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Isto é verdade

por beatriz j a, em 20.01.19

 

No que respeita à educação, digo mais: eu sou contra esta mania de cada governo fazer uma reforma e dar cabo de tudo o que havia mas quando esta equipa se for e vier outra de outro governo com outra ideologia espero que rasguem esta reforma de alto abaixo que istto não se conserta com acertos. É como a reforma da Lurdes Rodrigues com as duas carreiras de professores. Aquilo não tinha acerto e mesmo tendo sido rasgada, a coisa era tão cancerígena que ainda agora a estamos a pagar. Esta equipa foi ao ponto de mudar a formação dos professores considerando que um professor que faça formação em inclusão ou cidadania, sobretudo se for coordenador ou da direcção (os que têm cheques em branco da tutela) é igual a fazer formação na sua área de especialidade.

 

O setor da habitação oferece um outro exemplo eloquente de como a resolução dos desequilíbrios causados pelo abandono de vários domínios da política social não se consegue fazer com políticas de pequenos acertos. Sobre este tema crucial, o Observatório sobre Crises e Alternativas promove, no próximo dia 22, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, um oportuno debate 1 .

O hiato entre os rendimentos das pessoas e os preços de aquisição, ou de rendas das casas, é um obstáculo que se agudiza a cada dia que passa. Ele agrava os problemas da mobilidade nas áreas metropolitanas, expulsa os pobres que ainda restavam no centro das grandes cidades e as classes médias para as periferias, limita as aspirações dos jovens em vários planos. Tornaram-se insuportáveis, para milhares de famílias, os custos da habitação de um estudante nas principais cidades do país, quando é imperioso muitos mais jovens acederem ao Ensino Superior.

As políticas de incentivos e isenções fiscais para os proprietários, recentemente anunciadas para estimular o mercado de arrendamento, não resolvem o problema. A manutenção de todos os outros incentivos de atração do capital financeiro estrangeiro para o imobiliário através de programas como o Regime de Autorização de Residência para Atividade de Investimento (vistos dourados), só acentua a crise habitacional. Na habitação o Governo tem uma escolha crucial a fazer: promover um mercado imobiliário internacional especulativo ou optar por uma política de provisão de habitação para os habitantes das grandes cidades, ao mesmo tempo que trata de outros problemas do setor, associados ao reordenamento do território.

Manuel Carvalho da Silva

 

publicado às 12:32

 

Professores de informática “estupefactos” com apoio do Governo ao programa da Google

 

São vários os motivos que levam os professores a sentirem-se “atropelados” pelo GEN10S, um processo que levanta muitas dúvidas, acusam, uma delas por atribuir responsabilidades de ensino a entidades privadas.

Mas as queixas contra o GEN10S, apresentado esta segunda-feira, continuam e são de natureza diversa. Em causa está também o facto de o programa “impingir” uma linguagem de programação.

Numa nota enviada à imprensa via ANPRI, os professores confessam ter ficado “estupefactos”, por verem entidades externas ao sistema educativo fazerem “o que nos cabia a nós fazer”. Até “porque temos formação adequada para o fazermos bem, caso nos tivessem permitido a abertura da disciplina, em todas as escolas”, argumentam. “Os professores de informática foram atropelados”.

A ANPRI argumenta que já tinha sido proposto aos gabinetes do Ministério ligados ao processo da flexibilização curricular, a possibilidade de iniciar a disciplina de TIC, no 5º ano, em todas as escolas/agrupamentos “de forma a começar a recuperar, de imediato, a inexistência ou existência muito diminuta, desta área, para todos os alunos”. Mas a resposta foi negativa.

A gravidade está no facto de se estar a “impingir” uma linguagem, referem. “Esta escolha sempre foi da responsabilidade do professor, tanto em contexto formal, como informal, sempre foi uma opção do professor conforme o cenário de aprendizagem, as condições da sala de aula e o projeto a desenvolver”, consideram.

“Temos dúvidas sobre este processo”, sublinha a ANPRI, afirmando que o mais surpreendente é contar com o apoio do Ministro da Educação e do Primeiro-ministro. “Relembramos que já convidamos o Sr. Ministro da Educação para várias iniciativas, para as quais nunca teve agenda. Nós, professores de informática, deveríamos ser os ‘seus professores’".

