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Um emplastro chamado Pardal

Com as devidas distâncias, ontem lembrei-me desse filme quando Pardal Henriques, o porta-voz e assessor do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, anunciou o fim da greve. Depois, o comunicado oficial foi lido pelo presidente do sindicato, não sem que Pardal Henriques lhe fosse dando dicas ao ouvido. Uma situação patética, diga-se.

Calculo que muitos camionistas que perderam dinheiro nestes sete dias de greve tenham ficado desiludidos, pois quem estica a corda tanto como o sindicato o fez é para levar a sua luta até ao fim.

(...)

Por fim, Pardal Henriques. O homem foi um dos grandes derrotados desta telenovela e o seu futuro político pode ter ficado em causa, apesar de ter sido um dos principais responsáveis pelos aumentos já garantidos para todos os camionistas.

 

Não há ninguém que não crucifique Pardal Henriques que foi o rosto da greve dos motoristas. Li uma notícia que começava assim, 'Pardal, advogado dos motoristas que nunca foi motorista...' ... mas desde quando os advogados têm que ter a profissão daqueles que defendem?

O homem foi crucificado por toda a gente: pelo governo, pela ANTRAM, pelos jornais e comentadores sicofantas do governo e patrões. No entanto, o que importava aqui perceber é: porque é que Pardal Henriques surge a dar a cara numa greve radical? A resposta está em que, neste momento da história política em que vivemos, ninguém do lado do governo ou das entidades patronais se dá sequer ao trabalho de ouvir os trabalhadores, de modo que as pessoas vêem-se na situação de radicalizar os protestos apenas para que as ouçam.

 

Se não fosse Pardal Henriques e esta greve radical ninguém saberia das condições de trabalho dos camionistas, constantemente ignorados, desprezados até, nas suas questões, por patrões e governos. Temos um país minado pela corrupção e clientelismo onde se aproveitou o pretexto da troika para retirar direitos aos trabalhadores, ao mesmo tempo que se aumentavam as regalias aos responsáveis -da banca às empresas públicas passando pelos políticos- da crise que nos fez pagar 20 mil milhões numa dezena de anos.

 

Este governo, que atingiu o cúmulo da concentração de poder em família e amigos, aproveitou o abismo em que a oposição se enfiou à conta do governo de PPC e o vazio de contestação política eficiente e consequente para mostrar que é duro com quem trabalha e serve quem de nós se serve. Tem sido indiferente à situação dos serviços públicos, dos professores, dos enfermeiros, dos médicos, etc., etc. Está sempre pronto, com  a conivência cobarde do Presidente, a enfiar dinheiro na banca e nos projectos de primos e amigos, no vampirismo do fisco aos pequenos trabalhadores (Nos últimos três anos saíram de Portugal 30 mil milhões de euros para offshores) mas recusa-se terminantemente e com tiques de autoritarismo que já nem os do próprio partido conseguem negar, a atender as condições decadentes dos trabalhadores, chegando ao ponto de nem sequer os ouvir e defender que sendo governo não se tem que cumprir a lei à letra.

 

É por isso que surgem Pardais Henriques, quer dizer, eles são sintoma do desespero em que as pessoas se encontram. E isso é que importa perceber e reparar antes que tudo piore. Neste momento, como se lê na notícia abaixo, há já vários sindicatos desalinhados com as CGTPs.

Estes sindicatos só surgiram, tal como o Pardal Henriques, porque a regressão em direitos laborais que custaram muito a conquistar são constantemente destruídos com o beneplácito das centrais sindicais que assinam de cruz tudo o que os governos querem (ainda hoje li no jornal que o Presidente promulgou a proposta do PS de precarizar ainda mais os trabalhadores duplicando o período de trabalho à experiência com o argumento de que é bom para a economia...) e duplicam a retórica demagoga do governo.

 

O que quero dizer é: o governo de PPC e agora o do Costacenteno, que aproveita o lastro deixado pelo anterior para andar à vontade, foram e são radicais na sua recusa em melhorar a vida e condições de trabalho das pessoas e, até, em ouvi-las.

