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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
... mas a verdade é que ele é especialmente virulento com a Cristas, como não é nem nunca foi com outros dirigentes do CDS e o que me parece é que se deve ao facto de ela ser mulher.
É a mesma razão que o leva a desprezar os professores -é uma profissão de mulheres- e a bastonária dos enfermeiros: é uma mulher.
Costa é um machista.
Sendo um criminoso nojento chama um amigo, usam-se da mulher como se fosse uma boneca sexual enquanto ela está inconsciente, violam-na com ejaculação e tudo e depois quando forem a tribunal, se apanharem um daqueles/as juízes machistas que entendem que as mulheres inconscientes de bêbedas estão a pedi-las, o que nos faz pensar, 'será que na mesma situação o indivíduo/a juíz/a fazia a mesma coisa?', dizem que têm família e são respeitados na sociedade e os juízes/as dizem que não houve violação e que a mulher até andou a seduzi-los... logo, isso justifica que a violem...? Ah... espera lá, não houve violação porque ela não disse que não... pois, mas ela estava desmaiada, como havia de dizer? Problema dela, não desmaiasse... desmaia, está a pedi-las...
Alguma coisa está muito errada na escolha e formação de juízes neste país. Felizmente, acreditamos que estas peças serão uma minoria. Espera-se...
Em Portugal os homens quebram o silêncio. Acho bem. Há aqui um problema mundial que só agora começa a ser reconhecido ao nível das estruturas de poder masculinas (porque as mulheres há muito tempo que sabem do problema) e só agora começa a ser trabalhado. No entanto, as mulheres, que infelizmente são em muito maior número que os homens, vítimas de abuso sexual e de assassinatos por esse motivo, continuam caladas. Alguém num artigo de jornal perguntava quando é que as mulheres portugueses ganham coragem para falar? A resposta, penso, é que isso será difícil. É que ainda ninguém falou e já os jornais trazem, todos os dias, artigos, às vezes de várias páginas inteiras (veja-se o 'i' de hoje) a dizer que há uma histeria (epíteto que os sexistas usam para desvalorizar as mulheres), uma caça às bruxas, um puritanismo idiota... escolhem dar relevo a um caso de uma mulher que acusou mal um homem (como se um caso, ou até 20 casos, de negros, que acusassem alguém indevidamente de esclavagista, pusesse em causa a dimensão do horror da escravatura) dando a entender que, se calhar, muitas mulheres acusam os homens indevidamente (a descrença nas denúnicas das mulheres com a consequente impunidade e retaliações que sofrem é o que as faz ficar caladas), de modo que, lá está, isto agora é uma caça às bruxas, outros dizem que se uma mulher não fala na altura e só fala passados muitos anos é porque é hipócrita mostrando não compreender nada do que é o assédio... enfim, neste contexto de agressividade, ignorância e falta de honestidade introspectiva de quem diz estas coisas difícilmente haverá mulheres a denunciar abusos. Mas não será esse o objectivo dos indivíduos que orquestram estas campanhas? Inibi-las de falar? Portugal, como todas sabemos, é um país muito machista, retrógado e com extremo desequilibrio no número de mulheres em cargos de poder. É triste.
primeira página grande título acerca da 'caça às bruxas' (a própria expressão, caça às bruxas, tem origem num tempo e práticas de extrema violência gratuita contra as mulheres, por serem mulheres. Que agora se use essa expressão para vitimizar homens que são predadores e agressores de mulheres, é de uma grande miséria moral).
mais caça às bruxas
mais caça às bruxas, agora pondo em relevo esta actriz que assinou uma carta onde até se dizia que se pode ter prazer numa violação...
‘A woman is embarrassed little that she does not possess certain high insights.’ (Observations on the Feeling of the Beautiful and Sublime, Kant)
‘The desire of a man for a woman is not directed to her as a human being, on the contrary, the woman’s humanity is of no concern to him; and the only object of his desire is her sex.’ Kant’s lectures on ethics
(citado em The African Enlightenment por Dag Herbjørnsrud)
O sexismo e o assédio enquanto direito natural do macho em importunar, agredir e tomar posse de mulheres, vêm de milénios e foram defendidos por grandes mentes que moldaram, por dentro e por fora, o mundo em que vivemos; de onde se provam duas coisas: a primeira é que o contexto sócio-cultural e a sua interiorização pela educação nos primeiros anos é mais forte que a objectividade do olhar adulto inteligente, mesmo em grande mentes e, até, nas próprias mulheres que dele são objecto; a segunda, que destruir o olhar machista/sexista é tão difícil como desincrustar os fósseis que estão no substrato das camadas geológicas inferiores.
