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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Começando pela ordem inversa porque o artigo tem imensa afirmação gratuita que dá trabalho a desmontar.
Não sou sindicalizada, já o disse aqui várias vezes; não por não ser a favor de sindicatos fortes, que o sou, mas por não ter encontrado, até agora, nenhum sindicato que represente os professores. Aliás, já me fez falta mais que uma vez em que tive que representar-me sozinha ou recorrer a advogado em duas queixas que fiz, uma na DGE e outra na IGEC, que deram em nada, diga-se de passagem, que essa gente está toda feita para se cobrirem uns com os outros... mas adiante... apareceu agora um sindicato -o STOP- que é apartidário, cuja direcção são professores no activo e que está efectivamente a representar os professores e decidi que é um bom sindicato para me representar porque gosto da posição que defendem e do modo como a têm defendido, com transparência e seriedade e também penso que temos que lhes dar força, uma vez que os outros sindicatos representam-se mais a si mesmos que a nós e desbaratam, sem escrúpulos, o esforço das dezenas de milhares de professores que lutam pelos seus direitos mais básicos.
A minha esperança é que muita gente se filie neste sindicato e lhes dê força suficiente para que se tornem uma voz principal. Ficou visto com a força e adesão desta greve convocada aos anos de exame pelo STOP contra a vontade dos outros sindicatos, que os professores não se sentem representados pelos sindicatos tradicionais. Aqueles que passavam o tempo a dizer que 130 mil professores andavam às ordens do Nogueira, agora que viram os professores aderir com esta força e convicção a uma luta contra a vontade do Nogueira, estão estranhamente em silêncio... é um silêncio que diz tudo...
Estes sindicatos, há muito que deixaram de ser representativos -gostava de saber ao certo quantos sócios têm- e é preciso termos representantes que lutem por nós e por uma educação livre e de qualidade.
Quanto à 'luta inglória dos professores', apenas dizer duas ou três coisas: o autor pergunta-se como é que os professores perderam prestígio e estatuto e adiante três causas: 1. a massificação do ensino, sem condições para tal, no pós 25 de abril; isto é verdade, só que já passaram mais de quarenta anos e já não estamos no pós 25 de abril de modo que a questão deveria ser, 'porque não houve interesse em criar essas condições?'
Pessoalmente, estou convicta, embora sem dados que o sustentem, que o desinteresse dos governos pela profissão se deve ao facto de ser uma profissão maioritariamente de mulheres e, como tal, ser encarada como uma espécie de serviço menor de tomar conta de crianças que qualquer um pode fazer (aliás, este é o termo que, sintomaticamente, os dirigentes usam quando se referem aos alunos, na sua maioria adolescentes e jovens adultos), serviço associado mais a talentos materno/vocacionais que a critérios específicos de cientificidade pedagógica. Daí a desvalorização e até desprezo que mostram pela profissão e a abundância de opiniões completamente ignorantes sobre o tema: é que encaram os professores como uma espécie de extensão das mães/donas de casa que educam os filhos, só que num local próprio e não em casa. É a mesma razão que leva os dirigentes a desprezar a profissão de enfermagem: é uma profissão de mulheres, no imaginário das pessoas, 'anjos da guarda dos doentes', pessoas maternais que tomam conta de doentes.
2. os sindicatos terem partidarizado as lutas dos professores em vez de lutarem por essas melhorias - aqui estou inteiramente de acordo e é fácil citar factos que o mostram, desde logo a constante cedência de condições e salários dignos em troca benefícios em causa própria;
e, finalmente, 3. como consequência, as lutas dos professores estarem hoje 'totalmente deslocalizadas e desfocalizadas dos objetivos centrais da educação, das escolas e dos próprios professores.' Esta última frase nem tem sentido quando fala de 'lutas deslocalizadas' (que quer isto dizer? luta-se no local errado?) e erra quando diz que as lutas não se focam nos objectivos centrais da educação. Os professores lutam por muita coisa, desde reduzir o número de alunos por turma, democratizar a gestão da escola, reduzir a burocracia e aumentar o tempo de preparação lectivo, ter formação gratuita e dentro do horário de trabalho, etc. Mas estas lutas são um assunto separado do direito básico de não ser obrigado a andar a trabalhar para o boneco durante dez anos para que os políticos possam dar o dinheiro a banqueiros.
