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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Por acaso gostava mesmo muito que as coisas corressem bem. O secretário de estado João Costa foi aluno da minha escola. A mãe dele foi lá professora desde a fundação da escola até se reformar há uma dúzia de anos. Uma pessoa e professora muito respeitada, uma excelente colega com quem sempre me dei bem e por quem tenho amizade. De modo que, gostava mesmo que as coisas corressem bem. Sei que ele é uma pessoa de valor no seu campo de especialidade e que é uma pessoa séria e de bem. No entanto, isso não muda as minhas expectativas relativamente ao ministro, ao que ele pode fazer e à falta de experiência da equipa em questões da educação básica e secundária e ao contexto de estarem num governo de companheiros de copo e de cruz do Socas. Mas enfim, vamos esperar para ver.
Joaquim Homem de Gouveia, um de jovem de 15 anos (...) O que ele não percebe mesmo é porque é que as escolas colocam tanta pressão sobre os alunos. “Não entendo porque fazem isso. Estão sempre a falar do que vem e do que pode vir no exame”, exclama.
Não percebe? As escolas pressionam os alunos porque o MEC as pressiona, porque o ministro não fala em outra coisa e porque podem ser penalizadas por causa das notas de exames.
Hélder de Sousa não hesita em considerar ser esse “o maior erro que se comete em matéria de prática de sala de aula”...
Mas que frase tão reveladora! O MAIOR ERRO? Lá está como o MEC e suas instituições põe os exames à frente de tudo que até pensa que o maior erro nas aprendizagens tem que ver com a preocupação com exames. Nesta frases vê-se que não fazem ideia do que é uma sala de aula numa escola de ensino básico e secundário...
Mas aponta outra via, mais trabalhosa e, aparentemente, mais consequente, cujo objectivo seria as escolas darem prioridade à identificação das competências-padrão necessárias para os alunos serem capazes de processar a informação em qualquer contexto.
Mais trabalhosa, é uma maneira subreptícia de insinuar que os professores preferem o que dá menos trabalho... "Competências que permitem processar a informação em qualquer contexto": isto é uma maneira tortuosa de dizer, ensinar a não stressar no contexto de exame. Pois, os professores devem deixar de dar matéria obrigatória para fazer Yoga e outros exercícios de relaxamento com os alunos... talvez se o MEC não passasse a vida a falar dos exames e só desse importância aos exames [os alunos estão atentos às notícias sobre os exames, sabe?] não houvesse esta pressão.
A proposta comporta uma autêntica ruptura na mudança de mentalidades [aqui insinua-se que o problema é a mentalidade dos professores... para variar...] em toda a comunidade escolar, que teria de ser capaz de sacudir a pressão e não ter medo de enfrentar conclusões adversas [portanto, aqui reduz-se o problema dos exames a professores que têm medo de enfrentar consequências adversas...].
A avaliação minuciosa dos conhecimentos dos alunos nos vários domínios, analisar a evolução dos seus resultados ao longo do ano [os professores avaliam os alunos mas a avaliação não é sempre em forma de teste de exame porque isso é anti-pedagógico e redutor. No entanto, dada a importância que o exame assume na nota final dos alunos e entrada para a universidade, tem que lhe ser dada proridade. Por isso, muitos, mas muitos testes, têm que ser feitos exactamente com a estrutura do exame pois de outro modo, os alunos chegam ao exame e perdem imenso tempo a perceber como devem mobilizar os conhecimentos e técnicas para responder áquela estrutura de teste. Ao contrário do que este senhor diz, não há respostas absolutas independentes dos contextos, nem técnicas universais que sirvam para quaisquer contextos. As respostas, as técnicas e as soluções têm que adequar-se aos contextos em causa. Daí que os professores se preocupem com o treino do contexto de exame para que os alunos não sejam surpreendidos. Tanto isto é assim que o IAVE -antes GAVE- divulga com antecedência a matriz e a estrutura de exame, coisa que este senhor muito bem sabe...] e, sobretudo, ensiná-los no que está mal aprendido requer tempo.