Com o argumento de terem acabado com a austeridade mantiveram cortes com outros nomes, desinvestimento superior ao do tempo da troika, cobranças incríveis de impostos, deterioração do rendimento da classe média, comportamento agressivo e ofensivo contra os trabalhadores, etc., ao mesmo tempo que deixam os mais ricos enriquecerem. E estão cada vez mais autoritários, em grande parte porque não têm oposição séria - os partidos da geringonça não fazem oposição, fazem fretes. Ora, isso está a fazer surgir movimentos sindicais também mais agressivos e radicais.

 

É a terceira lei de Newton, A toda acção há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Isto, penso, é que importava perceber. Quando encostam as pessoas à parede e elas não vêm modo de poder viver em condições dignas e acham que já não têm nada a perder, avançam com toda a força. Como este governo deve ganhar as eleições, ao que dizem, as coisas vão piorar ainda mais, porque a ganância do poder absoluto faz parte do ADN do PS desde o Socas. É preciso ver que este governo é, em grande parte, o conselho de ministros do governo do Socas.

 

Estão sempre a dizer que Portugal é diferente porque nos outros países o autoritarismo e a extrema -direita estão em ascensão mas aqui temos um governo socialista... a verdade é que o socialismo deste governo é uma fachada para o autoritarismo. A ambição de Centeno é o FMI, os argumentos dele são os do Gaspar (que está no FMI) a ambição do governo é o controlo total dos parceiros sociais e da comunicação social, os argumentos do governo e do Presidente são os da troika, os cortes são ainda piores que os da troika... uma fachada para o mesmo autoritarismo que se vê crescer nos outros países. Isso não vem sem consequências.

 

Direito à resistência. Dos estivadores à aviação, sindicalistas desalinhados criticam Governo

... "exigem apenas melhores condições de trabalho, para que sejam cumpridos os desígnios da Assembleia Constituinte,...

Os sindicalistas defendem que "todos estes direitos foram colocados em causa pelo Governo" que demonstra "querer impor à força a manutenção dos lucros exorbitantes das entidades privadas em detrimento de melhores condições de trabalho". Nenhum trabalhador "pode aceitar continuar a receber salários que não garantam uma existência condigna e o trabalho tem que ser prestado em condições socialmente dignificantes, por forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da atividade profissional com a vida familiar", refere o artigo.

A finalizar, os autores acrescentam: "Queremos continuar a defender a garantia de liberdade dos trabalhadores e lutaremos contra quem queira restringir o direito à greve e consequentemente o direito de quem quer lutar por melhores condições de trabalho, sociais e familiares".

 

publicado às 08:08

 

 

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publicado às 08:16


Esta história, a ser verdade, é chocante

por beatriz j a, em 05.09.17

 

Os idiotas úteis da Autoeuropa

"Tudo isto acabou por ser obtido através de um convite dirigido a um membro que mostrava enorme capacidade de persuasão dos colegas e que era permeável a uma forte influência."  (Pedro Tadeu)

 

publicado às 14:52


O 1º de Maio dos outros sem 1º de Maio

por beatriz j a, em 01.05.15

 

 

 

directamente do FB 

 

 

publicado às 15:52


Os empresários que temos...

por beatriz j a, em 21.06.13

 

 

 

 

Uma trabalhadora da loja das Amoreiras (Lisboa) da Sport Zone foi colocada pela empresa, do Grupo Sonae, na necessidade de optar pelo desemprego ou por prestar assistência à filha, de quatro anos. A denúncia foi feita na semana passada, pelo CESP/CGTP-IN, que exigiu medidas para resolver o problema com equilíbrio e justiça. Segundo o sindicato, a trabalhadora solicitou uma alteração do horário de trabalho, de modo a poder chegar à creche antes desta fechar (19 horas). A empresa recusou o pedido e comunicou à trabalhadora que deveria começar a trabalhar, a partir do passado domingo, dia 9, na loja da marca em Torres Vedras – mais longe e sem transportes directos, já que mãe e filha vivem na Póvoa de Santa Iria (Vila Franca de Xira). Em alternativa, foi-lhe apresentada uma proposta de rescisão do contrato.  

