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Não zombar, não lamentar-se,

não detestar, mas compreender.

                  Baruch de Espinosa

 

Perhaps the most worrying sign of Heidegger’s relevance today lies in politics – where all manner of dangerous reactionaries delight in declaring their indebtedness to him. Martin Sellner, leader of the Austrian branch of the neo-fascist network Generation Identity – which allegedly has ties to Brenton Tarrant, who murdered 51 people in attacks on two mosques in Christchurch, New Zealand this year – attributes his “path of thinking to Heidegger”. For the ultra-conservative thinker and adviser to Vladimir Putin Aleksandr Dugin, mastering Heidegger “is the main strategic task of the Russian people”. When Steve Bannon, Donald Trump’s former chief strategist, was interviewed by Der Spiegel last year, he held up a biography of Heidegger. “That’s my guy,” he said.

 

in heidegger-homesick-philosopher

 

publicado às 04:56


E andamos nisto...

por beatriz j a, em 06.08.19

 

Lampejo de defesa da política com seriedade

António Galamba

E andamos nisto, numa convergência de confusões entre Estado e partido, entre política e negócios, entre interesses particulares e o interesse geral. Sem exigência, dos titulares e dos cidadãos, andaremos sempre à procura de desculpas, de interpretações e de pareceres para justificar o que o bom senso nunca compreenderá.

Seria possível fazer diferente, mas não há ambiente. No poder, na oposição e na comunidade há um conjunto de equilíbrios construídos num rendimento mínimo político em que todos ganham alguma coisa para anuir.

 

publicado às 07:55

 

Na semana passada estava a trabalhar o tema da Argumentação e Retórica e estivémos a reflectir a partir de um excerto de um texto de Perlman, o filósofo belga que no século passado recuperou a argumentação da má fama que lhe derem durante séculos e a elegeu o melhor instrumento na decisão ponderada das democracias.

O texto acaba com essa frase que se lê em baixo e a propósito dela lancei para o ar a questão, 'porque é que a argumentação é própria das democracias?' aos que os miúdos responderam imediatamente, 'porque nas ditaduras, dá-se ordens e o ditador nem se dá ao trabalho de argumentar com os opositores. Não há interesse em procurar a melhor solução, confrontando hipóteses com argumentação'. Em seguida, perguntei, 'como é que podemos reconhecer que um sistema está a perder as qualidades democráticas?' Ao que eles responderam, 'quando uma das partes, a que tem o poder, deixa de reconhecer o outro como um igual que tem que persuadir e em vez disso, dá-lhe ordens.'

Pois, é isso mesmo. E para quem pensa que os jovens são todos idiotas, não são, não.

 

IMG_2616.jpeg

 

publicado às 07:56

 

 

Ficou surpreendida ou pensava que ainda haveria mais prejuízos?

Fiquei sobretudo desgostosa porque, quando li o relatório, no dia em que me foi entregue, fiquei com muitas dúvidas e críticas quanto à democracia portuguesa e ao regime. Nunca pensei em dizer isto, mas deixei de acreditar na democracia portuguesa. Não existe democracia em Portugal.
É uma ficção. Nunca pensei chegar a isto, porque quando ouvia as pessoas a dizerem isso achava que elas eram populistas, exageradas e radicais. Depois de ver aquele relatório, não tenho dúvidas que isso é mesmo assim. Não há mesmo democracia em Portugal. O que houve estes anos na Caixa Geral de Depósitos, de chegarem lá amigos de gestores ou de administradores ou de deputados ou de ministros e dizerem que querem milhões, para o que não têm quaisquer garantias e a avaliação de risco é claramente negativa, mas levam esses mesmos milhões e, obviamente, não cumprem, atesta aquilo que estou a dizer. Aquilo é um banco público.

 

Por ser público, ganha outros contornos...

Recapitalizámos o BPN, o BES, o BCP, o BPP, mas isto é o banco público. O que se passou neste banco nunca poderia ter acontecido em nenhuma escala.

 

O facto de as nomeações serem políticas não contribui para a sua transparência?