E é por isso que não se entende a proposta agora feita pelo Conselho das Escolas ao Ministério da Educação de fazer uma pausa no meio do primeiro período de aulas. Quando toda a gente se queixa, inclusivamente os professores, de falta de tempo para dar as matérias e quando já existem tantas férias escolares, esta é uma ideia ao arrepio de todas as exigências. E que não abona nada a favor da imagem das escolas.
Requer tempo, sim, mas a falta de tempo não está em os professores ou os alunos terem férias a mais. A segunda fase de exames acaba em vinte e tal de Julho, portanto, para imensos alunos, o ano lectivo já acaba quase no fim de Julho. O problema da falta de tempo está na dimensão das turmas, dos programas e na sua incoerência, na quantidade de papelada burocrática inútil que produzimos, no número infindável de reuniões inúteis que se fazem no básico e que deixam as pessoas exaustas.
Por exemplo, a carga horária dos programas de Biologia, Física e Psicologia (e não sei se mais outros) do 12º ano foi reduzida em um terço das aulas e os programas que já eram enormes, não foram mexidos, de modo que esperam que os professores dêem os mesmos programas, e com qualidade, com menos 33% de aulas...?
Não há coerência nem políticas na educação: há a obsessão com os exames, obsessão em poupar dinheiro na educação, obsessão com a instrumentalização da educação e obsessão em acusar os professores para se livrar de responsabilidades.
Eu e muitos milhares de professores estamos à espera de um ministro e outros responsáveis da educação que tenham uma política para a educação e, também, um pouco de responsabilidade. Experimentam tudo à balda. Nós fazemos tudo, todas as ideias que as mentezinhas do MEC inventam:
- Agora é preciso fazer mais 3 reuniões por semana: nós fazemos;
- Agora é preciso produzir mais 20 relatórios por período: nós fazemos;
- Agora é preciso passar a usar materiais interactivos: nós fazemos;
- Agora é preciso passar a ter mais seis alunos em cada turma: nós fazemos;
- Agora é preciso fazer formações inúteis: nós fazemos;
- Agora é preciso... etc, etc., etc.... nós fazemos tudo, alteramos tudo, adaptamo-nos a tudo e depois as coisas não funcionam. Ao MEC não lhe passa pela cabeça que talvez esteja a fazer qualquer coisa muito mal. Não! Pois se eles são excelentes a pensar 'coisas'. O mal tem que ser sempre dos professores. Só que as pessoas começam a não acreditar nisso porque toda a gente vê que os professores têm sido pau para toda a obra e fazem tudo. E na realidade o abandono escolar baixou, os alunos portugueses melhoraram os resultados nos PISA.
Mas da parte do MEC, cada vez têm mais poder e retiram autonomia aos professores para fazerem tudo à maneira pessoal do senhor ministro x ou y e de seus ajudantes e é o que se vê... fazem as coisas mal e atiram a responsabilidade para cima dos professores.
Quem não se lembra dos testes intermédios que faziam parar duas semanas de aulas a meio do 2º período para nada? E o PET este ano que roubou aulas a disciplinas? Com ameaças aos professores que foram obrigados a faltar às suas aulas e tudo, para organizarem um exame inútil de inglês ao serviço de uma instituição estrangeira.
As aulas servem para tudo, retiram-se aulas aos programas, os professores podem ser colocados em Novembro como aconteceu o ano passado, as escolas estão com ambientes péssimos por causa das implementações do MEC mas depois o problema são os professores terem muito descanso?
Aliás, porque é que continuamos sem saber quem são as pessoas que fazem os exames nacionais? Têm medo das consequências adversas?
(o que explica muita coisa)
Candidato a delegado de Educação mora com o presidente do júri
De acordo com o Ministério da Educação, mesmo que o candidato Eduardo Fernandes não decidisse desistir após o contacto do i – na passada quinta-feira – não haveria impedimentos: “Não há qualquer ligação familiar ou que motive pedido de escusa entre o Sr. Director-Geral de Estabelecimentos Escolares enquanto presidente do júri colegial e qualquer candidato no processo concursal.”
