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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Ruisdael, 'Pântano' (pormenor)
Vi esta pintura no Hermitage. Impressiona imenso.
Quer seja religiosa, mitológica ou represente a vida quotidiana, adoro a pintura flamenga renascentista [e o Hermitage está cheio dela]. Gosto particularmente das naturezas mortas e das cenas de densos bosques, florestas de carvalhos e áceres quebrados por rios turbulentos e quietos lagos onde repusam os viajantes ou os pastores, por onde espreitam os faunos a dança das ninfas. Há qualquer coisa primeva e mágica nestas pinturas que admitem as sombras, não como uma representação visual mas como uma força inerente à vida humana. Uma imensa força que não se percebe noutras escolas/épocas de pintura. Quando postas lado a lado são um bocadinho como pôr a escultura da Pauline Borghese do Canova ao lado do escravo do Miguel Ângelo. Não é que as esculturas do Canova não sejam lindas mas as esculturas do M. A. têm uma verdade e uma força que irrompem de dentro e nos afectam. Para se ser um grande artista não basta ter uma grande técnica, é preciso ter um olhar crítico e inteligente sobre as pessoas e o mundo. No Renascimento, talvez por ser uma época em que na Filosofia, na vida e na Arte se tentava recuperar o olhar verdadeiro encoberto por séculos de obscurantismo religioso, toda a arte tem uma força vital e vera e o olhar dos artistas tem uma dimensão filosófica e existencial.
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