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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Funcionam enquanto os próprios estão vivos para accionar as cunhas e os favores que lhes devem... o filho dele que não tem nenhum valor político, muito antes pelo contrário, deu-lhe a rua de S. Bento quando era Presidente da Câmara de Lisboa como se a rua fosse dele. Uns abusadores da coisa pública.
É muito triste esta incapacidade de nos sentirmos em dívida para com os melhores de nós. E de lhes prestarmos o justo tributo enquanto tal.
Se calhar estão, mais uma vez, a pensar em circuito fechado, como políticos, com pressupostos de políticos. Se calhar estão tão divorciados do povo que não percebem que o endeusamento ad nauseam que estavam a fazer de Soares, em vez de ser um incentivo foi o oposto.
Se calhar as pessoas não se identificam com a exaltação de Soares a valores imortais, como os políticos lhe atribuíram nestes dias e se calahr vêm nisto tudo um espectáculo mais para proveito dos próprios que para homenagear o Soares.
Soares foi um lutador anti-ditadura (outros o foram e muitos anonimamente), teve um papel importante no travão do PC de Cunhal mas depois disso passou o resto da vida em cargos a promover-se uma boa vida e aos amigos e à família.
Era um tipo do partido e dos seus amigos acima de tudo e, mesmo não tendo sido um mau Presidente, não fez nada de extraordinário, foi um despesista e como primeiro-ministro foi muito mau... E toda a gente sabe isso. E ainda há a questão de África, de Macau, da doações de terrenos em Lisboa, e dinheiro, que o filho lhe deu porque ele queria uma Fundação... se calhar o tal povo tem uma visão realista dele e sabe que lhe deve uma parte por vivermos em liberdade mas não lhe reconhece nenhum heroísmo sacro.
Ele não foi o único que fez estas coisas só que as fez com mais eficácia. Sabemos que os que combateram a ditadura acham que merecem subvenções, cargos e privilégios por causa desse passado e que por isso os distribuem entre si desde o 25 de Abril. É assim que têm reformas ao fim de oito anos nos cargos políticos e que são todos generais ou administradores de empresas públicas ou estão em altos cargos no Estado e nisso não há heroísmo.
É mais aquela velha lei, 'chegou a minha vez de estar na boa'. Só que o tal povo percebe que fica mais ou menos na mesma como estava. Com liberdade, sim, mas... e a riqueza? Foi para os políticos e amigos. E as consequências da corrupção de todos esses que vivem no, e, do Estado... quem é que a paga? Os mesmo do povo que já pagavam a da ditadura... então passamos uma esponja por isso tudo?
A mim parece-me que esta característica dos portugueses verem que as pessoas têm actos e atitudes heróicas e de grande valor mas não são heróis, é uma virtude e não um defeito porque à conta disso também não embarcam em demonizações.
No rescaldo do 25 de Abril, com a excepção de governantes e políticos (mais uma vez) que quiseram incentivar o povo ao ódio e alimentavam acções de vingança, de sabotagem, saneamento, as pessoas não desataram a matar PIDES, não destruiram todos os sítios e pessoas aliadas ao antigo regime, antes deram um exemplo de maturidade. Lá está, não embarcam em exageros emocionais a não ser por pessoas do povo com quem se identificam. Se os videntes de Fátima não fossem gente do povo ninguém os tinha seguido por muito que pregassem ter visto quarenta Nossas Senhoras...
Se é certo que não somos bons a conhecer a nossa História, quanto mais a promovê-la, porque tivémos muitos heróis nestes 800 anos, a verdade é que os heróis nunca foram os políticos e, os governantes dos últimos séculos só nos enterraram: uns venderam-nos aos espanhóis, outros aos ingleses, outros fugiram para o Brasil e deixaram-nos aqui entregues à nossa sorte... tivémos uma guerra civil porque um rei quis ficar nas praias do Brasil e reinar-nos à distância, através da filha se casar com o seu irmão; não souberam acabar com a monarquia sem matar o Rei e o filho, depois veio o caos político e saque do povo na 1ª República, depois o Salazar que podia ter sido um herói mas se transformou num carrasco, depois veio uma espécie de remake da primeira República, com saque e tudo, e agora estamos nesta situação de estarmos com a corda ao pescoço por causa da corrupção, da promiscuidade entre os políticos, a banca e as empresas públicas que nos roubam à descarada: estudar custa uma fortuna, a saúde uma fortuna... e querem que o povo os ache heróis?