10 mil docentes sem emprego e escolas em risco de não começar o ano a tempo
Li que as rescisões na função pública vão deixar de fora as autarquias... need I say more? É claro que isto vai sobrar para os professores, como é costume.
Hoje cheguei à escola e dei de caras com um colega contratado que esteve lá no ano passado, no meu grupo; por um momento insano pensei que ele tinha ficado lá outra vez. Perguntei-lhe. Ele riu-se... da minha estupidez, acho. Respondeu que não, que os contratados estão à espera que saiam as listas agora em Setembro. Foi à escola buscar papéis, mas, por ora, está desempregado. Dá aulas já há muitos anos. 'Somos descartáveis', disse-me ele.
Eu é que tenho mau feitio, dizem-me colegas, mas queria ver alguém dizer que estava enganada quando me chateei com o resultado da greve de Junho. Tantos dias de greve, para quê? O que fizeram os sindicatos com todo esse esforço colectivo? Serviu para quê? Para ficar tudo na mesma: desemprego, desemprego, desemprego, mais horas de trabalho, menos salário, menos autonomia, menos tudo... Lindo serviço.
A educação está a duas velocidades. De um lado, o ritmo do novo ministro, Nuno Crato, que até ao fim deste mês irá informar as escolas das alterações que pretende introduzir no próximo ano lectivo; do outro, o calendário da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE), que impõe aos estabelecimentos de ensino prazos para decidirem sobre a organização curricular.
Hostilizar as pessoas com quem se trabalha... começar o mandato dizendo que vai acabar com a máquina da qual depende para fazer o trabalho... essas coisas não se anunciam... parece a outra que começou o mandato a hostilizar os professores enquanto pedia para serem excelentes...acabou a ter que fabricar estatísticas vazias de sentido...
Consta que o Ministério da Educação está a atrasar a colocação de milhares de professores até Outubro para não ter de lhes pagar o mês de Setembro.
É deste modo que o primeiro ministro e o das finanças entendem o crescimento de riqueza do país...
I. José Sócrates, o propagandista-que-por-acaso-é-o-nosso-primeiro-ministro, lançou por aí uns foguetes pedagógicos depois de ver um relatório da OCDE sobre a educação. Consta que a educação em Portugal melhorou. Pois claro, com um ministério da educação a fabricar falsas estatísticas através do facilitismo, eu aposto que Portugal ainda vai passar a Suécia. As nossas crianças não sabem escrever ou fazer uma simples conta, mas, força Sócrates, tu consegues .
II. Mas, enquanto a Ministra Alçada apanhava as canas do eng., outras pessoas fizeram outras contas. Por exemplo, Paulo Guinote viu aqui uma coisa: os professores portugueses trabalham mais 100 horas do que a média europeia. Não são 10. São 100. Eu não percebi se estas horas são apenas horas passadas nas salas de aula ou se já incluem as horas infindáveis que um professor gasta a preencher papéis e fichas para o ministério.
III. Em todo o caso, interessa fixar isto: se o excesso de trabalho fosse em prol dos alunos, o problema não seria grave. Mas, na verdade, o excesso de trabalho dos professores representa trabalho escravo, representa a subalternização do professor em relação aos pedagogos do ministério da educação. Como já escrevi 1234 vezes, o nosso maior problema é este centralismo do Ministério da Educação. E esse centralismo autoritário (e herdeiro de Salazar) é visível na forma como Lisboa controla as escolas no Fundão, Faro ou Bragança. Um absurdo intolerável. Mas este absurdo intolerável não se vê apenas nesta parte burocrática e administrativa. Também se vê na parte pedagógica. Os desgraçados dos professores têm de preencher fichas e fichinhas intermináveis. Para quê? Para que os pedagogos centralistas controlem tudo. Para que a senhora ministra tenha dados bonitinhos para apresentar à OCDE. Resultado? Sempre que se fala com um professora, a desilusão é sempre a mesma: "eu não sou uma professora, sou uma burocrata do ministério".
