Contratos zero horas, o sonho de todos os empregadores: quando há trabalho o empregado tem de estar disponível, quando não há não há qualquer vínculo. Totalmente flexivel para o empregador e totalmente inflexível para o empregado, o contrato zero horas transfere todos os riscos da atividade económica para os trabalhadores.
Só recebes as horas que trabalhas, mas tens de estar totalmente disponível para trabalhar quando o patrão chamar.
Começaram como sempre começam estas ideias, com o apoio dos empregadores ingleses que se queixavam de um mercado de trabalho pouco flexível e que diziam serem uma óptima solução para os jovens estudantes ou para os reformados poderem levar mais algum dinheiro para casa. Poucos anos depois e com o empurrão da crise financeira representam já uma enorme fatia do trabalho em Inglaterra.
Em 2011 no setor hoteleiro já ocupavam 19% dos postos de trabalho, 13% no setor da saúde e 10% na educação. Cerca de 17% dos empregadores em Inglaterra usa este tipo de contratos. As estatísticas do Governo estimam que em 2014 quase 2,7 milhões de pessoas tenham estado a trabalhar com contratos zero-horas.
Em média estes trabalhadores levam para casa menos 5,772 libras por ano, comparando com outros trabalhadores e não recebem subsídio de desemprego, nem descontam para a pensão. Não há TSU.
De cada vez que nos falam em Portugal de baixar a contribuição para a Segurança Social (TSU) ou em flexibilizar mais as leis do trabalho para favorecer o emprego, é preciso termos memória e olharmos para o que isso quer dizer noutros países.
A precariedade é uma armadilha para ursos.
via precários.net