Lançado ontem pela Google.org, SIC Esperança e Ayuda en Acción, o projeto GEN10S prevê a selecionar 40 escolas de entre o total de candidatas, com o objetivo de formar 5.000 alunos dos 5º e 6º anos e de 500 professores em programação Scratch.

 

 

publicado às 14:20

 

Chumbo de alunos não traz melhorias no desempenho futuro

Em Portugal há uma maior propensão para reter os rapazes, nacionais ou descentes de outros países de língua portuguesa, assim como os alunos com mães com nível de educação inferior, sublinham ainda os investigadores.

 

 

Quando se diz que há uma 'maior propensão para reter os rapazes e os alunos com mães de educação inferior dá-se a entender que há um preconceito, por parte dos professores, que são quem os retém, contra os alunos que são rapazes e contra os alunos que são filhos de mães com pouca instrução. Neste caso, procura-se alterar a acção dos professores, como por exemplo, mandar que passem os alunos, nomeadamente os destes dois grupos.

É muito diferente de dizer que os alunos cujas mães têm menos instrução têm tendência a chumbar mais que os outros e que os rapazes chumbam, em geral, mais que as raparigas. Neste caso, procura-se que a escola compense os alunos pela ausência de um contexto familiar academicamente rico e procura-se saber que tipo de vida, hábitos de estudo, educação, etc., os rapazes têm que os leva a chumbar mais.

Cada uma das maneiras de problematizar a questão orienta o tipo de solução que se tenta encontrar.

 

Também o título da notícia problematiza a questão de um ponto de vista económico, de modo que a solução, a ser encontrada a partir desta maneira de pôr o problema, será uma solução económica: passar os alunos por decreto.

Não estou a dizer que mandar passar os alunos é bom ou mau, estou apenas a dizer que, ao problematizar-se a questão deste modo, define-se imediatamente um campo de actuação que exclui outras possibilidades de solução, próprias de outras problematizações diferentes, mais abrangentes. E, sabendo disto, é importante considerar qual o tipo de problematização que guia a acção para a melhor solução do problema, entendendo por melhor, a mais duradoura e vantajosa para os alunos.

 

Por exemplo, podia pôr-se a questão de outro modo: será que não reter os alunos melhora o seu desempenho futuro? Ou também não melhora? E será que afecta negativamente outros das turmas para onde vão que não estavam nessa situação? É que se não melhora, então passá-los só adia o problema e talvez seja pior adiar o problema para uma altura (dali a dois ou três anos) em que ele já não tem recuperação possível.

Continuando o exemplo, que é uma mera hipótese de trabalho: um aluno vai passando, sempre com negativa a Matemática e chega ao exame do 9º ano e tira 15% no exame (isto é vulgar acontecer) mas passa porque a nota de exame conta 30%. No 10º ano escolhe um curso de ciências que tem Matemática como disciplina específica mais importante (três anos com exame obrigatório no 12º ano). Este aluno, numa turma de 30 ou mais, perde-se completamente. Não tem conhecimentos nem disciplina para acompanhar os trabalhos nem o professor pode parar a aula para dar-lhe explicações. Até pode ir passando, para continuar com a turma, até ao 12º ano mas, depois, fica ali encalhado a chumbar nos exames até ir-se embora com o seundário por acabar. Não sei quantos são os que fazem este percurso mas são, de certeza, mais do que um quarto do total e, estou a ser parcimoniosa. Se forem vários assim numa turma, vamos dizer 8 ou 10 (o que é vulgar), a não ser que os outros 20 sejam todos bons (o que é invulgar), arrastam os medianos, os que foram passando com dificuldade mas sem favor, para baixo, porque grande parte da aula é concentrada nas dificuldades destes alunos que atrasam toda a aula e baixam consideravelmente o nível da turma. É preciso perceber que numa aula de 90 minutos o professor tem 3 minutos para cada aluno e que todos que damos aulas sabemos que o nível da turma tem enorme influência no rendimento final. (Não por acaso, os professores de estatuto especial nas escolas (ex-titulares e amigos especiais dos chefes) só trabalham com as turmas onde se juntaram os alunos que vêm com boas médias porque é muito difícil trabalhar com as outras [afectam a motivação, o cansaço, obrigam a um grande esforço e multiplicidade de metodologias, de saber resolver e gerir conflitos, etc.] que são turmas problemáticas e não estão para isso sendo que muitos nem sabem fazê-lo.)