Os heróis dos portugueses são os poetas: o Camões, o Bocage, o Torga, o Pessoa, a Florbela e todos os que os cantam. Depois são as pessoas do povo: os Eusébios, as Amálias e os Ronaldos que nunca negaram as suas origens. O Ronaldo anda com a mãe madeirense para todo o lado.
Na verdade, a última geração de governantes que teve um efeito geral positivo no país, foi a Inclita de quem sentimos orgulho. Daí para cá temos muitos heróis anónimos que estão por conhecer mas como as Humanidades estão em estado de abandono e desinvestimento...
Se calhar temos que reconhecer que apesar de termos tido portugueses com acções de muito valor, os heróis são as pessoas do povo que lhes aturam tudo -aos políticos e governantes- sem muitas revoluções e sem guilhotinas.
Se calhar não é à toa que a Portuguesa, o nosso Hino, que nasceu da revolta 'popular contra os ingleses e contra o governo português, que permitiu esse género de humilhação' diz, 'heróis do mar, nobre povo' e não, 'heróis do Paço e de São Bento, nobres políticos, banqueiros e governantes'.
As pessoas sujeitarem-se a ser presas e deportadas para defender ideais como aconteceu a muitos portugueses, sobretudo do PC. Soares teve dois momentos importantes para a vida democrática no pós-25 de Abril, na minha opinião [embora não seja o pai da democracia nem tenha sido aquilo que a propaganda do PS anda aí a pregar em tom dogmático e religioso porque a nossa democracia teve vários pais] mas, no pré-25 de Abril, teve vários momentos importantes: foram todas as vezes em que esteve preso e deportado, obrigado a viver uma vida de ostracizado.
(A marcha fúnebre de Chopin é tão bonita que não sei porque não a tocam sempre o tempo todo nestas ocasiões.)
Castigo. No final do salazarismo, o regime tentou vergar o advogado oposicionista, fixando-lhe residência numa ilha de clima tropical e em que poucas pessoas ousavam falar com o degredado.
"Levava um fato de flanela espesso, próprio do inverno lisboeta" quando aterrou em São Tomé e sentiu o "calor insuportável" do arquipélago que fica na linha do equador, recordará num artigo no Expresso (citado na Fotobiografia). A sugestão tinha sido do diretor da PIDE, Silva Pais, e o inspetor Sachetti, "impecavelmente vestido e perfumado" quando o informou da decisão de lhe fixar ali residência, comunicou-lhe: "Dentro de meses ninguém se lembrará que houve um advogado chamado Mário Soares" (idem).
Na origem do desterro estava o caso de pedofilia, investigado pela Judiciária, que envolvia ministros de Salazar e ficou conhecido como Balletts Roses. O escândalo tinha-lhe sido contado, em casa de Sophia de Mello Breyner, pelo advogado Pires de Lima. Depois, o socialista foi visitado, no seu escritório, por um jornalista do Sunday Telegraph e, após sair a notícia, pela PIDE, que ali o prendeu sem mandado. O ministro Franco Nogueira anota, a 11 de janeiro de 1968: "De grande excitação o ambiente de política interna. Escândalos de alguns políticos com raparigas menores, supostos, exagerados, ou verdadeiros, são pretexto. Mas o caso é mais complexo e profundo: trata-se de ataque frontal ao Governo de Lisboa, e não só por elementos da oposição portuguesa" (Um Político Confessa-se).
Três meses preso, como de costume acusado de "atividades contra a segurança do Estado", antes de o habeas corpus pedido pelo advogado socialista José Magalhães Godinho ter efeitos práticos, foi libertado. E, em março de 1968, o subdiretor da polícia política informa-o que ia ser deportado, por tempo indeterminado e sem fundamento legal - e "eu nem sabia ao certo onde estava São Tomé no mapa" (Ditadura e Revolução) .
