por beatriz j a, em 08.02.10
Jovens plagiam cada vez mais para trabalhos escolares
As crianças e jovens recorrem cada vez mais à Internet para fazerem os trabalhos escolares. No entanto, o objectivo é sobretudo plagiar, não fazer pesquisas, alerta a investigadora Cristina Ponte, coordenadora do EU Kids Online Portugal SOL
Não acredito que plagiem mais, têm é mais meios à disposição que facilitam o 'copianso'. Onde dantes era necessário ir à biblioteca consultar livros, com grande incidência nas enciclopédias, que eram duas ou três e que todos utilizavam, agora o google fornece milhares de sites sobre cada assunto, sendo que não é possível a um professor corrê-los todos. É claro que uma pessoa vê pelo nível de linguagem se o discurso é compatível com o aluno em questão e, se o trabalho é entregue em formato digital é fácil fazer copy - paste de pedaços do trabalho no google e assim ver se foi copiado. Mas isso só é válido para os sites abertos e tem outros inconvenientes.
Existem sites como o Caderno Diário e o Nota Positiva que se dedicam exclusivamente a fornecer material -trabalhos- para tudo quanto é tema passível de trabalho em qualquer disciplina. Os ditos sites estão organizados por anos de escolaridade e disciplina e dizem até a classificação que determinado trabalho disponibilizado on line teve do professor, de tal modo que há alunos que têm o descaramento de dizer ao professor que merecem melhor nota, baseados nas informações dos sites de onde retiraram o trabalho.
Neste país os currículos cada vez mais favorecem esse facto porque acabaram com os exames quase todos e incentivam a realização de trabalhos de pesquisa com utilização de recursos da internet. No entanto, o ensino do Português, apesar de muito falado tem sido descurado. Os autores que ensinam a língua desaparecem do programa em favor de autores menores ou até de textos jornalísticos e de programas de TV. Um aluno que não sabe ler nem escrever e que tem um vocabulário reduzido não está emj condições de saber filtrar as informações a que acede na internet. São as chamadas 'literacias'.
Há ministros a citar a Wikipédia publicamente como se fosse um recurso fidedigno quando buscamos informações de rigor.
O próprio primeiro ministro e amigos têm problemas de fraudes nos seus C.V. Parece que esta ministra da educação também tem no seu C.V. um mestrado que na verdade foram três meses sem tese numa universidade de Boston.
Como é que se moralizam os alunos com exemplos destes?
Todo a escola construída para que todos passem para a estatística, com testes americanos, passagens com sete negativas e tal, e depois chega-se aos exames e aquilo parece um estado polícial de tal modo que os exames deixaram de ser uma etapa pedagógica e parecem uma inquisição judicial.
Está o sistema educativo cheio destas contradições. E, no entanto, um estudo feito num país nórdico há coisa de dois anos, mostrava claramente que existe uma correlação proporcional entre os hábitos de copiar nas escolas e o grau de corrupção dos países. É que, quem hoje batota na escola amanhã batota no emprego e na vida. A Finlândia era a que tinha menos 'copianso', cerca de 15%, Portugal era dos que tinha mais, cerca de 85%...será preciso dizer mais?