Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Amanhã é dia de voltar à escola e estava a aqui a pensar em aproveitar umas reflexões de uns textos de Marcuse que andei a reler. Vou lançar um desafio aos alunos do 10º ano. Acredito muito no poder da educação nestas idades em que as pessoas ainda não cristalizaram e estão em plena formação da identidade. Mostrar caminhos diferentes da unidimensionalidade a que as cegas sociedades os querem obrigar por introjecções de padrões que os afastam da possibilidade de uma vida autónoma e autêntica, não só ajuda cada um em particular a conseguir, se assim o desejar e quiser, a sua própria autonomia mental e ética, como ajuda a romper com o discurso unidimensional que varre o espectro político, económico e social. Um discurso de resignação a uma (falsa) ausência de alternativas ao mundo actual. É possível fornecer instrumentos de libertação de uma sociedade 'suavemente esclavagista', como dizia Marcuse.
Cada vez acredito mais que o serviço (serviço não é subserviência, pelo contrário) é a única via humana possível. Não no sentido louco de querer contribuir para transformar as pessoas e as sociedades em algo utópico que as aliena ou violenta mas no sentido de ajudar cada um, no máximo das nossas possibilidades, a ter na sua mão os seus próprios instrumentos de transformação, de auto-construção e de evitamento ou libertação de vidas inautênticas. Uma pessoa pode facilitar esse percurso aos outros, abrindo portas de conhecimento. Depois, só lá entra quem quer. É claro que isso só se faz incomodando que é a única maneira de desacomodar mas vale a pena porque é muito difícil termos que fazer todo o percurso sozinhos, ter que descobrir tudo sozinhos. Gostava que alguém me tivesse incomodado quando era mais nova. Acredito mesmo numa certa irmandade de pensamento transtemporal ou supratemporal onde o insight de uns ajuda os outros a relacionar-se mais autenticamente com o ser.
Não por acaso, o nome deste blog (IP) é um acrónimo dessa crença.
“Há um ódio institucionalizado contra as mulheres, uma autêntica cultura de violação. Quem viola não o faz por doença. É fruto de centenas de anos de misoginia e de ódio às mulheres”...
“Estamos aqui para dizer que o corpo nos pertence. Que não é da Igreja, nem do Estado, nem dos homens. No meu corpo, mando eu.
É fazer o que estas mulheres fizeram: fizeram o que tinham a fazer e lixaram-se para os medíocres deste mundo - que geralmente suportam os egos uns dos outros.
These are just some of the women who, historically speaking, didn’t give a single f*ck.
English-born physician Elizabeth Blackwell was the first female MD in the United States. Rejected by many medical schools due to her gender, she ended up getting a place at the Geneva Medical College in New York, where she had to put up with a lot of douchebag classmatesand a professor who thought she should leave the room for lectures on reproductive anatomy in order to protect her “delicate sensibilities”.
Turned out she didn’t give a f*ck about delicate sensibilities and went on to become a world-famous obstetrician.
It is quite possible that no one has ever given less of a fuck in a photograph than mountaineer Annie Smith Peck.
Peck scaled all the major mountains of Europe, then went to South America, where in 1908 she was the first person to scale Peru’s highest peak, Mt Huscaran, gaining international acclaim.
She was also an influential scholar, writing multiple books and lecturing around the world. She kept climbing until the age of 82.
Oh, and she didn’t wear the long skirts expected of women at the time.
And people were like, “OoOOooOooOh but Annie! Such immodesty!”
But did she give any f*cks about them?
Mary Lou Williams, pictured third from the left not giving a single f*ck, was a pianist prodigy and one of the most influential musicians and composers of the first three decades of jazz. She performed professionally from the age of 12, was a great influence on “Kansas City swing” big-band jazz and bebop, composed music in multiple genres, and was 100% badass all of the time.
Abolitionist and women’s rights activist Sojourner Truth once engaged in the following exchange with the young suffragist Harriot Stanton Blatch in which she gave literally no f*cks:
Harriot Stanton Blatch: “Sojourner, can’t you read?”
Sojourner Truth: “Oh no, honey, I can’t read little things like letters. I read big things like men.”
SOJOURNER.
Ada Lovelace was a mathematician (and an absolute baller) who is widely considered to have written the first computer program, working with Charles Babbage on his plans for a sort of proto-computer, the “analytic engine”.
Babbage once entreated her:
“Forget this world and all its troubles and if possible
its multitudinous Charlatans – everything in short but
the Enchantress of Numbers.”
Which basically meant:
“Don’t give a single f*ck.”