As nomeações devem ser políticas fazendo da Caixa Geral de Depósitos um instrumento a favor da alavancagem e da dinamização da economia portuguesa, e não propriamente para encherem os bolsos a meia dúzia de piranhas de um sistema.

 

Mas é por isso que não vivemos numa democracia?

Perante estes dados não estamos numa democracia, porque não é aceitável.

 

As democracias têm lacunas...

Isto não são lacunas. Há 17 gestores desta altura que continuam a ter cargos máximos de relevância. Faria de Oliveira preside à Associação Portuguesa de Bancos, Carlos Costa foi administrador da Caixa Geral de Depósitos e preside ao Banco de Portugal, Tomás Correia está à frente da Associação Mutualista Montepio. Há não sei quantos gestores que continuam dentro da banca. Aliás, destes, só dois é que não entraram, não foram reciclados outra vez no sistema bancário porque foram impedidos pelas instâncias europeias, senão também continuavam. O que acontece neste momento é que não há democracia porque a equipa que está a jogar contra a outra equipa é exatamente da mesma cor, e o árbitro e o VAR também. Não há jogo político, não há jogo democrático, estão todos exatamente a comer da mesma gamela e a agasalharem-se nos mesmos lençóis – obviamente, não há democracia. Não acha que é legítima a dúvida quando olhamos para esta situação? Porque é que o Banco de Portugal até hoje não emitiu sequer um comunicado sobre aquilo que aconteceu? Não acha que é legítimo que um cidadão que leia jornais e que esteja minimamente informado olhe para isto e pense que ele está a proteger-se a si mesmo? Esteve na Caixa Geral de Depósitos, não viu nada, não se passa nada.

 

Tem a noção de que todos sabiam o que se passava?

É claro que todos sabiam.

 

Por isso é que fala no tal regabofe?

Todos sabiam o que se passava de certeza, uns melhor do que outros. Até jornalistas sabiam pelas investigações que foram fazendo. O que este relatório traz é, de facto, uma visão panorâmica de conjunto e um atestado a muitas informações que foram sendo levantadas, porque há aqui muitos dados que já eram motivos de suspeita ou até mesmo de investigação.

 

O caso de Vale do Lobo?

Por exemplo. Como era possível financiar quando toda a gente sabia que aquilo era um poço sem fundo? Como é possível essa insistência?

 

E um banco que também foi usado para uma guerra interna num banco privado...

O BCP, em que são oferecidas como garantias as próprias ações. Acha que isso é sequer imaginável num regime democrático? Penso que não é. Este tipo de promiscuidade é que nos faz questionar todo o sistema.

(...)

 

Não seria desejável alargar o leque após 2015?

Acho que sim. Além disso, é preciso atribuir outro tipo de responsabilidades.
A Deloitte, que foi a auditora da Caixa não sei quantos anos, também não viu nada. Todos estes atores supostamente credíveis e com créditos firmados na sociedade portuguesa e até internacional nunca souberam de nada e nunca viram nada do que se passava na Caixa Geral de Depósitos. Se isto não merece responsabilidades e se não merece consequências, então não sei o que é que merece. Não consigo imaginar, sinceramente, tirando crimes como envenenar os cidadãos através de um saneamento público de ar, uma coisa mais grave do que esta. Tivemos de cortar no Sistema Nacional de Saúde, tivemos de cortar na escola pública, tivemos de cortar numa série de dinamização de pequenos e médios empresários, e depois acontece isto. Sabe quanto é que, em média, os portugueses dão por ano para a corrupção? 1800 euros. Gastamos 8% do nosso PIB em corrupção, Luanda, por exemplo, gasta 0,7%.

 

Gasta como?

O que os índices de corrupção mostram é que custa a cada português isto: 1800 euros por ano. É mais do que gastamos em medidas de combate ao desemprego. Cada euro gasto em corrupção – e isto não é populismo – é tirado a um apoio de um velhote ou à educação de uma criança. Quais são as responsabilidades políticas? Vejo com um crime de lesa-pátria porque não consigo imaginar – talvez a fantasia pródiga de alguns psicopatas à frente do país o consiga fazer – um crime mais grave para o país do que este, do que roubar o dinheiro diretamente às pessoas, do seu trabalho, do seu esforço diário e da sua construção, porque a Caixa Geral de Depósitos é também a construção de todos os portugueses.