Nesta hipótese, os alunos terem passado sem conhecimentos, leva a que outros alunos, por efeito de dinâmica das turmas sejam arrastados também para um baixo rendimento. Ora, isso nunca é considerado nestes cálculos económicos.

 

Então talvez, nesta hipótese, em vez de passarem os alunos que não têm conhecimentos, se adoptem outras soluções, como por exemplo: ter as turmas mais pequenas para que logo no 5º e 6º ano (ou até antes) os professores possam detectar os problemas e resolvê-los atempadamente; ter professores que dão apoio a esses alunos, não como um extra ao trabalho do professor, como agora acontece, mas como actividade lectiva que é; mudar o programa de Matemática (que está feito no pressuposto, dizem-me os colegas, que todos os alunos hão-de ir para a universidade para um curso que tem Matemática, quando esses são uma pequena minoria [nunca percebi porque é que quem vai para cursos de saúde tem que ter Matemática e, logo como disciplina principal, em vez da Biologia ou a Química] que escolhe engenharias ou económicas) de modo que a formação geral seja mais virada para o que é necessário para a vida ou para um curso prático.

 

Outras soluções haverá. Não estou aqui a esgotar soluções, ou sequer a resolver o problema dos chumbos num post, como é evidente, estou apenas a mostrar que o modo como se problematiza uma questão, neste caso a questão das retenções, afecta o tipo, na quantidade e qualidade, de soluções que se podem encontrar e, o que me parece, é que problematizam sempre as questões da educação do ponto de vista exclusivamente económico, muito simplista, como se as questões não fossem complexas, de modo que, por essa razão, deixam sempre de fora muitas possíveis soluções e acabam sempre com certos clichés como, 'autonomia' e 'flexibilidade' e outras coisas idênticas. Como é que a autonomia (para passar alunos ou elaborar tumas) ou, a flexibilidade (para dar mais horas à Matemática?... ou para fazer experiênciazinhas meio à toa...?) por si só, resolvem problemas complexos, à laia de milagre, que mexem com imensas variáveis?

 

Para mim, esta maneira de problematizar as questões da educação, de um ponto de vista meramente económico, é a pior de todas, porque não resolve nenhum problema educativo, só económico. Todas as soluções de uma problematização pedagógica ficam logo excluídas à partida.

Mas se o fito é apenas poupar dinheiro, façam o que têm a fazer, mas sem demagogias, sff.

 

publicado às 14:34


Mas este mês e este período não têm fim?

por beatriz j a, em 29.03.17

 

 

Eu sei que isto de classificar testes e trabalhos e fichas e o diabo a nove faz parte do trabalho mas já não se aguenta e este período é interminável... testes às resmas mais um caderno inteiro com anotações de apresentações orais de trabalhos para organizar/avaliar e depois traduzir em comentários escritos devolvidos aos alunos na parte escrita dos trabalhos, mais todo o resto do trabalho de apoios, de 3 DT ou, por exemplo, ter de voltar à escola daqui a bocado para uma reunião de burocracias que podiam ser resolvidas por email. Que massacre... E quando chegar às 'férias' (ahah) da Páscoa, que são cinco dias úteis, metade é para dormir e tentar recuperar do cansaço acumulado a outra metade para preparar o 3º período.

Hoje em dia as coisas são de tal maneira que ou se tem trabalho e se está sempre com excesso de trabalho [enfim, excepto os os queridos predilectos que formam uma elite ao contrário] ou não se tem trabalho e se está desempregado. O meio termo que é ter um trabalho equilibrado é uma espécie em vias de extinção. 