IV. Um partido que pretenda, de facto, resolver este assunto tem de atacar os pedagogos do ministério e não os professores que estão nas escolas. Temos de tirar poder ao ministério. Temos de dar esse poder às escolas e aos professores. É preciso retirar poder a estes pedagogos pós-moderninhos que têm mestrados e doutoramentos naquela pseudo-ciência (ciências da educação? É assim que se diz?) e que têm, acima de tudo, um cartão da cor política certa. Quantos boys and girls vivem nas catacumbas do ministério da educação? Quantas horas os professores perdem a preencher as fichinhas dos boys and girls que andam a destruir o futuro dos jovens portugueses há duas ou três décadas? Sem poder sobre o ministério, os professores nunca vão conseguir fazer aquilo que têm de fazer: ensinar sem facilitismo
Eu e as colegas de grupo tivémos durante uma série de anos um sistema de aulas de apoio a funcionar na escola que teve sempre um sucesso de 100%.
A coisa funcionava assim: no fim do ano lectivo e no início do seguinte cada uma de nós, nas suas turmas, fazia um levantamento dos alunos que precisavam de apoio e que tipo de apoio. Geralmente eram uns 4 por turma o que dava cerca de 30 e tal alunos no total. Distribuíamos esses alunos em grupos que nunca podiam exceder os 6 elementos (o limite máximo para que o trabalho resultasse) e algumas de nós ficavam com um ou mais grupos com os quais trabalhava 1 vez por semana.
Essas aulas de apoio tinham fichas de diagnóstico e de trabalho próprias e planificação própria. Havia alunos do 10º ano que só precisavam de ajuda para entrar dentro da lógica de funcionamento da disciplina, que é muito diferente do que estão habituados nas outras, de modo que ao fim de um mês podiam sair do apoio; outros tinham dificuldade com um tema em particular: a maior parte tinha problemas relacionados com a Língua Portuguesa -a Filosofia é subsidiária desta- mas mesmos estes tinham problemas diferenciados porque alguns só não sabiam realizar determinadas operações, como problematizar ideias, justificar, confrontar, fazer um comentário, etc., e outros tinham problemas estruturais. Só estes últimos é que frequentavam as aulas durante todo o ano. Os outros, assim que atingiam o que considerávamos necessário para acompanhar as aulas curriculares com proveito saiam do apoio e davam lugar a outros.
Falávamos entre nós todas as semanas porque nem sempre ficávamos com os nossos próprio alunos por questões de compatibilidade de horários. Fazíamos relatórios orais umas às outras sobre os progressos, dificuldades e problemas que detectávamos nessas horas de trabalho quasi-individual. Como eram poucos, os alunos acabavam por ganhar proximidade connosco e partilhar problemas que muito nos ajudavam a ajudá-los e criavam uma relação de confiança que os motivava.
No final do ano fazíamos um relatório pormenorizado com os alunos que tinham frequentado as aulas, as notas ao longo do ano, a percentagem da eficácia do trabalho com base na progressão das notas, incluindo a nota da prova global de escola. Sempre 100% de sucesso.
De ano para ano enriquecíamos o dossier das fichas de trabalho e de diagnóstico e fazíamos acertos no trabalho.
Isto durou até à Lurdes Rodrigues. O Conselho Executivo tinha autonomia para autorizar que as aulas de apoio fossem incluídas no nosso horário e nós tínhamos autonomia para as gerir como entendíamos melhor para os alunos.
No ano em que a Rodrigues chegou ao ministério mandou que os professores se enchessem de turmas para poupar dinheiro de modo que todo o trabalho de apoio passou a ser não lectivo, ou seja, trabalho voluntário...é claro que acabámos com isso porque aquilo dava um trabalhão e não é coisa que se faça de borla, para aquecer.
