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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Putin acaba de assinar um decreto que retira a Rússia do protocolo da Convenção de Genebra que permite investigar os crimes de guerra cometidos contra civis.
Russia's Putin revokes Geneva convention protocol on war crimes victims
Russia has been accused by critics of causing multiple civilian deaths since its involvement in the Syrian conflict. It was also blamed for killings of civilians during its short war with Georgia in 2008. Moscow denies the allegations.
It is still a signatory to the Geneva Conventions, which is made up of four of treaties and three additional protocols.
(Reporting by Vladimir Soldatkin; Editing by Alison Williams)
... embora talvez não devesse tê-lo dito em público porque [ainda] são aliados. A verdade é que houve um tempo em que a Rússia quis vender gás à Europa e a Alemanha negociou com a Rússia ser o único comprador para depois revender a outros países da Europa. E não, não é apropriado que façam estes negócios com a Rússia e depois venham exigir sanções económicas e políticas à Rússia como se a questão do gás não fosse também uma questão política, como se viu no caso da Crimeia em que fecharam a torneira à Ucrânia. É como dizer que estão a favor do acordo com o Irão mas ao mesmo tempo as empresas cessarem os negócios com o Irão. Sim, eu sei que a Alemanha alega que a questão do gás permitiu ter sempre uma porta aberta ao diálogo com a Rússia. Balelas... quando se quer abrir portas põe-se a mão na maçaneta e abre-se, não são precisos negócios de lucros de biliões. Sabemos que a Alemanha tem o problema dos ambientalistas lá terem força e não deixarem o governo estragar o país com técnicas de fracting para explorar gás (por cá os génios do governo ainda estão na pedra lascada no que toca ao ambiente) mas quando as políticas não são capazes de enfrentar as corporações económicas os resultados são o estado a que a Europa chegou.
Era bom que os políticos começassem a pôr o dinheiro nas palavras que dizem e não no exacto oposto.
“The former chancellor of Germany is the head of the pipeline company that’s supplying the gas,” Mr. Trump said, referring to Gerhard Schröder, a former German chancellor and friend of Mr. Putin’s who leads the project. “So you tell me, is that appropriate?”
Um livro que parece ser (pela crítica e entrevista ao autor) muito interessante acerca da Rússia de Putin.
Now, in 2018, in terms of coffee, it’s amazing. There’s coffee everywhere. It’s lovely. But then you turn on the TV and it’s pure propaganda. Quality of life and political repression have moved in a chiasmatic pattern — the higher the quality of life, the lower the level of political freedoms. Which is of course exactly the opposite of what was predicted by modernization theory or the neoliberal consensus or whatever. So actually I’m not Tom Friedman. Because it turns out you can have cappuccinos and political repression.
With all eyes on China, Singapore makes its own Arctic moves
Singapore’s deepening ties with Russia, its involvement in Arctic cooperation and the implications of both are overshadowed by discussion about China’s Arctic ambitions and investments.
It’s time for us to broaden our view of Asian involvement in the Arctic region. Otherwise, all the focus on China will blind us to the intentions, actions and involvement of other actors.
Afinal, o que quer Kim Jong-un? Ninguém sabe
Não acho assim tão difícil perceber a Coreia do Norte. A Coreia foi um único país durante mais de 2000 mil anos. Tem uma história milenar difícil por estar ali na confluência da China, do Japão e da Rússia e ter tido que lutar para manter a sua independência. Tirando um tempo entre o século XIII e o XIV, anos em que teve que prestar vassalagem aos Mongóis, foi um reino independente com permanentes lutas internas pelo poder. No ano da nossa República, 1910, foi ocupada pelo Japão que só de lá saiu no fim da Segunda Guerra, porque a perdeu. Logo aí foi ocupada pelos EUA, a sul e, pela URSS, a norte, que a dividiram em duas no paralelo 38, tristemente famoso. Era o início da Guerra Fria e ambas as potências mediram forças na Coreia que entrou em guerra civil. Os EUA, a certa altura, para ganharem a guerra, passaram a bombardear a Coreia do Norte diariamente com bombas de napalm. Gabavam-se de não ter deixado nenhuma cidade, vila ou lugarejo de pé. "A Coreia do Norte virou uma nação subterrânea e em permanente estado de alerta." Mataram um quarto da população, ao que se diz. A guerra terminou porque ambas as partes pararam a ofensiva mas sem um acordo de paz e com a Coreia do Norte, apoiada pela URSS, a fechar-se num regime comunista e, a do Sul, num regime liberalista. Quer dizer, tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra uma com a outra, e a Coreia do Norte ainda está em conflito com os americanos.
