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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Texto de João André • 19/03/2015
Ouvi dizer em como por essas bandas de Portugal existe agora um Secretário de Estado interessado em ter os emigrantes de volta. Quais emigrantes, senhor Secretário de Estado? Porque, afinal, ninguém emigrou do país, não, isso de as pessoas terem tido que emigrar por causa das políticas de tantos governos, incluindo o vosso, são tudo falsidades difundidas por um sem número de media sedentos de sangue e sedentos de vendas no intuito único de maldizer o bom nome de quem fez, e faz, tanto por Portugal. Não. Ninguém emigrou e não só eu não estou a escrever esta crónica de Inglaterra, como aquilo que eu agora vi passar nem sequer é um "double-decker" com destino a Charing Cross.
Não, isso são tudo invenções do meu cérebro, porque o Alzheimer não tarda em atacar e o senhor doutor já me disse para pôr o comprimido debaixo da língua. Porque, senhor Secretário de Estado, ninguém emigrou “derivado“ dos milhares de empregos criados pelo seu Governo na presente legislatura. "Or so I’ve been told". Não.
Mas se nos querem tanto de volta, comecem desde já por reconhecer os vossos erros. Comecem desde já por admitir a vossa responsabilidade no exílio, perseguição e expulsão de seiscentos mil portugueses, assim desmembrando, dedo a dedo, braço a braço, sem anestesia nem dó, o som dos ossos a partir e a carne a rasgar de seiscentas mil famílias, as quais não nos terão de volta, mesmo sabendo ser esse o desejo de Vossa Excelência: o senhor Secretário de Estado. Porquê? Porque já estamos muito bem instalados, muito obrigado, empregados, remunerados, reconhecidos, com direito a férias, subsídios de doença, licenças de maternidade e paternidade, pensões de reforma e tudo o mais quanto o governo de Portugal tem insistido em atacar sob a égide da calonice nacional.
Não, senhor Secretário de Estado, não somos calões, nunca o fomos, somos professores, enfermeiros, engenheiros, pescadores, operários, trabalhadores da construção civil, empregadas domésticas e empregados de hotel, eregimos países inteiros e Portugal é demasiado pequeno para todos nós. Porque se nos querem de volta, saiam vocês primeiro, mas de joelhos. E, ao saírem, não se esqueçam de bater nas portas de todas as casas de todas as ruas de todas as vilas e cidades de Portugal pedindo perdão por todo o sofrimento causado. Não o terão, mas o que conta é a intenção.
Deixo aqui o testemunho de uma fumadora inveterada (agradecendo desde já a partilha) que o deixou como comentário a um post que escrevi há tempos sobre a minha experiência de fumar e a dificuldade de deixar de fumar. Pode ser -espero- que dissuada alguém de fumar ou convença outros a deixar esse vício tão nefasto.
A minha saúde e o tabaco Hoje resolvi falar publicamente acerca de um dos meus problemas: O vício de Fumar! Espero fracamente que este meu texto ajude pessoas, que tal como eu, se desleixaram com a saúde, ignorando todos os riscos inerentes a este maléfico vicio. Falo então, dos malfadados cigarros, da qualidade e esperança média de vida dos fumadores. Eu, que ainda sou, fumadora compulsiva, posso falar deste assunto porque fui e sou vítima da minha própria irresponsabilidade e falta de amor à vida, num desrespeito total pela minha saúde, especialmente no que concerne aos pulmões. Fumo há mais de 20 anos, qualquer coisa como 2 maços de cigarros por dia. Não me orgulho disso - é certo, mas na verdade sou responsável pelas minhas próprias escolhas, até porque os cigarros nunca trouxeram benefício algum à vida humana, muito pelo contrário - como é sabido por todos nós. Nunca me preocupei com a minha resistência e sempre achei que só adoecemos gravemente se a mente estiver muito fragilizada e a falta de vontade de viver imperar. Talvez seja isso que aconteceu, porque apesar de fumar há tantos anos, a determinada altura da minha vida (dois anos atrás), decidi não ter o mínimo de