Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera a profissão de professor como uma das profissões de risco. Risco físico e psicológico. Nem sempre foi assim.

 

As escolas estão ao abandono. Desde a Lurdes Rodriges que deixaram os professores ao abandono... destruiram a carreira e as condições de trabalho (excepto a meia dúzia deles a quem deram privilégios que originaram grandes vícios). Fizeram da profissão uma profissão de risco de integridade física e psicológica. Incentivaram o conflito dos pais contra os professores.

 

Os professores têm turmas a mais, tarefas administrativas que não lhes pertencem, toneladas de papelada idiota que só serve para os dirigentes se promoverem; as escolas não têm funcionários, as turmas estão cheias até ao limite, todos os anos os governantes inventam uma disciplina ou um projecto obrigatório para porem ao seu peito como medalhas de honra e que só servem para aumentar o nosso trabalho sem proveito para os alunos, os pais vão às escolas despejar as suas frustrações e incapacidades em cima dos professores e todos os dias há agressões e ofensas de alunos e de pais a professores. Os professores estão desmotivados, envelhecidos e exaustos. 

 

Hoje em dia, dado que as equipas dos sucessivos ministérios, desde a Rodrigues, são os primeiros a detestar e não ter respeito pelos professores, é preciso ter muita resistência para aguentar os pais virados contra os professores.

Os pais demitem-se das suas responsabilidades (dizem-nos na nossa cara que não são capazes sequer de mandar os filhos à escola porque eles não querem ou que não os levam a um médico porque não têm paciência para os hospitais) e depois vão à escola gritar com os professores; os alunos inventam mentiras sobre os professores (como se lê nesta peça onde a aluna se arranhou para se fazer de vítima) para se desculparem perante os pais, os pais acham que mandam na escola e nos professores... há tempos tentei explicar a uma aluna que não é ela que define o que é urgente tratar, porque só conhece o seu problema e não o de todos os alunos e que somos nós, que sendo DTs e conhecemos os problemas de todos os alunos, que definimos o que é urgente e o que não é urgente... quer dizer, era como eu entrar no hospital com uma borbulha e fazer uma cena com desmaios e gritos por não me passarem à frente de um doente com um ataque cardíaco. E não tendo conseguido passar, ir depois inventar que me empurraram ou algo do género... e o ME apoia tudo contra os professores. Tudo!

 

Como consequência, ninguém quer ser professor, de modo que vão para lá pessoas sem experiência nenhuma, alguns que ainda no ano anterior eram alunos, sem estratégias para lidar com miúdos, adolescentes em bando, e que acabam a ser gozados ou humilhados, com vídeos nas redes sociais feitos nos telemóveis, pelos putos. Depois alguns reagem muito mal... 

 

Ao contrário do que dizem os que mandam nisto tudo e seus jornalistas sicofantes, isto de dar aulas não é para qualquer um. Formar, informar e educar grupos de miúdos adolescentes, com raízes, ambientes familiares e contextos completamente díspares, pessoas bem formadas e outras já muito mal formadas, conseguir que se concentrem, trabalhem, interessem e respeitem as regras da casa, dentro e fora da sala de aula, não é nada fácil, como qualquer um que tenha um filho que seja, sabe muito bem. Muitos pais nem conseguem que o seu único filho, morando quase em frente à escola, chegue a horas às aulas.

Cada vez mais isto há-de acontecer porque a profissão está em decadência. Ninguém a quer e, num futuro próximo, vai transformar-se numa profissão de tarefeiros sem formação nem interesse pela profissão, isto é, pelos alunos.

 

Pais agridem professores e funcionários em Valença (Atualizado dia 19)

 A aluna discutiu com a assitente operacional a quem insultou e chamou preta. Um professor que estava por ali interveio, tentando restabelecer a ordem. A aluna descontente com a situação, terá ido para trás do pavilhão onde havia decorrido aquele episódio, arranhou o seu próprio pescoço e veio aos gritos dizendo que tinha sido agredida. 

Após a hora do almoço, o pai da aluna e a jovem foram para a porta da escola e agrediram barbaramente  o professor que interveio e tentou apaziguar a situação entre a funcionária e a aluna.

 

Pânico em escola de Alvalade. Professor aperta o pescoço a aluno e bate-lhe com a cabeça contra a mesa

 

veja-se o aspecto da entrada da escola, toda grafitada, com ar porco... isto já diz muito da direcção e do ambiente da escola...

