Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Hoje fui almoçar com um amigo que é professor no IST e é também o presidente do LIP. Concordámos que a ciência, não obstante limitações, é a melhor forma de conhecimento que temos, a mais fiável. Além disso, a colaboração científica aproxima pessoas diversas, pois faz-se independentemente da religião, cultura, etnia, etc., uma vez que a sua linguagem é universal. Não é apenas um valor técnico, é um valor cultural de convergência e de aproximação.
A ciência é um ideal platónico: o acesso à informação, a discussão racional das ideias (é certo que ele não tinha o método experimental nem tampouco era um empirista mas era um defensor da aplicação da matemática ao raciocínio por uma questão de rigor e objectividade) no sentido de se escolher a melhor das hipóteses explicativas, aquela que gerasse mais consenso, são ideias platónicas. A ciência é esse ideal, que se aprimorou, uns milénios depois, com o método experimental, critério do próprio consenso científico.
A ciência, como a conhecemos hoje, é uma certa abordagem do real que não o esgota mas, no seu domínio, é mais fiável e profícua que as alternativas.
Ele escreveu um texto muito bom para a última edição da revista Seara Nova que acaba de sair. Um texto de divulgação científica com os conceitos básicos da Física, a área dele, excelente para ser lido por leigos e, ainda, com a participação portuguesa no CERN e o contributo do IST para a instalação em Portugal de um centro de tratamento oncológico utilizando feixes de protões.
Textos de divulgação científica que possam ser compreendidos por leigos não abundam por aí. Geralmente são escritos por professores que têm já muita experiência em sistematizar conceitos e processos. Não é fácil escrevê-los porque é necessário pôr-se no lugar de um ignorante dos conceitos e dos processos para se ser capaz de os apresentar nos seus princípios fundamentais em linguagem não demasiado técnica e, consequentemente, hermética. É por isso que quando os encontramos os guardamos e prezamos :)
Deixo aqui para quem quiser ler.
1.
2.
Tommy Lysakermoen
Uma sensação de paz no fim de um dia ou de um repouso calmante, são as sensações que vêm com esta música.
(Teresa de Sousa)
Bill Clinton costumava dizer que mantinha ao alcance da mão um livro de uma quase desconhecida historiadora americana, Barbara W. Tuchman, descrevendo o que aconteceu desde a decisão de declarar a guerra à Alemanha até ao início da ofensiva franco-britânica que travou o avanço alemão sobre a França. The Guns of August ganhou o Prémio Pulitzer de 1963. Descreve como se pode caminhar para a guerra quase sem se dar por isso.
Em primeiro lugar, o livro de Barbara W. Tuchman é muito conhecido no meio de todos que se interessam por estas questões, em segundo lugar, o que o livro mostra, não é um 'caminhar para a guerra quase sem dar por isso'. É justamente o oposto: todos estavam a preparar-se para a guerra enquanto faziam discursos e encontros de paz, tal como aconteceu ontem, onde se reuniram para fazer discursos no Arco do Triunfo (um monumento que celebra a guerra e não a paz, pois foi construído para comemorar as vitórias militares de Napoleão Bonaparte... ) sobre a paz enquanto fomentam a guerra com a venda de armas, com a invasão de países alheios, com a luta por controlo de zonas continentais do mundo. Isto, ao mesmo tempo que falam no medo dos populismos e nacionalismos mas sem nunca mexer uma palhinha para resolver o que está ba base destes problemas: alemães, franceses, ingleses (que fugiram do problema), americanos, russos e outros que ali se encontravam a fingir que se importam com outra coisa que não seja o controlo do seu pedaço de mundo. O discurso de Guterres, comprido demais, foi no sentido de chover no molhado: não tem uma única solução, apenas diz que está preocupado... falta de líderes à altura, como então.
É essa hipocrisia de todos discursarem pela paz enquanto se preparam para a guerra que o livro, 'The Guns of August' conta e descreve.
Tolstoy passou os últimos quase vinte anos de sua vida a coleccionar frases de sabedoria para um livro, uma espécie de florilegium, uma colectânea de pensamentos, um para cada dia do ano, acerca da vida e de como levar uma boa vida.
Em 1904 publicou-o com o título, Pensamentos de Homens Sábios. De seguida saiu uma edição alargada com o nome, Um Calendário de Sabedoria. Pensamentos diários para alimentar a alma. Só em 1997 foi traduzida para inglês. Ainda houve uma terceira edição organizada por temas.
O livro tem, mais ou menos, cinco pensamentos para cada dia.