cuidado e desatei a fumar como se o meu corpo fosse capaz de suportar as atrocidades a que o submeti. E, apesar de fumar muito, também me descuidei com a alimentação e limitei-me o comer o mínimo. Ora, muitos cigarros, pouca comida (o que conduz à debilidade em termos de regeneração e defesas do corpo - julgo eu e salvo melhor opinião) e um desgosto que tornou tudo há minha volta tão negro quanto a fumaça do cigarro, levou a que os pulmões se ressentissem de uma forma que era de prever, mas que não me assustou - durante este último período da minha vida. Hoje olho para trás e penso que deveria ter colocado a hipótese de que um dia poderia querer voltar a viver e recuperar do choque que abriu um ferida que jamais sarará. Mas não pensei, e esta foi mais uma incoerência da minha parte. Agora perguntam-me, então mas “que raio” te fizeram os cigarros para estares com esta lenga-lenga toda? E eu respondo diretamente e sem rodeios: Tenho dois tipos de enfisema pulmonar e ainda umas simpáticas obstruções! Para quem não sabe o que é, aqui fica uma explicação sucinta acerca da doença e suas causas: É um tipo de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracterizada por danos aos alvéolos pulmonares, causando oxigenação insuficiente e acúmulo de gás carbónico no sangue (hipercapnia). É geralmente causada pela inalação de produtos químicos tóxicos, como por exemplo o fumo de tabaco. É uma das doenças que mais mata no mundo. Mas como se não bastasse, ainda tenho vários problemas nos seios perinasais, que só podem ser resolvidos/atenuados recorrendo à via cirúrgica. Agora alguns de vós vão pensar, como eu pensei, e questionariam: Mas antes isso do que um cancro no pulmão, não é? E responde o médico: Dora, um cancro no pulmão pode ter cura, ou seja submete-se o paciente aos tratamentos e poderá ficar curado, ou então morre em pouco tempo, nos casos em avançado grau. O problema que tens, poderá ser considerado pior, porque não há cura para o enfisema pulmonar, a função pulmonar vai reduzindo-se gradualmente, pode até ser lenta, ninguém pode prever com grandes certezas, porque cada ser humano reage de forma diferente às doenças que lhe surgem, mas garanto-te que a qualidade e esperança média de vida diminui significativamente. O mais grave é que mesmo viva incorres no risco de precisares de oxigénio e ventiladores para te manteres aqui. (Depreendi eu: o médico está a falar-me de uma morte lenta frown emoticon ) E com a voz num tom mais elevado disse: - Dora, se não reduzes substancialmente o número de cigarros que fumas por dia, estás condenada a viver dependente de fármacos, oxigénio, ventiladores e afins, já para não dizer que os teus pulmões vão “colapsar” brevemente, o que conduz a uma morte prematura tendo em conta que tens (diz ele) apenas 41 anos. Por enquanto dependo de bombas broncodilatadoras, daqui a dois meses logo se vê o que mais preciso e se os pulmões respondem ao medicamento. Curar é impossível, mas é possível melhorar um pouco a qualidade de vida, é isso que os médicos estão a tentar fazer. Deixo-vos uma certeza: Fumar, MATA mesmo!
(do blog transicao_ou_disrupcao)
Em Maio passado formalizei uma decisão sobre a minha vida profissional que culmina um percurso pessoal de tomada de consciência e de intensa busca interior que se iniciou em 2011-2012. Solicitei a rescisão do meu contrato como docente universitário, função que desempenhava há quase 28 anos. O texto que se segue é uma adaptação da carta que entreguei ao director da minha faculdade em complemento ao pedido formal.
"Como tive oportunidade de comunicar noutra ocasião, tenho sentido um desconforto crescente no exercício das minhas actividades, quer como docente, quer como investigador desta faculdade. As causas desse meu desconforto prendem-se com factores de ordem pessoal e conjuntural e não têm apenas a ver com esta escola em particular. No entanto, senti a necessidade de partilhar algumas das múltiplas razões que estão na origem desta minha decisão.
