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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Cardeal-Patriarca de Lisboa fala pela primeira vez de financiamento a escolas privadas
O cardeal-patriarca de Lisboa acrescentou ainda, durante a homilia na missa celebrada no Patriarcado por ocasião da Festa da Vida e da Família, que os pais de crianças em escolas privadas “são tão contribuintes como os outros e também financiam as escolas estatais”.
Ao pé desta movimentação 'lobista' o Nogueira é um baby. Só falta arregimentarem a Merkele ou a Lagarde para a pressão. O que tem graça é ver os que sempre defenderam a iniciativa privada e se queixam dos que vivem do subsídio, que nos custa a todos, a defenderem eles mesmos o subsídio... enfim, quase defendem o comunismo onde tudo é pago pelo público.
No dia em que tiver que pagar os colégios particulares dos outros com o meu salário congelado, começo a ir com os filhos para hotéis de 5 estrelas, a comer em restaurantes de 5 estrelas, a fazer tratamentos de spa de 5 estrelas e mando a factura para o sr. primeiro-ministro. Afinal, porque é que só os abastados têm direito a hotéis de 5 estrelas? Eu não sou uma pagadora de impostos?
O Estado tem o dever de contribuir para a igualdade de oportunidades e para a formação de cidadãos nos princípios da democracia portuguesa e, daí, a obrigação de ter uma escola pública de qualidade cuja finalidade não é o lucro em dinheiro mas, o lucro em cidadãos que perpetuem o país e o melhorem em termos sociais, humanistas, económicos, etc.
Com que sentido é que o Estado depaupera a escola pública, despede professores, fecha escolas, etc. falhando os seus deveres para agradar à iniciativa privada, seja esta a Igreja ou sejam cooperativas de ensino viradas para o lucro?
Luís Marques Mendes comenta os rankings da escola: diz que os colégios só aceitam certos alunos, expulsam a meio do ano os fracos, que as escolas em contextos mais ricos têm melhores notas, que se sabe que nesses contextos ricos os alunos sempre que precisam vão para explicações (porque podem pagá-las) e, no fim... conclui que a solução é a gestão privada, que há que levar as práticas privadas para a escola pública!! Isto é para rir... então, o fosso entre ricos e pobres acentuou-se, as escolas públicas, onde andam os pobres pioraram os resultados, as privadas, onde andam os que estão do outro lado do fosso, como se isso não chegasse ainda fazem batotas para andar à frente como mandar embora para o público os fracos e ele conclui que a solução é dar gestão privada às escolas...? Com fundos públicos...? Está a gozar??
Se os colégios privados fossem obrigados a tornar públicos os dados dos seus alunos e das suas práticas estes falsos argumentos acabavam-se logo.
Dito isto, acrescento que a gestão das escolas públicas, onde a prioridade da tutela é manter nas escolas submissos executores especialistas em meter dados em aplicações e em obedecer, deu origem a estruturas cheias dos vícios, em ponto pequeno, dos poderes centrais: trabalhar para inglês ver e para manter os amigos nos cargos sem atritos. E não me parece que isso vá mudar para melhor com as políticas mercantilistas que tomaram conta da educação.
Está tudo chocado por estes indivíduo ir ganhar 30 mil euros de salário para vender a 'coisa'. A mim o que me choca é o facto de ele ir ganhar o mesmo que já ganhava na CGD, ou seja, choca-me que ele ou outro qualquer tenha tido ou ainda tenha esse salário num banco ou empresa públicos, como é a CGD. Se o banco fosse privado e não viesse depois pedir ajuda aos contribuintes para pagar as suas loucuras, como fez o do BESgate, cá por mim até podia ganhar 100 mil euros por mês, agora num banco público... estamos em crise e austeridade, o meu salário está cortado, a carreira congelada e pago esses salários a uns tipos para gerirem bancos? E, quantos administradores acabadinhos de sair de governos se vão entachar aí com esses salários? Isso é que me choca!
“Estas coisas são privadas e não são para estar permanentemente na comunicação social”, disse Guterres aos jornalistas.