"No torvelinho do choque entre governo e oposições", regista Franco Nogueira na Biografia de Salazar, "é detido Mário Soares, contra quem a polícia afirma possuir provas materiais, que diz irrefutáveis, e que demonstram a sua responsabilidade na campanha [para enfraquecer o regime]; é-lhe fixada residência em São Tomé pelo chefe do Governo e da decisão é interposto recurso para o Supremo Tribunal Administrativo" - e será com base nesse recurso que Marcello Caetano, ao subir ao poder, deixará regressar a Lisboa o seu ex-aluno de Direito, numa espécie de aceno à sua anunciada abertura.
"Nunca tinha ido a África antes" e, vendo ainda a polícia a agredir família e amigos que se tinham ido despedir ao aeroporto, foi para o desterro num voo direto para Luanda e, dali, num "teco-teco" para São Tomé (Fotobiografia), acompanhado pelo inspetor Abílio Pires, o "especialista dos intelectuais" (Uma Vida). Depois do choque ao sair do avião (40 graus, toda a agente de roupa branca e em mangas de camisa), alojou-se numa pensão. "Aquele ambiente morno e sonolento [que se vivia na ilha]", escreverá Mário Jesus da Silva, "foi um pouco agitado quando ali desembarcou o Dr. Mário Soares, exilado por razões políticas" (Sortilégio da Cobra).
Por essa época, também se alojavam na pousada de São Jerónimo muitos mercenários que participavam na guerra do Biafra, que Portugal apoiava pouco discretamente, permitindo armazenamento e trânsito de armas e de medicamentos em aviões Super Constellattion - até o dinheiro do novo país foi impresso na Casa da Moeda. Suecos, alemães ou portugueses, os pilotos dos frágeis aviões T-6 e Minicoin (também conhecidos como "Biafran Babies"), que enfrentavam os poderosos caças Mig da Nigéria, numa "guerrilha dos pobres", recebiam por mês o equivalente ao preço de dois automóveis Jaguar. Em Lisboa, os amigos convencem-se da hipótese "de um mercenário ser pago para sobre ele exercer qualquer tipo de violência", mas o deportado "acabará por estabelecer laços do mais cordial convívio com os aventureiros seus vizinhos" (Uma Vida).
Mário Silva, que se tornou um dos poucos brancos da colónia que fazia questão de privar com o oposicionista, lembra que, certa vez, "à saída do restaurante, estava parado a uns vinte metros um velho Volkswagen "carocha" preto, em direção ao qual o Dr. Mário Soares dirigiu um aceno bem-disposto e irónico, que nos despertou a curiosidade. Era a PIDE local, que mantinha uma vigilância adesiva e permanente, seguindo-lhe todos os passos" (Sortilégio da Cobra).
E, no dia 24 de maio, o ditador anota na sua agenda o tema da audiência ao governador de São Tomé: "estadia do Dr. Mário Soares" (Salazar - Uma Cronologia, de Fernando de Castro Brandão). O representante do Governo parecia quase tão aflito como o chefe da PIDE local, que mobilizava os seus 22 agentes para vigiarem o deportado dia e noite.
"A sua vida em São Tomé decorre entre a curiosidade dos seus habitantes, classificados em estratos raciais, de acordo com os esquemas típicos de exploração implantados nas velhas colónias"(Um Combatente do Socialismo). Isolado na ilha até novembro, ao tentar defender um pobre empregado acusado de furto - "estudei o processo como nunca tinha estudado nenhum, fiz daquilo o processo do regime" (Uma Vida) - percebeu que não podia advogar, pois a sentença do juiz, para espanto geral, foram 13 anos de prisão. Ainda tentou, como Maria Barroso, ser professor do liceu. Sem êxito. Também o convite para ser advogado, com uma avença, da roça de Água--Izé, da CUF, lhe seria retirado, após pressões da polícia para a empresa não contratar "tão nefasto advogado, traidor à pátria".
Quase sem ninguém com coragem para lhe falar (os negros deixavam-lhe discretamente, à porta, frutas e mariscos como manifestação de simpatia), a PIDE nem o deixou enviar uma carta de condolências ao embaixador americano pela morte de Martin Luther King - e só saberia do parisiense Maio de 68 através de um transístor, que lhe tinha chegado clandestinamente, em que ouvia a Rádio Brazaville.