É claro que se fosse uma portuguesa a sério ocupava o meu tempo com copos e homens para agradar ao Dijó...

 

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publicado às 15:03


A crónica do MEC está com piada :)

por beatriz j a, em 05.03.17

 

 

Quer queiramos, quer não – tão poucas palavras, tanto verbo querer –, Portugal não é o pior país do mundo. Mas – porque querer é poder – até pode ser. Ser português é ser capaz de pensar como é que Portugal pode ser o pior país do mundo e nós, os que cá vivemos, os mais desgraçados habitantes.

 

Portugal pode ser o pior porque, atendendo aos muitos benefícios que Deus lhe deu – o clima, a beleza das paisagens, o sabor das azeitonas e das uvas, mais tudo aquilo que existe sem ser pelo mérito dos portugueses –, Portugal poderia ser muito melhor do que é.

 

Quando agradecemos o bom tempo, a luz e as praias, está implícito que só continuamos a dispor destas coisas boas porque os políticos não conseguiram até hoje arranjar maneira de vendê-las ou estragá-las de uma vez por todas.

 

Assim, o Portugal que temos é o que resta milagrosamente das piratarias dos nossos dirigentes através dos séculos. Não conseguimos elogiar pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles por ter criado parques naturais. Preferimos aplaudi-lo por ter impedido os políticos corruptos de ter vendido tudo em lotes aos construtores civis.

 

Um português não consegue olhar para a paisagem mais bonita sem ter consciência de que não deve faltar muito para ir para o galheiro. “Por enquanto, é assim... sabe-se lá por quanto tempo...”

Assim se traz tristeza e desespero à contemplação. Da mesma maneira se olha para as paisagens arruinadas, sem qualquer impulso de esperança ou de activismo: “Aqui fizeram o que queriam e o resultado está à vista...”

 

 

publicado às 07:33

 

 

Corte no superior equivale a salários anuais de 150 professores só em Lisboa

 

Se a intenção é continuar o trabalho do Crato dos cortes e despedimentos encapotados, para quê ter dividido o MEC em dois, um para o superior, outros para o básico e secundário? Fossem coerentes com os cortes e começassem, então, por si mesmos, mantendo um só ministério. É que não há grande ciência em destruir e para isso não é preciso muita gente.

 

 

publicado às 08:42


Este MEC? Muito ruído para nada

por beatriz j a, em 21.03.16

 

 

 

Nove mil professores com mais de dez anos de serviço sem vaga no quadro

Numa resposta enviada ao DN, o Ministério confirmou que a abertura das 100 vagas "decorre da estrita aplicação dos critérios legais", relativos à norma travão. Quanto a uma solução definitiva para o problema dos professores com muitos anos de serviço, disse, esta "só será possível com uma alteração da lei com vista a encontrar soluções e critérios mais justos - que estamos a estudar - e após análise do impacto orçamental dessa medida".

 

A lei aplica-se? Consoante o impacto orçamental. A justiça faz-se? Consoante o impacto orçamental. A honestidade pratica-se? Consoante o impacto orçamental. A Constituição respeita-se? Consoante o impacto orçamental. Os políticos trabalham para melhorar a vida dos cidadãos? Consoante o impacto orçamental. A política serve para melhorar a vidinha dos políticos e a dos amigos? Sempre e apesar do impacto orçamental!

 

 

publicado às 04:28

 

 

Ministro garante que afinal há mais dinheiro para a Educação do que em 2015

 

Nesta nova contabilidade, Tiago Brandão Rodrigues dá conta de que a dotação para a educação especial regista um aumento de 27% e a destinada à acção social escolar sobe 20%. No relatório que acompanha a proposta de OE 2016 uma das rubricas que regista um maior crescimento é a que diz respeito às verbas destinadas aos colégios, que deverá registar um aumento de 6%, subindo de 239,9 para 254, 3 milhões de euros. ...novos contratos de associação com 85 colégios. 

 

Uma enorme desilusão, esta equipa da educação. É mais do mesmo. Sobre os grandes cancros criados pela Rodrigues e alargados pelo Crato nem uma palavra... 

