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Esther Duflo só ganhou o prémio, como se vê pelos títulos dos jornais, por ser mulher do Abhijit Banerjee... de facto, ainda estamos no tempo da Madame Curie... depois perguntam porque é que as mulheres não seguem mais carreiras científicas?

Last week the Nobel Committee announced the winners for the 2019 Nobel Prize in Economics: Abhijit Banerjee, Esther Duflo, and Michael Kremer.

And the news was relayed to the world via several major media outlets:

“Indian-American MIT Prof Abhijit Banerjee and WIFE wins Nobel in Economics” — The Economic Times

“Indian-American Abhijit Banerjee, WIFE Esther Duflo and Michael Kremer win 2019 Nobel Economics Prize” — FirstPost

“Indian-American MIT Prof Abhijit Banerjee and wife Esther Duflo win Noble prize in Economics” — Business Insider

The reporting choice seems more suited to the age of Marie and Pierre Curie, and yet, here we are in 2019. Yes, Duflo happens to be married to her co-recipient, Banerjee. But contrary to the implication conveyed by mentioning her wife-status in a headline, that is not why she won her prize.

 

Esther Duflo is widely considered one of the greatest minds in development economics, revolutionizing it by pioneering an experiment-based approach to problems of poverty, such as child health and education access. Her effect, along with the work of Banerjee and Kremer, within development economics is credited for helping to transform the field of economics as a whole, bringing a previously theoretical discipline down to Earth and rooting it in reality. Her influence means that policy is more rooted in scientific data, rather than elite assumptions, about the lives of the world’s poor, and that the impact of policy can be measured. She is the director of MIT’s Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-Pal), a premier poverty research institution. She is a 2010 recipient of a MacArthur genius grant. She is the youngest recipient in the 50-year history of the Nobel economics prize.

In other words, Esther Duflo is Esther Duflo. The fact that she is the wife of anyone is incidental to her many achievements."

https://bit.ly/2BsGIfR

 

publicado às 21:15


Coisas incríveis ou machismos à portuguesa

por beatriz j a, em 03.08.19

 

Agora por causa de uma longa conversa com uma amiga sobre filhos e trabalho falou-se na Assunção Cristas e fui à Wiki ver quantos filhos tinha. Qual é o meu espanto quando vejo isto:

 

Maria de Assunção Oliveira Cristas Machado da Graça (Luanda, 28 de setembro de 1974[1]), apenas conhecida como Assunção a porca, Cristas, é uma jurista, professora e política portuguesa.

 

publicado às 12:31

 

Pessoas de boa índole (Valter Hugo Mãe)

Perguntei a uma ativista que papel seria o de um homem solidário com a causa das mulheres no advento do feminismo. Respondeu-me que seria o de ouvir. Perguntei como ficariam os homens que pensam o papel das mulheres, os seus direitos e a sua dignidade, os seus sentimentos e a justiça. Respondeu-me que os homens procuram usurpar o feminismo. Querem inscrever-se no movimento porque, mais uma vez, tentam chamar a si o curso da história, para decidir o que deve ser decidido expressamente pelas mulheres.

 

Valter Hugo perguntou a uma activista, entenda-se, 1 pessoa entre milhares de milhões, o que pensa e depois generaliza a resposta dela a todas as mulheres feministas e chama-lhe feminismo tóxico, 'uma merda' como o machismo: "Frustra-me profundamente que o feminismo possa ser uma radicalização fundamentalista como algumas posições de fé. A fé, largamente irracional, só é resposta para uma pessoa, não pode ser padronizada. A fé é da intimidade. O feminismo fará sentido enquanto humanismo, se for uma substituição rigorosa da merda que o machismo é então, por definição, é uma merda também. O papel da pessoa de boa índole em todas as questões da humanidade é essencial e justificado."

 

Ora, aqui há duas coisas: primeiro, se é certo que é uma virtude ter-se boa índole, isso só por si não justifica todos os actos pois pessoas de boa índole cometem erros, às vezes grandes ofensas ou até, crimes. Por conseguinte, fazer uma profissão de fé na 'boa índole' será, pelas próprias palavras do autor relativamente à fé, uma irracionalidade...?

