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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Às vezes acontece que se disse tudo o que se podia dizer e esse tudo parece não ter impacto real de mudança. Então é melhor caminhar num sentido completamente diferente e sobreviver. Mas é uma desistência - o oposto de insistência.
A Filosofia é, e tem que ser, brutal.
É uma virtude sabermos distinguir aquilo em que somos bons daquilo em que não somos bons e não termos problemas em assumir, tanto uma coisa, como outra. Humildade tem mais a ver com isso, penso, que com uma certa maneira subserviente de falar que, no entanto, esconde uma mente incapaz de compreender e assumir os erros e, por isso, arrogante.
Acrescentar pormenores de beleza aos objectos, edifícos, etc., é o reconhecimento do valor da totalidade da experiência humana, das ideias e emoções que ligam o nosso presente à tradição viva que nos precedeu e forjou. É um convite à reflexão nas ideias da experiência humana, porque o passado e o presente confundem-se na vivência da experiência humana.
A coragem é uma forma de amor.
A poesia é um eco que se faz voz.
Vagueia pelas sombras sedenta de luz.
É uma dança obscura entre a vida e a morte,
bebe a alegria e a dor, ama o belo e o atroz.
Acontece com as emoções relativamente aos conflitos e frustrações o mesmo que com as doenças e os antibióticos.
Quem tem a sorte de não ter doenças com regularidade, qualquer antibiótico, mesmo fraco, lhe é extremamente eficaz; mas, se não é esse o caso, tem que tomar cada vez maiores e mais fortes doses de medicamentos para que façam o menor efeito. As pessoas fortes são aquelas que têm resistência às doenças e não as outras que resistem aos medicamentos.
Com as emoções é a mesma coisa. As pessoas fortes são as que poucos conflitos e frustrações tiveram; os que tiveram que lidar com esas coisas com regularidade enfraqueceram ao ponto de, quaquer conflito ou frustração por pequena que seja, os deixar doentes, o que nas emoções se manifesta em ansiedade e desgaste, de tal modo que depois, resistem aos medicamentos vulgares e só grandes doses de afectividade muito forte restauram as resistências.
Assim como os doentes resistentes a antibióticos evitam expôr-se a factores de stress que desencadeiem doenças, também os doentes emocionais acabam por evitar expô-se a situações de frustração e conflito por receio de doença de difícil cura.
Uma das maiores supresas que muito me ensinou na vida foi a descoberta de que as pessoas não são todos iguais.
Amar é fácil, gostar é difícil. Amar é só sentir. Enquanto se ama tudo se tolera nesse sentir, até o que se desgosta. Mas gostar, é amar até o que não se gosta. É incorporar as coerências e as contradições numa totalidade do querer. O que ama, muitas vezes ama contrariamente ao que queria e ao que gosta e apesar daquilo que gosta. E, deseja ardentemente deixar de amar porque não gosta do objecto do seu amar. Pode chegar a odiar o próprio amar porque o 'obriga' a querer o que não gosta. O amor não acarreta consigo o gosto pelo outro. Já o que gosta, consciente e seguramente, necessariamente ama aquele/aquilo que gosta e nenhum ódio nem desejo de sair o assola porque o gostar traz consigo o querer, o desejar e o amar sem contradições.
As pessoas, como as coisas, vêm ao ser no nosso olhar.
Uma das coisas melhores que se pode receber de presente é um livro da parte de alguém que sabemos ser pessoa culta e de bom gosto literário. Sabemos que temos nas mãos um potencial amigo para a vida, pois um livro escolhido por um bom leitor há-de ser um livro que todo se consome: o cheiro a capa, as ilustrações, o papel e outros pormenores, antes de nos enterrarmos no conteúdo. Como um bolo que, antes de ser provado já excita os sentidos pela beleza e pelo aroma que emana mas, ao contráro dele, um livro, pode até ser ofertado tendo já passado por outras mãos que não perde o valor, pois o valor de um amigo está na sua essênca e não na novidade, está em ser presente e não em ser intocado.
Quando descobrimos que a vida é como um palimpsesto passamos a ler as entrelinhas e tudo se torna mais claro.
Não vale a pena o rancor. Nem o rancor às pessoas -às que nos voltaram costas, às que nos trairam, aos falsos amigos- nem à vida, se nos tratou mal. O rancor é um castigo auto-infligido. Quem tem rancor à vida e aos outros, não vive.
A única maneira de viver é no presente a projectar um futuro melhor. Tudo o resto são recusas, disfarçadas mortes.
A dúvida no conhecimento é prudência e rigor
no sentimento é só dor.
Às vezes tomamos por má disposição o que é apenas insuficiência mas, pensando bem, quando a insuficiência não se sabe a si mesma como tal, resulta em má disposição, o que vai dar ao mesmo, só que não por maldade mas por cegueira.
Antes de ontem estava a ver o Hermano Hosé Saraiva dizer a uma jornalista que lhe perguntava como respondia ele aos que o acusavam de tomar liberdades com a História e de não seguir as regras da ortodoxia que o facto histórico é a matéria prima enformada depois pela imaginação (que é o mesmo que dizer que toda a história é interpretação e que toda a interpretação leva a marca do interpretador) e que o problema é que uns não têm consciência disso, donde, digo eu, quem afinal tem liberdades arrogantes são os que, também interpretando, querem ser os ditadores da ortodoxia assumindo que a sua interpretação é 'a' correcta.
Há pessoas que usam a máscara da amizade para manter perto de si as pessoas. Por diversas razões. Para aqueles que não usam máscara, perceber a facilidade com que outros destroem a amizade é perceber o seu não valor aos olhos desses outros. Custa, saber que uma pessoa a quem valorizámos com lealdade e verdade, não nos pagou na mesma moeda.
O mais difícil nestes casos é sermos capazes de começar outras amizades como se nunca tivéssemos conhecido a traição. É preciso saber não guardar rancor da incapacidade dos outros para a verdade e para a lealdade. O castigo dessas pessoas elas próprias o desenham: acabam por perder todos os amigos e viver rodeadas de outros-máscaras, como elas. É sobretudo triste.
Às vezes acontece as pessoas acontecerem a outras pessoas... apesar dessas outras não gostarem delas nem um bocadinho...
A pior coisa é deixar de acreditar. A mais destrutiva é ter acreditado.
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