 

Mas o facto de as auditoras não saberem de nada não é inédito em Portugal.

Aqui, o que é inédito é que se trata de um banco público. Por exemplo, a comissão de avaliação de risco da Caixa reunia-se à quinta-feira de manhã e à quarta eram entregues os documentos. Ou são todos uns génios da finança ou gostava de saber como é que de quarta para quinta conseguiam fazer a avaliação do risco. Claro que não faziam, era uma reunião de fachada e de fantoches.

 

O que contava era a pessoa que pedia o empréstimo?

Óbvio, e as ligações que tinha, os contactos que tinha, o poder que tinha, o prestígio que tinha, a influência que tinha. Isto chama-se tráfico de influências, chama-
-se corrupção. Chama-se crise de lesa-
-pátria com esta magnitude e regularidade porque o crime também se mede pelo aspeto reiterado, e ao longo destes anos todos é um crime contra o país, contra a nação. E tem nomes e rostos, estão lá no relatório, está à vista de todos.

 

Acha que há mais algum banco em estado crítico?

O Montepio é um deles. É uma bomba que está prontinha para nos explodir na cara. E agora que Tomás Correia está outra vez à frente, acho muito perigoso.

(...)

 

E o que pensa de ele estar no Banco
de Portugal?

Acho que faz parte deste processo de institucionalização e normalização do BE, o qual vejo com algum desgosto. Acho que o papel de crítica social aguçada e também de alguma rebeldia do BE era muito importante na sociedade portuguesa e ficou um enorme vazio. Outra coisa que está a enfraquecer a nossa democracia é que António Costa governa como se tivesse uma passadeira vermelha a descer pela Avenida da Liberdade porque a direita não existe, está totalmente esfrangalhada, e a esquerda está metida no bolso direito de António Costa. Neste momento não há oxigenação na vida política portuguesa e isso é mais um facto perigoso.

(...)

 

O que tem a dizer sobre Fernando Medina?

Vejo-o como um político monárquico, alguém que herdou o poder. Acho-o fraco politicamente, pouco ousado, não acho grande orador nem que tenha feito nada de especial pela cidade de Lisboa. Acho-o um mau presidente da câmara e um político com pouca espessura, com pouca densidade, mas a verdade é que ganhou.

Joana Amaral Dias no jornal i

 

publicado às 07:04


José Gil - palavras de aviso

por beatriz j a, em 05.01.19

 

José Gil: "O passado está a ser engavetado, digitalizado e virtualizado" (DN)

 

Até que ponto estaremos imunes?
A resposta generalizada será que sim, mas não se sabe exatamente apesar de os extremos do xadrez político estarem ocupados pelo Bloco de Esquerda, pelo PCP, pelo CDS, pelos sindicatos, ou seja, as reivindicações estão todas cobertas pelas estruturas institucionalizadas. Ora, o populismo nasce e floresce fora das instituições e contra elas, portanto terão de ser reivindicações que saem fora do discurso habitual dos sindicatos, dos partidos e do governo, para que qualquer coisa nasça, até porque se caracterizam por serem fenómenos que aparecem sem que saibamos como. O populismo atual vem rapidamente de uma cada vez maior sensibilização das classes médias baixas e não instruídas devido ao aumento do escrutínio dos media sobre as desigualdades ou a corrupção. Há um sentimento de injustiça que atravessa a sociedade e que faz que os políticos sejam cada vez menos reconhecidos e representativos, podendo observar-se uma onda latente de populismo possível na abstenção que é cada vez maior. Também pode acontecer, por exemplo, a propósito de uma exigência que não tem expressão política.

