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Um ex-aluno que se tornou um querido amigo está mesmo a acabar a licenciatura em matemática e acabou de dizer-me que já se decidiu por seguir matemáticas puras porque é o que gosta e não quer mentir e atraiçoar-se a si mesmo só por questões de pragmatismo, isto é, de ganhar mais e imediatamente dinheiro na matemática aplicada, o que seria muito fácil porque tem várias propostas de emprego já neste momento. É uma enorme felicidade vê-lo construir o caminho dele com integridade e valor. Faz cinco anos que o conheci, no 11º ano dele. Foi meu aluno um ano só mas foi o que bastou. Pessoas raras :)

Anima imenso ver os miúdos crescerem e construirem positivamente o seu caminho e é gratificante acompanhar uma época emocionante da vida deles. 

Hoje mesmo, tive uma turma do 10º ano a discutir trabalhos, não comigo mas uns com os outros, em equipas opostas, sobre temas actuais no âmbito dos valores e escolhas éticas. Temas que estão a ser discutidos na sociedade e na AR, como a eutanásia e os direitos de adopção dos casais homoparentais, etc. Andaram três semanas a preparar-se para esta discussão e a maioria preparou-se a muito a sério. Nada de parvoíces como são os debates apalermados e demagogos que se vêm na TV. Têm que saber enquadrar os argumentos nos fundamentos filosóficos que estivemos a dar nas aulas.

Era preciso vê-los, muito compenetrados a discutir os temas, com a linguagem apropriada, e dados e factos a apoiar os argumentos, uns com os outros, como se as leis dependessem da discussão que estava ali a fazer-se. Arrumaram a sala como se fosse um pequenino hemiciclo. Anima muito ver estas coisas. É claro que, infelizmente, muitos saem da escola e perdem-se das intenções e desta capacidade de verdade que tinham mas... não todos, não todos 🙂 

Tenho muita sorte de ter com frequência alunos que são pessoas genuínas, interessantes e de valor; mais sorte ainda de ter entre eles alguns grandes amigos.

 

publicado às 19:43


Ser professor é...

por beatriz j a, em 10.01.18

 

Ir preso por contestar os aumentos constantes de salário dos corpos dirigentes à custa do empobrecimento da profissão. Tratar mal os professores virou moda neste tempos de (re)ascenção dos partidos de vocação totalitária. 

 

 

publicado às 07:02


Isto de ser professor

por beatriz j a, em 25.10.13

 

 

 

Não é para qualquer um. É preciso ter-se uma grande capacidade de resistência para lidar com centenas de miúdos por dia, fechados em salas, naquelas idades de constestação e teste constante de limites e, é preciso não mostrar fragilidades. Como diz um colega, até podemos enganar os adultos, mas nunca enganamos os alunos. Têm uma espécie de radar ou instinto ou lá o que é que detecta imediatamente a fragilidade nos professores. Depois, assim que a detectam, abocanham... nesta situação de crise, grande stress e dificuldades em que alguns colegas andam, é invitável agudizarem-se as fragilidades com tudo o que isso implica... custa ver...

 

publicado às 18:21


Não posso esquecer de lembrar...

por beatriz j a, em 21.10.13

 

 

 

 

Não posso esquecer de lembrar que a minha profissão é linda. Apesar de todos os que a tentam denegrir, todos os que a tentam destruir, todos os que a pervertem, todos os que dela se usam como instrumento das suas ambições de pequena vassalagem.

Não posso esquecer de lembrar que os alunos são pessoas vivas, plásticas e em crescimento que precisam de professores vivos, assertivos, positivos e estimulantes. Professores que ensinem, que aprendam, que discutam, que orientem, que eduquem.

Não posso esquecer de lembrar que uma mente escrava só forma escravos.

Não posso esquecer de lembrar que em geral gosto bastante dos meus alunos e que sinto ser-lhes útil a eles e à sociedade que conta connosco para passarmos o testemunho da civilização. Fazer filhos também as bestas os fazem, o difícil é ajudá-los a crescer bem para uma vida digna e útil.

Toda a História é uma odisseia e este planeta é o nosso barco.

Não posso esquecer de lembrar que os que ensinam são os que garantem a continuação da viagem. São eles que ensinam os ofícios: das leis, da medicina, disto e daquilo e de tudo o que nos mantém na viagem. Sem educação estaríamos despidos das roupas da civilização como se vê em certas zonas do mundo onde metade das pessoas vivem a destruir e a matar a outra metade, numa miséria sem nome.

Não posso esquecer de lembrar, nunca confundir a hipocrisia com cortesia.

Não posso esquecer de lembrar que a mentira e a falsidade dos outros diminuem-nos a eles, não a mim.

Não posso esquecer de lembrar que o prazer da minha profissão não vem do dinheiro ou de elogios e que não devo esperar nada a não ser a alegria interior do dever cumprido, da satisfação de ver os adolescentes crescer como pessoas humanas e dos muitos amigos que me ficam para a vida.

Não me posso esquecer de lembrar que tenho a profissão escolhida pela maioria daqueles que mais admiro -os filósofos- que viam nela a esperança da pessoa humana.

Não posso esquecer de lembrar que não devo perder tempo nem azedar por causa do que é pequeno e mesquinho, que um professor é uma pessoa, entre alunos que também são pessoas e que, no plano global de Cronos, o destino de uns é o destino de outros, não há tempo a perder e, é com esse horizonte em mente que devo traballhar.

 

publicado às 17:05


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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