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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
A sovietização das sociedades por meio da tecnologia. Sociedades totalitárias construídas sobre a chantagem e o medo .
Fui à rua e entrei na tabacaria para ver se alguma revista ou jornal trazia algum artigo sobre o 25 de Novembro em ângulo novo ou com testemunhos inéditos. Nada. Nenhum jornal fala no assunto. É um não-assunto.
Não sou particularmente tradicionalista mas parece-me importante não deixar cair no esquecimento as datas, os acontecimentos e as pessoas que contribuiram positivamente para o presente em que estamos. Eu sei que temos um governo que gosta de definir-se como de esquerda (para o que lhe interessa) e que um dos elementos da coligação é o PCP, partido nada interessado em reviver o fim do sonho totalitário que tentou implantar no país mas, mesmo assim, um governo tem que pensar de modo nacional e não apenas e sempre só nos amigos.
Que país queremos ser de costa voltadas para a História?
Estive na Ajuda nesse dia, com uma das minhas irmãs. Estudávamos no Liceu D. João de Castro e fomos para lá a correr assim que se soube que, 'havia guerra na Ajuda e andava tudo aos tiros', segundo uma funcionária da escola. Não havia guerra mas houve tiros. Já uma vez contei aqui a minha experiência desse dia como o culminar de um ano de PREC dramático na minha vida e na da minha família de onde saí viva, mais por sorte que por vontade do COPCON. Não esqueço o 25 de Novembro. Obrigada, Jaime Neves!
Khaled al-Assaad tinha 82 anos
Conforme relatado pelo site da Direcção-Geral de Antiguidades e Museus, o Professor Assaad foi executado de forma bárbara ao ser decapitado no pátio do museu de Palmyra, em seguida, seu corpo foi movido e pendurados nas colunas antigas que ele supervisionou a sua restauração no centro da antigo e histórico da cidade de Palmyra.
Assaad é um dos notáveis da cidade de Palmyra e é conhecido por sua moderação intelectual e religiosa.
"Foi o chefe das antiguidades de Palmira por mais de 50 anos e estava reformado há 13. Tinha 82 anos", acrescentou.
O grupo Estado Islâmico acusa-o de ser leal ao regime sírio, ao representar o país em conferências no estrangeiro com "infiéis".
Há acontecimentos tão chocantes que uma pessoa não consegue processá-los. Esta execução faz-me lembrar a tortura e execução de March Bloch -cujo livro ando a ler- às mãos dos nazis, embora pior, porque o acto de decapitar tem uma intenção óbvia de degradar a pessoa e porque Assaad, ao contrário de Bloch, não pertencia a nenhuma resistência, a nenhum exército, a não ser o dos inocentes e, era uma pessoa de boa vontade dedicado ao conhecimento e ao serviço da História Humana no que esta tem de melhor. Talvez por isso mesmo o tenham destruído deste modo. Entretanto o EI fez explodir um templo em Palmira porque o seu objectivo é o mesmo de Lenine quando mandou matar toda a família do Czar: impedir qualquer réstea de esperança [e de memória] de restauração do que era. Como dizia Arendt:
“To them, violence, power, cruelty, were the supreme capacities of men who had definitely lost their place in the universe and were much too proud to long for a power theory that would safely bring them back and reintegrate them into the world. They were satisfied with blind partisanship in anything that respectable society had banned, regardless of theory or content, and they elevated cruelty to a major virtue because it contradicted society’s humanitarian and liberal hypocrisy.(...)
For legends attract the very best in our times, just as ideologies attract the average, and the whispered tales of gruesome secret powers behind the scenes attract the very worst.
The Origins of Totalitarianism
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