Ora, uma coisa são as condições de trabalho outra é o próprio direito a que se reconheça que as pessoas existiram durantes dez anos enquanto trabalhadores que cumpriram com os seus deveres. Ou este senhor, que não sei o que faz na vida, aceitaria como normal que o seu chefe o pusesse no tempo de há dez anos a ganhar o que então ganhava e lhe dissesse, 'olha, aqueles dez anos que trabalhaste, pois esquece-os, é como se tivesses hibernado'. Ahh..., já sei, na opinião do articulista, ele tem uma carreira porque tem mérito mas os 130 mil professores são todos medíocres sem mérito que não merecem carreira... aliás, o senhor fala muito na má qualidade dos novos professores só que esquece que quem está nas escolas somos nós, os antigos professores, porque a carreira está fechada a sangue novo e não deixam as pessoas reformar-se de modo que este seu argumento vale zero.
Quanto a isso do mérito (Os professores pertencem às escolas e às suas comunidades. É aí que ganham, ou não, prestígio e estatuto. É aí que devem ser avaliados e promovidos, ou não), sabendo nós como as escolas estão politizadas -a gestão da Rodrigues tinha esse objectivo- e ainda mais vão ficar quando as puserem no poder local e, sabendo nós como funciona o mérito na política, o que se anuncia é cada vez mais o sacrifício dos inocentes às mãos dos favores dos arregimentados políticos. Uma avaliação de professores tem que ser outra coisa diferente das avaliações de managers porque a escola é um local pedagógico mas já falei sobre isso noutros posts.
Quanto ao último parágrafo (As boas escolas do ensino superior são um bom exemplo. A carreira dos docentes é o resultado do que investigam, do que investem e dos resultados desse investimento. Não há hoje nenhuma razão para que as escolas dos primeiros níveis de ensino não adotem o mesmo figurino.) é não ter mesmo noção da realidade. No ensino superior os professores dão 6 ou 8 horas de aulas por semana e é por isso que têm tempo para investigar. Nós damos 16, 20, 22 ou mais horas de aulas por semana. Temos uma data de turmas de crianças ou adolescentes e jovens que requerem uma supervisão e acompanhamento que os alunos do ensino superior não precisam. Para além disso fazemos horas e horas infindáveis de serviço na escola desde dar apoios, atender pais, alunos, burocracias sem fim, planear visitas de estudo, exposições, concursos, projectos disto e daquilo... olhe, se conseguir que o ministro o oiça, peça-lhe para nos reduzir o número de turmas e de alunos por turma e aumentar o número de horas para trabalho e desenvolvimento pessoal. Por mim agradeço. Quanto ao resto, era bom que falasse dos assuntos com conhecimento ou dados que o sustentem visto estar a escrever num jornal nacional.
Porque é que os professores perderam prestígio e estatuto, em contraciclo com o aumento da escolaridade obrigatória?
A variável determinante são as características de cada um: o desempenho escolar é pré-escolar, nasce com eles. (...) A escola é um pormenor: estes miúdos [os bons alunos] são bons alunos em qualquer parte do mundo e apesar de qualquer escola, ministro ou professor.
(...) O nosso sistema não sabe transformar um mau aluno num aluno médio e um aluno médio num bom aluno. Não tem tempo, não tem pedagogia, está soterrada em burocracia, está refém dos maus professores - é irrelevante os professores serem bons ou maus -, vive no sobressalto com as alterações nos currículos, metas e manuais.