Uma das exceções ao medo geral - além de Mário Jesus da Silva e mulher, da família Malveiro, do engenheiro Goulão (da roça Água-Izé) e poucos mais, todos alvos de avisos da PIDE ("não será bom manter esse convívio; pode ter consequências desagradáveis") - foi o alferes miliciano Eduardo Fortunato de Almeida. Homem de confiança do governador e que pertencia ao Quartel-General do comando militar, mas que tinha sido seu aluno no Colégio Moderno e, na altura a cumprir serviço militar na colónia, procurou o político e afirmou-lhe a sua solidariedade. Soares nunca esqueceu o gesto. Como nem todos os envelopes chegavam ao destino, pois a polícia política, como repetiria nos anos de exílio, ficava com vários, Fortunato de Almeida passou a ser intermediário seguro, pois "levava as cartas [endereçadas em seu nome]debaixo da boina ou do chapéu" (Uma Vida). E Mário Silva recorda, em Sortilégio da Cobra, o muito que se riram quando "a alfândega não deixou passar e lhe reteve o livro O Vermelho e o Negro, de Stendhal. Talvez por causa do "vermelho", que podia cheirar a marxismo".
Em Lisboa, os socialistas formavam o que a polícia política designava como a "Comissão de Socorro [ou Auxílio] ao Dr. Mário Soares". Ao mesmo tempo, choviam telegramas e cartas de protesto em Belém e em São Bento, da Fédération Démocratique Internationale des Femmes, da Liga Portuguesa dos Direitos do Homem, de professores da Universidade de São Paulo, dos exilados no Brasil (esta dirigida ao cardeal Cerejeira) e da Amnistia Internacional. "Fui um dos beneficiários dessa organização humanitária, que me declarou, em 1968, 'preso do ano'" (Elogio da Política). O relatório da Amnistia dizia que "o mais famoso exemplo deste tipo de atuação da PIDE [prisões sem culpa formada e medidas de segurança adicionais às penas] é o caso do conhecido advogado e social-democrata opositor de Salazar, Dr. Mário Soares".
Palma Inácio (autor do desvio do avião da TAP) fez um plano para o libertar, que Soares achou "sempre uma loucura" (...): teria de sair de noite, numa piroga, para apanhar um barco fora das águas territoriais de São Tomé. Embora o plano fosse [viável] (...), o mar estava infestado de tubarões (...). Encarou-se depois a hipótese de fuga de um helicóptero que pousaria no próprio aeroporto", mas "nunca se arranjou" (Ditadura e Revolução).
Até que, uma manhã, no barbeiro - que era " retrosaria, drogaria, livraria e papelaria" (Fotobiografia) -, ouviu na rádio que Salazar caíra da cadeira. Nessa altura, lembraria Mário Jesus da Silva, "tinha na sua posse uma carta recente de Marcello Caetano, em que este referia que não concordava com o exílio a que o tinham forçado e que, se estivesse na sua mão, o faria regressar com a brevidade possível. Estava lá escrito, preto no branco" (Sortilégio da Cobra). O sucessor de Salazar - e Soares acalentou o projeto de escrever uma biografia do ditador, pois "gostava de conhecer melhor essa figura e o seu tempo" (O Que Falta Dizer) - deixa regressar o oposicionista, mas, lembrava Raul Rego, no Diário Político, "não se deixou dizer [nos jornais], na altura". (DN)
Os próximos dias hão-de ser de exageros de culto dogmático como é costume aqui neste país de crentes e videntes.
Meu caro Mário, prepara-te para levares com a implacável maldição da família!