Uma pessoa lê os pensamentos de Kant e de outras dezenas de pensadores que admira em termos intelectuais, no modo como viram os padrões dos grandes problemas humanos e os superaram mas, ao mesmo tempo, tem pena deles, porque impressiona a cegueira de não terem sido capazes de ver-se a si próprios com a mesma clareza, como seres marcados por visões estereotipadas estéreis, contraditórias com os próprios princípios de universalidade que defendem com tanto rigor, impressiona a pequenez das suas mentalidades de arrogância sexista, a recusa psicológica de se verem como humanos iguais aos outros, antes pensarem-se superiores aos outros à nascença... porque houve pensadores, homens, que foram capazes de elevar-se acima desta mentalidade de género que nos agride desde a infância. Zera Yacob (1599-1692), um etiópio citado por Dag Herbjørnsrud neste artigo, foi um deles. O que faz pensar que no processo civilizador, só agora começamos a desprendermo-nos, a grande custo, do substracto.
Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo baseou-se em estereótipos de género ligados ao papel subalterno da mulher e à sua função procriadora, criticam juízes de Estrasburgo.
Portugal foi condenado nesta terça-feira pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem por causa da controversa sentença que reduziu a indemnização de uma vítima de negligência médica na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, com base no pressuposto de a actividade sexual depois dos 50 anos já não ser assim tão importante para as mulheres. O Estado português terá ainda de pagar uma multa de 5710 euros, 3250 dos quais por danos morais.
“A igualdade de género ainda é um objectivo a atingir, e uma das formas de o fazer é abordando as causas profundas da desigualdade gerada pelos estereótipos”, pode ler-se na sentença, em que a justiça portuguesa é condenada por ter violado duas normas da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. A primeira proíbe a discriminação em função do género, raça, cor, língua, religião, entre outros aspectos. A segunda diz que qualquer pessoa tem direito ao respeito pela sua vida privada e familiar.
Exacto.
No universo científico, como em outros campos, os homens estão tão habituados a conseguir passar à frente só por terem aquela credibilidade que a sociedade durante séculos lhes deu, por serem homens, que não aceitam facilmente que elas lhes possam passar à frente por mérito, de modo que tentam diminuir tudo o que fazem.
Vamos lá deixar aqui uma coisa muito clara: nenhuma caricatura, desenho, piada, revista brejeira ou até ordinária que goze com as igrejas alguma vez será tão ofensiva para as religiões como as religiões são para as mulheres.
Todos os dias temos que ouvir líderes religiosos defender que é bom as mulheres serem educadas pela força ou apedrejadas ou que não devem estudar para serem submissas ou que devem restringir-se ao espaço doméstico, ter filhos e cuidar deles como se fossem porcas reprodutoras ou que não devem deslocar-se ou trabalhar sem autorização dos maridos ou pais ou irmãos ou que devem esperar a possibilidade de serem violadas se não se vestirem de acordo com a modéstia religiosa ou que devem velar-se para não terem identidade pública ou que o seu papel na sociedade humana é equivalente ao dos morangos que enfeitam um bolo ou que devemos respeitar as culturas que não respeitam os seus direitos humanos mais básicos ou que devem casar-se aos 7, 8 ou 10 anos ou que devem ser proibidas de serem donas do seu próprio corpo, etc., etc., etc.
A mesma coisa, mais ou menos, poderia ser dita sobre as ofensas diárias que os líderes religiosos dizem dos homessexuais, bissexuais, transsexuais.
No entanto, não é por os líderes religiosos, nomeadamente os cabeças das Igrejas, serem pessoas que todos os dias me ofendem, a mim e a muitos milhares, milhões de mulheres sem o mínimo respeito pelos nossos direitos humanos mais básicos e nos degradadam pelo modo como falam de nós e a nós se dirigem, como se fôramos crianças mais ou menos deficientes mentais, que exigimos que sejam mortos ou proibidos de falar ou andar livremente nas sociedades.