 

Outra coisa é dizer que o feminismo fundamentalista é irracional ou a mesma coisa que o machismo. Não é.

Não estou de acordo com essa visão de que os homens só devem ouvir, muito pelo contrário, acho muito bem que intervenham e parece-me que esta luta não será ganha sem a colaboração de todos, no entanto, compreendo muito bem a posição dessas mulheres: se formos ver a história da literatura publicada é praticamente toda masculina. Nela, os autores homens, a esmagadora maiora, certamente, de boa índole, constroem as personagens femininas na perspectiva masculina, machista, o que não surpreende pois era essa a sua educação, visão e contexto envolvente. Ainda o é. São, grosso modo, personagens infantilizadas, dóceis, submissas, fisica e intelectualmente e, quando não o são, é porque são doentes, neuróticas, histéricas, masculinizadas, frígidas, etc. Os personagens masculinos quando têm características tradicionalmente atribuídas às mulheres são geralmente caracterizados como efeminados, sendo o termo usado de modo prejurativo para indicar que são qualidades negativas. Há excepções, claro, mas são isso mesmo.

 

Daí que muitas mulheres sejam radicais e digam que não é possível aos homens não terem um ponto de vista machista ao escreverem sobre mulheres e que, ao fazerem-no, perpetuam os preconceitos das sociedades patriarcais. Não estou de acordo, mas compreendo a posição, é uma posição de quem é o repositório de milhares de anos de machismos incorporados no quotidiano.

 

Por exemplo, aqui há muitos anos, chegou um colega novo à minha escola. Aí na segunda vez que reunimos para falar de trabalho, despediu-se, pondo-me a mão na cabeça, que é um gesto que considero de grande intimidade, ou de infantilização como há quem faça às crianças e adolescentes. Fiquei furiosa e disse-lhe, 'Nunca voltes a tocar-me. Não te conheço de lado nenhum e não te dei autorização para isso.' Ficou a olhar para mim com um ar estupefacto. Não percebeu a minha ofensa. Ele não era má pessoa mas obviamente estava habituado a tratar as mulheres com aquele paternalismo machista, como se as mulheres fossem todas crianças a quem se faz festinhas na cabeça, o que dantes era muito comum e ainda o é, sobretudo nas pessoas mais velhas.

 

Estas e outras pequenas coisas, são grandes coisas, porque são constantes. É claro que um homem pode tentar perceber o que é este assédio e paternalismo constantes, usando imaginação. Se for um negro a viver num país de brancos percebe muito melhor porque também é vítima do preconceito impregnado no tecido social. No entanto, é a saturação deste contexto patriarcal que tornou algumas mulheres radicais.

 

Pelos vistos o autor não consegue perceber isso e julga que ser radical por ter as defesas todas em alerta total por conta de uma vivência de mihares de anos de opressão é a mesma coisa que ser machista - aquele que defende a submissão, social, intelectual e sexual das mulheres. Não é, porque essas feministas fundamentalistas não defendem a submissão dos homens às mulheres. O que acontece é que não têm fé na capacidade dos homens não serem machistas. Desconfiam deles até à 5ª casa. 

 

Mas não é o autor que diz que a fé é uma coisa íntima e largamente irracional? Então o que pede é que as mulheres acreditem íntima e irracionalmente, nos homens, só porque eles se consideram, ou são, de boa índole?

O autor compreende que, se não houvera a atitude machista a feminista também não existiria? E que, portanto, não são duas faces da mesma moeda, pois uma é uma agressão com vista à submissão e outra uma defesa com vista à liberdade de todos e não apenas das mulheres?

 

Os problemas sociais geramente são muito complexos e não se coadunam com afirmações simplistas como chamar tóxicos a todos os homens ou chamar tóxicas às feministas.

 

publicado às 10:40

 

De repente, percebemos que as maternidades do país estão presas por fios.

Inês Cardoso

Num país de baixa natalidade, é essencial não apenas assegurar capacidade de resposta, mas transmitir total confiança às populações.