Mas o dano colateral infligido ao filho, um jovem de 29 anos que já passou as “passas do Algarve” por querer distanciar-se dos “fantasmas” da família (chegou a servir à mesa num restaurante em Paris, entre outros empregos de ocasião), é bem mais doloroso e mais fundo. Filho e neto de quem é, não tem para onde se virar, porque qualquer que seja o emprego que consiga arranjar, seja no sector público seja no privado, será sempre por ser filho e neto de quem é - laço familiar que está mesmo a jeito
Ele é... cargos no Estado, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, na Presidência do Conselho de Ministros, como Deputado à Assembleia da República, como secretário de Estado da PCM, como chefe da Casa Civil do PR, fundações cheias de dinheiro, cargos nas câmaras, salários chorudos, cargos de administrador, putos a ganhar salários que um professor ganha ao fim de vinte anos de carreira... tudo por mérito, claro, aquilo é uma família tocada pela graça divina, cai-lhes mérito por todo o lado e espalha-se por tudo quanto é cargo... até ocupam dez cargos que podiam ser ocupados por dez pessoas diferentes mas lá está... os outros não têm a maldição de ser da família Soares, esse desgraçadinho da Pátria... e agora é o resto da família que entra no clube dos amaldiçoados com tachos e, coitada, já está a ser atacada por invejosos que queriam ter a famosa maldição...
Também há o outro coitadinho que tem a maldição de ser da família do outro Barroso (o Durão) e os desgraçadinhos da família do Sampaio, do Costa (esta outra família que também começa a ter a tal maldição), do Cavaco...
Este país tem um punhado de famílias tão amaldiçoadas que faz dó... é obra do demo... eles e os Kennedy são mais ou menos a mesma coisa... estou a escrever isto e rolam-me as lágrimas pela face... ahhh... se fosse crente ia a correr rezar um 'pai nosso' pelas alminhas destes desvalidos amaldiçoados.... pai nosso, dá-lhes o 'croissanzinho' de cada dia...
... que me permito fazer porque também pago este abuso de carros e mototoristas a políticos e amigos: porque é que não empresta o carro e o motorista aos professores que viajam mais de 200 quilómetros para ir trabalhar e não têm dinheiro para ir de carro, em vez de emprestar a um tipo que tem casa de luxo em Paris e milhões para gastar?
Associação de Juízes considera que Mário Soares ameaçou o juiz Carlos Alexandre.
E se a classe política não fosse toda de um mediocridade atroz há muito tempo que ele -e outros- já lá não estavam.
Soares acha que é o Sá Carneiro do PS mas não é nem nunca o será. Não tem, nem nunca teve, nem o carisma, nem a visão, nem o carácter. Nem o Cunhal do PS ele é pois esse tinha o carisma e o carácter.
Primeiro, teve a má ideia de ir visitar o Socas a Évora, criando um grande embaraço, pois agora os grandes 'amigos' históricos do Socas que andavam a assobiar para o lado numa de fingir estar demasiado ocupados sentem-se na obrigação de ir também... como se isso não bastasse, parece que quer ir ao congresso apontar para o elefante branco que todos preferem fingir não ver...
... acho normal. Cada um escolhe o que para si faz sentido nas comemorações do dia da Liberdade. Agora ir para ali falar de políticos que abusam, que empobrecem o povo, etc.... é preciso descaramento.
Soares: "Saída de Sócrates foi acto de bom senso"
Mário Soares saúda de seguida a saída voluntária de José Sócrates como um “acto de bom senso”, dizendo que este “abriu a porta a dois candidatos a líder que têm a vantagem de ser pessoas inteligentes, experientes e honestas”.
'Têm a vantagem de ser inteligentes, experientes e honestas”. ??!! UAU! Isto foi rápido. Ainda bem para o Sócrates que vai fazer Erasmus para Paris, senão arriscava-se a a ficar com problemas nas costas de tantas palmadas dos amigos...
Comício no Palácio de Cristal, Porto
Não se passa nada de mal em Portugal e Sócrates até estava a fazer um bom trabalho...a culpa é toda dos mercados internacionais e da falta de solidariedade dos países ricos da Europa.
...e isso diz tudo...
"Os cidadãos europeus devem mobilizar-se e pressionar os governos e as instituições europeias para mudarem radicalmente de rumo, e o rumo que deve ser seguido é o de prestar atenção às pessoas, o de construir projetos económicos e não apenas pensar no dinheiro e nos défices", disse o ex-presidente.