Nenhuma igreja tem o direito de exigir não ser ofendida por opiniões alheias. O único travão à liberdade de expressão, por muito repugnante que uma opinião seja (como o caso das opiniões das Igrejas sobre as mulheres e o seu 'papel' na sociedade), é a defesa e o incitamento ao crime. A única coisa que as Igrejas podem exigir é a liberdade de prestarem e viverem o seu culto sem medos e restrições e todas têm o dever de respeitar os direitos dos outros sob pena de não passarem de uma seita de malfeitores que defendem uma coisa mas fazem o oposto: fazem o mal aos outros.
Acreditar, ou não, num Deus, é uma posição metafísica que tem consequências para a vida da pessoa que faz essa opção mas em nada obriga outros. Seguir uma religião organizada, seja ela qual for é um estilo de vida como ser vegetariano ou epicurista. Também aqui só o próprio é obrigado aos preceitos do culto da sua escolha mas o seu estilo de vida eleito em nada obriga os outros.
O humor, mesmo que de mau gosto, tem uma função sanitária nas sociedades: mostra o ridículo, a pomposidade bacoca, a contradição de princípios, a hipocrisia e outros males das instituições que querem ser faróis dos outros à custa de manterem às escuras os caminhos alternativos. O humor é o nosso bobo de côrte e desde que não ultrapasse os limites da lei, tudo lhe é permitido dizer, mesmo ofender a opinião de religiões de machos. Não de homens mas de machos. Religiões de machos. Aliás, as religiões é que podiam aprender a pedir desculpa, antes de o exigir aos outros...
Reyhaneh Jabbari, detida desde 2007, quando tinha 19 anos, foi enforcada no sábado, acusada de ter matado o homem que a tentara violar. A sua confissão fora obtida sob ameaças e tortura e as organizações de direitos humanos mobilizaram-se, sem êxito, para que tivesse um julgamento justo. A carta que o Observador revela hoje (traduzida da sua versão em inglês) foi escrita em abril e entregue a militantes pacifistas, mas só agora foi revelada.
Nela dirige-se à sua mãe, Sholeh Pakravan, que tinha pedido aos juízes para ser enforcada em vez da sua filha. Na última semana antes do enforcamento, Sholeh só pode ver a filha durante uma hora, acabando por saber da execução com apenas algumas horas de antecedência e através de uma nota escrita.
Aqui fica a transcrição dessa carta que vale a pena ler:
“Querida Sholeh, recebi hoje a informação de que chegou a minha vez de enfrentar a qisas [a lei de retribuição do sistema legal iraniano]. Estou magoada por não me teres deixado saber através de ti que cheguei à última página do livro da minha vida. Não achas que tenho o direito a saber? Sabes o quanto me envergonha saber que estás triste. Porque não me deixaste beijar a tua mão e a do pai?
O mundo permitiu-me viver durante 19 anos. Aquela noite assustadora foi a noite em que eu deveria ter sido morta. O meu corpo seria atirado para um qualquer canto da cidade, e dias depois, a polícia chamar-te-ia ao departamento de medicina legal para me identificar e também saberias que fui violada. O assassino nunca seria encontrado pois nós não temos a riqueza e o poder deles. Tu irias continuar a tua vida em sofrimento e envergonhada, e poucos anos depois morrerias desse sofrimento e nada mais haveria a dizer.
No entanto, esse golpe amaldiçoado alterou o rumo da história. O meu corpo não foi atirado para um lado qualquer, mas sim para a sepultura que é a Evin Prison e as suas alas solitárias, e agora para a prisão-sepultura de Shahr-e Ray. Mas entrega-te ao destino e não te queixes. Sabes melhor do que ninguém que a morte não é o fim da vida.
Ensinaste-me que cada um de nós vem a este mundo para ganhar experiência e aprender uma lição e que cada pessoa que nasce tem uma responsabilidade depositada nos seus ombros. Aprendi que, por vezes, temos de lutar.