 

 

publicado às 03:47

 

 

OE 2016: Educação perde mais de 80 milhões de euros

 

Transferências para os colégios privados crescem quase nove milhões de euros. Governo quer criar Programa de Educação e Formação de Adultos.

 

Então isto é muita parra e pouca uva? Voltámos aos tempos cretinos de fazer mais (porcaria) com menos? E afinal ainda se dá mais dinheiro ao ensino privado à custa do público? Isto é SSDG? Isto foi um balde água fria... 

 

 

publicado às 21:00

 

 

 

Bolsas de mérito estão por pagar Ministério da Educação deve 6 milhões de euros a alunos do Ensino Superior relativos a 2400 bolsas de mérito. Último ano letivo pago foi 2011/12.


 

publicado às 14:42


Mais do mesmo

por beatriz j a, em 09.09.15

 

 

Nuno Crato deixa milhares de alunos sem ensino musical

 

Quer dizer, os colégios privados que ensinam o mesmo que as escola públicas mesmo ao lado delas são financiados à custa delas mas as escolas particulares que ensinam algo que a escola pública não ensina são depauperados. Vamos ser claros: se ganharem eleições a coligação vai continuar a pagar a impagável dívida pública com os cortes na educação e função públicas. 

 

 

publicado às 09:23

 

 

... Usar uma e outra vez soluções que não funcionam. E como é que se vê se a pessoa é incompetente? É pelo número de papéis e conversas que produz? Não. É pelos resultados alcançados: conseguiu melhores resultados pessoais (não estou a falar da sua vida pessoal) no trabalho? Quer dizer, se é professor, os seus alunos têm bons resultados, se é chefe, digamos, ministro da educação, os seus subordinados e colaboradores têm bons resultados no seu trabalho [não no trabalho de permanecer nos cargos]? Conseguiu unir as pessoas, trabalhar com elas, motivá-las a fazer melhor, deu-lhes as melhores condições de trabalho possíveis para terem melhor resultados ou desagregou, desmotivou, hostilizou e desperdiçou sinergias e talentos? 

 

 

Já Começam as Colocações Duplicadas 

publicado às 09:40

 

 

 

Provedoria da Justiça dá conta de falhas nos concursos de professores

Só a correcção dos erros pode garantir a “igualdade entre docentes” que concorreram aos concursos de colocação, defende provedora adjunta Helena Pinto. Mais de 60 mil docentes candidataram-se.

publicado às 09:12

 

 

do blog Visto da Província 

 

Ministério da educação impede aos professores que estudem e tem apoio em sentença de tribunais



Os professores são gente tratada pelo Estado, mesmo entre os funcionários públicos, como inferiores a aviltar. 

Enquanto há gente que nem estuda, e com equivalências folclóricas ou turísticas acorda licenciado, os professores, que decidam estudar mais, encontram obstáculos em interpretações restritivas da lei e no seu Ministério (titulado da Educação), confortados por tribunais que aceitam olhar para o lado em relação à Constituição.

A primeira nota prévia sobre o que vem a seguir é que não sou licenciado em Direito (e, como verão, se quisesse, não podia, sendo professor). Logo não tenho realmente nenhum conhecimento técnico que me permita discutir direito com os tribunais. Mas sou povo e os tribunais administram a Justiça em nome do Povo. E como Povo (ignorante) gostava de entender melhor. Porque o Povo tem o direito de querer saber como os Tribunais chegam às suas conclusões e de fazer com que elas sejam discutidas. E já agora como o MEC gasta o seu dinheiro a litigar, supostamente em defesa do interesse público.

Comecemos pelo princípio do caso. 

Há uns anos, a referência ao Estatuto do Trabalhador Estudante mudou no Estatuto da Carreira Docente, aplicável aos professores, e passou a constar uma condição para a sua atribuição que, na prática, permite ao patrão “Estado”, representado pelos Diretores de Escola, condicionar a matéria que os trabalhadores, que se candidatem às facilidades de horário para ir a exames e aulas, escolhem estudar.