Em contagem decrescente para as legislativas, o PCP e o Bloco de Esquerda reagiram de imediato e chamaram responsáveis técnicos e políticos ao Parlamento. É bom lembrar, contudo, que os orçamentos do Estado dos últimos anos tiveram a sua aprovação.

 

Aqui há meia dúzia de anos aquele Raposo que escreve para o Expresso publicou uma crónica, que na altura comentei, em que defendia, de um modo indirecto, que as mulheres de 30 anos (as outras já são lixo...) deviam ser assediadas pela sociedade no sentido de serem mal vistas se fossem procurar emprego antes de terem filhos e ficarem dois anos em casa a tomar conta deles. Acrescentava ainda que percebia que as mulheres portuguesas quisessem trabalhar para não serem vistas como "dondocas" mas que isso havia de passar se os homens ajudassem, ou até, partilhassem, as tarefas de casa.

[No ano passado, numa grande reportagem do Diário de Notícias("Porque é que os Suecos têm mais filhos?"), a jornalista Céu Neves ouviu um casal sueco típico: "não é um risco ter filhos. E isso é bem visto por todos incluindo os patrões. O que é mal visto é uma mulher de 30 anos procurar emprego, porque se espera que tenha filhos e esteja com eles nos primeiros anos de vida". Ora, se um homem português dissesse publicamente que as mulheres devem ficar em casa dois anos a tratar dos filhos, o Carmo e a Trindade cairiam no dia seguinte. O sujeito seria acusado de machismo, de salazarismo. Se uma mulher portuguesa dissesse a mesma coisa, o Carmo e a Trindade cairiam duas vezes. A senhora seria acusada de subserviência, seria queimada nos autos-de-fé das brigadas da linguagem. ]

 

O problema é este: os decisores portugueses, quase todos homens, mas também mulheres educadas neste sistema clerical/patriarcal entendem que os filhos são um problema das mulheres.

No artigo deste indivíduo nem uma única vez se diz que a sociedade devia pressionar os homens a não procurar emprego antes de terem filhos e ficarem em casa dois anos a tratar deles porque o problema dos filhos, no entender dele, não é dos homens, é das mulheres - embora os homens reservem para si as decisões acerca do que as mulheres podem e não podem fazer, relativamente ao seu corpo.

 

O homem é um ser humano substantivo, com ideias, projectos, presença e investimento no mundo, a mulher é uma categoria funcional, serve para ter filhos e cuidar deles. Talvez depois se deixe que tenha um trabalho para não parecer "dondoca". A ideia de que as mulheres tenham ideias, projectos de vida, ambições, preocupações científicas, sociais, filosóficas, etc. que as motivam mais que ter filhos e que se realizem no trabalho, nem lhe passa pela cabeça. 

 

Portanto, estes homens que são os decisores políticos e seus influenciadores, demitem-se do problema dos filhos mas assumem-se como proprietários e decisores do corpo das mulheres.

As mulheres têm que ter os seus filhos e tratar deles, de preferência aos 30 anos.

 

Porque é que o dever de ter filhos e tomar conta deles não é estendido aos homens? Afinal, se os homens são capazes de fazer filhos e se há mulheres que querem ter filhos, e se os homens são perfeitamente capazes de cuidar e educar filhos como as mulheres, porque não obrigá-los a eles também a ter filhos aos 30 anos e a cuidar deles dois anos...?

 

Porque a revolução francesa, de que somos politicamente e socialmente herdeiros, teve como grande mérito, como sabemos, a ideia de que a liberdade é igual, em direitos, em todos os seres humanos, ao contrário do que acontecia até então, onde os reis e nobres em geral eram livres (como os ditadores, imperadores, etc.), entenda-se tinham a liberdade de escolher e ditavam as condições de vida aos outros, que eram obridados a submeter-se-lhes.

Ora, o que acontece é que a sociedade em que vivemos, clerical e patriarcal por tradição, não quer estender às mulheres esse código de liberdade. Por essa razão parece aceitável que um homem decida ter uma vida sem filhos ou decida tê-los mas se escuse a cuidar deles mas já não parece aceitável que uma mulher seja livre de tomar exactamente a mesma decisão.