Lembro-me muito bem quando me disseste que o homem da carruagem protestou contra o homem que me estava a chicotear mas este acertou-lhe com o chicote no rosto e ele morreu. Disseste-me que, de modo a criar valores, temos de perseverar, mesmo que isso signifique morrer.
Ensinaste-nos que, na escola, devemos enfrentar as quezílias e os confrontos como senhoras. Recordas-te da insistência dos teus reparos sobre o nosso comportamento? A tua experiência estava incorreta. Quando este acidente ocorreu, os teus ensinamentos não me ajudaram. Quando me apresentei em tribunal aparentei ser uma assassina a sangue-frio e uma criminosa implacável. Não verti lágrimas. Não implorei. Não me desmanchei a chorar pois confiava na lei.
No entanto, fui acusada de indiferença perante um crime. Eu nem mosquitos matei e as baratas que tirei do caminho, levei-as pelas suas antenas. E agora tornei-me em alguém que assassina premeditadamente. O modo como trato os animais foi interpretado como sendo masculino e o juiz nem se deu ao trabalho de ver que, na altura do acidente, as minhas unhas eram grandes e estavam pintadas.
Quão otimista é o que espera justiça dos juízes! Ele nunca questionou o facto de as minhas mãos não serem grossas como as de uma desportista, em particular de uma boxeur.
E este país, pelo qual cultivaste um amor em mim, nunca me quis e ninguém me apoiou quando, perante as investidas do interrogador, eu gritava e ouvia as palavras mais obscenos. Quando o meu último indício de beleza desapareceu, ao cortar o meu cabelo, fui recompensada: 11 dias na solitária.
Querida Sholeh, não chores pelo que estás a ouvir. No primeiro dia na esquadra, um agente velho e não casado, magoou-me por causa das minhas unhas e eu percebi que a beleza não é desejável nesta era. A beleza das aparências, dos pensamentos e dos desejos, uma caligrafia bela, a beleza do olhar e da visão e até a beleza de uma voz agradável.
Minha querida mãe, a minha ideologia mudou e tu não és responsável por isso. As minhas palavras não têm fim e dei tudo a alguém para que, quando for executada sem a tua presença e conhecimento, te seja dado a ti. Deixo-te muito material manuscrito como herança.
No entanto, antes da minha morte quero algo de ti, algo que tens de me dar com todo o teu poder, custe o que custar. Na verdade, isto é a única coisa que eu quero deste mundo, deste país e de ti. Sei que precisas de tempo para isto.
Posto isto, vou-te revelar parte do meu testamento mais cedo. Por favor, não chores e presta atenção. Quero que vás ao tribunal e lhes faças o meu pedido. Não posso escrever tal carta, a partir da prisão, que fosse aprovada pelo diretor; mais uma vez terás de sofrer por mim. É a única coisa que, se chegares a implorar por ela, eu não ficarei chateada, embora te tenha dito várias vezes para não implorares por nada, exceto para me salvares de ser executada.
Minha mãe bondosa, querida Sholeh, mais querida para mim que a minha própria vida, eu não quero apodrecer debaixo do solo. Não quero que os meus olhos e o meu jovem coração se transformem em pó. Implora para que, assim que eu seja enforcada, o meu coração, rins, olhos, ossos e tudo o que possa ser transplantado, possa ser retirado do meu corpo e dado a alguém em necessidade, como uma doação.
Não quero que o destinatário saiba quem sou, que me envie um ramo de flores ou até que reze por mim.
Do fundo do meu coração te digo que não desejo ter uma sepultura onde tu venhas chorar e sofrer. Não quero que vistas roupas pretas por mim. Faz o teu melhor para esquecer os meus dias difíceis. Entrega-me ao vento para me levar.
O mundo não nos amou. Não quis o meu destino. E agora entrego-me a ele e abraço a morte pois no tribunal de Deus eu vou acusar os inspetores, vou acusar o inspetor Shamlou, vou acusar o juiz e os juízes do Supremo Tribunal que me espancaram quando eu estava acordada e que não se abstiveram de me intimidar.
No tribunal do criador eu vou acusar o Dr. Favandi, vou acusar Qassem Shabani e todos aqueles que, por ignorância ou pelas suas mentiras, fizeram-me mal, passaram por cima dos meus direitos e que não tiveram em conta o facto de que, por vezes, o que aparenta ser realidade não é.