Considero condição necessária para desempenhar as minhas funções com motivação, empenho e qualidade, uma identificação e consonância com os valores e objectivos da escola. Acontece que nos últimos anos fui-me sentindo cada vez mais afastado desses mesmos valores e objectivos. O descontentamento foi dando lugar à frustração e esta foi-me roubando o gosto pelas minhas actividades académicas. Por um lado, em termos de docência e gestão académica, fui assistindo a uma transição para um modelo cada vez mais tecnocrático, mais burocrático e menos democrático, na medida em que tem conduzido a um distanciamento progressivo dos docentes em relação às decisões sobre as orientações estratégicas da escola. Associado a este modelo tem estado um mecanismo perverso de financiamento das universidades públicas que levou a que estas cedessem à tentação de aumentar o número de ingressos em função da procura, sem as necessárias contrapartidas institucionais, como o aumento de número de docentes, a dotação orçamental adequada para as aulas de laboratório, a renovação de equipamentos pedagógicos, etc., e não apostando em estratégias de qualidade do ensino. Assisti pela primeira vez este ano lectivo a situações aberrantes como a inexistência de verbas para comprar reagentes para as aulas de laboratório e colegas de departamento contratados a tempo parcial mas cujos ordenados não corresponderam à percentagem de tempo contratada e à carga lectiva que efectivamente tiveram. Os sucessivos aumentos do número de alunos em vários cursos têm vindo, por sua vez, a provocar uma diminuição da qualidade do ensino, do grau de exigência e do nível de formação dos alunos. Por exemplo, turnos de laboratório com 30 alunos são uma frustração para os estudantes e um desgaste para os docentes. A agravar esta situação foi instituído um sistema de avaliação contínua que orienta o desempenho dos alunos no sentido de estudar para os testes em vez de promover o gosto pelo conhecimento e o pensamento crítico. Os alunos deixam de ir às aulas para se dedicarem às avaliações e a interacção com os docentes vai esmorecendo. Está-se assim a privilegiar um modelo de ensino formatado para o desempenho e a competição com vista a formar indivíduos que entrem de forma dócil e aquiescente no sistema produtivo. Como disse o escritor Alberto Manguel “A escola, a universidade, deveriam ser o lugar onde a imaginação tem campo livre, onde se aprende a pensar, a reflectir, sem qualquer meta. Mas isso é algo que estamos a eliminar em todo o mundo. Estamos a transformar os centros de ensino em centros de treino.” Outro sintoma da mudança de valores da escola foi a instalação duma cultura de vulgaridade e prepotência que se manifesta por exemplo na aberração das praxes académicas e no abuso do consumo de álcool pelos estudantes, perante a passividade ou anuência dos docentes e restantes funcionários (mas também dos pais e demais sociedade).
Em termos de investigação, tem vindo a ser dado um peso crescente aos indicadores quantitativos que fomentam uma produção científica baseada fortemente no número de publicações e em índices de impacto questionáveis (que têm aliás vindo a ser postos em causa), e que promovem uma cultura de competição nefasta, na medida em que distorce o carácter universalista da ciência e da busca do conhecimento que estão na génese do conceito de universidade. Acresce que as exigências da multiplicidade de actividades dos académicos - gestão de projectos, orientações, escrita de publicações (para além da docência e actividades de gestão) - deixam pouco tempo e espaço para a reflexão, o questionamento e a contaminação entre saberes. Por outro lado, a ideia de que a boa ciência é aquela que resulta em aplicações tecnológicas e patentes é redutora e conduz a aberrações como a génese de empresas que vingam no mercado de jogos de computador de carácter alienante e pouco edificante. Claro que este não é um problema exclusivamente nacional mas apenas um reflexo daquilo que se passa também noutros países.
