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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
... não é muito diferente do antigo: trabalhar até morrer... e chamam-lhe 'empreendorismo'... eu chamo-lhe escravatura interiorizada; assim como o o povo da Coreia do Norte adora genuinamente os líderes que os mantêm cativos e em estado de menoridade mental submetendo-se-lhes em tudo, também estes jovens adoram genuinamente, como ídolos, as grandes empresas e os chefes que os escravizam, cativos que são de um conto de fadas sobre o sucesso, o eldorado e o dinheiro/poder, ao ponto de negarem a vida. Qualquer coisa está muito mal nesta organização social.
Um rapaz novo que conheço, que acabou o curso e trabalhava há dois anos numa firma multinacional despediu-se no verão passado. Disse-me que trabalhava tanto que houve uma altura que teve que esteve em trabalho em Cabo Verde e que nas duas semanas que lá esteve nem uma única vez viu o mar, sendo que passou o tempo todo enfiado num escritório a trabalhar mais de doze horas por dia. Quando chegou a Lisboa caiu na cama doente de exautão física e mental. Disse-me que trabalhava sempre assim, a correr duma cidade para outra, sempre em excesso de horas de trabalho e que a certa altura começou a reparar que as festas a que ia só tinham pessoas do trabalho; foi ao casamento do chefe e os convidados eram só pessoas do trabalho; na realidade deixou de ver os amigos e já só se dava com pessoas do trabalho, viva no trabalho. Despediu-se do trabalho... é um risco, sim, mas o maior risco é o de ficar preso a um trabalho de escravo durante anos e dar por si a ter desperdiçado a vida sem viver ou, até, morrer pelo trabalho como os desta notícia. No entanto, é para essa meta que se educam os jovens: enfiá-los numa universidade com ifluência para depois arranjarem trabalho numa grande firma, para trabalharem em excesso durante anos a correr duns países para outros e a cenoura é uma ideia de sucesso pré-concebida.
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O Twitter de Mita tem várias referência a longas horas de trabalho, muitas delas com a “hashtag” #AgencyLife. “Duas da manhã, noite de sexta-feira e estou no escritório, mordendo ‘junk food’ com outros nove criativos”, partilhou a jovem em Outubro.
Em Agosto de 2013, um estagiário de 21 anos do Bank of America em Londres morreu após ter, alegadamente, trabalhado 72 horas seguidas.
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