Querida Sholeh de coração mole, no outro mundo tu e eu seremos quem acusa e os outros, os acusados. Veremos qual é a vontade de Deus. Quero abraçar-te até que a morte chegue. Amo-te.”
Tradução da carta por Francisco Ferreira
Durante o debate de segunda-feira à noite, sobre a transição energética da França, Julien Aubert, do partido de centro-direita, insistia em dirigir-se a Sandrine Mazetier como 'Senhor Presidente' e não 'Senhora Presidente'.
"Senhor Aubert, ou o senhor respeita a presidente da reunião, ou teremos um problema. É Senhora Presidente ou terá uma chamada de atenção registada em ata", avisou Sandrine Mazertier.
"Eu aplico as regras da Academia Francesa [instituição que define a linguagem francesa]" que rejeita a feminização de cargos, retorquiu o deputado.
Os títulos no feminino provocam frequentes discussões na Assembleia Nacional, sendo rejeitados pela maioria dos deputados, mas foi a primeira vez que a questão terminou com a aplicação de uma multa.
Não são só os muçulmanos que anulam, sempre que podem, os direitos das mulheres a tratamento igual nos seus direitos.
Texto de Micah J. Murray. Tradução de Daniela Vieira Palazzo. Revisão de Alice Porto e Gonçalo Cholant. Publicado originalmente com o título: How Feminism Hurts Men no site Redemption Pictures em 12/11/2013.
Ontem, alguém me disse no Facebook que o Feminismo valoriza mulheres às custas dos homens e que, para tal, nos castra.
Ele estava certo.
Para os homens, o advento do Feminismo nos colocou no status de classe secundária. Desigualdade e discriminação se tornaram parte do nosso dia-a-dia.
Por causa do Feminismo, homens não podem mais andar nas ruas sem medo de serem assediados, perseguidos e até abusados sexualmente por mulheres. Quando um homem é agredido, ele é responsabilizado – pelo jeito como se vestiu, estava "pedindo por isso".
Por causa do Feminismo, não existem mais grandes conferências cristãs sobre como um varão deve agir, onde milhares de homens podem celebrar Jesus e sua masculinidade (e talvez zombar de estereótipos femininos).
Por causa do Feminismo, os púlpitos das igrejas e holofotes são muitas vezes voltados para mulheres. Os homens são encorajados a apenas trabalhar no berçário ou na cozinha. Às vezes dizem aos homens que se mantenham em silêncio na igreja.
Por causa do Feminismo, as mulheres ganham mais dinheiro do que os homens nos mesmos empregos.
Por causa do Feminismo, é difícil encontrar filmes com um protagonista/herói masculino hoje em dia. A maioria dos filmes blockbusters apresenta uma mulher corajosa que salva o mundo e fica com um belo homem como troféu, em recompensa aos seus feitos.
Por causa do Feminismo, o esporte profissional feminino é um negócio imensamente lucrativo, onde mulheres são globalmente idolatradas. Os homens só aparecem brevemente, nos intervalos comerciais, onde seus corpos são tidos/vistos como objetos.
Por causa do Feminismo, todo o controle de natalidade é provido por e para as mulheres, sem questionamentos ou debate, enquanto os homens têm de lutar para conseguir que as companhias de seguros paguem por suas prescrições de Viagra. Quando os homens falam a esse respeito, líderes conservadores de direita, favoráveis aos valores da família tradicional, os rotulam de "vagabundos" e "putos".
Por causa do Feminismo, o corpo masculino está constantemente sob o escrutínio público. Se um homem aparece de topless na TV é um escândalo nacional, resultando em enormes multas e boicotes. Blogueiras escrevem regularmente sobre como precisamos ser mais conscientes ao escolher nossas roupas para evitar seduzir mulheres para o pecado. Humoristas insistem que bermudas "não são realmente calças" e, portanto, os homens devem cobrir-se porque "ninguém quer ver isso."
Por causa do Feminismo, os homens não possuem representatividade na Casa Branca e as mulheres ocupam mais de 80% dos assentos no Congresso. Quando um homem vai para o escritório, sua aparência física e escolhas de vestuário são discutidas quase tanto quanto suas políticas e ideias.
