Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Uma pessoa está constantemente a ser vigiada por um programa de reconhecimento facial no seu comportamento social e é castigada perdendo 'pontos sociais' do seu 'cartão de crédito social'. A perda de pontos pode implicar ser proibido de andar de comboio ou avião, os filhos serem proibidos de frequentar boas escolas, ter a velocidade da internet reduzida, não ter acesso a certos hotéis, a certos empregos, tirarem-lhe os animais domésticos e ter a cara em grande plano nos inúmeros ecrãs espalhados por todo o lado como humilhação pública.
A total ausência de liberdade e privacidade num Estado totalitário.
Até a comida que se pode comprar e o papel higiénico a que se tem direito num espaço público estão dependentes dos pontos sociais que a pessoa tem no cartão d crédito social.
Os cidadãos a ser constantemente ameaçados
Vá a Voice & Audio Activity na página do Google da sua conta. É-lhe mostrada uma lista das gravações que a Google guardou. Pode apagar selectivamente ou todas de uma vez. É só clicar na opção, 'delete' na caixa à frente de cada gravação [onde se vêem três pontinhos].
Para apagar tudo vai-se a Delete options. Selecciona-se a opção Advanced. No menu escolhe-se All time e clica-se no Delete..
As autoridades de Halifax (Virgínia, EUA) resolveram obrigar os administradores escolares a andar com uma câmara ao pescoço, ligada, durante todo o tempo que estão na escola, de modo a gravar tudo o que se passa, não vá acontecer qualquer coisa como brigas, agressões, etc. que necessitem de envolvimento jurídico. Tomaram essa ideia da polícia que já usa esse método.
A alternativa seria, é claro, ter muitos mais funcionários na escola habilitados a lidar com crianças e jovens adolescentes que servissem de ajuda, apoio e exercessem vigilância sobre os recreios. Mas não. Sai muito mais barato pôr algumas pessoas a gravar os alunos mesmo que isso seja uma violação da privacidade e da liberdade de cada um.
É preciso perguntar: qualquer método serve qualquer causa se for eficaz? Penso que não. Os métodos têm que estar adequados aos problemas e aos contextos a que se aplicam para não se correr o risco da sua eficácia gerar problemas mais graves, a longo prazo, que aqueles que quer resolver, a curto prazo. A escola tem que ser um lugar pedagógico, logo, de respeito pelos direitos das pessoas, pela sua dignidade, de fomento da capacidade de mudança e melhoramento pessoal, etc.
A escola não trabalha num contexto de criminalidade como a polícia, nem os alunos são criminosos. Mais, a escola é um lugar de educação, não de punição. É certo que há alunos que também são jovens criminosos e cometem faltas que devem ser punidas mas não se pode prejudicar todos, retirar direitos e dignidade a todos por causa de uns.
Condicionam a maioria que é respeitadora por causa de uns poucos que fazem o mal, ou seja, não sabendo como resolver o problema de uns poucos que prevaricam, prejudicam todos dando um enorme exemplo de incapacidade e incompetência, por um lado e, por outro, falta de respeito pelos direitos dos outros.
Infelizmente, sabendo nós da tendência para os nossos dirigentes a copiarem tudo o que de errado se faz nos outros sítios e a escolher o caminho mais fácil mesmo se atropelando os direitos dos outros, temo que esta ideia não leve muito tempo a cá chegar.
Para quem dá aulas numa cidade pequena há trinta anos é uma questão académica... vou à mercearia, encontro um ex-aluno, vou à loja do cidadão, a mulher segurança foi minha aluna, a filha do A. do talho foi minha aluna, vou ao Hospor, duas funcionárias administrativas foram minhas alunas, no outro hospital a enfermeira dos cuidados intensivos foi minha aluna, a garota dos correios foi minha aluna, o dentista da clínica do bairro foi meu aluno, vou ao cinema, três miúdos que lá trabalham foram alunos, ligo para o Hospor para marcar consulta e quem atende é a T. que foi minha aluna, o juíz do tribunal é pai duma aluna, o casal que gere uma daquelas igrejas coisas aqui perto são pais de um aluno, hoje o João da turma E disse-me que a irmã e a cunhada foram minhas alunas... às vezes chego à escola e dizem-me os alunos: ontem a professora foi à baixa, esteve na loja tal, depois foi ao hospital, passou pelos correios e entrou em sua casa passavam 15 minutos das duas. Vidiovigilância? Privacidade? Isso era há trinta anos...
A coragem e o heroísmo têm a ver, penso, com a consciência capaz de se projectar na colectividade. Dois acontecimentos a presidência de Obama vai deixar como grandes manchas no seu trabalho: Guantanamo, que disse ir fechar e continua no mesmo sítio e o exílio forçado de Snowden para proteger ilegalidades depois de ter prometido que a sua presidência seria a da Lei contra o abuso. Ambos são casos de abusos de poder, autoritarismo disfarçado de preocupação e desrespeito pelos direitos humanos dos outros: o direito à liberdade, à privacidade e à justiça. Heróis são estas pessoas que estando plenamente conscientes das consequências negativas que as suas acções terão para si e para os seus, não recuam mas, pelo contrário, avançam, em nome de nós todos.
Redescobrimos que o valor de um direito não se mede pelo que esconde mas pelo que protege. Edward #Snowden
Defende a liberdade na internet, mas é diferente de uma figura como Julian Assange, contestatário do sistema capitalista. Como vê o estado do capitalismo no mundo, depois da crise financeira?
O valor fundamental do capitalismo é a ideia de que se tiveres um negócio honesto e um bom produto por um bom preço fazes dinheiro. Se tens uma boa invenção, uma inovação que transforma a vida das pessoas fazes dinheiro. Isso é bom. Queremos que grandes empresas sejam geridas por pessoas que queiram produzir bons produtos por bons preços. As experiências com o comunismo do último século mostram que a alternativa é brutal, totalitária e que é absolutamente não funcional combinar o uso do poder de negócios e o uso da força. É essa a diferença entre os dois poderes: o governo pode prender-te e usar força contra ti. Esses poderes devem estar separados.
Mas há sítios onde estamos a misturar as duas coisas. Uma delas é – e não para o bem do povo – na esfera bancária. Quando os bancos começaram a ficar em sarilhos, receberam dinheiro dos contribuintes, que não o deram voluntariamente, para se salvarem e pagar bónus enormes [aos gestores]. Isso não é capitalismo, isso não é a abordagem empreendedora em que começaste um negócio, ele não funcionou, logo faliste. As mesmas pessoas que dirigiam os bancos e pegaram no dinheiro dos impostos ainda gerem os bancos, o que significa que vão fazer a mesma coisa. É completamente ridículo. O capitalismo não é só algo que faz dinheiro: é algo que faz dinheiro sendo um negócio e não saqueando o erário público.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.