Pode dar um exemplo?
É fácil, basta pensar numa que seja intolerável no novo espaço público, o das redes sociais, como é o caso das mortes que estão a acontecer no país porque não houve cirurgias. Ou mortes psíquicas, que cada vez mais acontecem no corpo docente do ensino primário e secundário, em que os professores têm uma vida cada vez mais difícil. É intolerável que um português em cinco tenha perturbações psíquicas. Que povo é este? Suponhamos que tudo o que está nesse fundo da abstenção política emerge e ultrapassa os partidos políticos que não tiveram capacidade de fazer de certas situações uma reivindicação política que poderá provocar um movimento social do tipo coletes amarelos. Foi isso que aconteceu lá e poderá surgir aqui.

As novas tecnologias tornam possível o espaço público diferente, propício para dar expressão a injustiças

A falência económica da comunicação social e a forte emergência das redes sociais é uma combinação fatal?
Não é uma combinação, haverá um efeito que resulta de causas comuns, mas os efeitos são divergentes. Há um facto muito simples, é que até agora em países muitos pequenos e específicos, como o nosso, o espaço público era dominado pelos media e pela televisão, mas as novas tecnologias tornaram possível a criação de um outro espaço público muito particular, diferente e que se torna o terreno propício para dar expressão a uma injustiça: «Eu, cidadão anónimo, desprezado pelo sistema e pela injustiça das políticas, posso manifestar-me aqui.» Mesmo que isto signifique que o ignaro mais incongruente possa manifestar a ignorância com agressividade nesse espaço público. E este é um fenómeno novo para as elites.

(...)

O passado mostrado pela arte e pela cultura tem vindo a ser suplantado pela preocupação com a situação financeira e económica. Os pilares da educação mudaram?
Não é só a questão económica, o que se passa é, repito, uma erosão de tudo o que é a tradição. O passado está a ser engavetado, digitalizado e virtualizado, e cada vez menos lhe atribuímos uma realidade com peso. O passado é cada vez mais uma imagem que se transforma numa coleção de imagens enquanto objetos de consumo, apesar de não informarem nem sedimentarem a nossa pessoa e cada vez menos os comportamentos sociais. Um aluno sabe cada vez menos sobre o passado, nem lhe interessa saber, e isso é terrível, pois há uma erosão que vem da transformação do valor da realidade do passado e da transmissão pela tecnologia que traduz tudo em imagem. Tudo isso é metabolizado e instrumentalizado pelo capitalismo, que só conta cada vez mais com o que gera uma mais-valia.

É um tempo em que Botticelli vale tanto como Madonna?
Acaba-se a nossa relação com o passado e a maneira de «fruir» e «consumir» a própria arte. A introdução maciça no mercado da arte do valor de troca como parte do juízo estético é recente e transformou completamente a valoração do objeto de arte.

Como é que se confronta pessoalmente com esta mudança de paradigmas?
Não acho que haja mudança de paradigma, porque tal não existe para o nosso presente. Estamos a mudar de paradigma sem que tenhamos aquele para o qual queremos mudar. Isto em tudo, como é o caso da educação para a cidadania. Havia antes uma educação para a transmissão e acumulação na área das humanidades, agora é o da cidadania. O que é que os professores vão ensinar? E como vão formar turmas tumultuosas. Isto é uma coisa ridícula, porque quando não se dão meios nem se preparam os professores para a cidadania não há formação possível: ou seja, não há paradigma, tanto mais que a questão da cidadania leva a ponderar questões totais na sociedade.

publicado às 08:04

 

 

Federer vê que o ponto do adversário foi dentro e aconselha-o a pedir o olho de falcão, o que ele faz e ganha o ponto. Porque ganhar a qualquer custo, mesmo sabendo que com injustiça é próprio de batoteiros e não de pessoas de bem. É disto que fala Aristóteles quando se refere à acção por omissão: não fazer o que se sabe ser o correcto é tão mau e injusto como fazer o incorrecto. Federer fez o que era correcto mesmo sabendo que podia omitir.

 

 

publicado às 10:21


É isto todos os dias...

por beatriz j a, em 08.01.18

 

Perdão fiscal aos filhos de Vieira dias depois da cunha de Centeno

Uma semana após ministro ter pedido bilhetes ao Benfica chegou isenção de IMI à família do presidente encarnado.