Hulton Archive / Getty Images
Beatrice Potter Webb was a social reformer, economist, and historian who campaigned with her husband Sidney for policies to benefit the urban poor, working towards the first minimum wage laws, developing the early Labour party in Britain, authoring hundreds of books, and founding the London School of Economics – all while giving no f*cks.
Journalist and aviator Lilian Bland lived a life full of badassery. In 1910, she built her own plane in Ireland. She didn’t have a fuel tank for it, so she fashioned one from an empty whisky bottle and her aunt’s ear trumpet. She then flew it for 30 yards – a very impressive flight for those days.
Her hobbies included smoking, wearing trousers, martial arts, motor cars, and swearing. She passed her retirement in Cornwall gambling, drinking, and painting – all the while, of course, giving no f*cks.
Ethel L. Payne was an absolutely kickass investigative journalist who covered the American Civil Rights Movement and international affairs. As a member of the White House Press Corps, she once famously pissed off President Eisenhower with her persistent questioning on desegregating interstate travel, leading him to ignore her in future press conferences like an absolute ninny.
Over the course of a long career, she reported for the Chicago Defender on stories from across the globe, and became the first female African-American commentator on a national network when she was hired by CBS in the 1970s. Some detractors complained about her assertive questioning style. Luckily, she did not give a single f*ck about those assholes.
Murasaki Shikibu was a lady-in-waiting in Japan’s imperial court during the Heian period, and wrote what is believed to be the first novel in human history: The Tale of Genji.
Her father apparently praised her intelligence, but lamented that she was “born a woman”. In her diary, she records that she learned Chinese by listening through the door to the lessons her father gave her brother, because women were not meant to learn Chinese. Murasaki Shikibu, however, gave no f*cks about this whatsoever.
Nellie Bly was a daring and influential investigative journalist who wrote groundbreaking stories about political corruption and poverty. She once faked madness in order to report undercover from an abusive mental institution in New York City, which led to outcry and reform. Her jealous peers referred to her investigations as “stunt reporting”, but Nellie, of course, didn’t give a f*ck about those whiny little shits.
Oh, and she once travelled around the world in a record-breaking 72 days, just ‘cause.
Nzinga Mbandi, the Queen of Ndongo and Matamba (modern day Angola), was a straight-up boss bitch. She took power when her brother Ngola Mbandi died in 1624, and gained international acclaim for her brilliance in diplomacy, military tactics, and giving zero f*cks. Her skill in warfare, espionage, trade, alliance-building, and religious matters helped her hold off Portuguese colonialism for the duration of her life.
Nzinga, you literal queen.
This is the face that Austrian-born American actress and inventor Hedy Lamarr would make when she gave no fucks, which is to say, the face she made every single day. She invented “frequency hopping” technology, which was put to use in a secret communications system and in radio-controlled torpedoes in WWII, which in turn laid the foundations for future technological developments such as Wi-Fi and GPS.
She was also a movie star.
Because why the f*ck not?
fonte: 12-historical-women-who-gave-no-fcks/
(excertos do discurso de Jimmy Reid (1932 - 2010), activista do sindicato Clydeside, no seu discurso inaugural como Reitor da Universidade de Glasgow em 1972. - podia ter sido dito hoje e aplica-se a quase todos os países do mundo actual [tradução minha])
"Alienação é a palavra correcta e precisa para descrever o maior problema social da Grã-Bretanha actual. As pessoas sentem-se alienadas pela sociedade. Nalguns círculos intelectuais é tratada como um novo fenómeno. No entanto, existe há anos. O que acredito é que está hoje-em-dia mais espalhado e penetrante do que alguma vez foi. Deixem-me definir o que entendo por alienação. É o grito dos seres humanos que se sentem vítimas de forças económicas cegas que estão para além do seu controlo. É a frustração das pessoas vulgares excluídas dos processos de decisão. O sentimento de desespero e impotência que invade as pessoas que sentem, justificadamente, que o que dizem não tem nenhum impacto real no desenho e determinação dos seus próprios destinos...
A sociedade com estes valores leva a outra forma de alienação. Aliena pessoas da Humanidade. 'Des-humaniza', parcialmente, algumas pessoas, torna-as insensitivas, implacáveis no modo como lidam com os seus semelhantes, auto-centradas e gananciosas. A ironia é que são estas mesmas que são consideradas normais e bem-ajustadas à sociedade.
É minha sincera convicção que toda a pessoa totalmente ajustada à nossa sociedade actual necessita, mais do que qualquer outra, de análise e tratamento psiquiátricos.
