriamente, equivalentes. De qualquer modo o que parece interessante é que mesmo as declarações que pretendem negar a possibilidade de verdade têm intenção de declarar uma verdade.

 

 

publicado às 21:53


Eternamente crianças

por beatriz j a, em 11.07.13

 

 

 

 

 

 

O estudo, a procura da verdade, do conhecimento e da beleza -alguém disse- dá-nos a possibilidade de permanecer eternamente crianças.

 

 

 

Lucina Maleva

publicado às 08:57


verdad

por beatriz j a, em 18.05.13

 

 

 

 

Original ofrecido por su autor Y la Fundación Uviversida-Empresa al autor de la página:

http://locurafilosofica.wordpress.com/2011/10/06/chiste-socratico/

Photo: Chiste Económico-socrático de Chumy Chúmez...Original ofrecido por su autor Y la Fundación Uviversida-Empresa al autor de la página:http://locurafilosofica.wordpress.com/2011/10/06/chiste-socratico/

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publicado às 09:10

 

 

 

 

 

   First, an ambition he [Cavell] finds fundamental to the human condition: the desire to make the world more present, to experience the world even more directly, to know that another loves you, say, to the same degree that you love him. Second, since making the world more present becomes impossible, and we cannot know the love of another in the same way we know our love for that other, we arrive at the feeling of fraudulence (where others, since we can’t confirm their love, can’t confirm our love, so we doubt that even we do love), and skepticism (where others, since we can’t confirm their existence, can’t confirm our existence, so we doubt that we exist). Ever since Descartes first asked how he could be certain the world was not the work of a demon — the famous line of inquiry that led to modern skepticism — this problem has seemed little more than an intellectual exercise. Cavell makes skepticism fundamental, a relation to the world that comes not from the intellect but from (frustrated) desire.


[...]


   Cavell’s argument in favor of perfectionism is especially powerful because the one time in recent philosophy that perfectionism has been taken up, by John Rawls in A Theory of Justice, it was kicked out of democratic society as intolerant and elitist. Cavell’s defense attempts to show that perfectionism is not just permissible but essential to a healthy democracy: 

If there is a perfectionism not only compatible with democracy but necessary to it, it lies not in excusing democracy for its inevitable failures, or looking to rise above them, but in teaching how to respond to those failures … otherwise than by excuse or withdrawal. . . . I understand the training and character and friendship Emerson requires for democracy as preparation to withstand not its rigors but its failures, character to keep the democratic hope alive in the face of disappointment with it.



publicado às 09:44


Estive a ler

por beatriz j a, em 25.12.12

 

 

 

 

... a página oficial da embaixada da China em Portugal. Tem logo na Homepage um texto intitulado, 'A Cotragem de Enfrentar a Verdade' acerca do diferendo com o Japão sobre as ilhas Diaoyu onde tece criticas ao espírito invasor do Japão e à sua falta de verdade... tudo o que lá está escrito podia ser escrito contra a China a propósito do Tibete...

 

publicado às 22:06


Verdade

por beatriz j a, em 20.07.12

 

 

 

 

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drummond de Andrade

 

 

publicado às 09:11


Pensamentos de dois mélreis

por beatriz j a, em 09.06.12

 

 

 

 

A verdade não está nas coisas, está em nós.

 

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publicado às 09:10


very true

por beatriz j a, em 10.07.11

 

 

 

 

 

publicado às 10:27


acerca da verdade

por beatriz j a, em 19.06.11

 

 

 

 

 

All truth passes through three stages. First, it is ridiculed. Second, it is violently opposed. Third, it is accepted as being self-evident. (Schopenhauer)

 

A new scientific truth does not triumph by convincing its opponents and making them see the light, but rather because its opponents eventually die, and a new generation grows up that is familiar with it. (Max Planck)

 

publicado às 21:21


sobre o inusitado de se falar a verdade

por beatriz j a, em 06.06.11

 

 

 

Li hoje num blog que se desfez o mito segundo o qual um candidato, se disser a verdade, não ganha. Isto, a propósito do Passos Coelho ter falado a verdade durante a campanha, dando até tiros no pé. Isso é válido noutros domínios, também.

Acontece que as pessoas estão pouco habituadas a que os outros falem com verdade do que pensam e do que são. Por isso, podemos dizer mil vezes a alguém toda a verdade do que somos e sentimos que mesmo assim a pessoa não a verá e andará à procura do que lá não está. E assume que as coisas são outras, porque não consegue aceitar que se tenha falado sempre a verdade. 

