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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Academia Sueca atribui o galardão ao grupo pela sua “decisiva contribuição para a construção de uma democracia pluralista no país” no rescaldo da Primavera Árabe. E espera que o quarteto seja “uma inspiração para todos os que procuram promover a paz e a democracia” (do EXPRESSO)
Constitution : la Tunisie adopte la liberté de conscience et rejette la charia
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L'assemblée constituante tunisienne a approuvé samedi 4 janvier les premiers articles de la future Constitution, garantissant la liberté de conscience, faisant de l'Etat le « protecteur du sacré », mais rejetant l'islam comme source de droit – des points qui ont suscité de vives controverses pendant des mois.
Les deux premiers articles, non amendables, définissent la Tunisie comme une République guidée par la « primauté du droit », un Etat « libre, indépendant, souverain » et « civil » dont la religion est l'islam.
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Na nova constituição que está a ser elaborada, o Islão ainda é a religião do Estado -concessão ao movimento islamita- mas não é a fonte do direito e ficou escrita a liberdade de consciência e a natureza civil da nação tunisina. Boas notícias, apesar de muito faltar fazer, sobretudo na igualdade de género. Pode ser que se pegue a outros que também tiveram uma 'primavera árabe'.
Protesters held up signs saying, “Politics ruins religion and religion ruins politics.”
Tunisians are literally debating the future of their country on the streets. Avenue Habib Bourguiba, the broad thoroughfare in central Tunis named after the country’s first president, resembles a Roman forum on weekends, packed with people of all ages excitedly discussing politics.
Achouri Thouraya, 29, a graphic artist, says she has mixed feelings toward the revolution. She shared in the joy of the overthrow of what she described as Mr. Ben Ali’s kleptocratic government. But she also believes that the government’s crackdown on any Muslim groups it considered extremist, a draconian police program that included monitoring those who prayed regularly, helped protect the rights of women.
“We had the freedom to live our lives like women in Europe,” she said. Now she is a “little scared,” Ms. Thouraya said.
She added, “We don’t know who will be president and what attitudes he will have toward women.”
Mounir Troudi, a jazz musician, disagrees. He has no love for the Ben Ali regime but believes that Tunisia will remain a land of beer and bikinis.
“This is a maritime country,” he said. “We are sailors, and we’ve always been open to the outside world. I have confidence in the Tunisian people. It’s not a country of fanatics.”
NYT
Uma semana depois da fuga do presidente Ben Ali, repete-se a interrogação: qual será o país árabe que se segue? A revolução tunisina atingiu o Magrebe e o Médio Oriente como uma onda de choque. Graças à Al-Jazira, os cidadãos testemunharam a implosão de uma ditadura árabe por obra e graça de um movimento popular. É a primeira vez que tal acontece - com um esquecido precedente no Sudão, em 1964.
Isto é que é verdadeiramente excitante e significante: que a revolta e os passos dados em direcção, quem sabe, a uma democracia, não foram impostos ou instigados pelo Ocidente. É isso que cria a esperança de que talvez desta vez isto tenha pernas para andar e para se propagar pelo mundo árabe.
Em Túnis, poucos cafés reabriram as portas. No mercado central, podia-se ver barracas de frutas e legumes, mas as pessoas se queixavam dos preços altos. Sessenta pessoas se acotovelavam diante da única padaria aberta, mas isso não estragava o bom humor geral.
"Nossos filhos vão viver num país livre", dizia uma freguesa.
Há coisas que são mesmo culturais: quem é que aqui se imolava em frente a s. Bento por lhe tirarem uma banca de venda ou algo do género? Mais depressa lançavam fogo ao Parlamento. Mas suponho que a ausência de vida democrática a certa altura dê a ideia de que só os actos de desespero serão visíveis.
Hoje andei a guardar especiarias que me trouxeram de Israel, da zona Palestiniana. Veio tudo o que tinha pedido e ainda mais. Eu uso tudo o que é especiaria. Sou capaz de fazer pratos estranhos só para usar uma especiaria nova. Uma das razões porque gosto tanto de ir aos países do Magreb é o mercado das especiarias.
Na Tunísia fui comprá-las a Gabes. É uma praça quadrada, relativamente grande, só com sacas e pratos de especiarias. Estive lá duas horas, vim de lá cheia de saquinhos. No Egipto, fui a uma aldeia núbia milenar, por onde todo o turista passa, se faz cruzeiro no Nilo, cuja banca das especiarias é essa que se vê na fotografia. Fui com o guia, o Hassan, porque ele achava que se não fosse comigo me enganavam nos preços. O que provavelmente é verdade, mas eu não estava nada ralada com isso. Depois ficou admirado de me ver a discutir as misturas - nesses sítios cada mercador tem as suas misturas de especiarias, que podem incluir apenas 4 ou chegar às 25, e orgulha-se da mestria com que misturou as ervas e as sementes de modo a resultar num aroma especial.
As especiarias compradas cá não têm nada a ver com as que lá se compram, para além de haver muita especiaria que não se vende aqui, nem mesmo no Martim Moniz.
As que se compram nessas terras que bordejam o deserto têm um aroma excepcional e intenso. Para além de trazer sempre umas duas ou três misturas e uma pimenta picante própria da região (trouxe da Túnisia uma pimenta picante cujos grãos são negros, compridos e com rosca, a fazer lembrar o corno dos unicórnios) há duas especiarias que compro sempre nesses sítios: coentros em grão (diz-se coriandre em francês, coriander em inglês e têm um aroma com perfume alimonado que fica bem em quase tudo. Esmagam-se os grãos nas palmas das mãos) e cominhos próprios da região - são muito diferentes dos cominhos que se vendem cá. Têm um aroma entre o gengibre e o Kummel. São uma delícia.
Antes de ontem chegaram uma dúzia delas da Palestina. Entre elas vem Zatar que é uma mistura árabe que tem algumas variações dependendo do sítio em que se compra.
A minha cozinha está com um cheiro exótico evocativo das terras das dunas quentes.
Adoro.
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