Por fim, Pardal Henriques. O homem foi um dos grandes derrotados desta telenovela e o seu futuro político pode ter ficado em causa, apesar de ter sido um dos principais responsáveis pelos aumentos já garantidos para todos os camionistas.
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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Com as devidas distâncias, ontem lembrei-me desse filme quando Pardal Henriques, o porta-voz e assessor do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, anunciou o fim da greve. Depois, o comunicado oficial foi lido pelo presidente do sindicato, não sem que Pardal Henriques lhe fosse dando dicas ao ouvido. Uma situação patética, diga-se.
Calculo que muitos camionistas que perderam dinheiro nestes sete dias de greve tenham ficado desiludidos, pois quem estica a corda tanto como o sindicato o fez é para levar a sua luta até ao fim.
(...)
Por fim, Pardal Henriques. O homem foi um dos grandes derrotados desta telenovela e o seu futuro político pode ter ficado em causa, apesar de ter sido um dos principais responsáveis pelos aumentos já garantidos para todos os camionistas.
Não há ninguém que não crucifique Pardal Henriques que foi o rosto da greve dos motoristas. Li uma notícia que começava assim, 'Pardal, advogado dos motoristas que nunca foi motorista...' ... mas desde quando os advogados têm que ter a profissão daqueles que defendem?
O homem foi crucificado por toda a gente: pelo governo, pela ANTRAM, pelos jornais e comentadores sicofantas do governo e patrões. No entanto, o que importava aqui perceber é: porque é que Pardal Henriques surge a dar a cara numa greve radical? A resposta está em que, neste momento da história política em que vivemos, ninguém do lado do governo ou das entidades patronais se dá sequer ao trabalho de ouvir os trabalhadores, de modo que as pessoas vêem-se na situação de radicalizar os protestos apenas para que as ouçam.
Se não fosse Pardal Henriques e esta greve radical ninguém saberia das condições de trabalho dos camionistas, constantemente ignorados, desprezados até, nas suas questões, por patrões e governos. Temos um país minado pela corrupção e clientelismo onde se aproveitou o pretexto da troika para retirar direitos aos trabalhadores, ao mesmo tempo que se aumentavam as regalias aos responsáveis -da banca às empresas públicas passando pelos políticos- da crise que nos fez pagar 20 mil milhões numa dezena de anos.
Este governo, que atingiu o cúmulo da concentração de poder em família e amigos, aproveitou o abismo em que a oposição se enfiou à conta do governo de PPC e o vazio de contestação política eficiente e consequente para mostrar que é duro com quem trabalha e serve quem de nós se serve. Tem sido indiferente à situação dos serviços públicos, dos professores, dos enfermeiros, dos médicos, etc., etc. Está sempre pronto, com a conivência cobarde do Presidente, a enfiar dinheiro na banca e nos projectos de primos e amigos, no vampirismo do fisco aos pequenos trabalhadores (Nos últimos três anos saíram de Portugal 30 mil milhões de euros para offshores) mas recusa-se terminantemente e com tiques de autoritarismo que já nem os do próprio partido conseguem negar, a atender as condições decadentes dos trabalhadores, chegando ao ponto de nem sequer os ouvir e defender que sendo governo não se tem que cumprir a lei à letra.
É por isso que surgem Pardais Henriques, quer dizer, eles são sintoma do desespero em que as pessoas se encontram. E isso é que importa perceber e reparar antes que tudo piore. Neste momento, como se lê na notícia abaixo, há já vários sindicatos desalinhados com as CGTPs.
Estes sindicatos só surgiram, tal como o Pardal Henriques, porque a regressão em direitos laborais que custaram muito a conquistar são constantemente destruídos com o beneplácito das centrais sindicais que assinam de cruz tudo o que os governos querem (ainda hoje li no jornal que o Presidente promulgou a proposta do PS de precarizar ainda mais os trabalhadores duplicando o período de trabalho à experiência com o argumento de que é bom para a economia...) e duplicam a retórica demagoga do governo.
O que quero dizer é: o governo de PPC e agora o do Costacenteno, que aproveita o lastro deixado pelo anterior para andar à vontade, foram e são radicais na sua recusa em melhorar a vida e condições de trabalho das pessoas e, até, em ouvi-las.