 

publicado às 06:42


Quem tem medo de Rio? Eu tenho

por beatriz j a, em 09.10.17

 

 

Quem tem medo de Rio?

 

Porque uma democracia precisa de alternativas sérias, de oposições fortes e dinâmicas e, este indivíduo, bem como o Santana Lopes, não trazem nenhuma dinâmica séria e rejuvenescedora para a vida política do país. São mais do mesmo e o mesmo não tem sido bom. 

 

publicado às 05:38

 

 

Moscovici: "Temos que responder às frustrações que levaram a este voto"

O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros considera que a Europa precisa de tirar lições da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, porque também no velho continente há concidadãos frustrados com a repartição desigual dos rendimentos.

 

... dada a falta de qualidade dos comissários e dos políticos nos países, a falta de integridade e honestidade, a permeabilidade a grupos económicos, o deslumbramento com luxos excessivos, os abusos de poder, o desinteresse pelo bem estar das populações, a falta de respeito pelos direitos dos outros, a pobreza da vida democrática, etc. E eles sabem disso. Toda a gente se lembra como há um par de anos milhões de pessoas pelo mundo fora saíram para as ruas e ocuparam cidades durante meses a fio a protestar contra o establishment. Daí que não se façam eleger e façam tudo à porta fechada, sem actas nem nada, tipo 'quero, posso e mando'... 

 

 

publicado às 05:55

 

 

Traiu Mário Soares, deixou cair Vítor Constâncio e derrubou Jorge Sampaio. 
 
Assinado por um tal Fernando Fernandes que não sei quem é mas é muito bem informado. Um artigo muito rico no que conta (conta a história por dentro, a partir dos seus protagonistas e não se limita a informar dos factos mas mostra o contexto das jogadas políticas) e no que se pode inferir nas entrelinhas.
A história da política é uma história sobre poder, não sobre ideias ou serviço e isso é muito claro neste artigo onde se lê, por exemplo, como  é que o Mário Soares dissolve a Assembleia da República, não a pensar no interesse do povo mas no seu próprio: fá-lo para impedir que os seus rivais no PS se alcem ao poder contra si próprio.
 
 
 

publicado às 06:58


Admiro a resiliência desta mulher

por beatriz j a, em 07.08.16

 

 

... independentemente de ser ou não uma boa candidata a Presidente. É preciso ter muito valor para vencer num meio extremamente sexista, estúpido e fútil como é o dos políticos. O que admiro é a capacidade dela sorrir enquanto ouve vezes sem conta que tem demasiadas opiniões, que é muito crítica, que assim não gostam dela, que depois não se admire que tenham medo dela, que devia sorrir mais que fica mais feminina e outras parvoíces porque estas coisas que uma pessoa houve infinitas vezes durante a vida, a maior parte das vezes de pessoas fúteis e sexistas, irritam profundamente e dão vontade de dar respostas tortas.

 

 

 

publicado às 07:58

 

 

Ministro britânico do Trabalho demite-se

Iain Duncan Smith não gostou dos cortes anunciados pelo ministro das Finanças, George Osborne, na Segurança Social para deficientes. ... este referiu que os cortes no sector das pessoas dependentes seriam defensáveis num contexto de redução do défice, mas não tendo em conta que o orçamento "beneficia os contribuintes com rendimentos mais elevados".

 

 

O ministro inglês fez aquilo que os ministros portugueses não fazem nunca. Vão para os governos a defender uma política e depois, quando querem obrigá-los a trair tudo o que defendiam e prometeram, em vez de se demitirem e recusarem a fazer o oposto do que prometeram, fazem-se de desentendidos e continuam no posto, impávidos e serenos, tipo, non pasa nada. Quando se lhes pergunta porque estão a fazer o oposto do que prometeram fazer dizem que as informações são diferentes quando se chega aos cargos, como disse o Crato que falava contra as políticas da fulana Rodrigues e acabou por ser o seu maior seguidor. Ser honesto e ir embora? Ah, isso não! Também esta equipa da educação entrou com um discurso que rapidamente esqueceu.

