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Tenebrescente

por beatriz j a, em 18.09.19

 

Já não sei traduzir-me em letras

na madrugada sem sono

ao som das rajadas do vento

nem tento...

 

não quero

o refúgio das sombras.

já não sei como hibernar

como ser noite sem dia

 

lua

tenebrescente

 

quisera ser estóica

não sentir, não sofrer,

aqui ou ali,

este ou aquele

ser tudo mais ou menos indiferente

 

tenebrescente

 

é sabido que não tenho 

sentido de orientação

não sei encontrar caminhos

nem sei dar coordenadas

das coisas do coração

 

tenebrescente

 

não aprendi a resguardar-me

do silêncio que me nega

da ausência que me fere

da distância que me apaga

bja

 

publicado às 04:12


Talvez...

por beatriz j a, em 11.09.19

 

talvez amanhã
não tenha conhecido o mundo de perto
talvez amanhã seja de novo mar navegável
em vez deste imenso deserto

 

bja

 

publicado às 20:47


Todo o Tempo é meu contexto

por beatriz j a, em 11.09.19

 

Todo o Tempo é meu contexto.
Eu sou de agora e de antes
plenamente consciente
que todo o passado do Mundo
é, em mim, igualmente presente.

Qualquer época
experimentada
me assenta perfeitamente
visto-as todas à vez
a todas e nenhuma pertenço.
Trajes que provo
por dentro
para melhor sentir o Tempo
do agora, do presente.

Nada me pertence
não tenho lugar reservado
nem modo exclusivo de ser.
Fui cidadã de meu país
fui cidadã de meu continente
tive o mundo como pátria
fui parente de toda a gente
como coisa que também sou
mas que sei, não me pertence.

Sinto o fausto da vida de Tebas
com a mesma realidade
que sofro a solidão deste momento.
Toda a História sentida
como lugar de nascimento
toda a vida vivida
como cidadã do Tempo.

bja

 

publicado às 19:48


A poesia não é dos poetas

por beatriz j a, em 21.07.18

 

 

A poesia não é dos poetas
é do olhar assombrado
daqueles que alimenta.

A poesia não é uma arte
que se ensina ou aprende
é uma porta que se abre
é uma luz que se acende.

Quem com o corvo voou
na hora da ilusão despida
se à sorte se negou
fez-se poeta da vida.

Ser poeta é ser olhar
no parapeito de mim
e o que vejo lá dentro
vejo-o também em ti.

Se o abismo encaras
no teu universo profundo
nesse olhar a alma resgatas
constróis-te poeta no mundo.

 

bja

 

publicado às 00:38


A hora sem possibilidade

por beatriz j a, em 06.05.18

 

 

Deste mundo não sou
não lhe pertenço.
algumas pessoas conheço
me reconheço
nelas
também sou eu
sendo.

Esta é a hora sem possibilidade
frio gélido
não o mereço
o meço
em palavras e frases
recomeços
infinita 'dunamis'
sem 'energeia'
em pó me desfaço.

amanhã me refaço
   me re-construo ser
   sobre o cansaço.

 

bja

 

publicado às 20:57


Domingo à noite

por beatriz j a, em 06.05.18

 

 

Domingo à noite
e o conforto que não vem
nunca é o dia, o mês, o ano
engano, engano.

Fiz-me ao mar há
alguns anos e
na pressa de embarcar
não levei os portulanos
na fé me fiz navegar
já passaram alguns anos
as rochas que recortam a costa
não me deixam aportar.

 

bja

 

publicado às 20:43


Perfection

por beatriz j a, em 16.04.18

 

 

Perfect
is the bright light
of daybreak
and the sift-winged birds
crossing the skies
on flying formation.
The feeling of grace
and completeness
looking at the stars
seeking eternity.
Just open your eyes
and you will see
perfection
in every direction.
Perfect are the hands
of the maestro
drawing circles on the air
adding geometric life
to the cadenza of the music,
and the movement
of the fiddle-bow
caressing the strings.
Perfect is the word that hushes the heart,
the concentration of the child reading a book.
Perfect is the reflection of the infinite
in your sweet steady look.

bja

 

publicado às 21:45


Todo o Tempo é meu contexto.

por beatriz j a, em 16.04.18

 

 

Todo o Tempo é meu contexto.
Eu sou de agora e de antes
plenamente consciente
que todo o passado do Mundo
é, em mim, igualmente presente.

Qualquer época
experimentada
me assenta perfeitamente
visto-as todas à vez
a todas e nenhuma pertenço.
Trajes que provo
por dentro
para melhor sentir o Tempo
do agora, do presente.

Nada me pertence
não tenho lugar reservado
nem modo exclusivo de ser
Fui cidadã de meu país
fui cidadã de meu continente
tive o mundo como pátria
fui parente de toda a gente
como coisa que também sou
mas que sei, não me pertence.

Sinto o fausto da vida de Tebas
com a mesma realidade
que a solidão do convento.