 

publicado às 05:22

 

 

Par Favar

 

publicado às 20:43

 

1. Os professores não são iguais e não têm que esperar que eu seja uma continuidade do passado, tenha esse passado sido uma experiência positiva ou negativa. Tenho muitos anos de experiência e de afinar instrumentos pedagógicos e orientar alunos no trabalho. Dêem-me o benefício da dúvida. 

 

2. É mesmo importante ler os papéis que enviamos no início do ano acerca das regras da escola e da disciplina para evitar dissabores e conflitos. É chato? Pois, mas é necessário. Tem dúvidas acerca das regras? Mande um email, ligue, apareça, pergunte.

 

3. Encoraje @ seu filh@ a falar comigo quando tem algum problema em vez de de ir  a correr à escola falar por el@. Encoraje a autonomia. Encoraje a responsabilidade: chegar a horas, trazer o material. Não trabalho só com o seu filh@. A turma tem lá mais 29, por exemplo. Se cada um não cumpre as suas responsabilidades o trabalho com a turma não é possível e todos os alunos perdem. Encoraje-@ a fazer a sua parte.

 

4. Vá às reuniões de pais ou/ à hora de atendimento. O comportamento e o sucesso dos filhos está muito ligado ao interesse que vêm os pais ter pela sua vida e progresso escolar. 

 

5. Encoraje @ seu filh@ a ter um plano de estudo e a segui-lo. Poupa imenso tempo e traz enormes benefícios de organização, sistematização, evolução mental, auto-estima, capacidade de projecção no futuro, capacidade de assumir projectos, direcção no estudo e na vida, etc.

 

6. Não faça os trabalho de casa ou os projectos d@ seu filh@. Ajudar não é fazer, é dar orientações. Os alunos perdem oportunidades de aprendizagem por causa do perfeccionismo, orgulho ou ansiedade dos pais. 

 

7. Não dou más notas. Não dou notas. Os alunos é que as tiram. E tiram-nas más por não trabalharem, por não cumprirem. É frustrante ter que dar uma nota má a um aluno mas por vezes tem que ser, quando estão a ficar para trás por não trabalharem.

 

8. Em vez de pedir notas altas peça oportunidades de trabalho para subir as notas.

 

9. Um aluno que trabalhe e está em cima dos assuntos é um aluno exigente. Eu vou até onde os alunos me exigem. Terem professores à disposição que se interessam por eles e poderem sugar tudo o que o professor sabe e é capaz de dar em termos de conhecimentos e experiência é uma oportunidade que têm na escola, mais ou menos de borla, e não voltam a ter nunca mais na vida a não ser pagando caro, e é se conseguirem arranjar alguém que se interesse por eles. Aproveitem-na ao máximo.

 

10. Por vezes parece que estou a exigir demasiado deles mas é mesmo assim. Tenho experiência de dosear a ajuda porque às vezes os miúdos precisam de lutar pelas coisas e as crises são oportunidades de crescimento psicológico e mental. Se os ajudamos demasiado tornam-se retraídos, sem autonomia, inseguros e desamparados. É que não ensino apenas os conhecimentos ou matérias do programa, também me preocupo com o desenvolvimento dos seus recursos internos (psicológicos e intelectuais) para que sejam capazes de vencer os obstáculos da vida.

 

11. Lá porque não estou na escola não quer dizer que não esteja a trabalhar. Posso estar a estudar, a preparar aulas, a elaborar fichas ou testes ou guiões de trabalho; posso estar a classificar testes, a fazer formações, a preparar um projecto, a fazer relatórios, actas; posso estar a resolver um conflito entre alunos, entre professores e alunos; posso estar a fazer tarefas da DT, etc. E estas tarefas faço-as aos fins de semana, à noite, nas interrupções lectivas e não apenas durante o horário de trabalho semanal. Mesmo nas férias de Verão, quando dou de caras com ideias ou materiais que me inspiram para melhorar as aulas aproveito-os, não ignoro só por estar de férias. Num certo sentido, estou sempre a preocupar-me com os alunos.

 

12. Às vezes parece que há injustiça nas aulas. É preciso lembrarem-se que os adolescentes em grupo têm comportamentos que não têm individualmente, de modo que o seu comportamento nas aulas não é uma extensão do comportamento em casa. É uma situação diferente, formal, de trabalho em grupo social. Ao trabalhar com o grupo-turma tenho que levar em conta o efeito que o comportamento de cada um tem no trabalho do grupo e no seu próprio desenvolvimento. Tento ser justa, tenho muita experiência e muito raramente tenho problemas de comportamento com alunos mas no início de conhecer uma turma há sempre um medir de forças e é necessário que os pais me deixem trabalhar.