Esta coisa de figuras públicas que ocupam regularmente cargos públicos que decidem das nossas vidas e pagos por todos nós acharem que o que fazem publicamente é um assunto que só a eles diz respeito explica muito da desresponsabilização que se outorgam.
Uma pessoa que já foi deputado e primeiro ministro e que terá ainda carreira pública no País ou em representação, declarar-se amigo de um outro que também o foi e que está acusado de ter roubado o País no exercício do cargo, não é um assunto privado. Interessa-me saber quem são os amigos e associados das figuras públicas uma vez que esses amigos exercem sempre grande influência nos nossos destinos quando os outros ocupam lugares de poder com acesso a dinheiro.
Das duas uma: ou os que estiveram nos governos e no partido com Sócrates e nele confiaram estão muito surpreendidos com a gravidade das coisas de que o acusam e, então, é difícil compreender que continuem a apoiá-lo como se os actos de que é acusado fossem de menor importância e não uma enorme traição, o que me faz não ter um átomo de confiança nestas pessoas ou, não ficaram nada surpreendidos, o que dá a entender que sempre souberam e não achavam nada de mal, o que me faz não ter um átomo de confiança nestas pessoas...
Como são pessoas que continuam na vida pública, interessa muito ao público saber não só quem são as pessoas mas também quem são os seus aliados porque estas coisas custam muito caro ao tal público que constitui o País.
Logo, não é um assunto privado.
In a masterly essay in the New Statesman two weeks ago, David and George Kynaston demonstrated, beyond challenge, that the wonderfully liberating education offered by our great public schools is overwhelmingly the preserve of the wealthy.
I write as an enthusiastic admirer of the education these schools provide. Their cultivation of intellectual curiosity, insistence on academic rigour and provision of character-building extracurricular activities help students to succeed in every field.
But while the education these schools provide is rationed overwhelmingly to the rich, our nation remains poorer. From the England cricket team to the comment pages of the Guardian, the Baftas to the BBC, the privately educated – and wealthy – dominate. Access to the best universities and the most powerful seats around boardroom tables, influence in our media and office in our politics are allocated disproportionately to the privately educated children of already wealthy parents.
We have one of the most stratified and segregated education systems in the developed world, perpetuating inequality and holding our nation back.
Onde o interesse ou o investimento público se retiram há sempre forças, privadas, que invadem o terreno que vêm vazio e ao abandono para levar a cabo as suas agendas pessoais.
É assim no caso da educação, é assim no caso da saúde, é assim no caso da economia, é assim no caso das bolsas de doutoramento e de investigação.
É sabido que as ideologias económicas -parece-me que têm que ser assim chamadas pois, como tal, são implementadas e defendidas- que nos (des)governam foram o fruto de teses de doutoramento pagas com bolsas de estudo da Goldman Sachs e outras companhias do género, que se chegaram à frente, não para custear investigação isenta ou de interesse público mas, para desenvolver projectos com intenções financeiras privadas, calculadas. Vem isto a propósito de hoje ter lido que a investigação dos antibióticos está em queda livre (com tudo o que isso implica de custos para a saúde humana), pelo facto das companhias farmacêuticas, que são quem financia as teses de doutoramento e as bolsas de investigação científica, desde que os Estados se demitiram desse serviço público, terem interesse na investigação dos "fármacos para as doenças crónicas que são os que rendem muito".
Na educação é o mesmo. Desde que o Estado se retirou ou está a retirar do terreno e a abandonar um projecto de educação pública, as instituições privadas avançam na oferta de serviços educativos, não para prestar um serviço público mas para levar a cabo uma agenda de interesses próprios, privados, que nada têm que ver com liberdade de escolha.
Isto merece uma reflexão profunda em volta das consequências deste abandono de território por parte do Estado, desde logo, do ponto de vista dos próprios princípios republicanos e laicos com que queremos (?) governar-nos. Porque, é isso e não a liberdade de escolha de serviços competentes que está aqui em causa.
