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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
A influência do padrão de vida dos pais no futuro dos filhos é transversal a todos os países da OCDE, mas é mais intensa nos países do sul da Europa, que têm sociedades mais desiguais e barreiras de classe difíceis de transpor.
Em Portugal, um filho de um pai licenciado tem menos 50% de probabilidades de se ficar apenas pelo ensino secundário, ao contrário de um colega cujo pai tenha o nono ano.
O ambiente na escola é outro factor importante nos resultados dos alunos - Portugal cai no grupo de países em que o ambiente escolar (a diversidade social de alunos, por exemplo) tem um peso semelhante ao da família, não conseguindo inverter a lotaria social.
Que o padrão de vida dos pais influencia as expectativas dos filhos, já sabíamos.
Que o nível académico dos pais influencia as expectativas e a prestação escolar dos filhos, já sabíamos.
Que escolas diferenciadas pelo nível sócio-económico dos pais perpetua a diferença de classes e condiciona a mobilidade social, já sabíamos.
O que também sabemos é que:
Para inverter este caminho é preciso prover a escola pública de meios capazes de diminuir a diferença de contextos entre alunos.
A escola pode atenuar as diferenças proporcionando aos alunos o que eles não têm em casa: contexto culturalmente rico, exigente nas expectativas, apostado no desenvolvimento;
A escola, ou melhor, a educação, nos moldes do que é dito atrás, custa dinheiro: é cara;
A escola pública tem sido palco de drenagem de capital económico e humano ao contrário da escola privada que, apesar de ter já vantagens à partida, tem sido apoiada pelo Estado.
Sabemos que ninguém no país dos governantes quer gastar dinheiro com a educação pública e fazem de conta que não sabem que estão a condenar as gerações futuras a uma perpetuação da pobreza.
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