 

13. Eu estou do lado dos alunos e não contra eles. Quero ter boas relações com os alunos e com os pais porque sei que isso é importante para conseguir fazer bem o meu trabalho. No entanto, às vezes pode não parecer, se não tiverem uma perspectiva ajustada dos voss@s filh@s. Compreendam que todos os adolescentes mentem. Por favor, não venham à escola dizer, '@ meu filh@ nunca mente'. Os adolescentes, sobretudo quando se sentem 'apertados' com as notas ou com faltas que não deviam ter dado, inventam uma mentira para escapar à censura ou ao castigo. Às vezes até nos dizem. Lembrem-se de quando eram adolescentes. Não é dramático e é muito normal, mas é importante virem à escola para perceber o que se passa em vez de virem como advogados de defesa em situações onde o necessário era ajudarem os filhos a não inventarem desculpas para o que não querem fazer. Por vezes os miúdos nem mentem. Acontece que não têm a perspectiva da turma e são extremamente subjectivos, individualistas a julgar as situações. O que também é normal. Eu ajudo a corrigir essa visão subjectiva mas isso leva tempo. 

 

14. Não tenho só a turma do voss@ filh@. Eu sei que na TV e nos filmes que se passam em escolas um professor tem só uma turma com 25 alunos. Isso não é a realidade. Este ano tenho quatro turmas (já tive 7) que podem ter 30 alunos cada. Trabalho com esses 120 alunos, 4 vezes por semana. É muito e como cada aluno tem as suas necessidades e problemas e cada turma o seu ritmo e dinâmica, não posso largar tudo a correr para ir tratar de um assunto qualquer burocrático de um aluno. Não esqueço os alunos mas preciso de tempo.

 

15. Gostava que soubessem que o que se diz nos jornais e na TV acerca dos professores -que são todos faltistas, que é um trabalho sem exigência intelectual que só os burros fazem, que não querem saber dos alunos, que só pensam em si e na carreira, etc., são mentiras e que não devem ouvir os governantes nesta matéria. Não sabem do que falam, não têm conhecimentos nem experiência de lidar com alunos, nem percebem o que é a profissão e não se dão ao trabalho de falar connosco. Se querem saber o que é a profissão de professor, têm que falar com professores e não com profissionais do voto.

 

16. Gostava que soubessem que encaixo muitas vissicitudes e estados de alma dos alunos. Eles vêm para as aulas todos os dias e trazem às costas os problemas lá de casa, as experiência de ser estudante e as experiências próprias da idade/desenvolvimento. Sendo adolescentes, muitas vezes descarregam em cima de mim essas tensões internas. Alguns vêm pedir ajuda. Estão mal, têm depressões, sentem ansiedades, têm inseguranças, têm famílias em situações dramáticas, não têm dinheiro para comprar os óculos, pensam no suicídio, são vítimas de bullying, etc. Também os pais aparecem na escola a pedir ajuda e por vezes a desabafar os seus problemas individuais. Às vezes choram porque as suas vidas são muito difíceis e estão sozinhos a suportar tudo. Uma pessoa lida com isso numa base diária e isso afecta-nos. Tenham respeito.

 

17. Tudo na educação leva tempo. Tudo precisa de maturação. Não podem querer que os filhos comecem o ano a tirar 20s e a ser excelentes. É preciso deixar-me trabalhar com tempo. O tempo é meu/nosso aliado.

 

18. Gostava que compreendessem que não ando atrás dos alunos na escola. Não sei, nem me cabe saber se têm namorad@, se são amigos dest@ ou daquel@, nem me cabe o papel de informador desses assuntos.

 

19. As minhas aulas são espaços de respeito e confiança. A confiança leva tempo a construir mas eu sei como construí-la. Faço isto há muito tempo. Não estraguem essa confiança com as vossas ansiedades. 

 

20. Finalmente, gostava que percebessem que percebo os alunos muito melhor do que eles e vocês pensam que percebo. No entanto, é suposto eles não se aperceberem a não ser até certo ponto. É uma aula de filosofia. Ensino, oriento, ajudo, às vezes sou amiga, já fui mentora de muitos alunos; mas não sou mãe deles nem quero que me vejam como um agente maternal. O meu objectivo é que os meus alunos ao acabarem o 11º ano de filosofia não precisem de mim, que tenham desenvolvido os recursos intelectuais e psicológicos para se orientarem sozinhos. Para isso é preciso que vejam em mim uma professora. Podem ver uma professora orientadora, uma professora mentora ou uma professora amiga mas, sempre uma professora. Tenho muitos anos de ver professores a prejudicarem alunos, sem intenção, por fazerem de agentes maternantes, fofinhos que tudo desculpam e nada exigem, que vêm os alunos como coitadinhos de quem se deve ter peninha... e com isso castram os alunos das suas possibilidades e desenvolvem neles a auto-indulgência, o desleixo, a falta de brio e a mediocridade. Por favor não esperem isso de mim. Levo a filosofia a sério, levo o meu trabalho a sério e levo os alunos a sério.