Agora os alunos têm dificuldades e nós não temos autorização para ajudar em moldes que produzam resultados...é assim...a educação -não rasca- custa dinheiro.
Acabo de vir da 'reunião da norma 2', como lhe chamo. A reunião geral de professores para as informações dos exames. De ano para ano cresce o absurdo. Este ano as novidades são as regras que dizem que devemos inspeccionar os lenços dos alunos(!) (tipo, alguém espera mesmo que eu vá ver o conteúdo que foi deixado nos lenços??!! A segunda é uma regra não-regra: devemos avisar os alunos que faltam 10 ou 15 minutos para tocar mas cuidado porque depois os alunos podem queixar-se de que lhe cortámos o raciocínio!!! LOL Isto dá-me logo vontade de dizer uma coisinha que não vou dizer...
Há muito que os exames deixaram de ser um espaço/tempo pedagógico para se tornarem num espaço/tempo judicial, onde os alunos são, supostamente uns espertalhões, copiadores profissionais e nós temos de ser os polícias do giro.
É verdade que hoje em dia temos que estar sempre alertas com isso porque a cultura do copianço está tão interiorizada que mesmo os bons alunos, se nos vêem afrouxar a guarda caem logo na tentação de copiar. É uma chatice. Passo-me com isso.
Hoje de manhã levei um quarto de hora a descobrir de onde tinha sido copiado um trabalho. É claro que vejo logo que o que ele escreve não é dele: eu sei como cada um dos alunos pensa, o tipo de frases que costumam utilizar, o nível de linguagem e raciocínio, a cultura, etc., de modo que quando um miúdo do 10º ano me escreve num trabalho que 'a dicotomia claro-escuro tem uma referência classicista própria dos contrastes onde os jogos de luz se abrem em cruz....', etc., eu topo à légua que não foi ele que pensou aquilo: ele nem sabe ao certo do que está a falar! Enfim...fiquei tão chateada que perdi a vontade de corrigir o resto dos trabalhos.
Um aluno, que é bom aluno, dos que mais intervem, e bem, nas aulas. Copiou com requinte. Foi copiar de um site inglês e deve ter usado o google translate, não sei. O que sei é que não foi a primeira coisa que me lembrei e perdi imenso tempo a encontrar o site que serviu para o copianço e perdi demasiado tempo com um trabalho só.
Mas isto para dizer que durante o ano os alunos copiam que nada acontece na maior parte dos casos e é aceite como coisa normalíssima -não vinha ontem no jornal que uma mãe esbofeteou uma professora por a filha ter sido apannhada a copiar?- e depois chega-se aos exames e até temos que ver os lenços dos alunos!
Isto parece-me estar tudo um bocado ao contrário..
Nas últimas semanas, o humor do ministério da educação começou no grau de exigência das provas de final de ano. Numa prova do 6.º ano, os alunos foram confrontados com este desafio brutal: ordenar palavras por ordem alfabética. Repito: a prova era para o 6.º ano. Uma prova de matemática, também do 6.º ano, tinha perguntas complicadas como esta: "quantos são 5 + 2?". Tal como disse a sociedade portuguesa de matemática, 14 perguntas deste teste de aferição do 6.º ano poderiam ter sido respondidas por alunos da primária. Em nome das suas estatísticas, os pedagogos da 5 de Outubro estão a destruir qualquer noção de empenho e rigor. Isto até seria cómico, se não fosse realmente grave.
II. Há dias, o humor chegou à própria arquitectura das escolas. Um génio da "Parque Escolar" decidiu que a sala de aula já não pode ser o centro da escola, porque isso representa o passado, porque isso representa um ensino centrado, imaginem, no professor. A "Parque Escolar" quer "uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos" . Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que uma escola não é um campo de férias. Alguém tem de explicar à "Parque Escolar" que o centro da escola é mesmo o professor. O aluno está na escola para aprender.
III. Já agora, aproveitando esta onda de humor involuntário produzida pela pedagogia pós-moderna, eu queria deixar uma proposta à "Parque Escolar" e ao ministério: que tal acabar de vez com o professor? Que tal substituir o professor por babysitters? Porque nesta escola "moderna" os professores são isso mesmo: babysitters. Uma salva de palmas para a 5 de Outubro.