 

publicado às 12:39


sobre a mentira em contexto político

por beatriz j a, em 26.05.11

 

 

 

Já toda a gente reparou que de há uns anos para cá a mentira se banalizou na política. Os líderes mentem nas campanhas e nos governos, sabem que nós sabemos que estão a mentir mas continuam na mentira. Dantes também se mentia, mas quando se era apanhado na mentira activa ou até na mentira passiva da ocultação havia imediatamente demissões. Agora não. Os políticos assumem que o eleitorado assume que a mentira é normal como narrativa de contexto eleitoral ou de contexto de disputa parlamentar.

A Filosofia é um bocadinho culpada disto. A fenomenologia, no século XIX, trouxa a ideia da necessária relatividade de todas as perspectivas do conhecimento e Perleman deu-lhe sequência restaurando, no século XX, o prestígio da argumentação como fundadora legitima do equilíbrio de poderes próprio das democracias.

Tudo estaria bem se estas duas perspectivas não se tivessem misturado na prática quotidiana. A argumentação não torna equivalentes todas as perspectivas, mesmo sendo estas relativas na sua subjectividade. Considerar que qualquer posição é válida -qualquer narrativa, como se diz agora- só porque alguém consegue defendê-la de modo que outros nela acreditam é fazer equivaler a verdade à retórica.

Problema muito antigo este que ganhou novo fôlego entre os novos sofistas. É por isso que os políticos apresentam as suas 'narrativas' mesmo sabendo-as falsas: porque sabem que a verdade está desvalorizada e sofreu um 'downsizing' tendo sido remetida para o domínio da utopia.

Há um par de anos ouvi o Jacques Bouveresse, grande especialista em Wittgenstein, defender num colóquio na Gulbenkian sobre os limites da ciência, a hipótese da Filosofia riscar a palavra verdade do seu programa milenar e, na prática, desistir de ter a verdade como desígnio maior.

É por isso que os políticos já não se demitem quando são apanhados a mentir. Todos esperam que eles mintam. É a narrativa deles...

A mim parece-me que este novo relativismo pragmático está na origem dos povos não se sentirem representados pelos novos políticos sofistas e que lança raízes para uma fragmentação da vida pública.

 

publicado às 22:31


citações

por beatriz j a, em 24.02.10

 

 

Hannah Arendt


Is it of the very essence of the truth to be impotent and of the very essence of power to be deceitful? And what kind of reality does truth possess if it is powerless in the public realm, which more than any other sphere of human life guarantees reality of existence to natal and mortal men--that is, to beings who know they have appeared out of non-being and will, after a short while, again disappear into it?
Truth and Politics

 

tradução

É próprio da essência da verdade ser impotente e é próprio da essência do poder ser mentiroso? E que tipo de realidade possui a verdade se é impotente no domínio publico, o qual, mais do que qualquer outra esfera da vida humana garante a realidade da existência aos homens que nascem e morrem - isto é, aos seres que sabem que apareceram do não-ser e que, passado pouco tempo, voltarão a nele desaparecer?

Verdade e Política


 

publicado às 09:45


verdades eternas

por beatriz j a, em 16.06.09

 

 

Da CARTA VII de Platão

 

A ignorância é para o homem a raíz de todo o mal. Quando a loucura é a pura ignorância, ela limita-se a faltas ligeiras e infantis e não passa de fraqueza. Mas quando se alia à presunção e ainda por cima se conjuga com o poder, torna-se fonte das piores faltas.

A ignorância existe quando se pretende possuir o conhecimento apesar de apenas nos apropriarmos duma parte do infinito domínio do conhecimento.

O conhecimento é o saber do não-saber sob a conduta do Bem.

 

A conversação é o caminho da verdade. Uma atitude contrária à verdade e por isso anti-comunicativa faz do diálogo um não-sentido. É por isso que os espíritos dogmáticos ou 'nihilistas' rejeitam todo o diálogo verdadeiro. Despojam-no da sua natureza. Todos os poderes que querem a mentira impedem, ou interdizem, se têm força para isso, a discussão com o adversário. (Karl Jaspers)

 

 

 

 

publicado às 14:10


A verdade dos lutadores

por beatriz j a, em 08.03.09

 

 

 

Como o post anterior foi um bocado feio, deixo aqui um substituto mais de acordo com o sentimento do dia e do momento:

 

 

A verdade dos lutadores

é a força de sentirem a razão

como esperança que os liga

uns aos outros em união

para além da finitude da vida

em linha inquebrável estendida

de geração em geração.

 

beatriz j. a.

 

 

publicado às 14:57


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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