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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
A ideia de manuais grátis para todos é um absurdo e só faria sentido se fossemos um país rico. Há muitos anos que os alunos que têm SASE tem direito a manuais gratuitos. Mesmo os que não se inscrevem no SASE arranjam sempre manuais nas escolas. As bibliotecas têm dezenas de manuais que os alunos que saem vão deixando e elas vão pedindo. Não há razão nenhuma para suportarmos os livros dos alunos que têm dinheiro para os comprar.
Não estou de acordo em pagar os livros a alunos que optam por estudar no ensino privado. Se estão com apoios de mecenas estes que lhes paguem os livros e nem percebe como as próprias escolas privadas não são capazes de arranjar livros para estes alunos entre os ex-alunos.
A questão para mim é que não faz sentido pagar os manuais a quem os pode muito bem pagar. O dinheiro que se gasta nisso podia ser antes aplicado a fazer obras nas escolas ou a contratar auxiliares ou a equipar laboratórios, etc.
Estive aqui e rasgar as páginas do capítulo do livro escolar de Filosofia sobre a argumentação. O livro é mau e raramente o uso mas este capítulo é menos mau e vou usar parte dele, só que não estou para carregar com o livro inteiro, que é pesadíssimo, de modo que rasguei as folhas do capítulo, agrafei-as e é isto que carrego. É que para além de livros carregamos outras coisas - testes, fichas, material de escrita, comida, coisas de casa de banho, às vezes o portátil... se eu quisesse ser estivadora tinha seguido essa profissão.
Uma pessoa não tem, na escola, um cafico, um sítio onde possa deixar materiais para não andar com eles para trás e para a frente, de modo que 'obrigam-nos' a fazer estas coisas porque temos que arranjar maneira de nos pouparmos fisicamente, que a profissão já é exigente que chegue.
Porque é que não vendem os manuais em fascículos, pequenos dossiers, e deixam cada professor escolher o fascículo que melhor se adapte ao seu trabalho? Podíamos ter o fascículo da lógica de uma editora, o da estética de outra, o da epistemologia de outra, etc. Só carregávamos com o 'tema' do momento e nunca os alunos tinham que estudar temas por maus capítulos de livros e, muito menos, carregar com eles.
É isto, meia dúzia de folhas agrafadas:
...em vez disto, 300 e tal folhas de um tamanho superior a A4:
quilogramas de diferença :)
Exercícios para crianças, dos quatro aos seis anos, em livros da Porto Editora, estão na mira da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) está a analisar dois blocos de actividades publicados pela Porto Editora para crianças dos 4 aos 6 anos, que têm a particularidade de estarem divididos por género: um destina-se a meninos, outro a meninas. Acrescendo o facto de que alguns dos exercícios propostos, apesar de idênticos, serão de muito mais fácil resolução no livro para raparigas.
Manuais escolares que dizem, explicitamente, às raparigas que não vale a pena esforçarem-se porque são burras.
Acresce que os exercícios das raparigas são para princesas (submissas) e o dos rapazes para piratas (aventureiros) como se vê nos exemplos abaixo.
É evidente que isto não é inocente... não é como se as pessoas que fizeram estes exercícios não percebessem o alcance de se inculcarem nas crianças estas ideias... espero que os pais se recusem a usar estes livros e que a CIG lhes ponha um processo. A sociedade, na pessoa das suas instituições, incluindo o sistema educativo, já é muito castrador das raparigas mas isto é demais. Já estou a ver articulistas que, embora vivam da palavra, defendem que o uso das palavras não tem consequência e que isso de linguagem sexista é uma mariquice, defenderem que isto não tem importância nenhuma e até é bom para fazer com que as mulheres se dediquem a ser mães e não tenham outras ambições.
Isto não é inocente e cá para mim tem a mão de certa instituição por detrás...
Pior é que estes manuais, se estão à venda, é porque foram aprovados pelo ministério. Mete nojo...
PS: fui à página de FB da Porto Editora deixar uma mensagem a dizer o que penso e porque não volto a comprar nem a apoiar ou subscrever nada da editora enquanto tiver estes manuais à venda.
Um exemplo de um exercício proposto para as meninas:
distribuição gratuita dos manuais escolares
Isto porque, continua o professor catedrático jubilado em Direito, a devolução dos livros no final do ano letivo e os constrangimentos à utilização dos manuais – que têm de ser entregues em «bom estado», sem estarem escritos – «podem afetar negativamente os alunos mais desfavorecidos», que são quem mais depende dos manuais na altura dos exames e das provas nacionais.
...
O constitucionalista sublinha ainda que «para garantir o direito fundamental ao ensino obrigatório a Constituição não exige a gratuitidade dos livros escolares». Basta estar garantida a «acessibilidade, a preços razoáveis» dos manuais escolares. Ao Estado cabe a «intervenção direta» para «evitar que o preço dos livros se torne uma barreira intransponível aos alunos de famílias mais carenciadas».