-


publicado às 12:04

 

 

 

 

... para o que querem que os trabalhadores façam e para o que estão dispostos a pagar-lhes: querem trabalhadores que tenham investido na sua própria formação para se tornarem bons especialistas, de preferência que comecem a trabalhar já com uns anos de experiência porque não estão para gastar dinheiro e tempo a treiná-los e, querem que aceitem ordenados próximos do nível da sobrevivência... mas, como diz Peter Cappeli, os empregadores queixam-se de tudo -das escolas que não treinam, dos governos que não mandam nas escolas, dos trabalhadores não terem skills- e, muito espertamente, põem-se sempre de fora da equação, como se a eles não coubesse nada a não ser ficar sentado à espera que o trabalhador lhe dê lucros.

 

Why Bad Jobs-or No Jobs-Happen to Good Workers - IEEE Spectrum

An expert blames employers for unrealistically high expectations and unrealistically low wages

Back in October, an article appeared in The Wall Street Journal with the headline “Why Companies Aren’t Getting the Employees They Need.” It noted that even with millions of highly educated and highly trained workers sidelined by the worst economic downturn in three generations, companies were reporting shortages of skilled workers. Companies typically blame schools, for not providing the right training; the government, for not letting in enough skilled immigrants; and workers themselves, who all too often turn down good jobs at good wages.

 

The author of the article, an expert on employment and management issues, concluded that although employers are in almost complete agreement about the skills gap, there was no actual evidence of it. Instead, he said, “The real culprits are the employers themselves.”

 

That article drew over 500 comments on the Journal’s website and a suggestion from a colleague to expand it into a book. The book did indeed get written and published this month by Wharton Digital Press. Its title is Why Good People Can’t Get Jobs: The Skills Gap and What Companies Can Do About It. And its author is my guest today.

 

Peter Cappelli is the George W. Taylor Professor of Management at Wharton, which is the business school of the University of Pennsylvania, in Philadelphia, and he joins us by phone from there.

 

Peter, welcome to the podcast.

 

 

 


 

publicado às 11:45

 

 

 

 

...como dizia hoje um colega, os trabalhadores é que dão cabo disto!

Queremos despedir os trabalhadores e eles queixam-se!

Queremos tirar-lhes o salário e eles queixam-se!

Queremos que eles sejam temporários permanentes e eles queixam-se!

Queremos que eles trabalhem de sol a sol e eles queixam-se!

Queremos que nos paguem certos luxos e eles queixam-se!

Queremos que não tenham carro e andem sempre a pé e eles queixam-se!

E como se isto não bastasse, ainda querem reformar-se!

Que topete! É demais! Assim não há país que aguente!

 

Devíamos instituir o abate dos cidadãos inúteis e velhos (como agora é moda fazer aos livros velhos...). Era um duplo ganho: evitava-se essa mania de quererem reformar-se e livrávamo-nos do peso dos reformados. Para já não falar dos milhões que se poupavam em medicamentos e bengalas e cadeiras de roda e outros objectos que nos lembram escandalosa e vergonhosamente da nossa inevitável decadência...

Proponho que sejam criadas instituições de 'reciclagem de cidadãos'. Tanto quanto sei lá para o Leste da Europa não destruíram as instituições que em tempos não muito distantes reciclavam judeus, ciganos, gays, deficientes e outros inúteis. Era só reactivá-las e reorientá-las para a reciclagem de velhos reformados! Acabava-se logo com essa moda das reformas! Nas escolas, por exemplo, os ex-titulares, agora grandes líderes escolares fariam o processo de selecção dos C.I.R. (Cidadãos Inúteis Recicláveis).

Naturalmente que os C.I.R. teriam direitos e até sindicatos(!) que revindicariam o direito a não ser reciclado na Primavera e, claro, nunca antes do pôr do sol!

Estas simples medidas livrariam o país de crises sucessivas em virtude dos trabalhadores fazerem exigências absurdas e incomportáveis. Passa lá pela cabeça de alguém querer o retorno do dinheiro descontado? Querer férias? Almoçar e jantar? Ter telemóvel?

Francamente! O problema deste país são os trabalhadores!

 

 

publicado às 14:29


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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