Com a introdução de alterações, operada por iniciativa da nossa velha e prevaricadora amiga Lurdes e do muito assíduo compagnon Walter Lemos, passou a constar da lei, nos termos do que se dispõe no art.º 101.º/1 do ECD, que o Estatuto de trabalhador-estudante só pode ser atribuído aos docentes que frequentam o ensino superior com vista a obter grau académico ou pós graduação destinada ao desenvolvimento profissional da docência, isto é, “com vista a melhorar o seu desempenho enquanto docente” (na interpretação do Ministério).

 

Estatuto de trabalhador estudante: como funciona para os outros trabalhadores?  

 

Imaginemos que sou funcionário de um café e decido estudar Ciências da Educação. O meu patrão nada tem a ver com isso. Desde que cumpra os requisitos gerais tem de me permitir usar o Estatuto de Trabalhador Estudante, dentro das regras gerais dos restantes trabalhadores. Desde que cumpra as regras e os critérios de assiduidade e horários não tem qualquer patrão o direito de interferir com a minha escolha do que vou estudar. Pode limitar até a concessão dos direitos do Estatuto, se houver muita gente a querer estudar ao mesmo tempo, mas não pode dizer: “tu não tens direito porque estudas algo que acho inútil para o trabalho que fazes!” (chama-se a isso liberdade de aprender e é um direito constitucional).

Se for um funcionário das Finanças, trabalhador em funções públicas, como também são os professores, e se quiser estudar agricultura ou teologia, como a lei que se lhe aplica remete para o Código de Trabalho, em nenhum ponto alguém lhe vai perguntar se o seu exercício do direito de estudar e beneficiar do Estatuto, previsto nesse Código, é útil para o serviço ou desenvolvimento profissional nas Finanças. 

Contudo, um professor de Inglês do 2º ciclo que decida, na sua liberdade de aprender, estudar Filosofia, Artes ou História da Música pode não beneficiar do Estatuto e dos direitos que este consigna aos cidadãos. Basta, para isso, que o diretor da sua escola embirre com ele e decida que, como ensina Inglês, o grego Aristóteles ou o alemão Kant ou os espanhóis Goya ou Picasso não interessam nada e os Rolling Stones tanto podiam cantar em chinês como em Inglês, isto é, que estudar o curso que o cidadão escolheu não se “destina ao desenvolvimento profissional da docência”. 

Isto é, o Estatuto do Trabalhador Estudante, que visava proteger a liberdade de aprender dos cidadãos que trabalham passou a ser, no caso dos professores, atribuído em função dos interesses do empregador público (para os comuns mortais, o patrão).

Naturalmente que esse conceito de “se destinar ao desenvolvimento profissional da docência” é geral e indeterminado e pode gerar todo o tipo de arbitrariedades que ficam na mão dos diretores.

 

ler o resto aqui

 

posted by Luís Braga @ quarta-feira, junho 24, 2015 0 comments

 

 

publicado às 20:28


O Circo do PET (sem comentários)

por beatriz j a, em 02.06.15

 

 

 

O Circo do PET 

e-mail que me chegou devidamente identificado do qual omiti a identificação do autor.

 

 

Fui convocad@ pela Diretora para ser Examiner do PET, no final do 2º período, tendo entregue um pedido de escusa bem fundamentado, mas que não foi aceite.

No início do 3º período fiz a formação do PET, mas a partir daí não acedi à plataforma, logo não estava certificad@ para este serviço externo.

No entanto, fui convocad@ pela Escola, por vezes fora do prazo, para fazer as orais deste exame, tendo sido interrompid@, durante as minhas aulas, para saber qual a razão por que não estava na escola X ou Y a fazer o serviço do Cambridge, tendo respondido que estava a dar aula aos meus alunos, porque era essa a minha prioridade.

Algum tempo depois começo a receber convocatórias para aceder à plataforma para creditação, a qual não tinha sido necessária anteriormente para as orais, logo revelando aqui uma grande incoerência.

A partir daí tenho recebido convocatórias semanais para aceder à plataforma Fronter, durante a componente não letiva, e têm-me sido marcadas faltas injustificadas, quando permaneço todo o tempo na escola a cumprir o meu horário.