A educação pública não é uma questão de escolha. Não se escolhe ter um Estado repúblicano, laico e, democrático, porque isso já foi objecto de escolha, de modo que a educação pública, submissa a esses princípios que tanto nos custaram a conseguir, é uma obrigação que temos para com as gerações futuras. Não cabe ao Estado dizer aos cidadãos que, se quiserem, podem antes escolher escolas privadas. Cabe ao Estado assegurar uma rede de escolas públicas que funcionem bem. Mais nada. Quem quiser ter escolas privadas ou, pôr os seus filhos em escolas privadas, que os ponha. É justamente para isso que o Estado, que somos nós, tem que assegurar, não como uma escolha, a continuação, idealmente imarcescível, dos princípios da res publica e democrática numa escola pública de qualidade.
Dinheiros públicos, vícios privados - reportagem da TVI
Enquanto se diz que não há alunos e é preciso despedir professores, enviam-se os alunos para o privado com o pretexto das escolas públicas estarem lotadas de alunos.
As pressões sobre os professores que fazem tudo desde tirar cafés a fazer trabalho de arrumação e limpeza com horários ilegais. Tudo sob as ordens de ex-secretários de estado e ex-directores de DREs.
Quem se admira que a educação esteja no estado em que está?
No meio disto tudo uma certeza fica: nada do que é feito na educação é para o interesse dos alunos. Nadinha.
Tudo uma vergonha.
A escola pública tem uma grande vantagem: sabe-se o que lá se passa. O ministério sabe. Os pais sabem. A sociedade sabe.
... mas publicam-no na mesma em grandes letras como se fosse válido... com que objectivo...? Defender o ensino privado...? A degradação do ensino público...? A quem interessa isto? Não à sociedade em geral, nem aos pais em particular.
Enaquanto participantes duma sociedade democrática e enquanto pais, no dia em que a educação pública desaparecer, ou degradar-se e ficar inconsequente, desaparece também uma parte importante das condições da democracia e da possibilidade dos filhos alterarem, para melhor, as suas condições iniciais de vida.
Que controlo e que possibilidade de intervenção têm os pais numa escola privada...? Nenhum. Numa escola pública, por o ser, há mecanismos de observação e intervenção democráticos.
jornal i
Esta última é favorecida pela crescente municipalização do ensino público no nosso país. A escola tenderá a ficar refém de directores pouco escrutinados e da lógica clientelar de muitos municípios. Em conjunto, terão, no futuro, poder para contratar e despedir pessoal docente e não-docente cada vez mais precário. Juntem a isto o crescente peso do ensino privado, promovido pelo escandaloso aumento do financiamento público directo (que passou de 30 milhões de euros em 2000 para 221 milhões em 2007) e pelos regressivos benefícios fiscais às despesas privadas em educação, ou os pouco informativos rankings de escolas que, apesar de se prestarem a todas as manipulações, captaram o imaginário social.
Estão assim reunidos alguns dos ingredientes para uma receita de desastre feita de incentivos à selecção e exclusão dos alunos pelas escolas públicas, imitando as práticas das escolas privadas, de acordo com o capital económico e cultural das famílias, determinante no sucesso escolar, ou com as necessidades dos alunos. O reforço da uniformização das escolas - escolas para ricos e escolas para pobres -, num país desigual e com taxas recorde de pobreza infantil, será imparável. A qualidade do ensino e dos desempenhos degradar-se-á à medida que as relações cooperativas se tornarem mais difíceis numa escola obcecada pelo controlo, pela mensuração intrinsecamente redutora e pela concorrência.
A esquerda que defende a escola pública democrática, exigente e de qualidade terá de ser capaz de reverter este processo. Podemos começar com simplicidade: acabar com o financiamento directo e indirecto ao ensino privado.
Economista e co-autor do blogue Ladrões de Bicicletas
É isto que ele diz,sem pôr nem tirar. Mas impressiona ver a injecção de milhões no ensino privado em simultâneo com o desinvestimento no ensino público - e, claro, as consequências que estão à vista de todos que não são 'burriciegos' como se diz na gíria taurina.
Estes 4 anos de Sócrates e Mª Lurdes Rodrigues foram um crime no que respeita à educação - o maior desrespeito pelo direito à educação, pelo direito à oportunidade duma vida melhor. A indiferença pelo destino dos outros.
Mete nojo, isto.
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