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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Este pequeno filme é fascinante! Oliver Sacks, o genial médico neurologista virou recentemente a sua atenção para a música, para a sua relação com o cérebro, para o modo como influencia alguns disturbios mentais e como pode contribuir para o melhoramento de outros. Isto interessa-me no âmbito da neurociência, da paixão que tenho pela música e porque já há uns anos que sou adepta da 'imusic' - há muitos anos que sei, por experiência própria, da capacidade da música afectar o estado de espírito, a concentração, a criatividade, etc. Mas isso não interessa. Interessa a experiência a que ele aqui se sujeita.
Para saber da reacção do cérebro à música fazem-lhe dois 'scans' ao cérebro enquanto ouve duas peças de música, uma de Bach (compositor que adora desde pequeno) e outra de Beethoven (que não adora). No primeiro teste, ele diz claramente que adorou a peça de Bach enquanto a de Beethoven o deixou frio. E a verdade é que o cérebro dele o confirma, pois que ao ouvir Bach o cérebro reconhece-o e activa todas as áreas, enquanto que ao ouvir Beethoven está com quase nenhuma actividade.
O interessante é o que acontece no segundo 'scan' que lhe fazem, porque ele não conhece as peças, não distingue sequer qual é a do Bach e qual é a do Beethoven, e não gostou de nenhuma particularmente. Ora, o que é fascinante é que o cérebro dele reconheceu imediatamente a peça do Bach e activa-se todo com ela, enquanto que a peça do Beethoven pouca actividade gerou.
O que a mim me parece extraordinário é a constatação de que, se calhar, nós somos mais que um cérebro em funcionamento, somos mais que umas centenas de biliões de neurónios e sinapses, somos mais que a soma das partes e não podemos reduzir-nos ao argumento materialista da consciência. Pois senão como seria possível que o 'eu' do Oliver Sacks não coincidisse com a actividade do seu cérebro?
Et pourtant...cest ce qui se passe...A sua consciência e o seu cérebro não estão em consonância e o cérebro parece funcionar com automatismos a que a consciência não parece estar sujeita. Isto levanta claramente o problema da consciência livre, do materialismo e do mecanicismo cartesiano.
Fascinante!
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