 

Enquanto a sociedade não perceber que o problema dos filhos é também um problema de perpetuação da pátria que a todos diz respeito, o problema da natalidade não se resolve; enquanto a sociedade não perceber que as pessoas todas e não apenas os homens, têm direito a escolher o seu projecto de vida em liberdade, inclua ou não filhos, o problema não se resolve; enquanto a sociedade for patriarcal e não criar condições para que os filhos não sejam vistos como um obstáculo ao desenvolvimento pessoal, em liberdade, das mulheres, o problema da natalidade não se resolve.

 

Da mesma maneira que não se resolve o problema da falta de médicos no interior dizendo-lhes que é preciso médicos no interior ou obrigando-os a ir para lá como recrutas à força mas criando desenvolvimento e condições de atracção no interior, também o problema da natalidade não se resolve enquanto não se criar condições de vida que tornem a parentalidade uma tarefa apreciada e bem vinda socialmente com apoios e estruturas que a facilitem.

 

Não haver obstetras nem maternidades a funcionar não é um bom princípio.

 

publicado às 13:39


Portugal, um país de machistas

por beatriz j a, em 30.03.19

 

Cristas pediu desculpa, o que é bom, mas fê-lo particularmente, na sua página do TWITTER A questão é: porque é que este Armindo Leite não está já fora do partido? Um homem que fala de desejar que uma deputada morra. Como é que isto é normal? Será que é assim que neste país os homens costumam falar das mulheres em privado? Os outros homens revêem-se nestas palavras deste político? E como é que o partido de Cristas vai apresentá-lo nas próximas eleições? Como é possível aceitar-se que uma pessoa desta natureza tão baixa e malvada esteja num cargo público?

 

Assunção Cristas, líder do CDS-PP, pediu desculpa à deputada socialista Isabel Moreira na sequência de insultos de teor homofóbico dirigidos por Armindo Leite, membro da comissão política da concelhia democrata-cristã de Barcelos.

 

Horas antes, esta sexta-feira, Isabel Moreira tinha denunciado o ataque na sua página do Facebook, publicando uma captura de ecrã de uma mensagem enviada por Armindo Leite. “És uma vergonha, f... de m..., mata-te”, lia-se na mensagem endereçada à deputada do PS.

 

“Repudio em absoluto qualquer comentário de ódio. O CDS pauta-se pelo respeito de todas as pessoas e de todos os pontos de vista e condena comentários deste teor. Apesar de só vincular o próprio, não posso deixar de lamentar profundamente o sucedido e pedir desculpa à Isabel Moreira”, escreveu Cristas na rede social Twitter.

 

publicado às 16:10


O mundo mudou e o senhor Moura não percebe

por beatriz j a, em 03.03.19

 

... ou não aceita.

A maior transformação socio-cultural da segunda metade do século XX -que ainda decorre- é a do acesso das mulheres à educação e a participação das mulheres na vida pública, política e laboral.

 

Aos poucos esta realidade tem levado à transformação das mentalidades, nomeadamente no que respeita à rejeição da normalização do poder patriarcal que é visto como um anacronismo, uma espécie de cauda que por vezes ainda aparece em algumas pessoas e tem que ser retirada. O que acontece é que as pessoas que estão no poder, nos vários poderes, ainda são do tempo em que a cauda era normal, por assim dizer e, ainda falam e agem como se estivéssemos noutros tempos. Mas não estamos e há um equilíbrio de forças que começa a notar-se. E ainda bem.

 

Se falassem com os meus alunos perceberiam que a mera ideia de uma rapariga ou uma mulher serem obrigadas a ter uma gravidez e uma maternidade que internamente, física e psicologicamente rejeitam, já só é defendida por alguns alunos testemunhas de Jeová e os outros consideram isso uma tortura; que a grande razão para o afastamento das igrejas, nomeadamente as raparigas, é perceberem que são instituições que as tratam como seres de segunda categoria. E ainda percebiam que os rapazes também acham estas ideias de que as mulheres adúlteras merecem castigo um anacronismo. 