Na última sexta-feira fiz questão de passar todo o tempo da CNL na Direção e, após algumas provocações, solicitei à diretora a password para aceder (porque posso já não a ter, ou não ter recebido) e esta disse-me que tinha de ser eu a solicitá-la ao Cambridge como se fosse eu @ interessad@. Além disso, informou-me que a partir da próxima semana as convocatórias irão ser de 3 em 3 dias.

Esta situação está a tornar-se insuportável, tendo, inclusivamente, sido informada, que, se continuar a faltar, posso ser despedida com justa causa.

Acho que os Agrupamentos de Escolas deveriam estar mais informados sobre os procedimentos nesta situação e que a comunicação social deveria dar mais informação ao público sobre este vergonhoso MEC.

 

 

publicado às 18:41

 

 

Albardar os exames à vontade do dono?

 

Nessa conferência, o presidente do Conselho Científico do Iave afirmou que o Ministério da Educação (MEC) tem feito “a encomenda dos exames nacionais” com a indicação de que se deve “manter a estabilidade nos resultados” dos alunos “em relação aos anos anteriores, porque socialmente é difícil de explicar que as notas tenham grandes variações”. Isto, que já de si causaria perplexidade, foi acrescido de alguns pormenores sobre como alterar os resultados finais com recurso a pequenos “truques” técnicos. Disse ele: “Hoje temos um historial de cinco mil itens a Português, por exemplo. Se quero que haja notas altas é muito fácil. Pego numa ou em duas perguntas, substituo-as por outras, aparentemente semelhantes, e a minha expectativa em relação aos resultados dá um salto de cinco valores”. Mais adiante disse que “não é segredo para ninguém que as equipas do Iave que realizam os exames fazem uma estimativa de que resultados, em média, cada exame vai ter”. E não só “acertam em 95 % dos casos” como “conseguem fazer um exame para a nota que querem”. Dito assim, é espantoso: se os resultados fossem encomendados para se aproximarem de uma determinada nota, a equipa conseguiria “fabricar” exames à medida. E quando alguém, da assistência, comentou que seria “vão” o esforço de professores e instituições para melhorar os resultados de Física e Química quando estes dependeriam “de uma decisão política”, o presidente do Conselho Científico do Iave respondeu que valia a pena o esforço, até porque “a Sociedade Portuguesa de Física e a Sociedade Portuguesa de Química, com a colaboração do próprio Iave, têm tentado mudar essa situação, mesmo contra os pedidos políticos que têm sido feitos”.

 

Isto é um enorme escândalo e espero que alguém que tenha autoridade faça alguma coisa.

Então os exames, afinal, não servem para o rigor do ensino e melhoria da aprendizagem dos alunos mas para os políticos terem instrumentos de propaganda que os beneficiem? Se um político quer dizer que os bons resultados na educação se devem à sua pessoa mandar subir as notas dos exames mas se quiser, por exemplo, argumentos para denegrir professores para depois os despedir manda baixar 5 valores nas notas de exame? E o IAVE existe para manipular exames e fabricar notas? Então andamos a trabalhar, nós, professores e alunos, a trabalhar a sério e cheios de pressão às ordens de um Instituto de Avaliação sem profissionalismo, sem seriedade nem honra, sem rigor, sem nada... um conjunto de indivíduos que brincam com o trabalho e o destino dos outros? Pode acontecer o excelente trabalho de professores e alunos parecer um péssimo trabalho devido à intervenção caprichosa do deus ex-machina IAVE...?

 Mais vale acabar com os exames... é que, pelo que se vê, é indiferente alunos e professores trabalharem para melhorar se as melhorias dependem do mood do político de serviço e dos funcionários do IAVE, entidade deus ex-machina, que são quem decide, artificialmente [literalmente, recorrendo a artifícios], se os resultados são bons ou maus. 

 

 .....

