Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Quando falamos na Europa como defensora de valores de igualdade, equidade e respeito pelos outros é em pessoas como este homem que pensamos, não em pessoas como os políticos auto-indulgentes que infelizmente temos. Os populismos não são defeitos endémicos dos povos são consequências de um certo tipo de acções de políticos que germinam à sombra das grandes corporações, da corrupção e da auto-indulgência.
... e não faziam um átomo para contrariar a hostilidade que o governo tem às políticas de natalidade e o hábito de destruir serviços públicos de suporte e dificultar a vida aos jovens há países que não andam distraídos com este assunto e todos os anos recrutam em Portugal e outros países do Sul, convenientemente em permanente austeridade, centenas de jovens em idade fértil.
Este artigo do embaixador da Alemanha em Portugal que 'apareceu' por convite(?) no DN só engana quem anda muito distraído...
O aumento das verbas para a política cultural e educativa externa, o aumento de programas de intercâmbio internacionais, o alargamento da rede de escolas alemãs no estrangeiro e mais apoio às organizações intermediárias: felizmente, todas estas questões estão previstas no acordo de coligação do atual Governo Federal. Todos estes projetos e iniciativas aproximam os jovens, e além de abrirem as portas da Alemanha a pessoas inteligentes, incentivam também o intercâmbio internacional da cultura, da sociedade civil e da economia - com benefícios mútuos. Também em relação a Portugal é desta forma que reforçamos, de forma duradoura, o fundamento sólido das relações entre ambos os nossos países.
A Dinamarca e a Suécia, juntamente com a Finlândia e, é preciso dizer, os EUA e a Inglaterra, andaram entretidos, nos anos 20 do século XX, uma década e meia antes de Hitler subir ao poder, a esterilizar, em massa, sem o seu consentimento, mulheres de raças não caucasiana e com deficiências. As ideias de Hitler não surgiram do nada... era o espírito da época... a ideia da eugenia começou nos finais do século XIX com um primo de Darwin, Galton e, com o entusiasmo à volta do darwinismo transformado em telos social com as suas metáforas da competição, da sobrevivência do mais forte que legitimavam, entre outros fenómenos sociais, o capitalismo selvagem. Galton defendia o 'melhoramento da sociedade' através da eliminação dos 'indesejáveis' que eram quem carregava e transmitia os 'factores mendelianos' de decadência das sociedades. Estas ideias segundo a qual os indesejáveis eram responsáveis pela degeneração das sociedades, eram moda e foram adoptadas por médicos, biólogos e entusiastas como o ideal das sociedades 'civilizadas'... a criminalidade e a pobreza eram atribuídas exclusivamente a factores hereditários dos 'indesejáveis'. Logo, a esterilização desses portadores dos germes da decadência social era uma maneira de melhorar as sociedades humanas aproveitando os conhecimentos da ciência. Era o tempo do cientismo, também.
Acontece que as sociedades sueca e dinamarquesa, ao contrário da americana, desde esses tempos das esterilizações em massa de 'indesejáveis', viveram fechadas nos seus mundos arianos quase sem contacto com povos de outras raças dentro das suas portas. Quer dizer, tinham meia dúzia de imigrantes de outras raças a quem até achavam graça e de quem cuidavam muito bem (uma espécie de curiosidades) porque eram muito poucos e não ameaçavam o seu modo de vida e cultura. É fácil, sendo rico, ser generoso com as minorias quando estas são reduzidas a números insignificantes e não ameaçadores. Este países nunca tiveram que lidar com massas de migrantes muitilcuturais como os EUA de modo que, agora que foram 'invadidos' por centenas de milhares de pessoas, não sabem lidar com esse fenómeno e, em pânico, voltaram aos seus modos antigos, adormecidos, por falta de razão para uso, mas não extintos.