 

 

publicado às 20:09


Faz hoje dois anos que a Crimeia foi anexada

por beatriz j a, em 18.03.16

 

 

Nesse ano de 2014 tinha um aluno ucraniano (que está agora na faculdade) duma turma de científico-naturais que era um apaixonado por história, por cinema e por política. Falava -e ainda falo- muito com ele sobre essas coisas. Na altura da anexação ele dizia-me qual era a impressão da situação do ponto de vista da comunidade ucraniana que vive aqui em Portugal e dos que ainda lá vivem, já que todos têm lá famíliares. A impressão desde o início da crise era a de que a Crimeia estava perdida e que o Ocidente não percebia e não sabia lidar com o Putin. Os ucranianos têm uma relação de amor-ódio com a Rússia. Um bocadinho como certos países árabes têm com os EUA. Um certo fascínio e atracção, por um lado e, um ódio de ressentimento, por outro. 

 

 

 Sergei Melikhov

 

Crimea’s international isolation has had obvious consequences on day-to-day life. Water and electricity shortages are commonplace, but few are ready to place the blame at Russian President Vladimir Putin’s door.

 

 

Desde a anexação, o poder da frota russa marítima mudou profundamente. Cresceu, rejuvenesceu e diversificou-se. Desde 2014, Sebastopol tornou-se, sem surpresa, uma plataforma de projecção do poder militar e geopolítico russos.

 

Source: IISS, Russianships.info, Center of the Analysis of Strategies and Technologies

View in high resolution here.

 

 

 

publicado às 09:49

 

 

 

Heidegger’s Ghosts

The opposite of rationalism often kindles a kind of mysticism.

 

A influencia dos filósofos no mundo é retardada porque profunda. No entanto, porque é utilizada como instrumento de visões políticas chega à praxis deformada dos seus intentos originais. Heidegger falava dum malentendido que teria desviado o curso da cultura e pensamento pre-socráticos para o caminho da racionalidade que deu origem a esta cisão entre nós e o ser mas o que parece é que essas deformações são inevitáveis pela razão de sempre se querer generalizar as ideias fecundas. O que também muito acontece é ir-se de uns extremos a outros. Neste caso, a oposição ao racionalismo iluminista universalista que muitos identificam às tendências totalitárias da civilização ocidental parece estar a conduzir a um romantismo misticista que em vez de ser um passo em frente é um passo atrás.

 

 

publicado às 05:15


Já não se aguenta este ambiente de ódio

por beatriz j a, em 13.11.15

 

 

 

Os da 'esquerda' destilam frases de insulto e ódio contra os da 'direita' e os da 'direita' destilam frases de insulto e ódio contra os da 'esquerda'. É no FB, é nos jornais... nos comentários das notícias o nível é do mais baixo e ordinário que há. E ambos, no seu ódio pelo outro esquecem-se de olhar para o radicalismo não-democrático das práticas da sua própria facção e, em muitos casos, de si mesmos. É evidente que o resultado deste ódio não há-de ser bom. Vamos pagá-lo caro daqui a um ou dois anos.

 

 

publicado às 19:58


Numa Câmara perto de si

por beatriz j a, em 10.11.15

 

 

 

 

 

Pouco depois de, em junho deste ano, ter saído da prisão, onde esteve 427 dias, Isaltino Morais foi reintegrado na Grande Loja Legal de Portugal. E desde setembro lidera mesmo a Loja Mercúrio, uma das mais influentes da maçonaria. Todo este episódio é relatado no livro o Fim dos Segredos, da jornalista Catarina Guerreiro.

 

O antigo presidente da Câmara Municipal de Oeiras tinha saído da maçonaria a 1 de abril de 2014, pouco antes de ser preso. Neste verão de 2015, após ser libertado, voltou a entrar em segredo naquela loja maçónica.

A sua ida a um templo da GLLP, não foi pacífica dentro da obediência. Uns consideravam que devia esperar mais um tempo, outros apoiavam o regresso imediato de Isaltino Morais. Numa sessão liderada pelo engenheiro Luís Castro, o ex-autarca foi então perdoado pelos ‘irmãos’.