 

Adenda - publico o comentário muito pertinente de um leitor

 

De José Rosa a 17.05.2015 às 11.25

Tens uma prova no exame de português do 12 ano de 2013-2014. Onde, por mero "acidente", quem fez prova não incluiu NENHUMA obra literária de leitura OBRIGATÓRIA. Foi mais baseado nos temas do acordo ortográfico e na interpretação de um texto que podia ter sido usado para um exame de 9 ano. Então para que é que os professores tem de dar 46 horas anuais sobre as obras literárias? Foi tempo perdido e o que os alunos aprenderam sobre essas obras, foi atirado para o lixo. Pois só quem goste muito de literatura é que vai manter-se a ler livros (sejam portugueses ou estrangeiros). 
Depois, acham estranho que uma aluna do 2 ano do curso de comunicação social não saiba quem é que foi o autor do livro Os Maias... (aconteceu num programa de televisão em directo , pior porque ela disse adorar a disciplina de Português). Uma pessoa que tivesse dado alguma importância a um dos livros obrigatórios do secundário, respondia aquilo num piscar de olhos... agora com exames que se baseiam no acordo ortográfico e na análise de um texto retirado de um livro que está no currículo opcional do 8 ano de escolaridade... é deitar abaixo o trabalho dos professores. 
Mas, já vi de tudo... um aluno de 26 anos num mestrado de economia que sabia recitar centenas de teorias económicas mas, ao ter ficado sem bateria no telemóvel, não conseguiu usar um papel para resolver uma equação que se aprende no 5 ano... (x+632= 210+222)
 
 

publicado às 10:46

 

 

Ministério Educação arrisca chuva de queixas - Docentes têm direito a mais horas.


Um ofício enviado pela Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE) à Provedoria de Justiça defende que os professores dos 2º e 3º ciclos e do secundário têm direito a uma maior redução no horário de trabalho, em função da idade e tempo de serviço, do que aquela que tem sido a interpretação da tutela. Milhares de professores poderão estar a ser prejudicados e deverão utilizar o documento para intentar ações contra o Ministério da Educação e Ciência, reclamando horas extraordinárias, que poderão custar milhões de euros aos cofres do Estado.


"A interpretação do ofício é a correta, mas nunca foi aplicada nem divulgada. Os professores acima de 50 anos, grande parte da classe, foram prejudicados", afirma Arlindo Ferreira, autor do blogue que revelou o ofício, frisando que se a redução fosse aplicada haveria centenas de horários disponíveis para professores. 


 

publicado às 09:18

 

 

 

Falta de resposta do MEC está a atrasar financiamento dos colégios de educação especial

 

... até ficava a pensar que isto era um esquema para fazer um bypass permanente ao Tribunal de Contas...

 

 

publicado às 21:06


Profs vítimas de perseguição - 1 MEC - 0

por beatriz j a, em 12.12.14

 

 

Colégio arbitral chumba serviços mínimos pedidos pelo MEC

 

O colégio arbitral foi constituído na semana passada depois de MEC e sindicatos não se entenderem quanto à obrigação de se decretar serviços mínimos para dia 19. O ministério defendeu que a obrigação prevista na lei quando estivessem em causa exames ou provas nacionais também se aplicava à PACC. Os sindicatos contestaram, defendendo que este entendimento só é aplicável às avaliações dos alunos e frisando que a greve aos serviços da PACC não punha em causa “nenhuma necessidade social e impreterível”.

 

 

publicado às 19:43


Isto é inacreditável de mau

por beatriz j a, em 20.11.14

 

 

 

Ministério exige faturas para compensar professores lesados

 

Um professor recebe um mail com a sua colocação. Mora em Bragança, tem um filho e é colocado em Santarém. Tem dois dias para se apresentar na escola. O que é que faz? Faz as malas e anda num corropio desgovernável para mudar a vida em dois dias. O que é que devia ter feito? Andar a pedir facturas para o caso do MEC ser incompetente e ter-se enganado na colocação e depois 'descolocá-lo' sem mais nem menos...  Um professor contratado deve contar com a incompetência do MEC como pressuposto e andar a guardar facturas de tudo e mais alguma coisa não vá o diabo tecê-las...? Seriously?

Neste país, uns pedem um bilião à segunda feira e à terça já o têm, outros são mal tratados e ainda têm que pagar do seu bolso o prejuízo de que foram vítimas...

 

 

publicado às 05:09


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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