Portanto, os bombardeamentos ainda estão vivos na memória dos norte-coreanos, o que não é de estranhar se pensarmos a maneira como os ingleses ainda vivem o blitz e a desconfiança face aos alemães como se estivéssemos há 70 anos. Se juntarmos a isto o facto da Coreia do Norte não ter passado por uma glasnost ou perestroika e viver fechada num regime ao modo soviético ou ao modo do Mao, ditaduras alienadas (as bravatas do Kruschev não eram assim tão diferentes das do Kim Jong-un e a loucura deste está em linha com a do Mao) e, os acontecimentos recentes no Médio Oriente onde os EUA invadiram e destruíram o Iraque e a Líbia, tendo deixado que os seus líderes fossem mortos de um modo indigno e cruel, não é difícil de perceber a Coreia do Norte.
Kim Jong-un está a preparar-se para a invasão americana e vai avisando que se meterem com ele, não esperem que vá esconder-se num buraco como o Saddam Hussein ou o Kadafi. Um bocadinho como os gorilas que ao verem o seu território ser invadido, juntam o grupo e fazem avanços a bater, ameaçadoramente, com a mão no peito, para intimidar e afastar o oponente.
A História é dinâmica e o que se faz hoje é um reflexo e uma continuidade do que se passou ontem.
“Belarus can build many bridges to the West, but it cannot cross any of them,” Artyom Shraibman
Uma 'street performance' pela banda Smoking Bird.
... não em si mesmas mas pelo que prenunciam.
A proximidade entre membros da Administração Trump e Moscovo durante a campanha foi confirmada por entidades oficiais norte-americanas.
(link na imagem)
O mapa do planeta visto de cima fala outra língua.
Neste momento, vastos territórios da Rússia fazem uma fronteira natural de gelo com o Alasca dos EUA, separados pelo estreito de Bering mas com o aquecimento do planeta e o consequente degelo as terras agora inóspitas ficam à distância de uma viagem de barco relativamente curta. Esse facto, conjugado com o problema da Rússia ter já vastos territórios de milhares e milhares de quilómetros desocupados, é um dos grandes problemas que preocupa muito Putin, como lemos em vários sítios de especialidade.
Putin pensou, em parte, resolver o problema seguindo o exemplo da Alemanha (sobretudo) que foi pôr-se à cabeça de um império e importar cristãos dos países do sul da Europa apertados com grandes dívidas. A partir de uma ideia do presidente do Casaquistão impulsionou a EurAsEC (União económica EuroAsiática) que já leva 5 países com tratados parecidos com os da UE. Na altura convidaram a Ucrânia para pertencer ao grupo que tem agora cerca de 40 países interessados, entre eles a Turquia, que é observadora. No entanto, o povo da Ucrânia preferiu a UE, depôs o presidente pró-russo, elegeu um pró-UE, o que estragou completamente os planos de Putin e, em parte, levou à crise da Crimeia, como se sabe.
Neste impasse, aproveitou para minar as eleições americanas, a UE, aproximar-se da Turquia e destabilizar a cena internacional aproveitando-se dos erros e hesitações dos americanos na Síria. Entretanto, porque pode, vai progredindo na Ucrânia como um buldog quando ferra o dente e já não abre a mandíbula.
Uma pessoa olha para o mapa e vê que Kiev fica no centro com um rio a dividi-la à laia de fronteira natural. Enquanto o Ocidente se entretem com Trump, Putin vai avançando e, mesmo que não consiga tomar conta de metade da Ucrânia como a URSS fez na Alemanha com muro e tudo, manter metade do país sob o seu controlo militar em guerrilha constante faz o mesmo serviço. Basta que avancem mais um bocadinho.
A situação está muito complicada e acho que o Obama andou a preparar-se para ela nos últimos tempos da sua presidência com acordos com países de posição estratégica.
Como o Trump é um comerciante e politicamente ingénuo muita coisa vai mudar enquanto ele faz parvoíces. Para já acho que vamos assistir aos países das economias emergentes entrarem em decisõesda cena internacional como até agora nunca tinham entrado, sob a proteção/orientação duma potência qualquer... resta ver quem... quem os vai ganhar para a sua causa.
A situação está perigosa mas isto é interessante.
link na imagem
Os EUA deram mais um passo nas sanções à Rússia mas, a pouco tempo de passar a pasta para o pragmático comerciante que não tem paciência nem capacidade de compreender diplomacia e cenários de grande alcance, a medida vem demasiado tarde. Parece-me evidente que a próxima administração americana, a não ser que o Putin faça o Trump sentir que perde face, o que não acredito, vai deixar cair o assunto da Crimeia e das sanções como se fosse inexistente. Até já avançam com o nome de Kissinger, esse bandido sem escrúpulos, agora amigo da Rússia, para ajudar a passar uma esponja sobre todo o assunto [Kissinger could help Trump reconcile with Kremlin].