Com o argumento de terem acabado com a austeridade mantiveram cortes com outros nomes, desinvestimento superior ao do tempo da troika, cobranças incríveis de impostos, deterioração do rendimento da classe média, comportamento agressivo e ofensivo contra os trabalhadores, etc., ao mesmo tempo que deixam os mais ricos enriquecerem. E estão cada vez mais autoritários, em grande parte porque não têm oposição séria - os partidos da geringonça não fazem oposição, fazem fretes. Ora, isso está a fazer surgir movimentos sindicais também mais agressivos e radicais.
É a terceira lei de Newton, A toda acção há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Isto, penso, é que importava perceber. Quando encostam as pessoas à parede e elas não vêm modo de poder viver em condições dignas e acham que já não têm nada a perder, avançam com toda a força. Como este governo deve ganhar as eleições, ao que dizem, as coisas vão piorar ainda mais, porque a ganância do poder absoluto faz parte do ADN do PS desde o Socas. É preciso ver que este governo é, em grande parte, o conselho de ministros do governo do Socas.
Estão sempre a dizer que Portugal é diferente porque nos outros países o autoritarismo e a extrema -direita estão em ascensão mas aqui temos um governo socialista... a verdade é que o socialismo deste governo é uma fachada para o autoritarismo. A ambição de Centeno é o FMI, os argumentos dele são os do Gaspar (que está no FMI) a ambição do governo é o controlo total dos parceiros sociais e da comunicação social, os argumentos do governo e do Presidente são os da troika, os cortes são ainda piores que os da troika... uma fachada para o mesmo autoritarismo que se vê crescer nos outros países. Isso não vem sem consequências.
... "exigem apenas melhores condições de trabalho, para que sejam cumpridos os desígnios da Assembleia Constituinte,...
Os sindicalistas defendem que "todos estes direitos foram colocados em causa pelo Governo" que demonstra "querer impor à força a manutenção dos lucros exorbitantes das entidades privadas em detrimento de melhores condições de trabalho". Nenhum trabalhador "pode aceitar continuar a receber salários que não garantam uma existência condigna e o trabalho tem que ser prestado em condições socialmente dignificantes, por forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da atividade profissional com a vida familiar", refere o artigo.
A finalizar, os autores acrescentam: "Queremos continuar a defender a garantia de liberdade dos trabalhadores e lutaremos contra quem queira restringir o direito à greve e consequentemente o direito de quem quer lutar por melhores condições de trabalho, sociais e familiares".
O Presidente, talvez por excesso de intimidade com o Costa e o Centeno já adoptou o tom de desprezo e gozo que estes têm relativamente aos professores. Nisto o Nogueira tem razão. Este Presidente, que na minha modesta opinião passou o Rubicão no que respeita ao despropósito de querer aparecer em todo o lado aos abraços como o paizinho querido do povo teve um comportamento vergonhoso na maneira como se referiu à injustiça de que somos alvo e da qual ele é, pelo que se depreende pelas suas atitudes e palavras, um cúmplice tácito e entusiasta. Agora diz que não, que não foi isso que disse, mas foi, está gravado.
Mário Nogueira criticou Marcelo Rebelo de Sousa por a última coisa que lhe ouviu dizer em Portalegre, na véspera do 10 de Junho, "foi que 9.4.2. para número de telefone ainda faltavam alguns dígitos", numa referência aos nove anos, quatro meses e dois dias de tempo de serviço congelado que os sindicatos reclamam de contagem para a sua carreira.
"Este presidente não é presidente de todos os portugueses. É uma vergonha o que ele disse sobre os professores e que isso fique registado", salientou o sindicalista no final do congresso da Fenprof.
...
Passada uma hora, finda a inauguração, acenaram-lhe de longe e os mesmos dirigentes perguntaram se não esquecia os números, ao que respondeu que não: "Mais complicado é esquecer números de telefone e eu lembro-me", disse na altura.
Como isto já ultrapassou todos os limites da falta de ética e de pudor político, é preciso fazer a pergunta: estas nomeações de famílias inteiras para o governo para mexerem em dinheiros públicos é apenas uma falha de carácter de Costa ou, estará ele, intencionalmente, a querer acabar com a democracia enquanto regime que tende para a equidade e mérito para passar a ter um regime classicista edificado sobre a normalização da corrupção da nomeação que garanta a sua perpetuação no poder, se não directamente, através dos seus familiares e amigos?