Segundo esta mãe de família os bons alunos são-no por questões genéticas e os professores não têm nenhuma influência na sua progressão. Já os maus alunos ou médios dependem dos professores para progredir só que os professores são péssimos e as escolas também. Portanto, os maus e médios alunos não têm genes? As suas fracas capacidades, para usar o ponto de vista desta mãe que atribui aos genes as boas capacidades dos bons alunos, não têm origem genética e não são, como os dos bons alunos, indiferentes à qualidade dos professores? Se não podemos influenciar um bom aluno porque são os genes que o fazem ser bom como podemos influenciar um mau aluno se os seus genes o fazem ser mau(?), para usar o argumento desta mãe. Quer dizer que há seres humanos cujos genes são independentes de influências exteriores e seres humanos cujos genes são dependentes de influências exteriores?
O resultado é que hoje a escola é um dos principais senão o principal fator desestabilizador das famílias: um miúdo considerado mau aluno pela escola corre o risco de ser considerado mau filho pelos pais.
A culpa também é nossa, dos pais? Seria, se não fosse obrigação da escola adaptar-se à realidade das famílias em vez de serem as famílias a terem a obrigação de se ajustar à esquizofrenia do nosso sistema educativo.
Esta mãe acha que os pais que consideram os filhos maus por terem maus resultados na escola não têm que mudar a sua perspectiva, acha que os professores é que devem dar boas notas a todos, mesmo aos que não trabalham e nada fazem, para que os pais não tenham esse esforço de gostar dos filhos e apreciá-los enquanto seres humanos, apesar de terem maus resultados escolares.
E naturalmente os pais não têm culpa porque a escola é que tem que adaptar-se às famílias. Deixa ver, se a família tem pais alcoólicos a escola deve promover a ingestão de álcool; se há violência física e verbal nas famílias a escola deve adaptar-se e treinar os alunos para a violência física e verbal; se os pais são preguiçosos, não vão à escola saber dos filhos, não os ajudam em nada, a escola deve promover a preguiça e a falta de responsabilidade nos alunos e por aí fora?
O que parece é que esta mãe teve uma angústia qualquer com as notas de um filho e como pode vociferar a sua fúria nos jornais é o que faz. Os pais de hoje vêm os filhos como clientes de uma empresa -a escola- que deve fazê-los felizes e transformá-los, como que por magia, em Einsteins, mesmo que os pais se demitam da sua obrigação de pais e só façam asneiras que estragam os filhos para o estudo como vemos em centenas de casos.
... que defende que a escola não é sítio para demonstrações de carinho (vê-se mesmo que não sabe o que é uma escola... está cheia de adolescentes que namoram e o mais que fazem é andar de mão dada ou aos beijos pelos cantos - os alunos passam seis ou sete horas por dia na escola e não estão sempre em actividade lectivas de modo que nos tempos livres têm direito a prosseguir as actividades normais da adolescência, entre as quais, namorar, sem serem perseguidos pela polícia dos costumes que esta senhora defende), que os adolescentes terem ido para a escada gritar palavras de ordem, do género, 'abaixo a homofobia' é uma manifestação 'tremendamente violenta' (será que acha as manifestações de adultos, na rua, contra os governos, 'tremendamente violentas'?), que ninguém deve fazer coisa alguma que ofenda ou aborreça os outros na escola (??? se nunca incomodarmos ninguém não há inovação nem mudança social) e que a tutela devia impôr normas de conduta (quer adolescentes e professores amestrados, obedientes e burrinhos inofensivos? ou quer importar a polícia dos costumes do Irão?), que devia ser proibido o confronto de opiniões porque temos que ser 'fazedores de paz' (portanto, os que lutaram e confrontaram a ditadura, seriam no seu entender, mal educados e anti-pedagógicos???) e, nunca, nem uma única vez, se refere ao facto de duas raparigas terem sido repreendidas, não por beijarem mas por se beijarem uma à outra, como se isso não fosse um acto anti-pedagógico e agressivo. Como é que um canal de TV leva lá uma pessoa desta estirpe, com o título de especialista, dando a entender que a sua opinião tem uma qualquer cientificidade?
