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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Os exames são o único obstáculo a esta escola inclusiva? Dificilmente. Não são deus nem o diabo do sistema educativo, são apenas um instrumento desadequado nas atuais circunstâncias. Provocam estreitamento curricular, uniformizam o ensino, são um retrato pobre de uma educação que serve para mais do que aprender a ler e a contar.
De facto, neste ensino, não servem para nada:

A caricatura não é tão exagerada quanto parece. Por exemplo, aqui há duas semanas ou isso apareceu uma notícia alfaiate com título enganador, segundo o qual Nunca o abandono escolar foi tão baixo e de 12,6% em 2017, Portugal conseguiu reduzir para 11,8% a taxa de abandono precoce da educação e formação, um valor nunca antes alcançado. No entanto, quem está nas escolas sabe que no 7º ano houve um projecto de ninguém chumbar mesmo com negativa a todas as disciplinas, 50% de faltas e até permissividade para ter 3 faltas disciplinares... ou o outro caso da directora de uma escola aqui perto da cidade que a todos os professores, pelo menos de Matemática, não sei se outras disciplinas também, que dêm mais de 10% de negativas têm logo as aulas assistidas para pressionar a passar toda a gente. E muitos outros casos do género. Isto não é um ensino inclusivo, isto é um logro que pagaremos caro, enquanto país.
O diretor da OCDE para a Educação, Andreas Schleicher, já identificou o sistema de exames nacionais ligado ao acesso ao ensino superior como um dos “principais problemas” do sistema educativo português. E alertou para a dificuldade de conciliar “dois mundos”, o do ensino para os exames e o outro, que privilegia a aprendizagem em torno de projetos e o trabalho colaborativo.
Ahh, pronto... se o director da OCDE disse isto temos que ir já fazer o que ele diz porque ele tem a Verdade sobre a educação...
Começa logo por falar no ensino que inclui exames e no do trabalho colaborativo como se fossem dois mundos diferentes e difíceis de conciliar quando sempre fizeram parte do mesmo mundo e todos os dias o conciliamos, enquando atravessamos as reformas mais ou menos imbecis das equipas ministeriais que se sucedem umas às outras bem como os directores da OCDE que se sucedem uns aos outros e até as comentadoras que não percebem nada de educação mas não se privam de dar palpites como se fossem especialistas.
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