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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
O dia do ano em que o Polo Norte está mais inclinado para o sol.
Verão. Dias preguiçosos ao sol.
Especialmente em full screen.
... o jornal, publicou um texto da Margarida Rebelo Pinto que envergonha, acho eu, qualquer jornal sério e até menos sério.
A mulher (que deve achar-se linda) passa o artigo todo a falar mal de mulheres gordas. Andamos nós a educar os miúdos para não serem agressivos e ofensivos com a linguagem (chamar 'gordo' e 'gorda' é mais comum forma de bullying nas escolas) e vem esta fulana vociferar contra as mulheres gordas só para dar a entender que é gira e que queria dizer palavrões?
É, 'a gorda' para aqui, 'as gordas' para ali... como se não fossem pessoas e ainda diz que 'as gordas' têm inveja dela e das amigas que são giras e boas e que trabalham muito para serem assim... não lhe passa pela cabeça que ser magro ou gordo são situações rectificáveis. Já ser imbecil e cabecinha oca não tem remédio, é para a vida e não causa inveja a ninguém.
O Diário de Notícias de 9 de Agosto titulava em manchete: ‘Violência doméstica leva polícia a investigar ex-deputado e marido’. Convenhamos que era um título muito pouco compreensível. Apetecia dizer: «Importa-se de repetir?». Mas por isso mesmo fui ler a notícia.
Os títulos incompreensíveis têm muitas vezes essa vantagem: levam os leitores a ler as notícias, na expectativa de perceberem do que se trata. Pelas mesmíssimas razões, os títulos demasiado explicativos têm o efeito contrário: afastam a leitura, pois as pessoas acham que já tudo está dito e que o texto pouco ou nada adiantará.
Pois bem, a notícia do DN relativa ao título em causa dizia o seguinte: «A chamada para a esquadra de Benfica foi feita a 12 de Julho por Carlos Maceno, que apresentava escoriações no pescoço, e acusou o marido, Jorge Nuno de Sá, de agressão». Pensei que tinha lido mal e voltei atrás. É certo que a prosa não era propriamente modelar. Não é muito ortodoxo uma notícia começar por «A chamada para a esquadra de Benfica foi feita a 12 de Julho…». Mas o que me desnorteou não foi isto – foi o nome da mulher. Havia supostamente uma mulher que tinha acusado o marido de agressão. Ora a mulher chamava-se Carlos Maceno. Foi isto que me fez voltar atrás.
Verifiquei, porém, que tinha lido bem o nome.
E neste preciso momento começou a fazer-se luz no meu espírito. A palavra «ex-deputado» constante do título da notícia, associada a uma suposta relação gay, recordou-me um facto ocorrido há poucos meses e de que eu ouvira falar: o casamento de um deputado do PSD com um homem. Esta notícia do DN reportava-se pois, certamente, a esse ‘casal’. O ex-deputado agredira a mulher (ou o marido?) e esta fizera queixa à Polícia.
Continuei a ler: «O ex-deputado do PSD, actualmente coordenador para a Educação da Freguesia de Alcântara, recusa falar da sua vida privada mas garante que nunca agrediu ninguém. O casal, que se casou a 31 de Janeiro, está já separado».
Neste ponto da leitura voltei a parar. Separado? Mas os gays, que travaram uma luta tão grande, tão longa e tão dura para poderem casar-se, separam-se afinal com a mesma facilidade dos outros casais? Não seria normal que, pelo menos nos primeiros tempos de vigência da nova lei, procurassem ser exemplares, até para provarem aos opositores que as suas convicções eram fortes e sua luta era justa?
Acresce que um dos membros do ‘casal’, Jorge Nuno de Sá, na altura deputado, pessoa com alguma notoriedade social, ao assumir o risco de tornar pública a sua homossexualidade e o seu amor por um homem, parecia querer dizer a todos que a decisão de se casar fora devidamente amadurecida. Ora, depois disso, qual o sentido de se separar ao fim de meia dúzia de meses?
Mas a leitura de mais pormenores sobre o ‘casal’ ajuda a lançar alguma luz sobre a história. O ainda marido (ou mulher?) de Nuno de Sá é um massagista de nacionalidade venezuelana, de nome Carlos Eduardo Yanez Marcano (e não Maceno como dizia o DN), com menos 10 anos do que ele. Perante este bilhete de identidade, compreendem-se melhor as zangas, as agressões – e finalmente a lavagem de roupa suja na praça pública.