No meio de isto tudo a mulher ainda arranja tempo para criticar os professores que não trabalham para além dos seus deveres e do que se espera deles... onde foram desencantar esta pessoa e, para quê?
link na imagem
Neste artigo o autor apresenta as suas ideias como verdades absolutas e depois diz coisas como, 'quem é a favor do mérito tem que concordar comigo', ou, só não concorda que isto é a justiça quem nasceu em berço de ouro e tem medo de perder o dinheiro e tal... pois, talvez seja uma novidade para este senhor mas, nem as suas ideias são verdades absolutas, nem são a encarnação da justiça só porque ele as pensa com força e convicção.
Na realidade, em todo o artigo, ele não consegue argumentar o seu ponto de vista da tributação como moralmente justa ou como um benefício social, quer dizer, no sentido de criar uma sociedade com mais justiça. Não, o que ele faz é uma petição de princípio baseada na ideia de que ninguém devia ter vantagem por nascer numa família com posses e que é justo que todos sejam iguais.
Acerca da igualdade, acho que John Ralws já mostrou à exaustão ser uma ideia que provoca maiores injustiças que aquelas que quer corrigir. Daí que ele defenda a equidade e não a igualdade.
Acerca da meritocracia, se ela existe como princípio social, dá a todos condições de possibilidade de acesso a uma boa vida, isto é, meritocracia implica que uns merecem mas que outros não merecem...
Eu não sou contra a tributação para grandes fortunas de milhões porque me parece que essa fasquia, a existir, põe um freio na ganância desmedida (já que a partir dum certo valor não podem ficar com ela) e, por consequência, na exploração e outros males que vêm com ela.
Um milhão não me parece uma grande fortuna. Se uma pessoa morre e deixa oito filhos e vinte e cinco netos, um milhão não é uma enorme fortuna dividido por todos. Aliás, mais que tributar a herança, o que seria meritório era incentivar com estratégias a que as pessoas com grandes fortunas dessem periodicamente, parte das fortunas para causas sociais.
O que não me parece bem é pôr este imposto, 'tout court' de qualquer maneira só porque há quem não pense profundamente e ache que a ideia é justa porque sim.
Eu não tenho fortuna... o meu patrão paga-me mal e gasto muito dinheiro em livros. No entanto, imagino a seguinte situação como possível: estudei e fartei-me de penar para tirar um bom curso com boas notas e arranjar uma boa profissão daquelas onde se ganha bastante dinheiro em que me farto de trabalhar. Vou progredindo e ganho bastante bem. Sou uma pessoa poupada e durante os trinta e cinco anos ou lá o que é de trabalho, que sempre cumpri com zelo, pagando os meus impostos e levando uma vida frugal, consegui amealhar um milhão de euros. Tenho um hipotético filho. [passo a fazer parte do tal 1% tão demagogicamente criticado porque quando se fala disso parece que todos que fazem parte do 1% têm milhões desonestos, tipo tio Patinhas e levam uma vida de fausto quando nem sempre é o caso]
É lógico que nesta situação hipotética quero deixar o resultado da minha vida de esforço e trabalho ao meu filho e não ao Estado, a quem já paguei impostos sobre impostos de tudo e mais alguma coisa. O facto de ter amealhado esse hipotético milhão, não faz com que o meu hipotético filho seja um lorpa sem mérito que não trabalha e vive à conta do dinheiro da mãe dele. Pode acontecer que seja uma pessoa séria, meritória e muito trabalhadora.
O que gostava de dizer com isto é que as coisas são muito mais complicadas do que este indivíduo quer fazer parecer: o que ele quer fazer parecer é que o dinheiro deve ser distribuído igualmente sem nenhum critério.
Eu sou professora. A quantidade de alunos que têm todas as oportunidades e que as não aproveitam é em maior quantidade do que sou capaz de dizer. Não têm paciência para estudar, querem divertir-se, arranjam todos os pretextos para não fazer as coisas, enganam os pais, enganam os professores e acabam em trabalhos sem grande futuro... quando se fala na sociedade como uma divisão entre os coitados que nascem sem oportunidades e os sortudos que têm tudo, está a fazer-se uma falsa dicotomia. Há muita gente no intervalo desses dois e há muita gente que desperdiçou todas as oportunidades que teve e fez más escolhas de vida.