O Governo aprovou hoje em Conselho de Ministros uma proposta de lei de alteração ao Estatuto do Aluno, tendo em vista a criação de condições de “maior segurança, tranquilidade e disciplina na escola” e o “reforço da autoridade”.
Esta proposta de lei, que não foi ainda divulgada pelo Ministério da Educação, é discutida no plenário do Parlamento a 28 de Abril, juntamente com outros diplomas da oposição sobre a mesma matéria.
A ministra explicou ainda que as provas de recuperação, actualmente realizadas pelos alunos que ultrapassam os limites de faltas, serão substituídas por “medidas de apoio pedagógico diferenciado”.
Adiantou também que a “expulsão” não integrará o novo Estatuto do Aluno, já que esta medida “não assegura o direito à Educação”.
No meio da confusão do concurso dos contratados vai ser aprovada a revisão do Estatuto do Aluno que vem desresponsabilizar completamente os alunos dos maus comportamentos e falta de assiduidade, já que o excesso de faltas injustificadas vai obrigar o professor a dar-lhes 'apoio diferenciado' (explicações?), as atitudes e comportamentos não são consideradas aprendizagens, pelo que um aluno, desde que tenha umas classificações positivas está à vontade para fazer tudo, mas tudo, o que quiser pois a palavra expulsão desaparece do dicionário: ou seja, um aluno pode ser traficante de droga ou matar alguém que continuará, na opinião desta ministra que começa a parecer ainda mais incrível que a outra, a ter o 'direito' à educação.
O título da notícia é a maior mentira que já se viu. À descarada. Vêm aí tempos ainda piores do que os que estamos a viver.
«Nunca existiu nenhum compromisso da parte do Ministério da Educação no sentido de que a avaliação do desempenho docente não fosse um dos critérios a tomar em consideração para a graduação profissional para efeitos do concurso», disse o secretário de estado Adjunto e da Educação.
«É perfeitamente normal que haja matérias nas quais há sintonia e outras em que não há ou em que o nível de concordância é menor».
«As sociedades democráticas são assim mesmo. Os governos existem para governar. Há decisões que merecem o apoio generalizado da população, há outras que não merecem essa mesma aprovação tão generalizada», sublinhou.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. A primeira frase contraria tudo o que a Fenprof andou a dizer durante a lua de mel. A segunda era uma frase que a Mº Lurdes Rodrigues costumava dizer... e nem digo mais nada, porque isto não cheira nada bem.
Foi uma semana de tensão. Já aumentava o burburinho na blogosfera quando, terça-feira, a Fenprof reagiu, fazendo o ministério publicar uma nota em que admitia "aperfeiçoar" o concurso. Mas isso foi insuficiente para os sindicatos, que aumentaram a pressão, conseguindo o apoio dos grupos parlamentares da oposição ao PS. Foi neste contexto que, ontem, a ministra radicalizou o braço-de-ferro, quebrando o silêncio para garantir que a avaliação conta, mesmo, para a graduação nas listas de candidatos, a este e a futuros concursos.
Ao menos tirou a máscara. Já não é possível, agora, fingir que está tudo bem e que a ministra é amiga e que nada é como no tempo da outra. Enquanto têm a máscara não sabemos ao certo com o que podemos contar e do que nos temos que defender. Agora já sabemos.
Esta ministra está lá para acabar o servicinho da outra e o resto é conversa.
A ministra anunciou também... ...Afirmou pretender anular a repetência, que considera "um mal que gera conflitualidade" e anunciou que o regime de faltas não irá comprometer a frequência de ano.
Lista de coisas a acabar, para evitar conflitualidade:
1-Tribunais.
2. Ministério da Educação.
3. Governo.
4. Oposição.
5. Meios de comunicação social.
6. Pais e filhos.
...