"O problema já não está nas mãos dos dirigentes europeus nem nas suas instituições, está nas mãos dos cidadãos porque os dirigentes já demonstraram não quererem fazer o que devem e vão-nos arrastar para um problema que lhes vai ser fatal a eles próprios, mesmo à Alemanha, o mais rico de todos os países da UE", acrescentou.
"Os dirigentes da UE já não falam de projetos globais, não têm visivelmente nenhum, apenas falam entre eles de dinheiro", disse Soares ao Expresso. "Sem a mobilização dos cidadãos europeus já não voltaremos a pôr a União no rumo certo e vamos conhecer ruturas que podem ser perigosíssimas, muito negativas para o mundo inteiro", acrescentou.
(...)
Mário soares numa conferência da Gulbenkian em Paris falou bem. Só é pena que diga as coisas que disse com 30 anos de atraso e que não tenha posto em prática estas palavras quando esteve no governo, quando ia de férias para as Seicheles com comitivas de centenas às custas do povo, quando arrebanhou 500 milhões para a sua fundação que eu e os outros pagantes de impostos suportamos, no ano e mês das grandes cheias do Ribatejo que deixaram milhares desalojados e sem posses.
Vejo muito bem o Sócrates com 80 anos a falar contra a corrupção, a ignorância que nos leva ao abismo, a ganância dos governantes e tal...mas agora que está lá no poder, faz tudo isso que há-de criticar.
Agora já vem tarde senhor Soares...tarde. É como o Cavaco com o designío da educação. Agora? Depois de ter sido cúmplice, nem sempre passivo, das políticas da Rodrigues que destruíram pessoas e práticas de benfeitoria educativa?
Agora é tarde. Quando muito remedeia-se. Naquela altura ainda se construia.
Teu amor pelas coisas sonhadas era o teu desprezo pelas coisas vividas.
(f. 335)
O QUE FIZESTE AO MEU DINHEIRO, SÓCRATES? QUEM TEM O MEU DINHEIRO?
PS
Sócrates reúne-se com o grupo parlamentar
A mesma fonte acrescentou que as próximas semanas serão marcadas «por um regresso em força do secretário-geral do PS».
Os encontros têm como objectivo recolocar José Sócrates na posição de líder indiscutível. O artigo assinado hoje no DN por Mário Soares (ver página 51) e as declarações de António Vitorino ontem na RTP mostram o caminho que está a ser preparado pelo partido: o de apoio incondicional ao líder.
Esta gente perdeu a noção das coisas. Apoio incondicional a um tipo que está a enterrar o partido e o país com ele?
As palavras «incondicional» e «indiscutível» aplicadas a um líder político, e sobretudo a um metido em tudo quanto é caso de grande corrupção estão na base da crise em que estamos metidos.
O Soares diz no artigo que líderes não se arranjam por aí na fábrica do Bordalo. Pois o Bordalo era aquele que denunciava os portugueses por serem um eterno 'povinho' e nunca um Povo. Espertalhões que vinham para a cidade e se endinheiravam mas que nunca perdiam o provincianismo donde tinham saído - aquela mentalidade subserviente da cunha, do pedido ao sr. Doutor, da pose ignorante a raiar o boçal que tão bem é apanhada pelo Zé Povinho do Bordalo.
O Bordalo clamava um Povo -autónomo e educado-; o Mário Soares e outros como ele querem que os portugueses se mantenham eternamente um 'povinho', para facilmente os comerem?
VISÃO online
A crise da Justiça
Custa-me abordar este assunto, pelo seu especial melindre. Mas, em consciência, não posso deixar de o fazer. A crise da Justiça está aí, é uma evidência incontornável. Não pode deixar de preocupar os cidadãos responsáveis.
A Justiça, em demasiados casos, não funciona, nomeadamente quando envolve políticos mediáticos ou desportistas igualmente mediáticos. Os juízes não se entendem com os procuradores e estes não se entendem com os responsáveis da Polícia Judiciária. Há a sensação de que disputam, entre si, para aparecerem nas televisões, como vedetas. Não resistem a responder a perguntas disparatadas ou mal intencionadas e nem sempre o fazem com o bom senso que seria de esperar.
