Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
(...)
Most of us no longer know how to grow the food we eat or build the homes we live in, after all. We don’t understand animal husbandry, or how to spin wool, or perhaps even how to change the spark plugs in a car. Most of us don’t need to know these things because we are members of what social psychologists call ‘transactive memory networks’.
We are constantly engaged in ‘memory transactions’ with a community of ‘memory partners’, through activities such as conversation, reading and writing. As members of these networks, most people no longer need to remember most things.
(...)
What’s new, however, is that many of our memory partners are now smart machines. But an AI – such as Google search – is a memory partner like no other. It’s more like a memory ‘super-partner’, immediately responsive, always available. And it gives us access to a large fraction of the entire store of human knowledge.
Researchers have identified several pitfalls in the current situation. For one, our ancestors evolved within groups of other humans, a kind of peer-to-peer memory network. Yet information from other people is invariably coloured by various forms of bias and motivated reasoning. They dissemble and rationalise. They can be mistaken. We have learned to be alive to these flaws in others, and in ourselves. But the presentation of AI algorithms inclines many people to believe that these algorithms are necessarily correct and ‘objective’. Put simply, this is magical thinking.
The most advanced smart technologies today are trained through a repeated testing and scoring process, where human beings still ultimately sense-check and decide on the correct answers. Because machines must be trained on finite data-sets, with humans refereeing from the sidelines, algorithms have a tendency to amplify our pre-existing biases – about race, gender and more. An internal recruitment tool used by Amazon until 2017 presents a classic case: trained on the decisions of its internal HR department, the company found that the algorithm was systematically sidelining female candidates. If we’re not vigilant, our AI super-partners can become super-bigots.
A second quandary relates to the ease of accessing information. In the realm of the nondigital, the effort required to seek out knowledge from other people, or go to the library, makes it clear to us what knowledge lies in other brains or books, and what lies in our own head. But researchers have foundthat the sheer agility of the internet’s response can lead to the mistaken belief, encoded in later memories, that the knowledge we sought was part of what we knew all along.
A new kind of civilisation seems to be emerging, one rich in machine intelligence, with ubiquitous access points for us to join in nimble artificial memory networks. Even with implants, most of the knowledge we’d access would not reside in our ‘upgraded’ cyborg brains, but remotely – in banks of servers. In an eye-blink, from launch to response, each Google search nowtravels on average about 1,500 miles to a data centre and back, and uses about 1,000 computers along the way. But dependency on a network also means taking on new vulnerabilities. The collapse of any of the webs of relations that our wellbeing depends upon, such as food or energy, would be a calamity. Without food we starve, without energy we huddle in the cold. And it is through widespread loss of memory that civilisations are at risk of falling into a looming dark age.
(...) in an educational setting, unlike collaborative chess or medical diagnostics, the student is not yet a content expert. The AI as know-it-all memory partner can easily become a crutch, while producing students who think they can walk on their own.
Na Arte, vão-se as pessoas mas ficam as obras como memória de um olhar as coisas belas.
Uma pessoa só dá pela memória motora quando ela falha. Estamos habituados ao andar como se fosse um 'software' daqueles que corre silencioso por detrás dos programas em que estamos a trabalhar. Enquanto andamos o pensamento está orientado e concentrado noutras coisas e nem damos pelo facto de esse andar exigir uma parte da memória e do cérebro para funcionar.
Hoje já saí e sem bengala, digo, sem Mafalda, mas como me tenho habituado a quase não usar o pé direito e a suportar o peso do corpo na perna e pé esquerdos, agora tenho que concentrar o pensamento para me obrigar a usar o pé direito. Enquanto me concentro nisso desconcentro-me doutros assuntos em que estava a pensar... interesting.
Somos o que a nossa memória releva e destaca da nossa vivência. Se nos lembrássemos de outros momentos, outros acontecimentos, outros sentimentos, seríamos uma outra pessoa?
Aprendizagem e memória são duas faces da moeda do conhecimento.
Onde não há memória, é evidente que não retemos o que aprendemos e por isso não formamos conhecimentos. Mas, podemos ter a memória intacta e não ter conteúdo para ela: onde não há aprendizagem, nada fica retido nessas despensas enormes que são a memória e que nos alimentam constantemente a alma e a vida.