Em vez da criação de um sistema de reutilização dos manuais escolares, Gomes Canotilho defende que o Estado deve, sim, «empenhar-se no apetrechamento das bibliotecas escolares, na promoção da concorrência do livro digital» ou «na subvenção a famílias carenciadas e numerosas e numa política fiscal favorável à disseminação do livro escolar».
Nas disciplinas com exame os alunos têm que guardar os manuais por vários anos e mesmo nas outras, os manuais trazem exercícios para resolver no próprio livro ou trazem textos e o seu bom estudo implica tomar notas e escrever nas margens dos textos o que não permite a entrega dos livros num estado 'como novo'. Um manual bem utilizado está personalizado pelo aluno que o usou.
Daí não se segue que não se possa recolher manuais entre os alunos que já não precisam deles para emprestar aos dos anos a seguir. Na minha escola fazemos isso [embora muitos professores se queixem que os alunos, como têm os manuais com os exercícios já todos resolvidos, não estudem como deviam]. Mas essa não deve ser a política principal. A política deve ser a venda de livros a preços razoáveis e o apoio aos que não podem pagá-lo como se faz com o SASE.
É claro que para vender manuais escolares a preços razoáveis é necessário regular os preços e enfrentar os lobbies das editoras. Esse é que é o problema, mais nenhum.
Começamos a receber os manuais do 11º ano para análise e escolha. Como agora os manuais são adoptados por um período de seis anos, é preciso muito cuidado no projecto a adoptar porque depois temos que trabalhar com ele muito tempo.
No ano passado adoptou-se o do 10º ano (votei vencida porque se adoptou um manual que em meu entender era o 2º pior...) A escolha do manual, na Filosofia, tem muito a ver com a maneira de trabalhar, o que se pensa ser a função de um manual e o trabalho do professor.
Este ano escolhe-se o do 11º ano. Já recebi quatro projectos e estou a vê-los assentado as vantagens e desvantagens em post-its que colo nos livros porque doutro modo quando chegar à altura de os escolher já não lembro... são tantos...
Dos que vi até agora, achei-os muito caros: 30 euros mais 6 euros ou assim do caderno de actividades, é muito. Quase todos têm imensas actividades, o que é bom. Um dos livros, o único que vem sem montes de materiais acessórios, custa 13 euros e meio. Gosto da organização dele e da selecção de textos mas não tem actividades.
Alguns já só trazem a matéria que sai no exame... o exame não é obrigatório, quem o faz são os piores alunos (com algumas excepções) que, ou chumbaram ou vão fazê-lo para fugir ao exame de Física ou outro qualquer, de modo que condicionar o livro ao exame como se o ensino tivesse como objectivo fazer um exame... é que retiram temas obrigatórios do programa do manual e só lá deixam os que saem em exame. Isso retira coerência ao programa.
Enfim, ainda faltam muitos e há outros problemas com os manuais actualmente. Coisas que vejo muitos colegas acharem uma vantagem sendo que a mim me parecem uma clara desvantagem e retrocesso...
No próximo ano letivo, a subida será de 2,6%. Só os mais carenciados têm livros emprestados.
38,92 euros é quanto vai custar o manual mais caro para o próximo ano letivo. É este o limite fixado para a disciplina de Literatura Portuguesa do 10.º ano. Mas a fatura aumenta no caso dos livros que se vendem com cadernos de exercícios, como acontece a Matemática.
Quase todos os manuais têm cadernos de exercícios... uma família com dois filhos ou, até só com um, vê-se aflita para pagar os livros no início do ano - mais o resto do material: calculadores, material de desenho, etc.
Este ano ainda só recebemos dois manuais para apreciação. Os que não se receberem ou, os que aparecerem mesmo em cima da data para a escolha, não podem ser apreciados e não entram na lista de elegíveis...
por P.S.T.Hoje
A Convenção de Preços para o ano letivo de 2012/2013, assinada entre a Direção-Geral das Atividades Económicas e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, prevê um aumento máximo de 2,6% no preço dos manuais escolares. A subida é superior à do ano passado mas abaixo da inflação prevista
Há um ano a subida tinha sido bastante mais modesta, fixando-se em 1,1%. Ainda assim, o novo aumento fica abaixo da inflação prevista para este ano que, segundo o boletim de Janeiro do banco de Portugal, deverá atingir os 3,2%.
Os preços dos manuais - que serão ainda fixos pelas editoras, com base nestes limites, poderão variar entre os 9,46 euros (com IVa) do manual de Língua Portuguesa do 1.º ciclo e os 37,51 euros do livro de Matemática A do 12.º ano.
Auns despedem-se a outros reduz-se-lhes o salário e tira-se-lhes o subsídio (parece que os ordenados ainda vão cair mais 14% nos próximos dois anos) mas os preços dos manuais escolares vão aumentar... é a justiça social...
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