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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Agora que sou uma nómada e nunca durmo mais que dois ou três dias no mesmo sítico percebo melhor a robustez das culturas dos desertos. Viajar leve e sem pressas. Levar um caderno para os apontamentos da vida.
Hoje disseram-me que me vão tatuar o peito com coordenadas, tipo latitude e longitude para o feixe iónico do acelerador linear não se enganar. Nesta cena a precisão é tudo. O coração está mesmo ali ao pé do pulmão... Depois dá-me para ler estas coisas e estas outras (porque é interessante perceber o funcionamento das máquinas e a interação com os organismos) mas elas vêm com gráficos e estatísticas nada simpáticas...
Hoje vou comer gelado. E talvez chocolate.
Regra geral julgo as pessoas muito mais filosóficas do que realmente são, muito melhores que o que são. Daí que me engane tanto a julgá-las. Um amigo dizia-me há dias que divide a inteligência das pessoas em duas categorias: as que se assumem, quer dizer, reconhecem, assumem os erros e incoerências e, por isso, são capazes de se modificar e melhorar e as que não reconhecem erros nem incoerências, as que tudo fazem para manter uma determinada pose perante os outros. Negam as incoerências e os erros, seja porque não os vêem, seja porque os vêem mas não são capazes de deixar cair a máscara, não são capazes de verdade.
Não ler jornais. Não esquecer que ainda há mais três semanas de silly season e que não há pressa nenhuma em entrar na stupid season.
Cada um tem a sua hora de cansaço onde os limites se materializam e não nos deixam ignorá-los. E a lua se torna oculta.
Sou uma pessoa e tenho uma voz. E não abdico de ser pessoa nem de ter uma voz.
Boas notícias: cheguei a casa e tinha cá uma caixa com os 4 livros que encomendei para renovar a minha sociedade anual com a Folio, acompanhados dos 4 livros de oferta da parte deles. Um banquete :)
Nota para mim mesma: tenho que deixar de comprar livros que isso é um luxo a que um professor não se pode dar.
Hoje tive uma discussão com uma pessoa de família que é padre. Isto porque se começa a falar de ideias filosóficas ( a teologia cristã está construída em cima da filosofia) e a certa altura torna-se difícil falar porque a visão que a Igreja tem das coisas é de tal ordem que afirma que nunca a Igreja teve intenções totalitárias, que o S. Tomás de Aquino é uma prova de espírito que escapa à autoridade da Teologia, que o Galileu era um beato defensor da Igreja e até o Descartes (que fugiu de França para não lhe acontecer o mesmo que a Galileu), fazia a apologética da Igreja.
A certa altura a discussão torna-se impossível porque estamos em universos incomensuráveis. O dogmatismo tem esta consequência de fazer com que não se seja capaz de ver para além de si e dos óculos que se usam para ler a realidade.
Tenho que evitar estas discussões, no futuro. Só servem para ficarmos incomodados. E são caminhos que levam a lugar nenhum.
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