Assim sendo, perdem a distância - tão necessária à profissão que exercem - e desacreditam as magistraturas. Parece não perceberem que o silêncio é de ouro e a palavra, em certas circunstâncias, lhes é bastante inconveniente. O que contribui, com alguma frequência, para o descrédito da Justiça, nos espíritos dos telespectadores, que nas suas casas, num contexto diferente, os vêem, escutam, avaliam. E não gostam...
Há quem reclame novas reformas legais. Não penso que seja a solução. A questão não é de lei, mas antes dos comportamentos dos juízes, dos procuradores e dos dirigentes da Polícia Judiciária. E nestas profissões, como em todas, pagam os bons pelos transgressores...
De facto, como se explicam as fugas de informação, divulgadas directamente à imprensa e extraídas, intencionalmente, para poderem depois ser orquestradas, contra presumíveis inocentes, em processos ainda em segredo de Justiça? O que tem sido dito, durante os últimos meses, a propósito do caso Freeport, é um bom exemplo. Visa-se o primeiro-ministro, sem que se apresentem provas ou indícios delas, o que é inaceitável, para quem tenha um mínimo de formação jurídica. Aliás, a presunção de inocência é um direito constitucional que assiste a todos os cidadãos.
Em muitos países europeus há sinais de actos de violência extrema e de bandos organizados que ameaçam os pacatos cidadãos. Podem ocorrer em Portugal. Os riscos que corremos são, assim, demasiado graves para que possamos permitir que a Justiça continue indiferente aos perigos que ameaçam as nossas sociedades. (Mário Soares)
O Mário Soares, grande Pai do socialismo esquemático, indivíduo que tem de si mesmo uma visão megalómana e se acha o De Gaulle português, continua igual a si mesmo... Ei-lo em crónica de jornal a distorcer a realidade para ganhar dividendos:
Primeiro, se a justiça não funciona muitas vezes quando envolve políticos ou desportistas, não será porque estes políticos e desportistas, que se entendem promiscuamente uns com os outros, se comportam como o próprio quando movem mundos e FUNDOS para manipular o curso dos acontecimentos?
Segundo, os juízes perdem a distância necessária... isto da boca de quem é incapaz de se manter à distância, mesmo em casos de extrema indignidade, como é o caso de vir aqui defender o Sócrates, que todos os dias empobrece e envergonha o país e é suspeito em mais casos de corrupção, de tráfico de influências, de abuso de poder, de estupidez compulsiva, que outro político qualquer.. é só rir, mesmo.
Terceiro, em sua douta opinião, o problema são os juízes, os procuradores, a polícia...quanto à lei, porque as fazem os políticos, que são os seus filhos esquemáticos, essa está do melhor, claro!
Os cidadãos não são todos burros e ignorantes como ele pensa e vêem bem que as leis são feitas para que uns e outros possam passar por entre as malhas. Também vemos muito bem que o que queria era manietar juízes, polícias e procuradores, pô-los subservientes e a pagamento, não é verdade? Pois é uma chatice as fugas de informação, as queixas anónimas, etc. - se não fossem esses 'atentados à democracia' estavam os teus amiguinhos todos na boa, não é verdade? Quem saberia dos Freeports, das Covas da Beira, das vergonhas dos nojentos da Casa Pia, dos roubos nas câmaras, das pensões milionárias, das casas de borla, das reformas, das contas off-shore, das amizades com ladrões, dos abusos de poder, dos tráficos de influência...? Pois está mesmo a ver-se que o mal nessas coisas não é o crime nema infâmia em si mesmos mas o facto de se saber deles...
Quarto, «em muitos países há bandos de crime organizado que ameaçam os pacatos cidadãos»? Pois há. Cá também: alguns são banqueiros e empresários e gestores, políticos e dirigentes do desporto, que se organizaram e assaltaram o país, roubaram-no e deixaram-no exangue.
Há pessoas que deixam uma marca negativa na História de seus países que se prolonga subterraneamente através dos hábitos, mentalidades, e forças de compadrio e destruição que deixaram crescer e, o Mário Soares é, quanto a mim, um exemplo português dessa negatividade na nossa história recente.
Justo era que não tivessemos que continuar a ouvi-lo.
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