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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Lembrei-me de rever esta conversa entre estes sete homens, brancos e negros, que teve lugar no dia 28 Agosto de 1963, o da grande marcha pelos direitos civis em Washington D.C, o dia do discurso de M. L. King. E lembrei-me desta conversa depois de ter lido uma notícia que dá conta de uma lei polaca desta semana segundo a qual, quem usar o termo, 'campos de morte polacos' com referência ao Holocausto, pode ir preso até três anos. É que esta conversa é notável pela razão de que estes homens falam de si próprios e do seu país com honestidade.
Acho que é a conversa mais honesta que já vi pessoas terem sobre o seu próprio país. Fazem-no com consciência dos erros e com vontade de fazer melhor mas reconhecendo os seus erros e integrando os erros na própria narrativa de busca de soluções. Quase sempre os países, até os pequenos como o nosso, têm excesso de vaidade e de necessidade de vestir uma máscara para controlarem a imagem que dão. Resulta quase sempre no oposto. Que benefício tiraram os soviéticos de apagarem Trotsky das imagens com Lenine? Mas enganou alguém porventura...?
Quando fui a Berlim, uma das coisas que me impressionou foi ver por todo o lado, muito pedagogicamente, exposições, fechadas e ao ar livre, monumentos, chamadas de atenção por todo o lado, do que foi o passado nazi. Achei admirável e lembro-me de pensar, 'se fossemos nós, portugueses, tínhamos tudo pintado com uma camada espessa de tinta opaca e mentíamos com os dentes todos, como aliás fazemos com os treze anos de guerra e os 500 de colonialismo em África, sendo que continuamos a dizer que somos diferentes dos outros, que somos um povo de bons costumes...'
Um deles diz, 'esta marcha não se poderia fazer em mais nenhum país senão aqui (estamos em 1963) mas também nenhum país precisa dela como nós.' Esta frase mostra a consciência da urgência de mudança sem renegar o país e os seus valores.
Esta conversa é inspiradora, nesse sentido em que vemos isso mesmo, que é possível pessoas de boa vontade juntarem-se e falarem a uma só voz, sem negarem os valores do seu país mas sem esconderem os erros. Ora, o que umas pessoas fazem, outras também podem fazer e, isso é que é inspirador.
Como diz um deles, a liberdade, não são os governos que a dão, é o povo que a dá.
[uma coisa que se nota é que as mulheres estão sempre ausentes, como coisas invisíveis, dos discursos dos direitos humanos feitos pelos homens... é uma tristeza... talvez 2017 tenha sido 1963 para os direitos das mulheres, para que se comece a reconhecer que somos seres humanos com direitos iguais aos dos outros tal como vem escrito na Carta dos Direitos Humanos Universais]
Os portugueses não estão muito dispostos a lutar pelo seu país mas não acredito que seja por reconhecerem alguns erros como os japoneses e os alemães; é mais por preguiça.
Tenho cá um livro com histórias de quando o Napoleão invadiu a Península e nós chamámos os ingleses. Assim que eles vieram muitos esqueceram-se da guerra e começaram a organizar almoçaradas e jantaradas para orientar as filhas para os oficiais ingleses (ou vice-versa). Depois até mandavam a conta aos ingleses que foram queixar-se que tinham gasto imenso dinheiro a vir com as tropas para Portugal para nos defender e nós ainda tínhamos o descaramento de lhes cobrar a comida... de modo que as nossas razões para não ir combater devem ser mais prosaicas...
links nas imagens
Gallup-International’s-global-survey-shows-three-in-five-willing-to-fight-for-their-country
The 2016 Global Peace Index, put together by the Institute for Economics and Peace, recently measured the safety and peacefulness of 163 countries according to "23 qualitative and quantitative indicators." After indicators such as terrorism impact, perception of criminality, and political instability were taken into account, Iceland was found to be the world's safest country for the sixth year in a row.
10. Slovenia - 1.408
9. Japan - 1.395
8. Canada - 1.388
7. Switzerland - 1.370
6. Czech Republic - 1.360
5. Portugal - 1.356
4. New Zealand - 1.287
3. Austria - 1.278
2. Denmark - 1.246
1. Iceland - 1.192
"Face ao negativismo que diariamente se difunde na comunicação social e nos discursos não deixa de nos trazer algum conforto sabermos que apenas 26 países do mundo são mais prósperos do que Portugal, num mundo que tem mais de 190 países", considerou." (Cavaco Silva 14 de Novembro de 2014)
... então, gostava que alguém me explicasse: para onde [quem] vai o dinheiro, porque está tão mal distribuído e porque é que há tanta família na pobreza?