Entre as razões de ordem conjuntural destaco a profunda crise nacional e internacional que vivemos. Trata-se duma crise sistémica do modelo civilizacional ocidental que se agudizou com a hegemonia do capitalismo neoliberal e da economia de mercado, e que resultou numa tragédia social e ambiental cuja verdadeira dimensão se tem vindo a tornar cada vez mais evidente. As universidades não deviam alhear-se desta realidade com o risco de porem em causa não só a sua própria sobrevivência como a do legado cultural e científico que levámos séculos a construir. Considero aliás urgente e absolutamente crucial que haja a coragem e clarividência para questionar o actual modelo de sociedade baseado num crescimento insustentável e predatório, e que se analise com realismo e frontalidade as questões dos recursos básicos (água, alimentos, energia, minérios), do crescimento populacional e dos impactes ambientais, de modo a salvaguardar o futuro da humanidade e dos ecossistemas planetários. As universidades deveriam desempenhar um papel crucial neste sentido mas não só deixaram de responder aos problemas mais graves da sociedade, como perderam a capacidade de intervir quer na definição das políticas de ensino e investigação, quer na definição dos valores da própria sociedade. Pior ainda, a academia deixou-se contaminar pelos valores da ideologia neoliberal, mercantilista e tecnocrática que permeiam transversalmente a sociedade actual e não está a contribuir para encontrar os caminhos que nos afastem do rumo de decadência moral e cultural, e de auto-destruição em que nos encontramos.
Tornou-se claro para mim que ao continuar onde estive até agora só iria contribuir para perpetuar este estado de coisas. Por um lado, não soube encontrar as formas ou os recursos para fazer a mudança por dentro, mas por outro lado não vislumbro na escola a vontade ou o interesse em querer mudar. No entanto, considero que o meu afastamento não é uma desistência mas antes uma procura consciente de outros caminhos e outras possibilidades. Espero vir a conseguir contribuir de alguma forma para a renovação do sistema educativo que rompa definitivamente com o actual sistema baseado em modelos de ensino reducionistas, mecanicistas e tecnicistas, que consistem numa mera transposição do paradigma social vigente. Considero necessária uma mudança profunda e corajosa de um ensino meramente transmissivo e passivo para um ensino transformativo e activo que estimule o pensamento crítico e a emancipação intelectual. Só assim será possível a transformação do actual paradigma de desenvolvimento baseado no consumo e no crescimento constante num outro que nos conduza à sustentabilidade, acarretando necessariamente mudanças profundas do nosso modo de vida e dos nossos conceitos de bem-estar e de qualidade de vida."
publicado por transicao_ou_disrupcao
A woman walks past hundreds of red shoes in Palermo, to raise awareness at the violence against women.
Doente, na cama, a tratar uma hepatite... soube da revolução por uma empregada quando me acordou para tomar o pequeno almoço. Disse-me que tinha havido uma revolução, dizia-se que tinham morto o Américo Thomaz e que o Marcello Caetano estava desaparecido. Mais tarde a minha mãe disse-me o que se estava a passar. Como não podia levantar-me nem tinha forças para ler, ouvia a rádio mas ainda estava desligada dos acontecimentos, quer dizer, ainda não me batiam na cara, eram assim uma coisa longínqua.
Nessa altura morava no Alentejo e estudava em Évora. As minhas irmãs que também estudavam em Évora, quando vinham a casa, ao fim de semana, contavam-me as novidades do que se passava na cidade e no Liceu.
Levantei-me quinze dias depois, ainda não completamente curada mas fartíssima de estar para ali há tanto tempo estacionada na cama e voltei para a escola, pois não queria chumbar o ano por falta de comparência.
Quando voltei à escola o ambiente ainda não era caótico e acabei o ano com relativa normalidade. Andava no que então se chamava o 4º ano dos Liceus. Tinha treze anos, quase a fazer catorze.
Fomos de férias, como de costume e voltámos em Setembro, porque as aulas começavam, tradicionalmente, no dia a seguir ao da República. Uns dias antes das aulas começarem, a 28 de Setembro, houve uma tentativa de golpe militar frustrada que teve como consequência todas as fortunas do país, grandes e menos grandes, fugirem daqui a sete pés. Marco esse como o primeiro dia do início do caos, porque o 'verão quente' começou aí a dar os primeiros passos -no Alentejo- que havia de levar ao PREC.
O ano lectivo de 74/5 foi, esse sim, caótico. Desde o início a UEC (juventude comunista) e outros seus satélites à esquerda (sendo que eram muito mais à esquerda do que hoje são) assumiram o comando do Liceu.