Sim, sou a favor de se construir uma sociedade mais equitativa, o que implica o Estado não desperdiçar o dinheiro em amigos, em clientelismos, em privilégios, em sociedades de advogados... mas aplicá-los na construção duma escola pública de qualidade pois é aí que começa a sociedade equitativa. Também sou a favor de se tributarem grandes fortunas como meio de desmotivar uma acumulação ganaciosa de dinheiro. Agora, defender que a pessoa que trabalha e poupa é igual à que não trabalha e não poupa e que não podemos deixar aos nossos filhos o que tanto nos custou a ganhar porque o outro que não aproveitou nenhuma oportunidade e fez péssimas escolhas de vida tem filhos e quer que os filhos tenham acesso ao dinheiro da outra que trabalhou?? Assim, sem mais? Só porque este senhor acha que isso é justiça?
Não digo que não haja argumentos a favor da tributação que ele defende mas não serão os que ele usa: que é justo porque sim, que é sensato porque todos vêem que sim, que lá fora também se faz, que é a esquerda a fazer e porque até pode não servir para nada mas aplica-se o dinheiro na escola pública gratuita... [O que têm feito aos nossos impostos?]
Só mesmo os que possam ser directamente afectados é que se recusarão a reconhecer a justiça e sensatez deste objectivo, diz o autor, ou seja, quem não está de acordo comigo, é rico e, ou, não tem sensatez. Grande argumentação, sim senhor. Eu não sou uma coisa nem outra e apesar disso não concordo com ele.
[Tenho que levar este artigo cheio de falácias para as aulas do 11º ano porque estou justamente a dar a argumentação e as falácias da lógica informal e o artigo está cheio delas. Choca-me a falta de qualidade intelectual das pessoas que opinam em jornais nacionais. Se estivessem a escrever num blog... uma pessoa pode dizer disparates, mas num jornal... eu se escrevesse num jornal tinha imenso cuidado em não falar sem fundamentação adequada. Os meus alunos andam a preparar defesa de teses que vão ter que argumentar na aula. Mas algum deles se atrevia a apresentar argumentos do género, 'isto é asim porque assim é que é justo, porque sim e quem não concordar connosco é porque não é sensato...?]
Um caso paradigmático de contra-informação, ou a interrupção involuntária, por via administrativa, de uma gravidez viável.
Sobre a garota que está grávida, vítima de violações do padrasto, aos 12 anos de idade, este indivíduo, depois de fazer uma série de especulações sobre a interrupção da gravidez ter sido feita contra a vontade da garota (?), faz considerações sobre a gravidez ter que ser levada até ao fim, sendo viável, o que para ele significa, não há a certeza de a mãe ou o feto virem a morrer ou, talvez, ficarem com deficiências graves (?), sendo que defende que a vida humana começa logo na concepção, esquecendo-se que a da mulher já está aí e não é apenas uma projecção abstracta, mas enfim... O que noto quando estes indivíduos falam destas questões -e nem estou a falar destes argumentos facilmente rebatíveis- é que não têm a mais pequena ideia do que seja uma gravidez porque falam dela como se fosse equivalente a uma mulher ter ali uma espécie de um implante durante uns meses, de modo que acham incompreensível que, não havendo risco de vida, ela não esteja disposta a andar uns meses com ele... é que pelo modo como falam vê-se que não percebem as transformações dramáticas e irreversíveis que as mulheres sofrem, física e psiquicamente, com uma gravidez. E se numa gravidez desejada ou pelo menos não indesejada, essas transformações são orientadas num sentido positivo e enriquecedor, numa gravidez traumática, indesejada ou odiada, mesmo, têm consequências devastadoras e podem significar a destruição da pessoa. Nestes sermões contra as mulheres -aqui contra os médicos que decidiram e agiram em benefício da garota- as próprias mulheres nunca são consideradas... sabemos que as mulheres são pouca coisa para a tradição eclesiástica e que a maior virtude delas é serem reprodutoras de modo que negarem-se à 'quasi-única' utilidade que têm que é a de parir...