Para mim é evidente que nem o Costa nem os governantes com familiares momeados nem os próprios familiares nomeados têm mérito político. Alguns até podem até ser bons técnicos, o que também não parece ser o caso dadas as deficiências de currículo para os cargos mas, mesmo que o sejam, um cargo político onde se tomam decisões de políticas públicas precisa de pessoas com mérito político e não apenas meros técnicos. Os técnicos são as pessoas de quem os políticos se rodeiam para aconselhamento antes de tomar decisões políticas, de modo a estarem na posse de todas as informações pertinentes, os políticos têm que nortear-se por valores, neste caso, valores democráticos, i.é., a equidade, a justiça, a igualdade de oportunidades, a redistribuição da riqueza gerada pelos impostos, o mérito, a valorização da diversidade, da independência, da imparcialidade, etc.
Coisas simples: a virtude é uma qualidade positiva, benéfica, de carácter, que torna a pessoa melhor em si mesma, nas suas intenções e nas suas acções. O vício é uma qualidade negativa, maléfica, que torna a pessoa pior em si mesma, nas suas intenções e nas suas acções.
A virtude política é a ética, sem a qual, em vez de gerir a coisa pública para o bem de todos, dentro do possível, o governante se torna um comerciante de interesses e de favores. Por conseguinte, o mérito político está na sua virtude que é a ética e o demérito no seu vício que é a mercância de interesses individuais. Um político tem que nortear-se por princípios éticos, caso contrário cai no vício, perde a noção do seu dever e a finalidade do seu trabalho.
Costa, com estas nomeações, quer poder exercer o poder sem nenhum contraditório, o que consegue, pois estes nomeados, pela posição de fragilidade em que estão, dada a sua nomeação de favor, não têm nenhum possibilidade de exercer autonomia no trabalho (percebemos muito bem o que é agora o dia a dia do governo, 'Oh Vieira, diz aí à tua filha que precisamos que aprove isto e aquilo...' e etc.)
Ora, um político que afasta vozes discordantes e independentes mostra, nesse comportamento, autoritarismo e incapacidade de entender o 'outro' como uma voz legítima e importante. Não podendo mandá-lo calar ou prender (que era o que faria se pudesse, o que se viu na reacção às greves), retira-lhe a legitimidade rodeando-se de pessoas que executam as ordens sem mais e dispensam a atenção à crítica.
Que o Costa não tem valores democráticos, só um cego/dogmático o nega, tendo em conta o seu comportamento, sobretudo neste último ano e meio, que ao início da governação ainda não tinha o descaramento que agora tem. e porque é que o tem?
Se estas nomeações de famílias inteiras (e sabe-se lá dos familiares em cargos menores da administração pública que não são falados) tivessem sido feitas pelo governo anterior já havia uma revolução mas os jornais estão na mão do irmão e amigos e dos sicofantas do regime de modo que até o Presidente da República, uma pessoa que tínhamos na conta de pessoa com mérito político, na ganância de ser eleito outra vez, diz que é normal. Dizer na mesma frase que é normal famílias estarem na maior promiscuidade no governo com a mão no saco do dinheiro e que é normal os trabalhadores serem prejudicados nas suas justas reivindicações é o estado a que chegámos com este governo da pseudo-esquerda e este pseudo-Presidente do povo.
Que os nomeados tenham aceite os cargos neste quadro de ausência de voz independente mostra a sua falta de mérito político, isto é, de consciência do dever de nortearem-se por princípios éticos. Como estão a ser lançados por Costa para serem futuros ministros e administradores públicos, o que nos espera é assustador... espera-nos a perpetuação deste sistema anti-democrático.
Depois, as coisas acontecem como se vê nesta noticia Com as empresas da mãe e da companheira, Jorge Barnabé (ex-assessor do PS) já faturou mais de um milhão de euros com câmaras socialistas do Baixo Alentejo. São nomeados e deixam lá os links para as empresas e interesses dos familiares de maneira que, mesmo quando saem dos cargos, continuam a ir aos cofres públicos.
