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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Num comunicado conjunto, o Clube da Arrábida, o Oceans Alive, a Associação Zero, o Pestana Troia, o Eco Resort e o SOS Sado defendem a necessidade de se dar prioridade à salvaguarda de duas zonas protegidas, num momento em que se “enfrenta novamente um perigo avassalador, as dragagens do Sado”.
“Não podemos deixar desaparecer as zonas que suportam a nossa sobrevivência e que são cruciais para a conservação da natureza em Portugal e na Europa”, refere a nota.
Este comunicado surge na véspera de se assinalarem 43 anos da constituição do Parque Natural da Arrábida.
“A costa da Arrábida e o estuário do Sado são duas zonas protegidas que têm um papel chave na manutenção da biodiversidade marinha através dos seus serviços de maternidade e zona de alimentação”, apontam, exemplificando com as pradarias marinhas, com os recifes rochosos e com as florestas de algas.
“São habitats que suportam espécies emblemáticas, como o boto, o cavalo marinho, s baleia anã, raias, tubarões e golfinhos”, enumeram.
Nesse sentido, os signatários do comunicado pedem que o Governo aprove o alargamento do Sítio de Interesse Comunitário (SIC) ao Estuário do Sado e crie o SIC Costa de Setúbal, integrando ambos na rede ecológica europeia.
As associações pedem, igualmente, ao Governo que desista de realizar as dragagens previstas para o alargamento do porto de Setúbal.
“As extensas dragagens previstas terão o potencial impacto de aumentar drasticamente a erosão costeira, de fazer desaparecer as pradarias marinhas que ainda subsistem no estuário do Sado e de contaminar a cadeia alimentar”, alertam.
Rio Sado sem filtros.
"O estivador de Setúbal".
Créditos: José Palma.
via Valter Palma
Por favor, alguém páre a ministra do petróleo, digo, do mar.
Daqui da janela do meu escritório vejo os telhados de Setúbal espraiarem-se até ao rio; vejo a barra, a ponta de Tróia, a serra da Arrábida e o castelo. Hoje, na claridade do fim de dia há uma tonalidade de prata por todo o lado – são camadas de tonalidades de cinzento que começam nas nuvens grossas e densas e acabam no tom de prata do rio e do mar. Que belo!
Há uma harmonia calma no modo como a natureza se conjugou aqui tão felizmente.
Vejo daqui os ferrys e os pequenos barcos e veleiros que cruzam o rio; vejo os grandes navios no horizonte e os petroleiros e cargueiros que entram em direcção ao porto.
Ponho-me aqui a olhar, só pelo prazer de olhar, para esta paisagem deslumbrante.
E, quando fico aqui sentada à secretária a trabalhar muitas horas de seguida vou acompanhando o evoluir da natureza: a mudança da maré, os movimentos na água, a formação e deslocação das nuvens, a alteração das cores deste rio e desta serra e deste céu que desde há séculos acompanham, por sua vez, o evoluir das gentes que por aqui passam.
Também vejo daqui o cemitério, com os altos ciprestes que se vergam com o vento; parecem gigantes mal equilibrados que se debruçam para conversar com os habitantes que guardam no seu domínio.
Pergunto a mim mesma, quando eu jazer no campo que lhes pertence, quem estará aqui sentada no meu lugar a olhá-los como os olhei… e o que pensará?
(publicado originalmente no Libertismo)
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