 

Mas os juízes e outros homens de poder ainda não se deram conta disso. A justiça já terá tantas mulheres como homens e por isso as coisas começam a mudar. No dia em que a política tiver tantas mulheres como homens as coisas mudarão porque o que tem acontecido nestes milénios é que não há ninguém no poder para representar as mulheres e todos os que lá andaram rebaixaram as mulheres para manter superioridade; como se homens e mulheres fossem inimigos e não duas faces do mesmo ser que é humano. Por ainda estarem nessa guerra, os Mouras deste país, pensam que ser feminista é o contrário de ser machista. Mas é claro que não é. Ser feminista é querer o fim da guerra com a consequente igualdade de direitos [humanos] perante a lei.

 

Compreendo: estão, a maioria, habituados de séculos e séculos de patriarcado a chegarem onde querem sem esforço e muitas vezes sem mérito, apenas pela negação e submissão das mulheres enquanto concorrentes. São contas fáceis de fazer: se temos vinte lugares para os quais há vinte homens e vinte mulheres a concorrer, podendo eliminar as mulheres há lugar para todos os homens.

 

O senhor juíz, como muitos outros, estão em pânico com estas mudanças ao verem escoar-se pelo ralo os seus privilégios de sempre e então entrincheiram-se na defesa dessa visão patriarcal do mundo. Se tudo correr bem, quer dizer, se as mulheres e os homens de boa vontade e inteligência esclarecida não desistirem, essa visão patriarcal tem os dias contados.

 

Outra coisa é o que diz este senhor acerca da prestação de contas dos juízes, em primeiro lugar e, depois, do poder controlador da comunicação social ou do povo.

 

A prestação de contas deve existir a um orgão interno da própria justiça sempre que os juízes profiram sentenças que estejam feridas de inconstitucionalidade ou subjectividade contrária ao propósito da justiça em si mesma e não apenas por falhas administrativas, senão os juízes seriam um poder absoluto, coisa que não tem cabimento dentro de uma democracia. Um juíz não está no posto para se representar a si próprio e à sua ideologia pessoal e castigar as pessoas que lhe sejam contrárias. E se são incompetentes ao ponto de cometer erros grosseiros de justiça devem ser afastados.

 

Em segudo lugar, é preciso não esquecer que o poder judicial é uma transferência de poder do povo. Directa. Não é através da AR. Nós o povo, em vez de fazermos justiça pelas nossas próprias mãos, transferimos o poder de fazer leis à AR e o poder de as aplicar nos conflitos entre particulares e instituições, bem como sancionar penas, aos juízes.

Os juízes respondem ao povo e é legitimo que o povo controle a sua acção e os critique se o entender. E como o povo não tem modo de dizer directamente aos juízes o que pensa da actuação da justiça, di-lo nos jornais e em outros meios de comunicação. E é legítimo que o façam porque os juízes não actuam em representação de si próprios mas de nós, o povo.

Assim como lhes transferimos o poder, quando entendemos que estão a atraiçoar as suas funções revogamos essa transferência, que é o que se passa nas revoluções onde se quebra o contrato social.

Portanto, é bom mesmo que haja um regulador interno da justiça que faça auto-crítica e vá intervindo pedagogicamente junto de juízes que o necessitem e é bom também que os juízes ouçam o povo. Não para lhe obedecer mas para fazer essa auto-crítica e ir melhorando no seu trabalho. A não ser que os juízes se considerm perfeitos e sem necessidade de melhorias ou que considerem que a culpa dos erros é sempre das leis e não de si mesmos e das suas interpretações.

 

Quanto mais poder um orgão tem mais humilde tem que ser (neste sentido da auto-crítica) porque maiores são os estragos que fazem em caso de erros.

 

Pode dizer-se que algumas pessoas foram mal educadas ou ofensivas no modo como criticaram o senhor Moura mas que têm legitimidade para criticar, ah pois têm!