Todos os que contribuem, directa ou indirectamente para esta decadência da vida democrática são responsáveis pelo que vier a acontecer porque as acções, toda a acção, quer queiramos ou não, muda, por pouco que seja, o decorrer do curso das coisas e, nenhuma acção existe sem consequências.
Este Presidente vendeu os professores para conseguir o apoio do PS para outro mandato? Quer assim tanto o poder? Isto já era de esperar: primeiro disse mal do PSD, depois foi elogiar a remodelação familiar vergonhosa do Costa, depois fez questão de pôr-se a favor dele contra os enfermeiros, depois foi para Angola fazer-lhe elogios... enfim... muitos beijinhos ao povo mas justiça, nada... respeito, respeito, tem pelo poder, e pelas Cristinas da vida, ou seja, pessoas que têm certo tipo de sucesso, tipo Salgado e companhia. Educação, zero. Mais um político que envergonha. Que tempos estes...
Agora vamos ver o que fazem os partidos na AR.
Espero que o Presidente não chegue a este ponto de destruir os professores só para estar de bem com a parelha de incompetentes que nos governam. É bom que o Presidente nos tenha respeito e não imite as ofensas deste governo.
Nós não queremos esmolas, não estamos a pedinchar esmolas, estamos a exigir justiça!
São as suas prioridades em termos de justiça. Parece que até interrompeu uma reunião para aparecer no programa da apresentadora. Isto é uma alegria...
Sejam criativos e inventem qualquer coisa para calar esses chatos? Tipo... digam que sim, que contam os anos mas indexados à dívida pública atingir 50% do PIB, ou seja, nunca? ou, digam que sim, que contam os anos mas faseados até 2030 quando os professores estiverem há muito tempo com uma reforma de salário mínimo? digam que sim, que contam os anos mas alterem os escalões para 20 para ninguém chegar a ter carreira na mesma? Tipo, prometam qualquer coisa à balda impossível de cumprir?
O senhor Presidente, sem ofensa, vá dar abraços a padres agressores que têm mais o seu apreço, respeito e consideração que os professores do país. E muito obrigada pela parte que me cabe dessa falta de apreço e respeito.
Elegemos o Presidente para nos representar vigiando, entre outros, o governo e, em vez disso, o Presidente vigia-nos a nós que o elegemos, em representação do governo. As relações entre orgãos de soberania são institucionais, logo, formais. Não digo que não possam ou, até, devam, ser amistosas; no entanto, o que vemos aqui é uma cumplicidade informal, um excesso de familiaridade que põe em causa a independência do Presidente da República.
É assim que o Presidente desvaloriza a situação dos trabalhadores, como se vê neste artigo, Presidente aponta "expectativas" de mudança como justificação para greves. Fala destas greves radicais, não como um sintoma da gravidadade da situação dos trabalhadores do serviço público mas como business as usual, um eterno retorno do mesmo da época de caça ao voto que antecede as eleições.
Karl Löwith, no seu livro, O Sentido da História, aborda a mentalidade dos antigos no que respeita à interpretação histórica. Diz ele que Heródoto, e outros, por não terem a ideia da evolução como instrumento de sensibilidade do devir histórico, entendem a natureza humana e os seus padrões de acção como imutáveis e à luz deles interpretam todos os acontecimentos como um eterno retorno do mesmo ser humano, apenas em roupagens diferentes.
O Presidente da nossa República tem esta mentalidade dos antigos e lê os movimentos como eternas repetições de padrões já conhecidos. Depois, por causa disso, pensa que conhece os seus desfechos e desvaloriza tudo. Não como o primeiro-ministro e o Centeno que desvalorizam a situação de dificuldade das pessoas e as suas reivindicações como estratégia calculada para se eximirem à crítica e ao juízo do povo quanto ao crescimento das desigualdades e a inépcia da sua acção governativa, visível na falência dramática dos serviços públicos.
É isso que incomoda nesta fotografia. Ver o Presidente nesta intimidade com o primeiro-ministro e saber que tal intimidade nos prejudica. Deviam estar mais apaixonados por nós que um pelo outro e por si próprios.
Tem sido um tema recorrente nos discursos do Presidente da República: o apelo à acção contra os perigos para a democracia. Num texto para a TSF, Marcelo insiste na mensagem.