P
As duas confederações que representam os pais e os encarregados de Educação pedem ao Governo e aos sindicatos dos professores para chegarem a um acordo sobre a carreira e a avaliação, porque as escolas precisam de “tranquilidade”.
Consideramos que existem boas condições para se chegar a um acordo e é isso que desejamos, para que a tranquilidade regresse às escolas e os professores se concentrem no trabalho na sala de aula”, afirma o presidente da CONFAP, Albino Almeida, em declarações à Agência Lusa.
O responsável sublinha que o Governo tem procurado, durante o processo negocial, ir ao encontro das questões que mais preocupavam os sindicatos, como a divisão da carreira.
Todos os dias temos de ver pessoas com responsabilidades na educação a dizer mentiras como este Albino.
Os pais querem tranquilidade? Também nós queremos.
Queria poder voltar a trabalhar com tranquilidade.
Queria poder concentrar-me nos alunos.
Queria poder trabalhar num ambiente sem desconfiança entre colegas.
Queria trabalhar numa escola onde nada faltasse aos alunos.
Queria trabalhar numa escola onde os alunos não fossem premiados por serem faltosos.
Queria trabalhar com uma tutela que não desprezasse a educação e os professores.
Queria poder trabalhar numa escola onde nenhum professor fosse espião do colega.
Queria poder trabalhar sem que me roubassem o tempo de serviço.
Queria poder trabalhar sem ser prejudicada por não ser submissa.
Queria poder trabalhar sem ter que pagar o mateiral de trabalho: pc, papel, tinteiros, canetas, pastas, lápis, calculadoras, livros, cdroms, filmes, leitores de DVD, pilhas para comandos, visitas de estudo de alunos, etc.
Queria poder trabalhar numa escola com instalações com um mínimo de dignidade.
Queria poder trabalhar com turmas mais pequenas.
Queria poder trabalhar numa escola com uma gestão democrática.
Queria poder trabalhar em paz e tranquilidade.
Queria isso tudo sim, mas não a qualquer preço. Não se o preço for a industrialização da educação e o quebrar da espinha aos professores com o objectivo de sacrificar a escola pública, fazendo dela uma fábrica de cidadãos de segunda categoria.
Não se o preço for a liberdade do ensino, a qualidade da educação.
Já investimos e pagámos muito para chegarmos aqui a esta situação de, pelo menos, terem de nos ouvir, e não despacharem os professores como se fossem insectos que se esmagam com a sola do sapato. Já pagámos muito e não podemos deitar esse esforço fora.
Continuo a achar que os professores foram a única classe profissional que se dispôs a dar o corpo ao manifesto contra o despotismo e a corrupção e pelo futuro deste país.
Não vamos pagar qualquer preço. Queremos águas tranquilas mas não inquinadas.
Mas o documento de 11 páginas redigido pelo gabinete do secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Ventura, abre a porta à negociação com os sindicatos.
A maioria dos dirigentes sindicais só está à espera da última ronda para pedir um prolongamento das negociações. Ou então recomeçar a guerra nas escolas e nas ruas.
O que está na proposta é péssimo. Continua a castigar os que mais trabalham para não deixar matar a escola. Agora até cria um corpo de professores/inspectores dos colegas, corpos inúteis cuja única missão é chatear os colegas e gerar a revolta pela injustiça.
Aqui há dois anos atrás, quando a outra ministra ia de vento em popa com o apoio de tudo quanto era político, numa reunião em que se falava da avaliação e de ter de se fazer portfolios e aulas assistidas e entrevistas e tudo, uma colega perguntou à coordenadora: mas como é que é isso? Há momentos de avaliação fora das aulas para avaliar do trabalho extra-curricular? A resposta da coodenadora foi: o avaliando (repare-se que já não é o colega) deve considerar-se sempre em observação de avaliação desde que entra na escola até que sai. Pois, pois...vai ser assim...desde que entramos na escola que somos perseguidos por ex-colegas, agora uma espécie de inúteis inspectores dos seus ex-pares. Que serão, concerteza, os agora titulares, isto é, em regra, não os melhores, mas os mais sebosos, como é costume nestas coisas. Isto é tudo tão revoltante e estúpido e inibidor da qualidade do ensino...