Entretanto, Putin já está a preparar a interferência nas eleições alemãs e francesas que se aproximam [German Populists Forge Ties with Russia] Aqueles canais de desinformação como o RT e o Sputnik já existem em todas as línguas que lhe interessa para ajudar os populistas europeus a minar a UE e a NATO.
A Rússia tentou ser amiga dos EUA no tempo de Yeltsin mas foi humilhada em vez de ajudada (o Ocidente não o percebeu e não teve visão) e isso é que permitiu a subida de Putin ao poder; Putin tentou ser um amigo da UE, ser um parceiro respeitado, mas foi desconsiderado e por isso invadiu a Crimeia e foi humilhado pela Merkele que o destratou publicamente dizendo que ele não funciona bem da cabeça [darius-rochebin-interviewe-vladimir-poutine], o que foi um passo em falso muito grande.
A terceira lei de Newton, segundo a qual não existe acção sem reacção, aplica-se também à força, ao poder, entre pessoas. O que Putin quis ser e o que ele é também resulta das acções que o Ocidente cometeu, imprudentemente, e às quais ele reagiu segundo o seu quadro mental que é o de um ex-KGB que viveu na Alemanha de Leste, conhece todos os truques do ofício, não defende o comunismo mas defende a grandeza da Rússia, não aceita perder face diante de ninguém e não tem escrúpulos em destruir o que se lhe atravessa no caminho.
Putin, há pouco tempo, substituiu os seus ministros e conselheiros, que eram os seus amigos de longa data, muitos dos seus tempos de KGB, por pessoas novas, que nada sabem do seu passado quando não era ainda grande e que têm dele uma visão engrandecida. Ele quer projectar uma certa imagem e consolidar um certo tipo de poder mas estava a perder apoio do povo devido às grandes dificuldades sentidas por causa das sanções ao petróleo e ao gás e às exportações para a UE. Mas ele sabe como jogar este jogo de ilusões, espionagens, mentiras e desinformações.
Os países da UE e, em particular, a Alemanha e a França, não só porque vão ter eleições para as quais Putin já se está a preparar há tempo, mas porque construiram a UE de tal modo que tudo depende deles, sobretudo da Alemanha, deviam estar preocupados com a preservação e o fortalecimento da UE porque se se desintegra, estão todos mais ou menos condenados à irrelevância.
A questão é, como resolver problemas com as mesmas pessoas cujo quadro mental esteve, e está, na origem desses mesmos problemas?
Uma mistura de paranóia com a ambição de subir na escada do poder através da caça de traidores resulta nisto:
The Kremlin’s fear of hidden saboteurs has grown to paranoia in the two years since the start of the Ukrainian conflict, Soldatov says. Now vaguely-worded laws, created in the wake of mass anti-Putin protests in 2011, are being used to neutralize perceived “threats” from Russia’s streets with little in the way of due process.
...
“The FSB aren’t really looking for spies: they need easy targets to boost their numbers,” he says. “Statistics are all they care about. They will keep grabbing random people- and it’s only going to get worse.”
Which weapons has Russia moved to Kaliningrad?
Bastion land-based coastal-defense missile launchers: In October, Russia beefed up its anti-shipping defenses in Kaliningrad with these launchers. Since then, it has used them as an offensive weapons against rebel positions in Syria. According to IHS Jane's 360, the supersonic missiles fired from the Bastion have a range approaching 200 miles. In a conflict, they could be used against NATO ships trying to reach the Baltic states.
S-400 land-based air-defense missiles: Russia has already installed these state-of-the-art missile systems to protect its air base in Syria. The S-400 can simultaneously track and strike a number of aerial targets at once at ranges of up to 250 miles. In Kaliningrad, S-400s would be capable of targeting NATO aircraft and missiles over most of the Baltic region.
Kalibr nuclear-capable ship-based cruise missiles: In October, Russia sent two missile frigates to Kaliningrad equipped with launchers that can fire these missiles more than 900 miles. A Russian missile frigate based off Syria has launched Kalibr missiles at rebel forces.
Iskander-M mobile nuclear-capable land-based ballistic missile system: The Iskander-M is a mobile short-range ballistic missile system with an official range of just more than 300 miles. That complies with the limits set by the landmark 1987 Intermediate-range Nuclear Forces Treaty signed by the United States and the Soviet Union. Iskander is extremely mobile and hard to detect and has superior accuracy.
That sounds bad. What could be worse?
Longer-range, nuclear-capable land-based ballistic missiles: The United States accuses Russia of developing land-based ballistic missiles with a range much greater than allowed by the INF treaty — some military estimates suggest that Russia has tested a missile that could reach major European capitals. The whole point of the INF treaty was to eliminate the threat of rapid nuclear escalation posed by hidden launchers carrying devastating weapons a short flight time. But Moscow denies the allegation and says that it is the United States that is breaking the treaty with illegal intermediate missiles of its own.