É que nós podemos pouco mais podemos fazer que falar e votar mas o Presidente está em posição de agir contra estas forças que fazem nascer os populismos e não o tem feito.
O modelo económico-financeiro do país e da Europa dos útimos vinte ou trinta anos não são de molde a que se possa ter visões e valores políticos de inversão da tendência de degradação do que é público em favor da construção de forças de interesses privados que colidem com o desenvolvimento positivo das democracias.
Falo de três factores: o sacrifício do investimento público com benefício do investimento cego na banca sem responsabilização; a desresponsabilização recorrente dos políticos que causam danos ao país e o fecho dos círculos políticos a qualquer aragem de forças de renovação.
Primeiro: tem havido um movimento consciente de proletarização faseada das três grandes áreas públicas das quais dependem as democracias: primeiro foi a educação, logo a seguir a saúde e agora começa-se a degradar a justiça, também.
Primeiro proletarizararam-se os professores, reduzidos a funcionários facilitadores de certificações, controlados pelo Estado na sua missão de poupar dinheiro para investir na banca e em empreendimentos financeiros e políticos duvidosos que beneficiam entidades particulares cativadores dos bens públicos. A proletarização dos professores (longas horas de trabalho mal pago, burocrático, com excesso de turmas e alunos e sem benefício para estes) e a proletarização dos currículos na sua pobreza de aprendizagens essenciais niveladas pelo mais pobre de espírito, leva à degradação do próprio ensino e, portanto, ajuda a formar cidadãos menos capazes, menos conscientes, mais indulgentes, mais medrosos, consumistas e impotentes.
Nesta destruição consciente da educação, dia sim dia não saem notícias a caluniar e degradar o estatuto dos professores, sacrificados na mesa da auto-indulgência dos políticos.
A seguir proletarizaram-se os enfermeiros e os médicos. Essa operação ainda está em curso. Dia sim dia não demonizam-se os enfermeiros como se fez com os professores, descritos como gente indigna que pouco faz e só pensa em dinheiro.
Os médicos a mesma coisa: transformados em tarefeiros que correm de um hospital para outro para ganhar um salário, obrigados a fazer trabalho de enfermeiros e ajudantes, trabalham dezenas de horas de enfiada, mal pagos (Médico: profissão de risco) e deprimidos; é evidente que os serviços se deterioram o que tem efeito na saúde dos doentes, postos em situações de impotência perante os poderes, por medo e falta de meios para se curarem. Logo, cidadãos mais manipuláveis. Os póprios médicos em situação precária individualizam-se e calam-se.
Os juízes estão agora a começar a ser atacados. Há falta de procuradores (Combate à violência doméstica vai regredir, avisam procuradores), há problemas com a discussão e aprovação do estatuto dos juízes e de cada vez que essas coisas vêm à discussão começam a aparecer nos jornais notícias a degradar a imagem dos juízes como há pouco onde se dizia que os juízes que não trabalham são os que ganham mais e etc. A destruição da imagem dos juízes leva ao controlo da justiça pelos políticos o que por sua vez leva à degradação da democracia pela falta de independência da justiça face aos interesses dos políticos.
As forças de investigação e segurança, como a PJ, têm menos pessoal que há dez anos para trabalhar... excesso de trabalho sem compensação. Qualquer dia temos que fazer como os brasileiros, se tivermos dinheiro, lá está, e contratar jagunços para protecção...
Estas forças: professores, médicos e juízes, pela natureza das suas profissões de contactarem directamente com o povo são, em geral, profissões onde tradicionalmente mais se luta por uma visão da sociedade mais justa, são profissões já de si viradas para a utilidade social e, talvez por isso, são as forças que geralmente mais exercem pressão -directa ou indirectamente- nos poderes públicos para o desenvolvimento dos direitos das pessoas e progresso social.
Proletarizados, enfraquecem. Enfraquecidos, fazem menos pressão, tornam-se mais individualistas e mercantis. Individualistas como, aliás, os querem as forças políticas completamente dominadas pelos grupos económico- financeiros que querem cidadãos em constante competição (destruidora do tecido social) por bens de consumo e prazer, cada vez mais enfraquecidos nos seus direitos e menos reivindicativos.