 

 O Isaltino, portanto, está pronto para voltar à política... Por isso é que eles se calam na casa Pública, porque é nestes ninhos de ratos que eles falam e [nos] decidem.

 

 

publicado às 05:21


O desespero leva a isto...

por beatriz j a, em 27.10.15

 

 

 

Os eleitores rejeitaram os candidatos dos partidos tradicionais, minados pela corrupção. - 

Humorista Jimmy Morales vence presidenciais na Guatemala

No ano passado, Morales — que estudou Teologia e se define como um social-democrata — abandonou a comédia de grande sucesso que protagonizava há 14 anos na televisão para se dedicar inteiramente à política. 

 

A responsabilidade da decadência da actividade política e do desencanto e desconfiança das pessoas face aos partidos políticos vem daqui: corrupção, abuso de poder, clientelismo e indiferença perante os problemas sociais. É claro que isto vai correr mal, quer dizer, um humorista, completamente por fora dos meandros políticos é ainda mais manipulável que um político que conhece o sistema mas o grau de desespero das pessoas anula qualquer alarme de prudência.

 

 

publicado às 05:55

 

 

Esquerda, direita, esquerda, direita... quer dizer, os partidos querem e falam nas pessoas mas depois falam delas e tratam-nas como se fossem um exército ou uma onda uniforme e cinzenta, indiferenciada: a direita, a esquerda... não me revejo nestas pessoas, nem nas ideias, nem na linguagem que me parece de 1890. Estas pessoas não me representam: nem as tais da direita, nem as da esquerda. Nas últimas semanas, sempre que alguém diz algo outros respondem, 'lá vem a direita' ou 'lá vem a esquerda'... já não se pode ser uma pessoa com ideias próprias, somos vistos como uma manada.

 

 

publicado às 21:22


das eleições - um conflito não-não

por beatriz j a, em 15.10.15

 

 

 

Confesso que a ideia de ter o Costa e os outros amigos do Sócrates outra vez no poder é uma ideia detestável.

 

Confesso que não queria ter a coligação PSD/CDS no poder, muito menos com maioria absoluta.

 

O PS foi o grande perdedor das eleições. Como disse o MRPP, nunca as condições para derrubar o governo e ter uma votação excelente foram tão boas estando as pessoas revoltadas com a austeridade, de modo que ter a poucochinha votação que o PS teve foi uma grande derrota.

 

O BE foi um dos grandes vencedores das eleições. Dobrou o número de votos e isso não é pouca coisa [mas também não os queria no poder - é um partido sem rumo]

 

O PC aumentou os votos, como era de esperar dada a revolta de todos contra a austeridade imposta com tanta arrogância e desinteresse pela condição de vida das pessoas [mas também não os queria no poder - é um partido cujo rumo não subscrevo]

 

Quando olho para isto que escrevi fico a pensar: mas afinal, quem é que eu quereria que ganhasse as eleições? Pois... o que queria mesmo -outro tipo de políticos e de políticas- não existe neste momento, de modo que para mim é um conflito não-não com poucas hipóteses de desfecho positivo, embora isso não dependa só da situação do País mas também da situação da Europa da qual estamos cativos .

 

Ontem tive uma discussão com um amigo (uma discussão amigável mas, uma discussão a sério) sobre as eleições, sendo que votámos da mesma maneira e pelas mesmas razões (não combinámos, aconteceu), mas estávamos a divergir sobre a situação deste impasse político em que estamos; cheguei à conclusão que, se nos pomos do ponto de vista de considerar os partidos como forças colectivas, temos uma determinada perspectiva dos acontecimentos mas, se nos pomos do ponto de vista de considerar os partidos como colectividades de pessoas individuais, a perspectiva muda completamente. E isso é muito interessante.

 

 

publicado às 13:01

 

 

... política, empresas, admistração.

 

 Mon Oncle, La Maison, Jacques Tati (via Nicolai Klein)

 

 

publicado às 18:20


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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