Organizavam RGAs (reuniões gerais de alunos) a torto e a direito, falavam em sanear os professores mais exigentes (acabaram por ocupar a sala de professores), faziam o que hoje se chama 'bullying' a todos os que não lhes fossem favoráveis. Por essa altura era quase proibido, lá no Alentejo, não ser de esquerda e, quem não o era, mesmo sendo a favor do 25 de Abril e do fim da ditadura, andava caladinho; no entanto, éramos todos colegas de Liceu e conhecíamo-nos desde antes do 25 de Abril de modo que sabíamos muito bem quem eram os desprezíveis que se aproveitavam da situação apenas para melhorar a sua situação particular.
Eu, que já na altura tinha inclinações filosóficas muito fortes, um sentido de justiça muito apurado, uma pancada com a questão da verdade e, a tendência de me pôr sempre do lado das minorias vítimas, comecei a entrar em choque com algumas pessoas. Rapidamente nos tornámos todos muito politizados.
O ambiente era de tensão porque fora dos portões do Liceu, na cidade de Évora e nas herdades e quintas ali à volta as coisas iam aquecendo gradualmente com acusações, prisões arbitrárias e outros abusos, de que fui testemunha directa mas que não vou agora aqui contar.
Por essa altura eram mais os dias sem aulas que com aulas porque, mesmo que não houvesse greve (o que era comum) a maioria dos professores tinha receio de afrontar os UECs, como lhes chamavamos. Entrei um dia, depois de muita insistência, na sala de professores ocupada. Entrei, olhei e saí porque passava-se lá a maior rebaldaria que nada tinha a ver com nenhum ideal de democracia.
Em suma, talvez por não ter vivido uma vida de dificuldades antes do 25 de Abril, a revolução não me apareceu imediatamente como uma coisa extraordinária e parecia-me, sobretudo, que não tinha tido sido feita pelas pessoas certas, que não era verdadeira; que as pessoas que agora mandavam era iguais às anteriores no sentido de não quererem, de facto, democracia ou partilha de poder. Não, queriam o poder todo para si e queriam vingança.
Por essa altura tinha lido o 'Arquipélago de Gulag' que a minha mãe comprou em 73 (ainda cá está em casa) e tinha uma ideia do comunismo muito diferente de outras pessoas da minha idade. Mais, via semelhanças em muitos processos que então tentavam instaurar pelo Alentejo com outros que tinha lido no livro e só reparava em injustiças por todo o lado.
Como era ainda muito miúda, dividia as pessoas em: os que só querem rebaldaria, os que querem vingança, os que falam de liberdade mas andam a perseguir outros, os cobardes que se calam por medo, os desprezíveis que se aproveitaram da situação para lixar os inimigos e subir na vida e os outros, os que continuavam iguais a si, à direita ou à esquerda e, não se deixavam levar por mentiras ou interesses. Identifiquei-me com estes últimos e, como sempre fui destemida, quando a F... da UEC fazia aqueles discursos para meter medo numa qualquer RGA a que fosse (raramente ía porque não tinha paciência para aquilo), em que falava do mal que havia de acontecer aos fascistas (todos que não eram seus admiradores) no dia seguinte entrava no Liceu, sozinha, com uma data de fios ao percoço, cada um de um partido qualquer da direita, só para marcar posição porque eu não era de partido nenhum, como continuo a não ser.
Uma professora, de quem todos tinham imenso medo por ser muito exigente e que queriam sanear veio ter comigo dizer que admirava muito a minha coragem mas que devia ter cuidado. Era o que me diziam as minhas amigas, 'qualquer dia dão-te uma sova'. Nunca me aconteceu nada. Não tinha medo nenhum deles.
Só muito mais tarde me apercebi do outro lado do 25 de Abril, o lado da Liberdade.
The Journey From Self Employed To Successful Business Owner – with Derek Sivers -
Este filme de João Canijo é precioso. As contradições do regime Salazarista estão aqui condensadas neste filme: a propaganda, o lado provinciano e o desejo de agradar a alemães sem ofender aliados. A germanização (ironia dos dias de hoje...) e o povo. Muito bom. Com os testemunhos dos refugiados nas vozes de Hanna Schygulla, Rudiger Vogler e Christian Patey (filha de Thomas Mann). Enviado pelo Duarte :)))))
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