A degradação do espaço público leva ao ressentimento contra os políticos e forças financeiras e à desresponsabilização destes à medida que cresce o fosso entre poderosos e ricos e povo em geral. A desresponsabilização gera mais ressentimento, frustração e desistência - porque a diferença de forças entre o Estado e os amigos do Estado e os cidadãos particulares em geral, é demolidora.
Cada vez que um político quer destruir uma pessoa ou uma força manda os jornais fazer uma campanha até quebrá-las e cada vez que quer promover-se manda os jornais escreverem artigos masturbatórios.
Segundo: desresponsabilização recorrente dos políticos e dos gestores que causam danos ao país e clientelismo vergonhoso, desde receberem mesmo dinheiro à descarada até empregarem toda a família e amigos no Estado e viverem de fraudes nos salários e ajudas de custo e etc. E isto à custa de nos roubarem nos impostos, nos salários congelados, etc.
Não só não são responsabilizados como são enviados a destruir o pelouro a seguir como os padres pedófilos que eram enviados de paróquia em paróquia como é o caso de tantos gestores de bancos e empresas públicas que são premiados pela incúria, incompetência e até corrupção. Isto causa a total descrença na política e na banca. Se houvesse uma alternativa à banca no que respeita a guardar os nossos bens, nem um tostão ficava nos bancos.
Finalmente, os partidos fecharam a possibilidade de novas forças rejuvenescerem estes quistos que tomaram conta dos partidos e os transformaram numa espécie de 'famiglias' com os seus corruptos, os seus caceteiros e tudo.
É isto, senhor Presidente, que está na origem dos populismos. É as pessoas assistirem, impotentes, à degradação das forças democráticas para benefício de uns poucos e, a certa altura, cada vez mais proletarizados, enfraquecidos e impotentes para mudar o rumo da situação entrarem naqueles raciocínos de, 'perdidos por cem, perdidos por mil' ou, 'quanto pior melhor para ver se isto dá uma volta', etc.
O senhor, que está em posição de agir, tem compactuado com os Centenos que tudo sacrificam pelo poder e pelas falsas ideias dos mesmos interesses financeiros e políticos que laboram para a destruição do espaço público e das pessoas que dele vivem -todos nós- e que são coniventes com os cegos europeus que nos conduzem dia após dia ao desastre colectivo. Sim, porque veja, senhor Presidente, o que eu faço atinge a minha família, os amigos, os alunos, os colegas e os que me lêem, talvez, mas o que o senhor enquanto Presidente e outros políticos com cargos importantes fazem, atingem logo directamente milhões e indirectamente dezenas ou centenas de milhões.
De modo que, acorde o senhor, desperte e lute contra os populismos pois para o primeiro-ministro e ministro das finanças, populismo é lutar pelo bem estar das pessoas em detrimento dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros e para eles isto vai de vento em popa!
Há pouco tempo, um amigo, religiosamente PS, numa discussão deste assunto, disse-me, 'mas os pobres não se queixam deste governo, os únicos que se queixam são vocês (profs), os médicos, os enfermeiros e juízes que estão bem na vida...' pois, os pobres não se queixam porque já não têm nenhuma força para se queixarem, completamente dependentes que estão de pensões e salários miseráveis ao passo que estes que ele citava são ainda os que conseguem lutar por uma sociedade mais justa. Por enquanto. Enquanto não os destruírem completamente e com eles o que resta da 'res publica'.
Este Presidente não faz um gesto a favor de nenhum deste profissionais, só dos discursos dos governos contra eles. E faz questão de estar sempre ao lado dos banqueiros e gestores para benefício de quem o país está a ser destruído.
Acorde o senhor e aja ou, pelo menos, não compactue com a destruição dos pilares da res publica!
...e o governo que temos é o dos ministros e pupilos do Socas, está tudo dito... uma reunião, ao fim de meses e meses de silêncio, para inglês ver... ...mas os Nogueiras estão ali com o ar atinadinho de quem pensa que isto é uma coisa que o Presidente leva a sério.
Digam o que quiserem de Marcelo mas é uma pessoa que conhece o sentido da palavra responsabilidade e a leva a sério. Precisamos desesperadamente deste tipo de políticos. Pessoas íntegras, quero eu dizer.
O tempo, insistiu António Costa, “não volta para trás”, razão pela qual “não é possível refazer o que foi feito” no período de congelamento de carreiras na administração pública.