 

publicado às 13:00


Pais manifestam-se

por beatriz j a, em 31.03.19

 

  • Falta de vigilância
  • Falta de pessoal para acompanhamento em caso de acidente
  • Falta de manutenção e limpeza
  • Falta de acompanhamento de alunos com NEE
  • Encerramento de espaços e serviços escolares
  • Encerramento de Estabelecimentos escolares

 

publicado às 17:16

 

Unvaccinated boy nearly died from tetanus. The cost of his care was almost $1 million.

Um rapaz de seis anos apanhou tétano quando fez um corte na cabeça enquanto brincava na quinta dos pais que trataram do ferimento eles mesmos. Passados uns dias o rapaz começou com espasmos musculares e a ficar com a mandíbula presa. A seguir veio o arquear do pescoço e do corpo e dificuldade em respirar (teve que ser ligado a um ventilador) e outros sintomas. O rapaz não tinha sido vacinado. Esteve mais de 50 dias no hospital em risco de vida e num enorme sofrimento e depois ainda teve que ir para um centro de reabilitação. Enquanto esteve no hospital deram-lhe as primeiras doses da vacina do tétano e outras para o tratar. Quando saiu do hospital voltou para a quinta e os pais recusaram dar-lhe as doses seguintes da vacina bem como outras imunizações. Acho isto criminoso.
Em Itália as escolas deixam de receber alunos não vacinados. Nós aqui temos como obrigatória a vacina do tétano para a matrícula na escola mas não as outras. Acho que isso tem que ver com os custos do tratamento e as inúmeras possibilidades de os miúdos se ferirem na escola, na educação física e em outras actividades. No entanto, há outras doenças, muito contagiosas, que se evitam com a vacinação.
 
 
Em 1809 Sir Charles Bell, um médico, pintou este quadro de um homem com os espasmos musculares próprios do tétano que começam na mandíbula mas acabam a espalhar-se ao corpo ao ponto da pessoa ficar tão rígida e arqueada que parte a espinha. 

 

publicado às 05:51


Acerca do sucesso escolar

por beatriz j a, em 17.02.19

 

Os factores que são decisivos para o sucesso escolar estão muito estudados. Sabemos quais são. Não é necessário, como fazem no colégio de Cascais, rezar, ter reforço de horas em todas as disciplinas de exame (reparei que nesse colégio deixam a Filosofia de fora desse reforço :)) religião e pensamento autónomo nunca se deram muito bem... ) e outras coisas do género.

 

Não é necessário nem desejável que os alunos abdiquem de ter vida própria e que passem todo o dia a estudar, do mesmo modo que não é necessário nem desejável que os professores abdiquem de ter vida própria e que passem todo o dia a ensinar.

 

Sei, como muitos outros professores (uma pessoa se lê, se se interessa, tem experiência e não é burra vê os padrões) o que é necessário para o sucesso escolar. Aliás, digo-o aos alunos e aos pais, nas turmas da minha direcção, logo na primeira reunião que tenho com eles. Mesmo só apanhando os alunos no 10º ano, o que é tarde (melhor seria se tivessem certos métodos e hábitos desde cedo), vão a tempo, na maioria dos casos, se houver vontade para inverter maus caminhos. É claro que há casos particulares que necessitam de mais investimento e outras estratégias mas também isso se consegue se houver vontade e a tutela nos deixar trabalhar.

 

O problema são os pais. Uma pessoa precisa da colaboração dos pais porque interessar-se pelo estudo não é natural na maioria dos alunos e requer envolvimento dos pais. Só que muitos não colaboram.