O jovem venezuelano acusa o marido de o ter agredido na cabeça com um computador e um telemóvel – o que faz irresistivelmente lembrar a trágica cena ocorrida num hotel de Nova Iorque, em que Renato Seabra atacou Carlos Castro com um plasma.
O ex-deputado do PSD garante, porém, que não agrediu ninguém.
Seja qual for a verdade, uma coisa é certa: um dos membros do ‘casal’ está a mentir. Ou Carlos Marcano se queixou à Polícia sem razão e não foi agredido pelo marido (embora tivesse escoriações patentes no pescoço) ou Nuno de Sá mentiu e agrediu mesmo Marcano.
Nesta altura do texto o leitor já percebeu uma dificuldade semântica com que me tenho defrontado neste texto: não havendo neste ‘casal’ um marido e uma mulher, poderá falar-se em dois maridos? Ou seja: Carlos Marcano é marido de Jorge Nuno de Sá e este é marido de Carlos Marcano?
Não é fácil descrever estas situações. Por essas e por outras, numa recente entrevista a Manuel Luís Goucha reafirmei a minha oposição aos casamentos homossexuais. «O casamento é entre um homem e uma mulher», respondi. As palavras que usamos têm um significado que o tempo e o uso foram consolidando – e ‘casamento’ na nossa civilização quer dizer a união entre um homem e uma mulher, ou seja, o acto fundador de uma família. Querer que a palavra tenha outros significados é uma aberração que põe em causa as próprias referências do meio em que vivemos.
Claro que dois homens podem viver juntos – sejam irmãos, amigos, companheiros ou sócios em qualquer coisa. Como duas mulheres podem viver juntas, por variadíssimas razões. E é justo que as pessoas que vivem juntas tenham certos direitos em comum. Mas, para isso, não é necessário pôr em causa as nossas referências nem baralhar os nossos pobres espíritos.
Nem – já agora– complicar a vida aos pobres jornalistas, pondo-os a pensar se estará certo dizer ‘o ex-marido de Jorge Nuno de Sá’.
Confesso que, até ao dia de escrever este texto, não me tinha debruçado sobre o modo como deverão tratar-se os dois membros de um ‘casal’ homossexual. Será correcto falar de ‘dois maridos’ ou de ‘duas esposas’?
Num romance célebre, Jorge Amado falava, de facto, da existência de dois maridos. Mas aí havia uma mulher no meio: Dona Flor. E, se bem me lembro, os dois maridos não estavam propriamente no mesmo plano, pois um já tinha morrido e só reaparecia à noite para consolar a mulher.
Agora um casamento onde há dois maridos e nenhuma mulher é coisa muito estranha. Ainda mais estranha se acabar com uma queixa na esquadra. Embora uma queixa na esquadra por agressão conjugal – quer se trate de dois maridos, de duas mulheres ou de um marido e uma mulher – seja sempre uma forma muito triste de acabar um casamento.
As pessoas gostam muito de se intrometer nos afectos dos outros e nos modos de vida dos outros mesmo quando são assuntos que não incomodam ninguém a não ser os próprios. Quer dizer, não é como se vivessemos em tempos de famílias tradicionais.
Outro dia alguém me dizia que estava a jantar com seis pessoas amigas da namorada -namorada depois do divórcio- e que tinham resolvido contar os filhos dos presentes e eram quase trinta porque, tal como esse meu amigo, também os outros eram divorciados e levaram dois, três ou quatro filhos para o novo namorado ou casamento. Depois disse-me que alguns dos miúdos têm a mãe e o pai e os meios irmãos do namorado da mãe e da namorada do pai e alguns têm meios irmãos dum terceiro casamento da mãe de modo que têm três famílias e vivem de mochila às costas, nunca ficando mais de dois ou três dias no mesmo sítio. Quem sabe se alguns têm uma mãe que se assumiu lésbica ou um pai gay.