Toda a História sentida
como lugar de nascimento
toda a vida vivida
como cidadã do Tempo.

 bja

 

publicado às 13:57


If I should

por beatriz j a, em 16.04.18

 

 

If I should
- fall apart I mean-
let it be a silent and undisturbed
departure
a fall away
into obliviation.

 bja

 

publicado às 13:56


Que seria a vida sem poesia

por beatriz j a, em 31.01.18

 

 

Que seria a vida sem poesia

 

sem o momento indeciso

o limbo entre a noite e o dia

onde o sono se despe

e o sonho se cria

 

não quero a poesia 

como um fato de cortesia

quero usá-la como pele

amarrotada

amassada

amadurecida pela vida

 

que seria a vida sem poesia

 

sem os ângulos de ensombrar o dia

sem as frestas onde a luz penetra

como faróis na noite densa

sem as agonias da dor

sem os círculos perfeitos do amor

 

ahh... quem nos escreveu nos morreu

mas foi pelo sonho que nos (con)venceu

 

bja

 

publicado às 04:24


Quatro da madrugada

por beatriz j a, em 31.01.18

 

 

Quatro da madrugada 

e dou comigo acordada 

 

com esta febre 

me ardes 

sinto-a [acho que disse]

cresceu

não mais me larga

 

fosse a febre uma ideia

não me faltavam palavras

mas a vida não é argumento

é tímido

o sentimento

 

ai o alento, o alento

a noite é longa

se não está por perto

 

quatro da madrugada 

e dou comigo acordada 

sem água 

rasga-me a sede o peito.

 

bja

 

publicado às 04:02


Se fosse poeta

por beatriz j a, em 30.01.18

 

 

Se fosse poeta
passava os dias
a escrever poesia
de cada vez
dez
poemas
e só depois, então, dormia.

Que luz tem a vida
sem poesia?

Hoje mesmo vi um homem
seriam umas dez da manhã
ir à sua mercearia
debruçava-se sem afã
sobre o primeiro lixo do dia
mesmo em frente ao talho do Zé
onde eu e outros se aviam.

Digam-me agora, se podem
como aguentar a miséria,
a pobreza e a indiferença
dos políticos a letargia
sem amor à poesia?

Se fosse poeta escrevia,
escrevia, escrevia, escrevia,
uns dez poemas por dia
e depois
só depois,
então, dormia.

 

bja

publicado às 18:58


Sonhos

por beatriz j a, em 12.09.17

 

 

não vale a pena pensar muito.
para quê (?)
se tudo é fortuito...

os sonhos são alimento
requentado
em fogo lento
uns hão-de comer-se aos poucos
outros engole-os o tempo.
bja
 

publicado às 22:07


Quadrinhas ao entardecer III

por beatriz j a, em 20.08.17

 

 

Se pudéssemos ver
nesse tempo de crianças
os demónios que hão-de nascer
o desmoronar das esperanças...

Quem nos fez, mal nos pensou
deu-nos da felicidade a promessa
com sonhos nos amarrou
enquanto forjava demência
- traição que se faz à infância...

Se existisse esse Deus alimento
que dizem pregado na cruz
tinha-nos poupado o sofrimento
horror que nos rouba a luz.

O ser humano na balança
onde pesa a ignorância e a luz
não sabe onde pôr a esperança
no meio de tanta demência
fome, castigo, sofrimento e pus.

 

bja

publicado às 21:32


Quadrinhas ao entardecer II

por beatriz j a, em 20.08.17

 

 

miroslava zaharieva

 

Somos náufragos

da nossa infância

 

nesse lugar profundo

reservado para a ancora

dispersos salvados

prendem-nos

 

memórias persistentes

objectos da nossa ânsia.

 

não há prazer em ser profeta

nem as lágrimas se encolhem

por terem sido previstas

com a devida antecedência.

 

navegamos

com as sombras do passado 

[e do presente]

não confies nas aparências

quem mais cala é quem mais sente.

 

bja

 

publicado às 20:59


Doem-me os olhos

por beatriz j a, em 14.07.17

 

 

Doem-me os olhos

de ver.

Ver longe

ver dentro

ver para lá do pensamento.

 

Se tudo é determinado

e não há liberdade de ser

quem nos planeou o sofrer?

 

bja

publicado às 02:42


Meu anjo da guarda

por beatriz j a, em 14.07.17

 

 

toby wright

 

Meu anjo da guarda foi forjado

em dia de tempestade

veio ao mundo grande e largo

mas sem majestade

 

asas negras o deus lhe deu

do tempo antes da Idade

quando o chamo cruza o céu

para mitigar-me a saudade

 

meu anjo da guarda é 'eu'

é outro e é mesmidade

meu anjo da guarda é meu

se eu sou viva ele é verdade.

 

Meu anjo da guarda é nocturno

cuida de mim com desvelo

vigia-me o demónio interno

meu anjo da guarda é belo.

 

bja

 

publicado às 02:36


Toda a noite o vento

por beatriz j a, em 02.01.17

 

 

Toda a noite o vento

fustigou o meu sono

com pancadas nas vidraças.

Noite de insónia agitada

a ouvir morder as janelas

com as pálpebras pesadas.

Horas de sono branco

sonhos desperdiçados,

manhã carregada

paz adiada.

 

bja

 

 

publicado às 04:46


(A)mar

por beatriz j a, em 14.12.16

 

 

 

 

Que há em todo o mundo

maior que o imenso mar?

perguntam rajadas de vento

em assobios de gelar

- nem os picos da montanha

nem o grande glaciar,

uma tal natureza tamanha

só a tem o verbo (A)mar

que em seu nome abocanha,

menor, a força do mar.

 

bja

 

 

publicado às 23:13


A frozen red

por beatriz j a, em 14.12.16

 

 



A frozen red
in winter's heart
a lover's rose
spare part.
How sad
        it is 
to fall apart...

bja

 

publicado às 22:18


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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