A democracia do Costa é para os amigos do Costa.
Portanto, os outros são portugueses a quem a recuperação do país custou mas os professores não são portugueses e a eles não lhes custou? Quando é para cortar vem cá logo, porque somos muitos, dizendo que todos os portugueses têm que fazer sacrifícios mas quando é para pagar já não somos portugueses? A democracia de Marcelo é para os amigos de Marcelo.
A que propósito a entrevistadora é a Catarina Furtado? Que percebe ela de educação? E porque é que o Presidente aceita uma conversa com uma pessoa que não sabe que perguntas fazer? Para que serve uma conversa destas?
O Presidente está a dizer que se deve discutir os temas dos Direitos Humanos nas escolas, como se não fossem. É que são, exaustivamente. Mas ele não sabe e está a criticar por não ser feito. Isto é desmoralizante... e depois falam de formação de professores para os Direitos Humanos... mas esta gente pensa que os professores são o quê, para pensarem que não estão alertas para isso e que não vivem isso e tratam disso permanentemente?
Só clichés... isto é desmoralizante... está ali a fazer de superstar para outros que também pouco sabem da educação e das escolas... são completamente ignorantes do nosso trabalho.
Vou trabalhar...
O tom foi, desta vez, mais brando. E o Presidente da República fez questão de incluir todos, a começar por si, na lista dos que estão sob a exigência de “um país que viveu duas tragédias quase consecutivas e ficou chocado com o que sucedeu mas também por descobrir aspetos estruturais que vinham de longe, de há muitos anos” e que ninguém ainda tinha resolvido.
... que foi eleito para representar os interesses dos portugueses e não os seus, dos seus amigos ou dos governos, sejam esses governos quais forem.
foto de Miguel A. Lopes
Não sou contra a vinda de mais refugiados mas parece-me que um Presidente não pode dizer estas inverdades [que estamos todos de acordo, que somos unânimes, etc.] assim com esta ligeireza como se não soubesse o que a falta de cuidado e pleneamento sérios relativamente à recepção e integração de refugiados tem feito por essa Europa fora. São assuntos sérios e não se pode andar por aí a dizer qualquer coisa só porque se quer promover um portugês.
Acho normal que o Presidente o cumprimente. O que não gostei foi de ouvi-lo falar em gratidão ao Sócrates. Ele está ali a representar-nos e tem que ter presente a situação do Sócrates, as suspeitas que sobre ele recaem quanto ao que fez enquanto era ministro e primeiro ministro. Era escusado e é ofensivo para nós.
Isto explica muito acerca do nosso país. O recentemente eleito Presidente da República Portuguesa, cujo Estado é laico, no dia a seguir a ser eleito foi a correr para o Vaticano ajoelhar-se diante do Papa. A grande prioridade dele enquanto Presidente de TODOS os portugueses foi sair do país a correr e ir prestar vassalagem, com beija-mão, a um governante dum Estado soberano estrangeiro. Como se não representasse o povo mas estivesse numa visita particular. Achei uma enorme falta de respeito pelos portugueses que não lhe deram nenhum mandato para esse fim.
Pois se o Presidente dá o mau exemplo, como poderemos esperar que os párocos e os mestres-escola da aldeia julguem melhor?
Não foi um bom Presidente, não tinha perfil para o cargo. Foi honesto, o que já é muito bom tendo em conta o pessoal que nos tem governado. Mas faltava-lhe uma visão do país para além da economia, onde se lhe reconhece mérito. Foi um adorador da fulana Rodrigues, mesmo depois de ter sido condenada por prevaricação com dinheiros públicos, bem como dessoutro similar chamado Crato. Na altura em que a dita fulana liderava uma campanha para destruir a profissão docente o Presidente apareceu publicamente a apoiá-la e isso é um sinal do perfil inadequado para exercer o cargo. Cabe na cabeça de alguém um Presidente ser contra os professores do seu país...?
Enfim, é pena, porque era um homem do povo e não são muitas as vezes que homens do povo chegam a altos cargos pelo voto. Mas, sendo do povo, não governava para o povo. A mim nunca me representou: esteve contra os professores, contra a educação pública, a favor da banca contra as pessoas, a favor da austeridade hiperbólica do Passos Coelho...
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