E em relação ao crescimento da economia, Bruxelas dá como garantida uma revisão em baixa dos -2,3% deste ano, devido ao agravamento do desemprego e à deterioração da situação económica nos países para onde Portugal exporta: "Parece garantida uma revisão em baixa do crescimento anual para 2013".
Como quem olha para doentes terminais com vontade de os abandonar ali e desligar as máquinas da sobrevivência. Falta de honestidade e coragem políticas de mudar os rumos e de apostar na união equilibrada.
Vi um documentário sobre desastres ambientais gerados por políticas de ganância, de competição e de guerra. No coração da américa latina um país decidiu apostar na educação e na preservação do ambiente: a Costa Rica.
Enquanto à volta os países desflorestam, poluem e fazem a guerra, a Costa Rica aboliu o exército a 1 de dezembro de 1948 e é o único país do mundo que não tem exército. Em contrapartida apostou no crescimento sustentado. Tem crescido lentamente, sem ostentações mas também sem desequilíbrios e continuamente.
Ocupa o quinto lugar à nível mundial na clasificação do Índice de Desempenho Ambiental de 2012 e o primeiro lugar entre os países do continente americano. É o primerio país do mundo no ecoturismo, tem um indíce de desenvolvimento humano invejável e ocupa o primeiro lugar no índice do Índice do Planeta Feliz
Em 2007 o Governo da Costa Rica anunciou planos para converter-se no primeiro país do mundo neutral em carbono para o ano 2021, quando completar seu bicentenario como país independente.
Isto, é o que chamo coragem política. É o que falta no continente europeu e, em Portugal, muito particularmente, onde se investe para ficar no fim da lista do índice do desenvolvimento humano e no índice de felicidade. A educação é uma 'desaposta' nacional.
República do Sudão do Sul. Um país novinho, acabadinho de nascer como Estado independente. Que desafio e que oportunidade excitante. E têm petróleo e potencial agrícola, logo, têm riqueza para se fazerem um país positivo.
Com os documentários em saldo na Amazon inglesa, fui às compras, pela net, claro. Fiz uma pesquisa pelos documentários e escolhi meia dúzia. Uns escolhi pelo fascínio em relação a determinados sítios, ou 'coisas', como o documentário da Joanna Lumley que percorre o Nilo desde a foz à nascente visitando países e culturas que viveram do rio e existem por causa dele - a visão da Etiópia foi uma surpresa completa! E a nascente do rio, também. Quando pensamos na força do rio, nos grandes lagos e cataratas, nas civilizações a que deu vida...e tudo a partir dum fio de água num chão lamacento.
Comprei outros sobre países, culturas ou momentos históricos em relação aos quais tenho curiosidade mas que conheço mal, quer dizer, as minhas ideias acerca deles são confusas, falta-lhes coerência e ligação.
Comprei um sobre a História da Índia. Começa com as origens, antes ainda da civilização Egípcia, com os Árias e os Vedas, antes da língua escrita mas já com tradição oral e vai avançando no tempo contando e mostrando a evolução dos impérios da Índia como resultado de trocas culturais, misturas e sínteses: os invasores, os comerciantes, as dinastias, os grandes reis, as religiões, etc. Fabuloso. Estive a vê-lo hoje.
Uma das coisas que percebemos, para além da antiguidade daquela cultura é o modo como ela se inventa e reinventa a partir da sabedoria dos seus ilustres antepassados: Chandragupta, Buda, Kanishka, etc.
Fiquei ainda com mais vontade de lá ir. Ficamos com a sensação que todas as culturas são uma. Divide-as o sítio e o clima que as molda, une-as os ânseios e aspirações que são os mesmos, por todo o lado. O poder e a riqueza corrompe-as, o conhecimento, a liberdade e a consciência eleva-as e enriquece-as. Ficamos com uma impressão de universalidade mal compreendida pelos líderes e todos aqueles que na sua intolerância destroem em vez de construir.
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