Elas lembram-me a personagem da novela Catch 22, o pai do Major Major. Era um agricultor do Midwest Americano. Odiava coisas como seguros de saúde, serviços sociais, subsídios de desemprego ou direitos civis. No entanto, era um entusiasta das políticas agrícolas que pagavam aos agricultores para não produzirem. Do dinheiro que ganhou para não produzir alfafa ele comprou mais terreno para não produzir alfafa. Peregrinos vinham de todo país sentar-se a seus pés para aprender como ser um não-produtor de alfafa, de sucesso. A sua filosofia era simples. Os pobres eram pobres porque não trabalhavam o suficiente. Ele acreditava que o bom Deus lhe tinha dado dois braços fortes para que ele pudesse agarrar o máximo que pudesse para si próprio. É uma figura cómica. Mas pensem - não conhecem muitos como ele na Grã-Bretanha? Aqui na Escócia? Eu conheço.
É fácil e tentador odiar essas pessoas. É errado, no entanto. Elas são tão produtos da nossa sociedade e da sua alienação como os pobres. São perdedoras. Perderam os elementos essenciais da nossa Humanidade comum. O ser humano é um ser social. A realização pessoal, real, para qualquer pessoa, está no serviço aos seus semelhantes, homens e mulheres... O desafio que enfrentamos é o de desenraízarmos tudo o que distorce e desvaloriza as relações humanas.
Deixem-me dar dois exemplos da experiência contemporânea para ilustarar este ponto.
Recentemente vi um anúncio na televisão. A cena é um banquete. Um cavalheiro, de pé, propõe um brinde. O seu discurso está cheio de frases como, 'Este espécime de corpo inteiro'. Sentado ao lado dele está uma jovem mulher cheia. A imagem que ela projecta não é de pompa mas de ridículo. Ela está babada acreditando que é o objecto do elogio do homem. Então, ele conclui com uma piada cruel à mulher fazendo um trocadilho com o nome de uma marca de sherry. E todos riem. Um riso cruel. O ponto da publicidade é que os espectadores se identifiquem, não com a vítima mas com os que a atormentam. O outro exemplo é o de uma publicida com uma corrida de ratos onde estes são comparados aos seres humanos e se incentiva ao sucesso a qualquer custo.
Aos estudantes [da Glasgow University] faço este apelo. Rejeitem estas atitudes. Rejeitem os valores da falsa moralidade que subjaz a estas atitudes. Uma corrida de ratos é para ratos. Nós somos seres humanos. Rejeitem a pressão da sociedade para que anulem as vossas faculdades críticas sobre tudo o que se passa à vossa volta, para que mantenham o silêncio face à injustiça se isso prejudicar as vossas hipóteses de promoção e sucesso. É assim que se começa e antes de darem por isso são um membro de pleno direito da horda dos ratos. O preço a pagar é muito alto. Implica a perda da dignidade e espírito humano.
O lucro é o único critério usado pelas instituições para avaliar a actividade económica. O vocabulário em voga é mais apropriado para um zoo humano que para uma sociedade humana. As estruturas de poder que emergiram desta abordagem ameaçam e minam os nossos direitos democráticos. Todo o processo tende para a centralização e concentração de poder em cada vez menos mãos. Os factos estão à vista para todos os que os querem ver. Gigantes monopólios e consórcios dominam quase todos os ramos da economia. Os homens que controlam estes gigantes exercem um poder assustador sobre os seus semelhantes que é a negação da democracia.
O governo pelo povo, para o povo, é insignificante se não incluir decisões económicas pelo povo, para o povo. Isto não é uma mera questão económica. Na sua essência, é uma questão ética e moral, pois quem tomas as decisões económicas importantes na sociedade é quem determina as prioridades sociais nessa sociedade.
Nas suites olímpicas executivas, numa atmosfera onde o vosso sucesso é avaliado na medida em que podem maximizar os lucros, a tendência dominante é a de ver as pessoas como unidades de produção, entradas no livrinho da contabilidade. Para apreciar em toda a sua extensão a inhumanidade desta situação, é preciso ver a dor e o desespero nos olhos de um homem a quem dizem, sem aviso, que se tornou redundante, sem que haja alternativa à sua situação de emprego, com a perspectiva de, se for o caso de ter quarenta ou mais anos, passar o resto da vida no Centro de Desemprego. Alguém algures decidiu que ele é dispensável, desnecessário e que, portanto, deve ser deitado fora juntamente com a sucata industrial.
Tudo o que é proposto pelas entidades organizativas é calculado para minimizar o papel das pessoas, para miniaturizá-las. Compreendo quão atractiva esta perspectiva deve aparecer aos olhos daqueles que estão no topo. Nós, peões nos seus jogos, podemos ser mudados de casa em casa até à casa dos Desajustados.