 

* Seja porque estão sempre numa posição, não de educadores dos filhos mas de avogados de defesa, como se os professores fossem inimigos dos alunos. Nisso são influenciados pela tutela que apregoa o direito ao sucesso sem esforço e a inutilidade da experiência dos professores no percurso dos alunos. Também a maneira como todos os governantes e gente que vai à TV fala como se fossem especialistas de educação leva os pais a acharem que estão na mesma posição que os professores para perceberem o que é necessário fazer relativamente ao sucesso escolar;

* seja porque não estão para ter esse trabalho: educar dá trabalho, os miúdos resistem à ordem, é preciso dedicar tempo, insistir, ser coerente e persistente, saber ter autoridade sem ser autoritário, etc.; os pais nem sequer percebem que os filhos, na escola, estão incluídos num grupo-turma e que o grupo todo é influenciado pela maneira como cada um se comporta e age e que o fazemos tem que levar isso em conta.

 

É claro que há outros factores: as contradições da tutela que por um lado obriga a programas mostrengos com professores com excesso de turmas cheias a abarrotar; horários com tempo lectivo como se fosse não lectivo, obrigações inúteis, burocracias para controlar professores que roubam tempo, reformas que reduzem os currículos ao mínimo ou reformas imbecis que tratam os alunos como coitadinhos, a gestão sufocante e abortante das escolas deixada pela Rodrigues e muitos outros factores que são obstáculos ao nosso trabalho se levamos a sério os nossos deveres para com os alunos. São obstáculos, também, ao desenvolvimento e progresso dos próprios alunos e das suas potencialidades.

 

No entanto, mesmo no meio destas dezenas de reformas contraditórias e erradas, se os pais seguissem certos conselhos que lhes podemos dar acerca de como se conseguir o sucesso e colaborassem connosco influenciando os filhos, eles conseguiam ir onde nunca pensaram poder ir. A verdade é que muitos vão.

 

publicado às 10:00


'uma brincadeira'... a sério...?

por beatriz j a, em 05.11.18

 

 

Quando as escolas falham no dever de proteger os mais frágeis e de responsabilizar os agressores os pais dos não-agressores, mesmo que não sejam das turmas dos alunos em questão, devem juntar-se e não arredar pé até que se resolva o problema. Hoje em dia nenhuma escola quer ser sinalizada como escola com problemas disciplinares porque isso faz perder créditos junto do ME. Então varre-se tudo para debaixo do tapete. É assim que se desculpam e tratam como coitadinhos os alunos que não querem trabalhar (ninguém quer lidar com pais agressivos que ensinam aos filhos a auto-indulgência) e desvalorizam as queixas de maus tratos dos mais frágeis.

Quem é que tem segurança em mandar um filho para uma escola onde tem que defender-se como se estivera num pátio de prisão?

 

Uma aluna do quinto ano da Escola Básica (EB) de Vila Verde teve de receber tratamento hospitalar depois de, segundo a mãe, ter sido vítima "mais do que uma vez" de bullying por parte de outros alunos.

Com 12 anos, a menina tem necessidades educativas especiais (NEE). "A minha filha tem uma constituição física muito frágil e, no início do ano letivo, levava uma mochila com rodinhas para a escola porque não aguentava o peso dos livros", recordou a mãe.

 

 

A discriminação terá começado aí. "Havia colegas que gozavam com ela, tiravam-lhe a mochila e andavam com ela aos pontapés", referiu a progenitora. O facto de a criança ter 12 anos e frequentar o quinto ano de escolaridade terá sido também motivo "de gozo" por parte de outros alunos.

 

"Já detetámos algumas incongruências nos relatos que ouvimos. Abrimos um processo de averiguações, mas não está posta de parte a possibilidade de ter sido uma brincadeira que correu mal", disse ao JN Alberto Rodrigues, responsável pela Escola Básica de Vila Verde.

 

 

publicado às 11:40


❤️

por beatriz j a, em 22.06.18

 

 

Quando os pais dos alunos 🤤 nos mandam mensagens bonitas de encorajamento sabemos que fizémos alguma coisa bem feita .. 

 

publicado às 17:48


Criando gerações de príncipes e princesas

por beatriz j a, em 05.06.18

 

 

É por isso que acho que aquela campanha contra o tabaco, sendo completamente idiota, será imensamente eficaz porque apreende a realidade e a realidade é que uma quantidade ridícula de pais pensam e tratam as crianças como excepcionalismos com direitos a regalias (regalia vem de regal, que quer dizer, real, próprio dos reis) e desde que nascem só os tratam como princípes e princesas que devem viver uma permanente vida de sonho feliz e comportam-se como seus súbditos e advogados de defesa contra inimigos imaginários, os professores. Por conseguinte, vão rever-se nesta campanha.

 

 

publicado às 08:52

 

Escola inimiga da família

A variável determinante são as características de cada um: o desempenho escolar é pré-escolar, nasce com eles. (...) A escola é um pormenor: estes miúdos [os bons alunos] são bons alunos em qualquer parte do mundo e apesar de qualquer escola, ministro ou professor.