I know that it gives one great inner force, calmness, and happiness to communicate with such great thinkers as Socrates, Epictetus, Arnold, Parker. ... They tell us about what is most important for humanity, about the meaning of life and about virtue. ... I would like to create a book ... in which I could tell a person about his life, and about the Good Way of Life.
I hope that the readers of this book may experience the same benevolent and elevating feeling which I have experienced when I was working on its creation, and which I experience again and again, when I reread it every day, working on the enlargement and improvement of the previous edition.
(Tolstoy)
imagem da net
Aos 18 anos Tolstoy começou um diário de actividades auto-motivadoras diárias com regras para melhorar a sua força de vontade. Por exemplo,
A ideia dele de felicidade era esta:
A quiet secluded life in the country, with the possibility of being useful to people to whom it is easy to do good, and who are not accustomed to have it done to them; then work which one hopes may be of some use; then rest, nature, books, music, love for one’s neighbour — such is my idea of happiness.”
(a ideia de secluded não atrai mas percebe-se como uma maneira de não se deixar absorver pelo caos da vida urbana; o que agrada muito é a ideia de paz e tranquilidade deste tipo de vida :)
Alguns dos pensamentos do livro:
On avoiding regret:
Do not regret the past. What is the use of regrets? The lie says that you should not regret. The truth says you should be filled with love. Push all sad memories away from you. Do not speak of the past. Live in the light of love, and all things will be given to you.
- Persian wisdom (January 27)
On being mindful:
A wise person thinks more about life than about death.
- Benedictus Spinoza (June 24)
On gaining control of your thoughts:
Do not allow yourself to be infected by the mood or spirit of those who abuse you; do not step onto their path.
- Marcus Aurelius (August 5)
On remembering what’s important:
When you feel the desire for power, you should stay in solitude for some time.
- Henry David Thoreau (August 27)
Wayne Thiebaud - River Levee and Dock, 1966, oil on canvas,
Early Spring - 1906 | Isaak Brodsky, 1883-1939
The 2016 Global Peace Index, put together by the Institute for Economics and Peace, recently measured the safety and peacefulness of 163 countries according to "23 qualitative and quantitative indicators." After indicators such as terrorism impact, perception of criminality, and political instability were taken into account, Iceland was found to be the world's safest country for the sixth year in a row.
10. Slovenia - 1.408
9. Japan - 1.395
8. Canada - 1.388
7. Switzerland - 1.370
6. Czech Republic - 1.360
5. Portugal - 1.356
4. New Zealand - 1.287
3. Austria - 1.278
2. Denmark - 1.246
1. Iceland - 1.192
Hoje celebra-se o dia do Armistício que celebra a paz e os que morreram por ela. Põem-se flores no túmulo do soldado desconhecido no intervalo dos discursos de ameaça de guerra.
E de só ter cenários destes...
Quero ir à Islândia para vir carregada de luz e de inspiração que dê para um ano ou dois. Se todas as pessoas viajassem a sítios destes, assim duma paz tão bela, umas três vezes por ano, talvez não houvesse guerras...
miss chloé Aurora Borealis, Iceland
AKlover Aurora Borealis, Iceland
Academia Sueca atribui o galardão ao grupo pela sua “decisiva contribuição para a construção de uma democracia pluralista no país” no rescaldo da Primavera Árabe. E espera que o quarteto seja “uma inspiração para todos os que procuram promover a paz e a democracia” (do EXPRESSO)
O planeta está menos pacífico que em 2008. Acima de tudo, o fosso entre países pacíficos e países perigosos alargou-se. Portugal está entre os países mais pacíficos do planeta.
A seguir à Segunda Grande Guerra, havia a certeza que nunca mais se voltaria aos anos 30, aos anos em que meia dúzia de pessoas tinha toda a riqueza construída sobre a pobreza de milhões, tinha todo o acesso à educação, a decisão das guerras e da paz nas suas mãos...à vida, enfim... e os outros eram figurantes nessa peça. Um excelente documentário de Ken Loach sobre o nascimento de uma Inglaterra (mas poderia ser da Europa) solidária, com serviços públicos e classe média. Havia a ambição e a visão de uma sociedade melhor, mais justa, de rosto mais humano. Onde é que isso se sumiu e porquê...?
(O próximo vou ver ao cinema. depois conto)
War in Europe is not a hysterical idea
Anne Applebaum
A few days ago, Alexander Dugin, an extreme nationalist whose views have helped shape those of the Russian president, issued an extraordinary statement. “Ukraine must be cleansed of idiots,” he wrote — and then called for the “genocide” of the “race of bastards.”
by Leopoldo Gonzalez Andrades
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.