Reparo, no entanto, que o próprio juíz foi extremamente ofensivo na maneira como criticou a 'mulher adúltera'. Extremamente ofensivo e mal educado mas isso ele acha normal. Aliás, há pessoas que chamam tudo e um par de botas, cada vez com mais agressividade, àqueles com quem não concordam, mas depois abespinham-se se os outros os tratam na mesma moeda. 

 

Estou para ver se este juíz leva aqueles humoristas todos a tribunal. Ainda lhe sai o tiro pela culatra e se torna objecto do pagode nacional...

 

 

publicado às 15:42

 

 

Comentários "machistas" mancham encontro de dirigentes associativos do superior

Comentários foram publicados na página electrónica do encontro e visavam as representantes da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciência Sociais e Humanas.

Publicações com dizeres como “Comissão das Violadas”, acompanhadas por fotos das representantes da AEFCSH, ou “Alguém que mande as gajas da AEFCSH ir fazer o jantar” são exemplos do que a Federação Académica de Lisboa também já classificou de acções “inqualificáveis”, numa nota de repúdio tornada pública nesta terça-feira.

 

publicado às 22:03

 

 

Professional tennis right now is a perfectly infuriating microcosm of the patriarchy

 

Yet Federer and Nadal have not carried women’s tennis. Women have carried women’s tennis.

 Statistics are behind Serena. “For the last two US Opens, the women’s final scored higher TV ratings than the men’s final,” CNBC’s Stephanie Kratter noted, citing research by SMG Insight which also concluded that the “global TV and digital audience for women’s tennis rose 22.5% [in 2014] compared to 2013.”  

Indeed, in 2013, the women’s US Open final (again between Serena Williams and Victoria Azarenka) drew nearly twice the audience in ratings (4.9 to 2.8) of the men’s final, which featured Nadal and Novak Djokovic. And while the 2015 men’s final had more viewers than the women’s final, let’s not forget–as Ben Rothenberg at The New York Times reminds us–that last year’s “excitement over [Williams’s] Grand Slam bid caused tickets to the women’s final to sell out before the men’s final for the first time in tournament history.”

 

As mulheres têm progredido no ténis, não por causa dos homens, sejam eles o Federer ou outro qualquer, mas apesar dos homens, como qualquer idiota percebe depois das declarações de Moore. E não apenas no ténis mas em quase todas as áreas da vida. É preciso ultrapassar milhões de Moore's para se conseguir vencer seja em que área for.

 

 

publicado às 17:32

 

 

 

Bispos querem nova lei do aborto Prelados entendem que a atual lei é um atentado aos direitos humanos.

Sweden’s feminist foreign minister has dared to tell the truth about Saudi Arabia. What happens now concerns us all

 

O que têm estes dois títulos para que os relacionemos? Bem, comecemos pelo segundo: há umas semanas a ministra dos negócios estrangeiros sueca denunciou a opressão das mulheres sauditas às mãos de uma monarquia teocrática masculina que impede as mulheres de terem autonomia sobre si próprias e as suas vidas - não podem estas ter propriedade privada a começar pelo seu próprio corpo, são obrigadas a casamentos desde a infância com pedófilos, não podem viajar, etc. Condenou também o modo como Raif Badawi está a ser tratado e denunciou estes métodos como medievais.

A Arábia Saudita não gostou: retirou o seu embaixador da Suécia e deixou de emitir visas para suecos. Os Emiratos Árabes Unidos juntaram-se ao protesto bem como a Organização Islamita e acusaram a Suécia de faltar ao respeito "à riqueza e variedade de standards do mundo". Condenaram a ministra por ter "interferido em assuntos internos do Reino da Arábia Saudita."

A ministra, por sua vez, disse que não é ético a Suécia manter a cooperação militar com a Arábia Saudita face ao desrespeito que mostram pelos direitos humanos, nomeadamente no que respeita à lei sharia e cortou toda a cooperação.

Ninguém veio em auxílio da Suécia (uma pequena nação ameaçada por mais de 50 estados islâmicos por causa desta posição) e este caso está a ser silenciado na imprensa. Os EUA há pouco também lá foram prestar vassalagem ao petróleo.