Há sítios, pessoas, que nos encheram uma despensa inteira de memórias que continuamente nos alimenta: prateleiras e prateleiras de conversas, de partilhas, de risos, de ideias, de vivências, de sabores de cheiros... depois, a mais pequena coisa nos traz à memória visões dos sítios, visões das pessoas: situações concretas que ficaram ligadas por fio invisível a essas fontes de vida.
Mas sem conteúdos não há aprendizagem, não há nada para pôr na despensa - sem conhecimento nada fica retido na memória.
A memória funciona com caminhos (engramas). Tal como uma vereda no campo que não sendo utilizada desaparece sob a erva que cresce sobre ela também os caminhos da memória, se não são percorridos, perdem consistência, tornam-se vagos, irreais.
É por isso que pessoas com uma grande experiência de vida têm muitas histórias para contar. Têm despensas inteiras cheias de alimentos. Outras estão mais ou menos vazias, ou cheias de irrealidades se foi nisso que transformaram os outros - uma espécie de musas, fantasias, personagens duma peça imaginária. É claro que isso significa que sacrificam a pessoa real para que nada perturbe a sua vida imaginária.
O Museu de Arte Antiga tem em exposição, até Setembro, as Tapeçarias de Pastrana originais (as que estão no Paço de Guimarães são cópias), consideradas por muitos o conjunto de tapeçarias flamengas do género gótico mais importante do mundo. Como foram parar às mãos espanholas é assunto de controvérsia.
Estas tapeçarias gigantes, encomendadas por Afonso V -o 'Africano'- para comemorar as vitórias portuguesas na costa Marroquina em 1471, e que representam, respectivamente O Desembraque em Arzila, O Cerco e O Assalto, estiveram expostas desde Janeiro nos Musées Royaux d’Art et d’Histoire de Bruxelas e no Palácio del Infantado de Guadalajara, no contexto da Presidência Espanhola e Belga da União Europeia.
Que os espanhóis tenham escolhido as tapeçarias que relatam e glorificam o desempenho histórico dos portugueses diz muito sobre a impressão que muitos dos grandes momentos da nossa História deixaram no mundo e que nós desprezamos, ou pelo menos substimamos ao ponto de quase a termos apagado da educação escolar.
Não sou daquelas pessoas que glorificam a História, mas que nós tivémos momentos históricos de grande valentia, ousadia, lucidez e inteligência é um facto, e que o conhecimento desses episódios tem um efeito positivo na construção da nossa identidade enquanto povo, não há dúvida que tem.
Uma pena que quase tudo seja hoje desconhecido em virtude de quase terem apagado o ensino da História nas escolas...
Mais de vinte anos a trabalhar como professora.
Aprende-se muito, sobre as pessoas, sobre a sociedade, sobre a vida em geral. A escola é uma miniatura muito precisa da sociedade e das suas (r)evoluções. Tudo o que se passa nesta última imediatamente se repercute na atmosfera, no ambiente, na dinâmica e, por isso, na vida da escola e dos que a frequentam.
Só para dar um exemplo: sempre que o desemprego aumenta, as famílias aumentam o seu nível de tensão e stress. Os pais, sem dinheiro para fazerem face às despesas, são menos tolerantes aos pedidos dos filhos e às suas crises da adolescência, são mais beligerantes porque menos capazes de lidarem com as frustrações do quotidiano; tudo isso afecta, por sua vez, a atitude dos filhos na sala de aula (e fora dela) para com os colegas e com os professores.
Nestas circunstâncias, de precariedade de vida aliada à ausência de estruturas de suporte social, qualquer situação de conflito entre alunos/pais e professores facilmente resvala e se torna explosiva, sobretudo se o poder que tutela, em vez de assumir uma voz exemplar de equilíbrio regulador, é o primeiro a acirrar os cães para cima das pessoas.
Discute-se muito hoje a crise da educação mas quem está lá dentro há um certo tempo e tem os olhos abertos viu de longe a encruzilhada em que nos encontramos. Havia tantos sinais à vista que era fácil adivinhar onde se chegaria e como.
Basta puxar um pouco pela memória para se começar a ver as pontas dos fios com que se emaranhou este novelo da escola pública.
De memória, só de memória, tal como foram vistos, por dentro, pelas tropas das trincheiras, desenterrar os acontecimentos, as (más) decisões que serviram de pedra de toque à edificação desta anarquia.
A outros o trabalho futuro de reconstituir essa anarquia edificada pelos documentos - leis, despachos, decretos, etc. que a legitimaram.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.