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Há um "grande equívoco", diz Maria de Lurdes Rodrigues, quando questionada sobre qual deveria ser o desígnio nacional. Os discursos que apelam ao mar, à floresta e até às energias renováveis não se enquadram nesta categoria. "Na minha opinião o desígnio nacional devia continuar a ser o de construir um país mais livre e democrático, menos desigual, promotor do bem-estar e de oportunidades para todos, o de construir um país atrativo para os mais jovens, para os que estão e para os que virão", afirma a antiga ministra da Educação.

 

O discurso de pessoas superficiais é como elas, cheio de clichés simplistas incapazes que são de pensar um bocadinho mais além das aparências. Infelizmente é esta gente que acaba sempre por ter influência política na vida do país. 

 

Qualquer pessoa medianamente informada nos dias que correm sabe que não existe bem-estar, oportunidades, qualidade de vida, democracia e liberdade fora de uma política que se dirija para a conservação e melhoria do meio ambiente e da nossa relação com o ecossistema de que fazemos parte como seres animais que somos.

 

As alterações climáticas juntamente com a desflorestação e o excesso de população no planeta não apenas nos afecta a qualidade de vida (a poluição com as suas doenças próprias, a proliferação de bactérias resistentes, as constantes catástrofes de furacões, tempestades, cheias, etc. que deixam milhões, todos os anos, sem nada a não ser miséria e pobreza, os pesticidas, os cancros e o declínio da diversidade biológica, etc., etc.) como nos põe a disputar os escassos recursos de água e energia sem os quais também não pode haver democracia, bem-estar, etc.

 

Sabemos que na natureza, os ecossistemos têm instrumentos próprios de compensação que estamos a destruir por ignorância e, de cada vez que destruímos um ecossistema ou pioramos as condições climatéricas damos passos no sentido de degradar as democracias, pois é evidente que numa dança onde há 100 pessoas e 2 cadeiras, 98 vão ficar a arder e os que têm acesso às 2 cadeiras farão tudo para impedir o acesso dos outros a esses bens.

 

Passa-se, a nível planetário, o mesmo que se passa na Venezuela, embora menos visível porque mais espalhado e disseminado mas, o que temos neste momento da história do planeta são países a assaltar o 'supermercado' dos recursos globais. Por isso levam a guerra e a ditadura a toda a parte: porque lutam pelo petróleo, pela água, pelo gás, pelos recursos alimentares, pelos metais e por aí fora.

 

Ora, a nossa sociedade, como muitas outras democracias, está polarizada em termos de discursos ideológicos ocos de sentido de tal modo que de cada vez que uma das partes é eleita nega e desfaz tudo o que a outra fez, o que nos deixa a nós reféns das ambições das grandes coorporações financeiras, as tais que lutam para açambarcar os recursos de todos, sem os quais não há democracia nem qualidade de vida.

 

Ao contrário do que diz esta mulher, se há, hoje em dia, desígnio capaz de conjugar esforços e obrigar a olhar para um ponto um bocadinho mais longínquo que as próximas eleições e cargos ambicionados é justamente este do ambiente porque nos afecta a todos do mesmo modo: que interessa ao rico mais riqueza se acaba por viver no mesmo planeta poluído, violento, infectado, deflorestado, sem recursos... a solução de ir viver para outro lado já não funciona porque não há outro lado. Estamos todos neste.

 

Daí que a educação seja tão importante, coisa que esta mulher nunca percebeu nem mesmo depois de anos de experiência no cargo onde, de resto, agiu sempre no sentido oposto da democracia, qualidade de vida e liberdade que apregoa como um slogan oco. Que lhe dêem tempo de antena nos jornais só mostra a paridade dos jornais nesta superficialidade de clichés repetidos para encher papel. 

 

 

publicado às 13:21


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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