Os próprios empresários -homens- suecos já fizeram abaixo-assinados a dizer que a Suécia não pode prescindir dos negócios das armas com os árabes.

Posto isto cabe perguntar, porque é que as nações ocidentais criticam os jihadistas e esperam auxilio da Arábia Saudita, Irão, etc., para lutar contra eles, se estes países, eles próprios são os primeiros a defender que negar direitos humanos às mulheres é uma riqueza cultural? E, porque é que as nações ocidentais não se calam, se na prática, na hora da verdade, são cúmplices com todas as barbaridades que se cometem contra as mulheres, pois calam a boca  e aceitam tudo, para não inviabilizar negócios? 

 

Os bispos portugueses vêem mais uma vez dizer o que é que eles pensam sobre os benefícios da instrumentalização das mulheres na sociedade. 

A Igreja Católica (como quase todas) faz do desrespeito pelas mulheres o estandarte da sua pregação: desde logo porque proclamam que as mulheres são inferiores aos homens de tal modo que não podem ocupar nenhum cargo eclesiástico de autoridade (onde há um homem ele tem que ser a cabeça - as mulheres não a têm) e que devem obedecer aos que os homens ordenam. E o que ordenam as igrejas? Ordenam que as mulheres devam ser usadas como incubadoras porque há 'um deserto de natalidade'.

E se as mulheres não quiserem ter filhos... o que propõem...? Bem, se seguirmos a lógica do argumento, os homens poderão forçar as mulheres para acabar 'com o deserto de natalidade' ou fazer chantagem, como proibi-las de estudar ou trabalhar enquanto não tiverem filhos... ou proibi-las de sair de casa como advogava aquele padre do Norte no ano passado quando veio dizer que o lugar das mulheres é o lar... é que se partem da posição que não lhes cabe a elas mas a eles, homens, decidir, mesmo que à força (a lei é força), do destino delas, chegar aos extremos dos afegãos, que legalizaram a violação, são uns poucos de passos... esses próprios afegãos, também começaram há duas dezenas de anos apenas por querer que as mulheres tapassem a cabeça... e veja-se onde chegaram.

 

As crianças crescem a testemunhar o desrespeito da igreja pelos direitos das mulheres, como coisa positiva, crescem a testemunhar a apropriação das mulheres como objectos dos interesses masculinos, como coisa desejável e positiva, pois os homens que o Estado ouve como campeões da ética o defendem activamente. As igrejas educam para a opressão e para o sexismo. E isto não é uma opinião subjectiva: são os factos objectivos à vista de todos.

 

Porque não vão eles, padres, ter filhos, já que querem tanto crianças? Ah, porque fizeram uma opção de vida que inclui não ter filhos? Quer dizer eles podem fazer opções de vida livremente sem que sejam obrigados a dispôr dos seus corpos para acabar com 'o deserto da natalidade'? Ah, portanto um homem pode ter essa opção de ser livre no seu projecto de vida, mas uma mulher não? As mulheres não podem ser livres? É a igreja na pessoa dos homens padres que lhe dita o seu projecto de vida?

 

A minha pergunta é: porque é que, sendo o Ocidente tão crítico com o tratamento desrespeitoso que a religião muçulmana faz às mulheres, continua a compactuar com esse desrespeito dando importância, voz e proeminência a instituições, as igreja cristãs, católica (e outras) que têm como um dos principais estandartes o desrespeito dos direitos das mulheres e a negação da liberdade inerente à sua humanidade. Ao negarem a liberdade às mulheres estão a dizer que elas são menos que seres humanos.

 

Eu pago impostos e não quero ser obrigada a pagar tempo de antena e de voz a pessoas que são uma ofensa em termos de ética humana no que respeita às mulheres. Ofende-me e envergonha-me ver a deferência com que os poderes públicos em situações públicas, falam, também em meu nome e, lhes dão poder, a essas pessoas que defendem um mundo em que as mulheres não têm liberdade, um mundo de opressão de uns pelos outros, para decidir sobre os meus assuntos enquanto cidadã e pessoa livre, que não desisto de ser. E quando são mulheres a fazê-lo ainda me envergonha mais.