(...) O nosso sistema não sabe transformar um mau aluno num aluno médio e um aluno médio num bom aluno. Não tem tempo, não tem pedagogia, está soterrada em burocracia, está refém dos maus professores - é irrelevante os professores serem bons ou maus -, vive no sobressalto com as alterações nos currículos, metas e manuais.

 

Segundo esta mãe de família os bons alunos são-no por questões genéticas e os professores não têm nenhuma influência na sua progressão. Já os maus alunos ou médios dependem dos professores para progredir só que os professores são péssimos e as escolas também. Portanto, os maus e médios alunos não têm genes? As suas fracas capacidades, para usar o ponto de vista desta mãe que atribui aos genes as boas capacidades dos bons alunos, não têm origem genética e não são, como os dos bons alunos, indiferentes à qualidade dos professores? Se não podemos influenciar um bom aluno porque são os genes que o fazem ser bom como podemos influenciar um mau aluno se os seus genes o fazem ser mau(?), para usar o argumento desta mãe. Quer dizer que há seres humanos cujos genes são independentes de influências exteriores e seres humanos cujos genes são dependentes de influências exteriores?

 

O resultado é que hoje a escola é um dos principais senão o principal fator desestabilizador das famílias: um miúdo considerado mau aluno pela escola corre o risco de ser considerado mau filho pelos pais.

A culpa também é nossa, dos pais? Seria, se não fosse obrigação da escola adaptar-se à realidade das famílias em vez de serem as famílias a terem a obrigação de se ajustar à esquizofrenia do nosso sistema educativo.

 

Esta mãe acha que os pais que consideram os filhos maus por terem maus resultados na escola não têm que mudar a sua perspectiva, acha que os professores é que devem dar boas notas a todos, mesmo aos que não trabalham e nada fazem, para que os pais não tenham esse esforço de gostar dos filhos e apreciá-los enquanto seres humanos, apesar de terem maus resultados escolares.

E naturalmente os pais não têm culpa porque a escola é que tem que adaptar-se às famílias. Deixa ver, se a família tem pais alcoólicos a escola deve promover a ingestão de álcool; se há violência física e verbal nas famílias a escola deve adaptar-se e treinar os alunos para a violência física e verbal; se os pais são preguiçosos, não vão à escola saber dos filhos, não os ajudam em nada, a escola deve promover a preguiça e a falta de responsabilidade nos alunos e por aí fora? 

 

O que parece é que esta mãe teve uma angústia qualquer com as notas de um filho e como pode vociferar a sua fúria nos jornais é o que faz. Os pais de hoje vêm os filhos como clientes de uma empresa -a escola- que deve fazê-los felizes e transformá-los, como que por magia, em Einsteins, mesmo que os pais se demitam da sua obrigação de pais e só façam asneiras que estragam os filhos para o estudo como vemos em centenas de casos.

 

publicado às 19:59

 

 

... não abdicam dos seus direitos. Igualdade também é isto.

 

publicado às 06:46


Que grande descaramento!

por beatriz j a, em 22.12.17

 

 

Antes de ontem recebo um email de uma encarregada de educação sobre uma falta da filha aparecer injustificada. Não respondi porque estava em serviço de reuniões de avaliação e não no tempo de atender pais, sendo que o assunto não tem urgência nenhuma. Que diabo! Não estou ao serviço da escola e dos pais 24 horas por dia! Tenho um horário de trabalho, que diabo. Oa pais acham que dizem qualquer coisa e que nós vamos a correr tratar do problema deles a qualquer hora do dia ou da noite! Como não lhe respondi ao email (nem sequer podemos atender pais na última semana de aulas a não ser em situações urgentes) manda-me agora mesmo um email, muito mal educado, nem bom dia nem boa tarde, a exigir respostas. Pois acaba de levar uma resposta à letra, mas não a que ela queria. Que descaramento! Qualquer dia, nem no dia de Natal deixam uma pessoa descansar. Não há-de uma pessoa andar sempre stressada nesta profissão... qualquer dia deixo de dar o email aos pais porque as pessoas não têm consideração pelos outros.