Como não é possível que as equipas do ministério não saibam e não percebam que este sistema é um caminho de destruição do ensino público, só podemos concluir que é esse mesmo o objectivo.
Espero que os sindicatos não peçam prolongamento de negociações, porque isto não tem nada a ver com negociações.
Aliás, ao fim de um mês o ministério ter apresentado uma proposta contrária à resolução aprovada no parlamento que pedia a pacificação das escolas, a alteração dum sistema de avaliação injusto, a abolição da diferença entre professores, etc., e depois dizer que está aberto a negociações(?) mostra bem que este governo não dá importância à Assembleia e muito menos aos professores.
Uma das minhas irmãs dizia-me este Natal que eu sou muito agressiva a escrever quando me ponho a falar do primeiro ministro e da ministra da educação e dessa gente toda. Mas como é que é possível ser de outro modo face ao que se passa em frente do nosso nariz? Como é possível assistir à perversão de todos os sistemas, à proliferação de incompetentes nos cargos, ao espéctáculo da corrupção pelos mesmos que vêm dizer aos outros que têm de apertar o cinto, e por aí fora? Devemos fingir que nada disto nos afecta? Que não faz mal a injustiça ser tão gritante e tão devastadora? Destruidora do país? Que não faz mal o Sócrates atirar o país para a ruína e depois ir de férias com os filhos (que não andam na escola pública que ele destruiu) para a neve?
Só quem não está nas escolas todos os dias é que não vê a degradação diária das coisas. Em tudo.
Como é que se pode assistir a estas coisas crescerem por todo o lado e ficar impassível? Eu não sei como é que isso se faz. E francamente não sei se queria ser assim.
O Ministério da Educação (ME) enviou hoje uma nota à comunicação social em que afirma Beatriz Proença “nunca foi nomeada Directora Regional de Educação do Centro” (DREC).
Certo é que, para além de ter enviado mensagens electrónicas às direcções das escolas apresentando-se como detentora do cargo, Beatriz Proença chegou a ocupar, durante alguns dias, um gabinete da DREC, em Coimbra.
Cada vez parecem mais os outros mesmos...
Fazer provas para passar do 3º para o 4º escalão e do 4º para o 5º e do 6º para o 7º?
Mas então para que serve a avaliação? Somos avaliados e depois de sermos avaliados ainda fazemos provas da avaliação? Isto é a brincar? Se estou congelada há 8 anos num escalão e fiz tudo o que tinha que fazer e fui avaliada, pois isso não chegará? Vou ter de fazer uma avaliação da avaliação? E depois? Essa outra avaliação não chegará também e farei mais uma outra avaliação da avaliação?
E isto tudo para quê? Para pouparem 10 milhões? Li ontem que o Oliveira Costa e dois amigos roubaram 9 biliões e tal de euros. É só sacar dessa gente os roubos e tirar uma pequeníssima parte que dá para pagar todos os congelamentos de todos os professores durante muitos anos. Ou é só com os Varas e os sucateiros e filhos de sucateiros criminosos que o primeiro ministro se preocupa por serem amigos?
Custa-me aceitar que vão inventar um artíficio para não me deixarem progredir na carreira por quererem poupar uns tostões para entregarem a criminosos que roubam biliões. Porque é que só se lembram de poupar quando chega aos professores? Não perdemos já nestes últimos anos mais de 10% de poder de compra? Ou querem continuar com o esquema de subornar uns professores (com títulos ou não) para que façam de inspectores obstáculo dos outros?
Então continuamos a não querer saber da educação mas apenas de destruir professores? É esse o objectivo das políticas para a educação? Espero que não. Uma pessoa já anda cansada de tanta mentira, de tanto embuste, de tanta hipocrisia, de tanta cobardia, de tanta falta de visão de tanta falta de seriedade.
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