Vivemos num mundo em comum, mulheres e homens. Como é que há homens que podem querer um mundo de opressão de uns por outros?

 

Em meu entender, enquanto não se disser claramente a todos os homens de todas as igrejas que não se aceita como parceiros de decisão de coisa alguma indivíduos que não têm nem mostram nenhum respeito pelos direitos humanos das mulheres (tal como fez, muito bem, a ministra sueca), está a ser-se cúmplice e apoiante, implicíta ou explicitamente com todas as barbaridades que acontecem às mulheres, por esse mundo fora, às ordens de religiões. Umas podem ser mais chocantes que outras mas [quase] todas partilham o mesmo princípio: liberdade é um atributo do homem que deve ser negado às mulheres. Ora, ou isto é inaceitável ou vamos rasgar a Carta dos Direitos Humanos e regressar ao tempo medieval teocrático como fizeram os Estados Islâmicos.

 

 

publicado às 04:02


🐸 Graffiti

por beatriz j a, em 28.01.14

 

 

 

 

 

 

publicado às 05:13

 

 

 

 

Um padre italiano culpa as mulheres pela violência machista e incita à violência contra as mulheres...

 

 

El cura se pregunta si es posible que de una “sola tacada todos” los hombres hayan enloquecido y dice que “no”, que no lo cree, que el problema está en el hecho de que las mujeres “cada vez más, provocan, se vuelven arrogantes y se creen autosuficientes y acaban por exasperar las tensiones”. “Niños abandonados, casas sucias, comidas frías, compradas en tiendas de comidas rápidas, ropas mugrientas… Si una familia acaba en el desastre y se llega al delito, una forma de violencia que hay que condenar y castigar con firmeza, muchas veces la responsabilidad es compartida”, escribió.


El sacerdote agregó: “¡Cuantas veces vemos a muchachas y señoras maduras caminar por la calle con vestidos provocadores y ceñidos!,¡cuantas traiciones se consuman en los lugares de trabajo, en los gimnasios y los cines!. Podrían evitarse, ya que desatan los peores instintos y después se llega a la violencia o al abuso sexual”. El cura señaló que la violencia o el abuso sexual es “cosa de canallas”, pero concluye su texto: “hagamos un examen de conciencia: tal vez nos lo hallamos buscado”.


El texto, colocado en estos días de Navidad y que aún sigue colgado, según la prensa local, levantó inmediatamente las protestas de los parroquianos y ha puesto en pie de guerra a asociaciones de mujeres, como Teléfono rosa, que han escrito incluso al primer ministro, Mario Monti, pidiendo que sea destituido de ese cargo, y han denunciado que “instiga a la violencia contra ellas. “Pedimos a las máximas autoridades civiles y religiosas que ordenen la retirada inmediatamente del texto, que consideramos una gravísima ofensa para la dignidad de la mujer”, afirmó hoy María Gabriela Carnieri Moscatelli, presidenta de Teléfono Rosa. Carnieri Moscatelli agregó que el mensaje “instiga a la violencia contra la mujer porque ofrece inauditos motivos para actos criminales como esos” y pidió la intervención de Monti, del papa y del obispo de la Spezia.

 

Hannah Arendt, ao chegar ao exílio americano, respondeu assim à pergunta de um jornalista, sem dúvida esperando que ela falasse no Hitler, «¿Quem é para si o maior assassino do século XX?»: «O páter famílias».

 

publicado às 09:11

 

 

 

 

Pois acho! Porque eu sou uma cidadã mulher que pago os salários dos que ocupam cargos públicos e não quero que os meus impostos sirvam para sustentar seitas de homens que se favorecem contra as mulheres e que se dedicam a espalhar os amigos machistas pelos postos disponíveis. Não quero sustentar políticos/as que não promovem a igualdade de direitos e oportunidades universal.

 

publicado às 12:38


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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