Ora, se juntarmos àquele factor, a moda deste tempo em que vivemos, onde estamos outra vez a deixar ressurgir as ideias do capitalismo selvagem segundo as quais a pobreza se deve à falta de talento e características genéticas das pessoas, que os bons e de mérito são os que estão à frente nos cargos de poder, que a sociedade e a economia deve estar sem regulação porque a natureza se encarregará de fazer os mais fortes e melhores sobreporem-se e outras alarvidades do género, temos o ambiente ideal para a cultura de patogénicos. O cientismo também está de volta. Portanto, o que se passa na Dinamarca e na Suécia, só surpreende quem não sabe da história destes países e das consequências do darwinismo social.
suecos-decepcionados-com-sistema-de-educacao
Nenhum outro país europeu confiou uma fatia tão grande da educação dos seus filhos a empresas privadas como a Suécia. No entanto, à medida que o número de ‘friskola’ aumentava, a confiança da Suécia nas escolas com fins lucrativos diminuía.
Jonas Sjöstedt, líder do Partido da Esquerda e potencial parceiro de coligação num futuro governo de centro-esquerda, resume a decepção da opinião pública: “Os suecos acreditavam que a desregulação era a solução para tudo, da gestão dos caminhos-de-ferro à educação dos filhos, mas isso acabou. Há partes da nossa vida que que o mercado não pode preencher”. E aponta o dedo às organizações com fins lucrativos, considerando-as responsáveis pela crise que se abateu sobre o país – a que os suecos chamam “o choque de Pisa”. “Não estão nisto por gostarem dos miúdos ou por estarem interessados na educação. Estão nisto porque querem fazer dinheiro rapidamente.”
A pretexto de se defender a liberdade de escolha acabou-se com a liberdade: as escolas são um negócio, o ensino submete-se à lógica do lucro ou, no caso português, à lógica partidária. As escolas pobres têm que competir com as ricas: tornam-se guetos. Quem ganha? Meia dúzia de pessoas que têm acesso às escolas ricas. Quem perde: todos nós que sofremos o impacto duma sociedade cada vez mais desequilibrada e extremada entre ricos e pobres, como se nos pudéssemos dar ao luxo de prescindir do potencial da maior parte dos jovens da sociedade...
.
Suécia recusa Jogos de 2022 para não usar dinheiro público. Pensando no bolso do contribuinte, Estocolmo desistiu de tentar ser sede dos Jogos Olímpicos de Inverno. Estocolmo, na Suécia, decidiu acabar de vez com a possibilidade de ser sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022. Em votação entre os partidos políticos na semana passada, com apoio até do prefeito da cidade, os suecos optaram por não se candidatar à disputa para receber o evento.
Os argumentos? A cidade tem prioridades mais importantes, a conta para organizar os jogos seria alta demais e um eventual prejuízo teria de ser coberto com dinheiro público. Para os partidos, aceitar os jogos seriam “especular com o dinheiro do contribuinte”. O primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt também se mostrou contra. "Não posso recomendar à Assembleia Municipal que dê prioridade à realização de um evento olímpico. Temos outras necessidades, como a construção de mais moradias", disse o prefeito Sten Nordin, em declarações publicadas pelo jornal Dagens Nyheter e reproduzidas pela BBC.
No jornal Dagens Nyheter, o secretário municipal de Meio Ambiente de Estocolmo, Per Ankersjö, escreveu um artigo defendendo a decisão. “Os cidadãos que pagam impostos exigem de seus políticos mais do que previsões otimistas e boas intuições [sobre o orçamento]. Não é possível conciliar um projeto de sediar os Jogos Olímpicos com as prioridades de Estocolmo em termos de habitação, desenvolvimento e providência social", disse. A cidade tinha apresentado seu plano em novembro de 2013. Em fevereiro, a cidade russa de Sochi receberá os jogos desse ano. Os de 2018 será em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Fonte : Exame Postado : Iago Fuser
25/12/2013
Por Redação, com agências internacionais - de Estocolmo
Quando uma das maiores empresas privadas de educação da Suécia faliu, alguns meses atrás, deixou 11 mil alunos desamparados e fez com que o governo repensasse a reforma neoliberal da educação, feita nos moldes da privataria com o Estado financiando a entrega dos serviços públicos aos oligopólios capitalistas e assim causando graves prejuízos para os trabalhadores e a população.