A verdade é que os miúdos se adaptaram e não são mais perturbados por isso e são menos intolerantes que o António José Saraiva. A ideia que uns têm que os filhos sem figura paterna ficam malcriados e amaricados ou que sem figura materna se tornam violentos é preconceituosa e sem nenhum fundamento.
Qual é o problema social de dois gays casarem ou divorciarem-se? Nenhum.
Este Saraiva que escreve estas coisas podia ser uma pessoa com uma mente mais evoluída, não podia? Sendo uma pessoa com importância pública e tal... é triste...
• Presidente dos EUA recebe por ano $400.000,00 (291 290,417 Euros)
• O Presidente da TAP recebeu em 2009 : 624.422,21 Euros
• O Vice-Presidente dos EUA recebe por ano $ 208.000,00 151 471,017 Euros)
• Um Vogal do Conselho de Administração da TAP recebeu 483.568,00 Euros
O Presidente da TAP ganha por mês 55,7 anos de salário médio de cada português
• A Chanceler Angela Merkel recebe cerca de 220.000,00 Euros por ano;
• O Presidente da Caixa Geral de Depósitos recebeu 560.012,80 Euros
• O Vice-Presidente da Caixa Geral de Depósitos recebeu 558.891,00 Euros
O Presidente da Caixa Geral de Depósitos ganha por mês 50 anos de salário médio de cada português
• O Primeiro-Ministro José Socrates recebe cerca de 100.000,00 Euros por ano;
• O Presidente do Conselho de Administração da Parpública SGPS recebeu 249.896,78 Euros;
O Presidente do Conselho de Administração da Parpública SGPS ganha por mês 22,3 anos de salário médio de cada português.
• O Presidente da República recebe cerca de 140.000,00 Euros por ano;
• O Presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal recebeu 205.814,00 Euros;
O Presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal ganha por mês 18,4 anos de salário médio de cada português
• O Presidente Nicola Sarkozy recebe cerca de 250.000,00 Euros por ano;
• O Presidente de Administração dos CTT - Correios de Portugal, S.A. recebeu 336.662,59 Euros;
O Presidente de Administração dos CTT – Correios de Portugal, S.A. ganha por mês 30 anos de salário médio de cada português.
• O Primeiro-Ministro David Cameron recebe cerca de 250.000,00 Euros por ano;
• O Presidente do Conselho de Administração da RTP recebeu 254.314,00 Euros;
O Presidente do Conselho de Administração da RTP ganha por mês 22,7 anos de salário médio de cada português.
• O Presidente da Assembleia da República recebe cerca de 120.000,00 Euros por ano;
• O Presidente de Administração da ANA Aeroportos de Portugal SA. recebeu 189.273,92 Euros;
• O Vice-Presidente de Administração da ANA Aeroportos de Portugal SA. recebeu 213.967,23 Euros;
O Presidente de Administração da ANA Aeroportos de Portugal SA. ganha por mês 16,9 anos de salário médio de cada português.
Um país pobre onde os dirigentes recebem mais que todos os outros dos países ricos...
marco tulio
Catalina Pestana no SOL
No televisor ligado num canal de notícias dou-me conta de uma longa fila de homens e mulheres que, de forma ordeira, esperam a sua vez não se sabe para quê.
Aumento o som para tentar perceber qual o motivo que leva tanta gente a esperar, desde manhã cedo, à porta de uma qualquer repartição, com semblantes entre o assustado e o conformado.
Percebo: é uma delegação da Segurança Social - e a maior parte dos beneficiários teve notícias preocupantes.
Parece que, no pingue-pongue entre os dois partidos de alternância governativa, o da direita falou de subsidiados em situação fraudulenta - e o Governo decidiu rever todas as situações.
Bem feito. Pelo menos, as senhoras das pulseiras têm de se mexer e verificar se a situação de cada família se alterou mediante o subsídio social de inserção. Ou se alguém se sente muito bem inserido com as esmolas que consegue angariar junto do Governo, das igrejas ou da sociedade civil organizada.
Onde está a causa de tais filas madrugadoras, que lembram aos mais velhos o tempo dos racionamentos?
No choque tecnológico! Lembram-se? Esta é ainda a grande bandeira do senhor primeiro-ministro.
Os beneficiários dos diferentes apoios do Estado Social têm de fazer prova dos seus rendimentos, móveis ou imóveis, via internet.