Acabo de ler uma entrevista tão desapontante... não estava à espera.
... mas não... deixa-os lá ficar bem doentes que depois remediamos com apoios... não sou contra os alunos terem apoios, bem pelo contrário mas preferia que em primeiro lugar se tomassem as medidas que evitam que os alunos cheguem ao ponto de precisar de apoios. Mas essa não que isso custa dinheiro. E depois, quando fosse necessário sacar mais uns biliões para pagar a crise onde se iria buscar...?
Ontem aquela luminária que escreve livros a dizer que é preciso inventar novos professores escreveu um artigo a explicar aos professores de Português como devem dar os Lusíadas à maneira que ele 'gosta' [como se isto fosse uma espécie de bacalhau à moda do senhor] e que é a maneira como a dona Zulmira que foi professora dele há 60 anos dava a obra... e diz que os alunos não gostam dos Lusíadas porque os professores são maus e os alunos aborrecem-se.
O que me aborrece são estas pessoas que do lado de fora deste sistema insano em que se transformaram as escolas para se poder despedir e poupar dinheiro [o que passou e passa pela degradação constante dos professores e do seu trabalho] em vez de lutarem pelas medidas que previnem e diminuem os casos de chumbos (mas se calhar o que interessa não é os alunos aprenderem de facto mas apenas mudar a estatística nem que seja à custa de os passar em cursos de...deixa ver... navegar no Facebook, por exemplo) passem o tempo a dizer o que 'gostam' e o que 'querem' segundo as últimas modas - os mesmos que não fizeram o que 'deviam' quando tiveram o poder de o fazer, em grande parte porque têm um enorme desprezo pela profissão de professor que acham ser uma profissão para gente que não soube ter sucesso, isto é, não soube ser um fura-vidas e ganhar dinheiro.
Alguns são mesmo grandes responsáveis pelo estado da educação actual como essa Rodrigues e este Crato que também passa o tempo a dizer o que 'quer'. Porque a escola existe para satisfazer os 'quereres' e 'gostos' e 'opiniões' desta gente toda de sucesso, especializados em ser viajantes do planeta que dão duas voltas ao mundo em 80 dias, estes especialistas em saber quantos engenheiros havia em mil novecentos e troca o passo e em pagar milhares e milhares de euros a pessoas para tirar fotocópias e ordená-las pelo sistema alfabético ou algo assim.
O que me aborrece é que não se calem de uma vez por todas!
Se as turmas não estivessem a abarrotar de alunos, os professores a abarrotar de turmas e de trabalho burocrático inútil, se calhar faziam melhor trabalho, os alunos chumbavam muito menos e não havia professores sem turmas...
É evidente, nas palavras de Gorbachev, a pena que tem na desintegração da URSS. Esta maneira de pensar típica dos políticos de países habituados à expansão agressiva explica o estado actual de coisas no mundo. Ele não atribui importância às populações ou à História dos povos, apenas aos líderes e aos seus interesses.
Specifically, if you look systematically at the international evidence on inequality, redistribution, and growth — which is what researchers at the I.M.F. did — you find that lower levels of inequality are associated with faster, not slower, growth. Furthermore, income redistribution at the levels typical of advanced countries (with the United States doing much less than average) is “robustly associated with higher and more durable growth.” That is, there’s no evidence that making the rich richer enriches the nation as a whole, but there’s strong evidence of benefits from making the poor less poor.
But how is that possible? Doesn’t taxing the rich and helping the poor reduce the incentive to make money? Well, yes, but incentives aren’t the only thing that matters for economic growth. Opportunity is also crucial. And extreme inequality deprives many people of the opportunity to fulfill their potential.
Think about it. Do talented children in low-income American families have the same chance to make use of their talent — to get the right education, to pursue the right career path — as those born higher up the ladder? Of course not. Moreover, this isn’t just unfair, it’s expensive. Extreme inequality means a waste of human resources.
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