(pensar que Kalininegrado era a cidade de Kant, quando se chamava Königsberg e que nem a campa dele sobreviveu às guerras e às revoluções dos alucinados do século XX)
.. por falta de visão, excesso de ganância, crença infundada na infinitude do crescimento das economias e na capacidade dos governos enganarem os povos para enriquecerem grupos já bilionários.
Este acordo serve para os EUA e UE e o Ocidente em geral não perderem importância face ao avanço esmagador da China e da Índia na economia e da Rússia na política global. Mas não só. Há o problema dos países que estão na fronteira com a China mas não querem ser absorvidos por ela, tal como os países que estão na fronteira com a Rússia não querem ser absorvidos por ela (para o que contam com a ajuda da UE e dos EUA) e estão agora em situação aflitiva - o Japão foi a correr à Towertrump falar com o homem. Pior porque a Rússia tem uma história comum com alguns desses países que estão cheio de russos mas a China tem uma história de beligerância com o Japão, a outra China (Taiwan) e outros pequenos países que sem a aliança dos EUA não têm nenhuma hipótese de escapar às imposições chinesas.
O acordo de comércio livre mantinha esses países independentes da sombra da China, permitia ao Ocidente ter um pé no Oriente e também pressionar a Rússia que está cada vez mais ousada e amiga desses países não democráticos que são a China, a Turquia, a Síria do Assad e outros do género.
No entanto, os que andam há anos e anos a negociar o acordo, com a sua falta de visão estratégica e egoísmo, fizeram questão de negociá-lo às escondidas dando grandes privilégios e prerrogativas aos grandes grupos económicos a expensas dos governos e dos povos de tal maneira que um Estado podia até ser processado por uma multinacional se esta não tivesse o lucro esperado, tal qual como aconteceu nas PPPs que os governos aqui do rectângulo negociaram às escondidas, à nossa custa, sem nenhum benefício (a não ser para as pessoas e grupos que o negociaram) e com os custos que todos sabemos porque andamos a pagá-los.
É evidente que este tipo de acordos têm que ser feitos a pensar no futuro global e a pensar que muita gente de muita natureza diferente pode ocupar os lugares do poder. Agora está lá o Supertrump que não quer saber de nada que não lhe traga lucro -é um comerciante, o Manelinho da Mafalda foi feito a pensar nele- mas antes esteve lá o Obama que não é um comerciante mas também não foi capaz de dar transparência e eficácia ao acordo e favoreceu estes grupos lobistas.
Até hoje, ninguém dos que negoceia o acordo teve a delicadeza de nos informar, a nós todos que o vamos -ou iríamos- pagar, os termos efectivos do acordo. Só no ano passado mandaram uma resenha para o PE depois de muita insistência e protesto. Quiseram que os governos o assinassem de cruz e à pressa, depois de o arrastarem dez anos, como se viu pela pressão que fizeram sobre a Bélgica há umas semanas.
Ora, como as coisas se têm desenvolvido nos últimos anos, não há um único país que me lembre que confie no seu governo para fazer frente a grandes grupos e defender os interesses dos que os elegeram pois anda à vista de todos, no mundo inteiro, o crescimento exponencial dos bilionários e o empobrecimento também exponencial das populações (com excepção de dois ou três países). A Merkel agora põe as mãos à cabeça com o recuo dos EUA da mesma maneira que os americanos põem as mãos à cabeça por terem eleito o Supertrump mas a verdade é que, tal como eles, também ela foi conivente com estes secretismos e subserviência a grandes cooporações porque lhe convinha. É o tal egoísmo autofágico que anda a atacar tudo quanto é país e a deixar-nos neste embróglio planetário.
US President-elect Donald Trump says the US will pull out of the deal on his first day in office
Many people do not understand what these trade agreements mean so let me spell it out. They promote trade liberalisation. This essentially means opening up public services to corporate takeover and limiting our ability to control banks.
Barack Obama is worried about his legacy. In an exclusive interview with DER SPIEGEL and German public broadcaster ARD, the US president discusses economic responsibility, Chancellor Angela Merkel and the plans of his successor Donald Trump.
Veio à Europa falar, apenas, com a Grécia e a Alemanha... sobre a Rússia, evidentemente porque Trump e a sua família barbie são cowboys num western de má qualidade, tipo rei do gado que vive para acumular todas as cabeças da região e fazer bullying aos vizinhos. O mundo são eles e os amigos super-ricos e o resto é uma abstracção conceptual.
A minha pergunta é a seguinte: se querem a paz porque constroem armas de guerra desta natureza?
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