Pânico quase geral por parte dos utentes. Falta de respeito total por parte de quem teve esta brilhante ideia.
Conhecerá o Governo os pobres do país que governa?
Não são apenas os novos pobres provocados pelo desemprego: esses saberão como responder ao solicitado (embora, em tempo de crise, quando tiveram de contar os cêntimos, possam ter prescindido da internet, por não ser um elemento fundamental à sobrevivência).
Mas os restantes, os pobres de sempre, são homens e mulheres analfabetos funcionais, que terão recebido uma carta a dizer coisas que mal entendem - e que os levou a correr para filas incomensuráveis, a perguntar às senhoras da Assistência o que têm de fazer.
Senhora ministra: a senhora foi sindicalista, embora em Bruxelas, mas sempre acreditei que teria mais respeito pela iliteracia de muitos cidadãos deste país, não permitindo que o Conselho de Ministros aprovasse tamanha barbaridade.
Imagino a Sandra, o senhor Humberto, a D. Augusta ou a Maria, a preencher através da net a relação do seu património.
Que o ritmo das notícias não é o ritmo da Justiça, já sabemos todos - pobres, ricos e remediados. Por isso as filas terceiro-mundistas que se formam diariamente à porta das delegações da Segurança Social saíram rapidamente de cena.
Sucederam-lhes as outras vertentes da crise económico-financeira.
- A dívida externa que continua a aumentar em cada hora dois euros com muitos zeros à frente, e os juros da mesma, que atingem números alarmantes para quem os entende;
- A tentativa do líder do PSD de nos fazer acreditar que alterando a Constituição resolverá o grosso do problema, alterando a Constituição no sentido que favoreça mais as suas posições ultra-liberais;
- O Governo a dizer que baixou em 6% o preço dos medicamentos, e em cada farmácia os velhos doentes crónicos a constatarem com espanto que vão ter de pagar mais pelos remédios sem os quais não podem sobreviver. Às vezes, o dobro do que pagavam na semana anterior.
Este estado caótico lembra-me outra fase que vivemos, nos primórdios da Revolução dos Cravos.
Estávamos a discutir política na Av. D. Carlos I, em Lisboa.
A ordem de trabalhos era longa, e não passara ainda do primeiro ponto: a tomada do poder pelo almirante Pinheiro de Azevedo.
Um militar de Abril, jovem mas maduro, farto daquele cerrar de presunto sem se receber nenhuma lasca do mesmo, pediu a palavra e disse: «A tomada do poder deixem comigo. Vou lá acima a S. Bento e tomo o poder à estalada. No estado em que ele está, arrisco-me a que caia sozinho. Passemos então ao ponto 2 da ordem de trabalhos, e digam-me o que faremos com o poder amanhã de manhã. Caso contrário, vou dormir - que já é tarde».
(Expresso)
O edifício do jornal é tão grande que o oficial de justiça não consegue encontrar os jornalistas para lhes entregar um papel. LOOOL
Na revista do jornal SOL de hoje, a Tabu, a propósito de um artigo sobre a síndrome de Guillan-Barré, vem uma entrevista à Maria João, a minha amiga que esteve em risco de vida, no início deste ano, por causa desta doença, apanhada, talvez com uma bactéria, talvez por causa da vacina contra o cancro do colo do útero, talvez pelas duas causas.
A doença rara é horrível e de difícil recuperação. Ataca a baínha de mielina que reveste os nervos e paralisa até a respiração.
A ela disseram-lhe, a certa altura, que poderia não voltar a andar. Ainda hoje, passados meses e meses a João não consegue fazer muita coisa que todos fazemos naturalmente e não recuperou totalmente, coisa que chega a levar anos ou até a não acontecer.
No artigo, outra doente que ficou em pior estado, em parte porque os médicos não perceberam logo com que doença estavam a lidar, ainda está muito debilitada e não voltará a trabalhar.
Uma pessoa consciente e lúcida presa dentro do próprio corpo tornado inerte e absolutamente dependente de outros e máquinas até para respirar. É uma experiência que não deixa apenas sequelas físicas.
O pior é que a doença também se pode apanhar como efeito secundário da vacina da gripe....
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