 

Tags:

publicado às 12:39


Estes pais que nos tramam

por beatriz j a, em 13.12.17

 

 

Aparecem na escola, no início do ano, com ar desesperado a pedir ajuda para os problemas complicados dos filhos. Uma pessoa dá quinhentas voltas para arranjar ajuda para os miúdos, trata de tudo, liga para aqui e para ali... nas horas vagas porque não há horas atribuidas para estas coisas. Depois, sem mais nem ontem os filhos desaparecem da escola. Mandamos cartas, ligamos... nada. Obriga-nos a perder horas a combinar e fazer ARAs... passados dois meses vimos a saber que resolveu mudar de escola. Calculo que tenha lá chegado com a mesma conversa... enfim, a questão não é essa. A questão nem é a total falta de respeito por nós ao ponto de nem sequer se dar ao trabalho de dizer qualquer coisa. A questão é o exemplo que dão aos filhos de como se tratam os outros. Com exemplos destes não há educação para a cidadania ou para outra coisa qualquer que resulte...

 

Tags:

publicado às 18:23


Não somos imunes aos problemas dos outros

por beatriz j a, em 10.10.17

 

 

Às vezes sai-se das reuniões de pais com uma angústia daquelas que se sentem no estômago. Se eu não soubesse que o apêndice é do lado direito pensava estar com uma apendicite aguda. É nestas alturas que mais valorizo o conselho do meu médico que me disse uma vez que a dieta começa no supermercado. Se tivesse chocolates em casa, hoje iam todos de enfiada.

Confesso que nestes 30 anos de profissão a impressão que tenho dos pais é positiva. Já tive problemas com alguns porque há sempre gente mal formada mas são uma minoria. A grande maioria está preocupada com os filhos e tenta fazer o melhor que pode e sabe. Acontece que alguns miúdos estão em situações dramáticas porque a adolescência é uma terra alienígena, cheia de perigos inesperados e, acontece os pais não terem, nem recursos nem conhecimentos para lidar com os seus problemas, acontece estarem desesperados, impotentes, sem saber o que fazer, os hospitais públicos não dão resposta porque têm tempos de espera obscenos -falo de esperar 6 meses para se ser visto por alguém- e as escolas não têm respostas adequadas. Temos excesso de desemprego entre os psicólogos mas as escolas não têm psicólogos educacionais para acompanhar estes alunos, alguns dos quais precisavam de intervenção urgente. Aqui na cidade não existe urgência pedo-psiquiátrica, por exemplo. Se às vezes conseguimos ajudá-los é porque já trabalhamos há muito tempo no mesmo sítio e construímos uma pequena rede de contactos para estes casos mas as coisas não podiam depender de arbitrariedades. É revoltante.

 

O ME, os governos e todos os que tomam decisões e legislam porcarias atrás de porcarias e enfiam todo o dinheiro público na banca e nos saqueadores de dinheiros públicos, estão-se todos nas tintas para os alunos que, no entanto, são o futuro do país. As únicas pessoas que se preocupam com eles são os pais e nós, professores, que lidamos com os adolescentes numa base diária e não somos imunes aos problemas deles e das famílias.

 

publicado às 22:12

 

 

 

publicado às 14:21


Estes pais que nos tramam

por beatriz j a, em 29.08.17

 

 

Hoje fui ao hospital levar uma vacina. Estávamos lá umas nove pessoas na sala de espera quando entra uma mulher com o filho. O miúdo, com cerca de cinco anos, vinha com um jogo electrónico com o som altíssimo, uma música e uma voz tipo Mário, completamente irritante. Sentou-se numa mesinha de apoio em vez de sentar-se na cadeira, a falar à bebé (dizia 'fomiga' em vez de formiga e a mãe não o corrigia - isto é tão nocivo para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento) com o jogo, sempre altíssimo. A mãe chamou-o, disse que não ia. Levantou-se a mãe e foi dar-lhe um iogurte à colher como se fosse um bebé, ela de joelhos no chão, ele a virar a cabeça. A mãe como se nada fosse.

Como não me cabe a mim educar pais mas aquilo estava a incomodar-me imenso -mais a atitude da mãe que a do puto- levantei-me e fui esperar para o corredor onde não o ouvia. Passados cinco minutos já estávamos seis no corredor. O puto ia-nos expulsando da sala, um a um.

São estes pais que nos tramam: quando este miúdo chegar a uma sala de aulas só vai dar problemas em virtude de ninguém lhe ter ensinado competências básicas de sociabilidade ou lhe ter incutido um mínimo de regras e disciplina, alguma resistência à frustração...; enfim, quem se trama é o professor que o apanhar porque vai ter que trabalhar contra a mãe para o educar minimamente nessas áreas, muito antes de o poder instruir. Agora imagine-se uma turma com uma mão cheia destes...