Medir o progresso social puramente pelos ganhos materiais não chega. O nosso propósito tem de ser o enriquecimento de toda a qualidade de vida. Requer uma tranformação social e cultural do país. A restruturação das instituições do governo e, se necessário, a evolução de estruturas adicionais que envolvam as pessoas nos processos de tomada de decisão da sociedade. Os chamados, 'especialistas' dir-vos-ão que isso não acrescentaria eficiência aos processos. Pois eu estou disposto a sacrificar uma margem de eficiência pelos valores da participação das pessoas. E no longo prazo rejeito este argumento.
Para libertar todo o potencial das pessoas é preciso dar-lhes responsabilidade. Todos os recursos do Mar do Norte são poucos quando comparados com os das pessoas. Estou convencido que a grande massa de pessoas passa pela vida sem a mais leve suspeita do que poderiam ter contribuido para a sociedade. Isto é uma tragédia pessoal. Um crime social. O florescimento da personalidade e talento pessoais é pré-condição para o desenvolvimento de todos...
A minha conclusão é a de reafirmar que espero ser o espírito que permite este objectivo. É uma afirmação de fé na Humanidade.
Un estudio de la Universidad de Zurich reveló que un pequeño grupo de 147 grandes corporaciones trasnacionales, principalmente financieras y minero-extractivas, en la práctica controlan la economía global. El estudio fue el primero en analizar 43.060 corporaciones transnacionales y desentrañar la tela de araña de la propiedad entre ellas, logrando identificar a 147 compañías que forman una “súper entidad”
El pequeño grupo está estrechamente interconectado a través de las juntas directivas corporativas y constituye una red de poder que podría ser vulnerable al colapso y propensa al “riesgo sistémico”, según diversas opiniones. El Proyecto Censurado de la Universidad Sonoma State de California desclasificó esta noticia sepultada por los medios y su ex director Peter Phillips, profesor de sociología en esa universidad, ex director del Proyecto Censurado y actual presidente de la Fundación Media Freedom /Project Censored, la citó en su trabajo “The Global 1%: Exposing the Transnational Ruling Class” (El 1%: Exposición de la Clase Dominante Transnacional), firmado con Kimberly Soeiro y publicado en ProjectCensored.org.
Los autores del estudio son Stefania Vitali, James B. Glattfelder y Stefano Battiston, investigadores de la Universidad de Zurich (Suiza), quienes publicaron su trabajo el 26 de octubre 2011, bajo el título “La Red de Control Corporativo Global” (The Network of Global Corporate Control) en la revista científica PlosOne.org.
Ter um bom discernimento é uma virtude rara, mas mesmo assim não deixo de ficar espantada de ver a quantidade de vezes em que as pessoas confundem as causas com as consequências. Há bocado estive a ver um vídeo onde um indivíduo (Philip K. Howard, em Four Ways to Fix a Broken legal System) faz um diagnóstico da situação actual no que respeita à justiça e à influência/peso negativo que tem nas nossas vidas. Fala nas escolas: como a autoridade pedagógica do professor está minada pelas ameaças de processos em tribunal e de como a lei é tão confusa que paralisia a acção. Também nos hospitais os médicos hesitam em tratar os doentes e até em falar com eles por medo de queixas jurídicas e processos. Enfim, de como a vida está paralisada por excesso de legislação e peso excessivo das leis na nossa vida. Até para criar um pequeno negócio são precisos advogados para lidar com tanta burocracia legal.
Nisto tudo ele tem razão, mas depois entende que a complexidade das leis é a causa da complexidade das nossas vidas e que o remédio é voltarmos a confiar uns nos outtros e termos menos pensamento e mais intuição. Confunde causas e consequências. Na realidade, a complexidade das leis é que é consequência da complexidade a que as sociedades actuais chegaram e não o oposto, e por isso o remédio não é voltar atrás, porque isso é impossível. Aliás, é uma falsa dicotomia pensar desta maneira: ou acreditamos uns nos outros e deixamo-nos levar pela experiência e instintos e abolimos os processos críticos intelectuais, ou, em alternativa, somos hiper-críticos, não confiamos em nada nem ninguém e vivemos enredados nesta prisão de legislação. Como se não fosse possível, e de longe muito mais desejável, manter o espírito crítico alerta sem com isso deitar para o lixo a experiência e o bom senso. É claro que é muito mais díficil tentar este equilíbrio do que cair na tentação destes extremos.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.