No país de crescimento mais acelerado da desigualdade econômica entre todos os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os aspectos básicos do mercado escolar desregulamentado estão agora sendo reconsiderados, levantando interrogações sobre o envolvimento do setor privado em outras áreas, como a de saúde.
Duas décadas após o início de seu experimento de livre mercado na educação, cerca de 25% dos alunos do ensino médio da Suécia frequentam agora escolas financiadas com recursos públicos, mas administradas pela iniciativa privada. Essa proporção é quase o dobro da média mundial. Quase metade desses alunos estudam em escolas parcial ou totalmente controladas por empresas que compram participações em outras empresas.
Na expectativa das eleições do ano que vem, políticos de todos os matizes estão questionando o papel dessas empresas, acusadas de privilegiar o lucro em detrimento da educação, com práticas como deixar alunos decidirem quando aprenderam o suficiente para passar e não manter registro de notas.
A Suécia substituiu um dos sistemas escolares mais rigidamente regulamentados do mundo por um dos mais desregulamentados, o que levou a escândalos como um caso de 2011 em que um pedófilo condenado pôde abrir várias escolas de forma absolutamente legal.
As escolas privadas introduziram muitas práticas antes exclusivas do mundo corporativo, como bônus por desempenho para funcionários e divulgação de anúncios no sistema de metrô de Estocolmo. Ao mesmo tempo, a concorrência pôs os professores sob pressão para dar notas mais altas e fazer marketing de suas escolas.
No início, disseram que a participação privada na educação se daria por meio de escolas geridas individualmente e em nível local. Poucos vislumbraram que haveria empresas e grandes corporações administrando centenas de unidades.
O fechamento de escolas e a piora dos resultados tiraram o brilho de um modelo de educação admirado e imitado em todo o mundo pelos mesmos privatistas e neoliberais que propagandeiam o mercado capitalista como uma espécie de solução milagrosa para todos problemas da sociedade, quando na verdade é o capitalismo quem gera todos os problemas e desigualdades sociais ao concentrar toda a riqueza, poder e oportunidades nas mãos de uma classe dominante privilegiada, as custas da miséria, exploração e exclusão de grande parte da humanidade e do empobrecimento crescente dos povos.
E andam a implementar o sistema sueco cá no rectângulo...
Os outros suspeitos de violação da Suécia (Naomi Wolf )
É difícil para mim, uma defensora dos direitos humanos contra a violação e outras formas de violência contra as mulheres, compreender a preguiça e a ignorância intencional que caracterizam grande parte da cobertura dos meios de comunicação social em relação às acusações de violação que recaem sobre o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
Informar que estamos simplesmente a testemunhar a justiça sueca em acção, é demonstrativo da falta de empenho em fazer qualquer trabalho de investigação – nem mesmo o mínimo dos mínimos que é pegar num telefone. Na verdade, assistimos a uma distorção bizarra no que diz respeito à forma como a Suécia trata os casos de crimes sexuais – este caso mostra a dura realidade da indiferença, ou pior, sofrida pelas vítimas daquele e de outros países.
Se eu fosse violada em Uppsala, onde Assange é acusado de ter cometido os crimes, não teria a expectativa de que os altos magistrados do ministério público pressionassem governos de forma a deter o meu agressor. Pelo contrário, os violadores e agressores "comuns" de mulheres na Suécia devem supor que a polícia poderá não responder quando é chamada. Quando tentei ligar para a linha de atendimento a vítimas de violação do Centro de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violação gerido pelo governo, em Estocolmo, nem sequer me atenderam o telefone – e não havia atendedor de chamadas.
Segundo os advogados dos serviços suecos de atendimento a vítimas de violação, um terço das mulheres suecas, quando atingem a maioridade já foram vítimas de abuso sexual. Na verdade, segundo um estudo publicado em 2003 e de acordo com outros estudos levados a cabo em 2009, a Suécia é o país da Europa com a taxa mais elevada de crimes de abuso sexual e regista as taxas de condenação mais baixas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.