 

publicado às 14:52

 

 

Um colega que fez, com outros, uma visita de estudo fora do país, de vários dias, com alunos de várias turmas do 11º e 12º anos contava-me há tempos que, tendo o grupo chegado, no regresso, às quatro da manhã ao aeroporto, os pais, à medida que iam chegando e recolhendo os filhos, comportaram-se como se os professores não estivessem presentes: nem boa noite, nem obrigada, nem uma pergunta qualquer de circunstância ou cortesia, do género, 'então correu tudo bem'... nada, népias, nicles, niente. Dizia-me ele, 'foi como se fôssemos invisíveis'. Chegavam, levavam os filhos sem se aproximar, sem nos olhar sequer... uma mãe que chegou muito atrasada de modo que já só lá estava o filho mais os professores, que a esperavam, não podendo ignorá-los, disse 'boa noite', agarrou no filho e andor.

Fiquei chocada a ouvir isto. Quer dizer, eu sei que as pessoas não fazem ideia do que é organizar uma visita de estudo de vários dias, fora do país, com actividades a preencher os dias, com intervenções pedagógicas preparadas para cada actividade e tudo pensado para prevenir que alguma coisa possa correr mal, sendo que se corre, mal, a responsabilidade é dos professores. Também não sabem que os professores em visita de estudo não têm direito a subsídio de almoço (o ministério deve achar que não é trabalho) e que muitas vezes têm que repôr as aulas como se não estivessem em trabalho. (É um sacrifício que eu, por exemplo, não faço. Faço visitas de estudo de um dia: ir de manhã, vir à tarde ou à noite. Mesmo assim fico sem o subsídio de refeição desse dia como se não precisasse de comer.) Eu sei que não sabem, nem pensam nisso mas, mesmo assim, acho uma falta de consideração e de educação tremendas. 

De modo que... às vezes os filhos são como são porque os pais são como são.

 

 

publicado às 17:12

 

 

Elle attaque ses parents en justice pour des photos d'elle sur Facebook

 

Esta rapariga austríaca pôs um processo aos pais por 500 fotografias dela partilhadas por eles no FB: nua no berço, na retrete, a mudar as fraldas, na rua, na escola, aqui e acolá... a rapariga fala de vergonha, falta de limites, falta de respeito e direito à privacidade...

Quando os pais se esquecem que os filhos não são coisas mas pessoas e não são sua propriedade privada mas pertencem a eles mesmos.

 

 

publicado às 14:44


What a cool dad 😀

por beatriz j a, em 04.08.16

 

 

Um pai editou as brincadeiras do filho.

 

 

publicado às 09:12


Férias e TPCs

por beatriz j a, em 27.03.16

 

 

Quando os TPC se transformam num pesadelo em tempo de férias

 

Mandar trabalhos para férias é um contra-senso porque as férias, são, justamente, um tempo de pausa no trabalho.  

Nas férias desenvolvem-se actividades ligadas ao lazer, à arte, à descoberta, à família, tão importantes como as do tempo de aulas. Não quer isso dizer que não se possa consolidar aprendizagens, mas terão de ser realizadas de um modo diferente e lúdico, apropriado ao tempo de férias. Por exemplo, lembro-me de comprar para o meu filho, quando andava na escola primária, uns livros de pintar que mandavam pintar metade de qualquer coisa, ou um terço... quer dizer, para pintar qualquer coisa tinha que ler-se umas instruções simples que obrigavam a fazer uns cálculos ou a ler e perceber uma certa história, etc. Pode-se ler uma história todas as noites com os miúdos antes de dormir para manter vivo o gosto pela leitura. O xadrez é fantástico para desenvolver o raciocínio, o cálculo, a estratégia, a intuição. Pode-se inventar jogos, como por exemplo, quem é que vê mais matrículas de carros cujos dois primeiros números somem 'x' ou jogar à forca que desenvolve a linguagem... há dezenas de actividades que podemos fazer com os miúdos e que os obrigam, sem perceberem, a utilizar aprendizagens escolares. E, quando são mais velhos, há outros jogos e tarefas que podemos fazer nas férias. Cabe aos pais fazerem o seu papel de promotores de actividades nas férias. Agora, o que não podemos é desvirtuar as férias com trabalho escolar. As férias não são um direito reservado apenas aos adultos como se as crianças  e os jovens fossem imunes ao cansaço, ao stress, à ansiedade, etc.

 

 

publicado às 11:24


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.



Arquivo

  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2018
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2017
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2016
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2015
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2014
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2013
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2012
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2011
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2010
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2009
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2008
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D


subscrever feeds


Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Edicoespqp.blogs.sapo.pt statistics