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mãos

por beatriz j a, em 23.04.11

 

 

helena pravda

 

 

Mãos carentes pedem pão

mostram os calos da vida

amassada em desilusão

Ahh a esperança perdida

em anos de trabalho vão...

 

Em crianças eram homens

putos de enxada na mão

a cavar a terra, germens

de riqueza que dá o chão

para tirar os filhos aos cães.

 

Mãos amigas, mãos de mães

atraiçoadas pela vidas

gastas, duras, ressequidas

mãos que sofreram os filhos

mãos que não têm anéis.

 

Vós que mandam nos outros

e lhes prematuram a morte

marcam-nos para engodos

condenam-nos à má sorte

e roubam o futuro a todos.

 

bja

 

publicado às 22:29


a cotovia

por beatriz j a, em 09.01.11

 

 

 

Acordei esta madrugada

com o guincho da gaivota

a rasar a minha morada

 

agoiro de noite é este...

 

Perdi assim tanta alvorada?

Passaram por mim os dias

sem que estivesse acordada?

 

lá fora o tempo escurece...

 

Já é Outono...a estação?

Ouço ainda a cotovia

...e porque não...?

é Primavera em meu coração.

 

bja

 

publicado às 09:12


tardes de quase-verão

por beatriz j a, em 25.06.10

 

 

do Fournier

 

 

Tardes de quase-verão

lânguidas sestas

à sombra das glicíneas

do caramanchão

deitada na colcha de damasco

um livro esquecido na mão.

 

Leve brisa traz a mim

o perfume

das rosas do jardim.

O zumbido da abelha

de roda do limoeiro

é ruído de baunilha

com aroma de loureiro.

 

Nesta paz de claro brilho

neste doce espreguiçar

longe de todo o barulho

hei-de contigo sonhar.

 

bja

 


publicado às 17:25


vida concreta

por beatriz j a, em 22.03.10

 

Jack Vettriano

 

 

 

Quero bifes e batatas fritas
e tartes de framboesa
e outras coisas concretas
que ponham à minha mesa.

Quero a vida mais perto do chão
das imperiais na esplanada
no fim das tardes de verão
sem ter de pensar em nada.

Quero os risos à flor da pele
levemente inebriados
quero sentir a brisa leve
dos dias despreocupados.

Andar à noite p'las vielas
com os amigos do fado
sentar-me a ouvir cantar
com alguém de braço dado.

 

bja

 

publicado às 21:57


ser, não ser

por beatriz j a, em 17.03.10

 

 

 

Ficar, não ficar

Ir não ir

- decidir.

Tudo é o mesmo viver

tudo é, afinal, ser?

Não

se vemos o que pode ser 

se sabemos o que é viver

então, ficar é fugir

é escolher não ser

e não ser é morrer.

 

bja

 

 

publicado às 20:00


não sei o que me deu

por beatriz j a, em 07.03.10

 

 

 

Não sei o que me deu...
mas eu não pareço eu.
Talvez tenha sido do vinho
ou a tonalidade do céu
algo me tirou do caminho
que pensava ser o meu.

Vês-me na berma da estrada
a olhar o carro que passa
imóvel, assim parada?
Enquanto não vir um sentido
não seguirei tal caminho
não forjarei um destino.

Não quero mais saber
do que não vem por inteiro
e nisto só estou a querer
o que já é meu por direito.

Não vendo o meu sofrimento
a troco de nenhum dinheiro
não quero favores de momento
a encher meu mealheiro.

Se a viagem é deveras
entrarei e sigo atrás
mas não perseguirei quimeras
e se é isso, deixem-me em paz.

 

 

bja

 

 

publicado às 16:32


três rosas

por beatriz j a, em 27.02.10

 

Claude Theberge - Three roses

 

Três rosas em jarra chinesa
adornam a minha mesa
duas brancas de alva seda
contrastam com a terceira
voluta de profundo rubi.
Exalam perfume elegante
envolta nele dormi
sono rico, enebriante
de suave veludo carmim.

(...)

 

bja

 

 

publicado às 19:30


vida

por beatriz j a, em 24.02.10

 

 

 

 

O pesar dos meus amigos
é também o meu tormento.
Cada dúvida, cada queda,
cada lágrima, cada lamento
são também meu sofrimento.
E a angústia está em ver
o que vem lá no caminho

(como se fosse um destino)
e não o poder dizer
porque a vida...
...é para cada um a viver.

 

bja

 

 

publicado às 08:45


Não sou poeta

por beatriz j a, em 23.02.10

 

 

Não sou poeta, sou nada
escrevo para não adormecer
para retardar o momento
em que se anula o nascer.

Em tempos habitei o mundo
com o olhar no infinito
buscava um sentido profundo
e acreditava que o mito
se fosse muito bem escrito
podia trazer a luz
fazer renascer o ser.

Depois descobri que a vida
é como o raiar do dia
que anuncia brilho intenso
mas dura apenas instantes
e finda em melancolia.
Cada ocaso que se aproxima
ensaia o que se adivinha.

Quanto mais curta é a distância
mais se acelera o passo
ganho um sentido de urgência
uma angústia pelo que não faço...

Aceito em cada hora o fim
como condição de aqui estar
e isso ninguém faz por mim
ninguém me pode ajudar.

 

bja

publicado às 22:11


a procura

por beatriz j a, em 09.01.10

 

 

Podes rezar com fervor
a pedir conforto e calor
que  sabes bem que a morada
de perene endereço
que p'ra sempre te pertence
dentro da terra é cavada
e não tem para venda preço.

 

bja

publicado às 22:08


life

por beatriz j a, em 20.12.09

 

 

 

 

Até o cacto seco e agreste

inteiro coberto de espinhos

de vez em quando se veste

de rosas de tons delicados

suaves perfumadas flores.

 

Ficamos nós deslumbrados

com tão contrastante esplendor

de espinhos gerarem flor...

Mas não é isso o amor?

Um coração espinhado

mesmo em profunda dor

abrir-se e desabrochar

como se fora uma flor?

 

 bja

 

 

publicado às 06:30


a kind of winter

por beatriz j a, em 03.12.09

 

 

 

 

 

There's a kind of winter

of the heart

that no sun can defrost

(...)

 

bja

 

 

 

publicado às 20:36


dia cinzento

por beatriz j a, em 01.11.09

 

 

 

O dia nasceu cinzento

- não quis provocar com cores

feridas nos meus sentimentos.

(...)

 

bja

 

publicado às 11:41


I see you seeing me

por beatriz j a, em 29.09.09

 

 

William Bartlett

 

 

I see you seeing me

so don't you guess

that looking at you I must be?

How can you look

 and not see

my eyes looking back

at thee...

 

 

 

publicado às 23:52


ventania

por beatriz j a, em 12.09.09

 

 

  vladimir kush

 

 

O alvoroço das madrugadas

em voz de ventania

acorda angústias guardadas

ensombra o começo do dia.

 (...)

 bja

 

 

 

publicado às 09:56


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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