Por causa do Feminismo, os homens devem lutar por uma voz na esfera pública. Em questões de teologia, política, ciência e filosofia, a perspectiva feminina é muitas vezes considerada padrão, normal, e imparcial. Perspectivas masculinas são negadas por serem muito subjetivas ou muito emocionais. Quando falamos, nós, muitas vezes, somos rotulados como irritados, rebeldes, subversivos ou perigosos.
Mas sejam fortes, caras.
Um dia seremos iguais.
Women getting the blame for being raped is an old story, one that, incredibly, refuses to die. When this trope is applied to children one sees misogyny in its purest form, with its belief that 11-year-old girls lure helpless men on and deserve what they get. I wrote a few months ago about the Jeremy Forrest case, the teacher who was jailed for five-and-a-half years for child abduction and sexual activity with a child, and said the scary thing was not that he was a monster but how common he could be. But at least as scary is the eagerness of people in authority to absolve rapists, even when the victim later shoots herself in the head in her mother's bed. As Cherice Moralez's mother said in a written statement after the sentencing of her daughter's rapist: "I guess somehow it makes a rape more acceptable if you blame the victim, even if she was only 14."
Misoginia - as profissões exercidas, sobretudo [ainda] por homens estão cheias deste ódio pelas mulheres, ao ponto de culpá-las, mesmo que tenham 11 ou 14 anos, pelos crimes de violação de que são vítimas, mesmo se os criminosos são homens de 50 anos. Ou porque não se vestem de naneira apropriada [?? apropriada para quem e segundo quem?] ou porque parecem mais velhas do que são ou porque eles [homens] até 'gostariam de ter uma mulher que os quisesse violar'... isto passa-se nos países 'civilizados'.
O traço que separa a o machismo da misoginia é ténue. Como se vê no nosso próprio país, as duas bloquistas que quiseram lançar um debate sobre o piropo, essa 'tradição portuguesa', no dizer de muitos homens [como se fosse uma espécie de festa dos tabuleiros] têm sido alvo de ataques e troças típicas dum machismo expresso que tenta diminuir e tornar invisível os problemas através do sarcasmo, arma agressiva que vota ao desprezo, duma assentada, os alvos e os seus intentos.
Mesmo ontem li uma crónica a propósito do assunto (O Bloco já não é bom como o milho) em que o jornalista solta o pedreiro misógino/machista que há em si (o exempo é dele, não meu - que me desculpem todos os pedreiros que não são como este jornalista): em primeiro lugar reduz as deputadas Joanna Dias e Ana Drago a miúdas giras, gajas boas, ridiculariza toda a iniciativa (provavelmente está de acordo com aquele argumento de, 'tomara eu que me mandassem piropos'), depois, em sua opinião, as mulheres reduzem-se a duas categorias, as miúdas giras e as velhas com buço (tão machista e ordinário que aqui tenho vontade de o mandar para algum sítio mesmo mau) dando a entender que as mulheres, se não forem miúdas e giras deviam desaparecer do espaço público, para não ofender a sua vista - quem se julga este tipo?) e, finalmente, sai em defesa do pedreiro que há em si, pois qual é o mal destes dizerem às mulheres, 'és tão boa'.
Pois, se fossemos falar a sério neste assunto e dizer as coisas com as palavras todas, teríamos que dizer que a maior parte das palavras e atitudes que os homens consideram 'piropos' e com que assediam as mulheres desde os doze ou treze anos (ou até antes, quando a puberdade lhes muda o corpo- estando sozinhas ou em grupo, ou até com filhos pequenos a ouvir) são extramente ofensivas e ordinárias, ouvem-se sobretudo na rua (a maioria dos homens que gosta de mandar 'piropos' não têm imaginação e são muito ordinários), mas também na escola dos colegas rapazes (devem ter exemplos lá em casa parecidos a este jornalista), e até no trabalho.
É claro que, na opinião deste jornalista, as mulheres que não ficam agradecidas com piropos devem ser velhas com buço que nunca ouviram um piropo daqueles à pedreiro ('és tão boa que te comia aqui', 'o que queria era enfiar o caralho aí dentro', 'anda cá chupa-me' e outras coisas piores que não vou enunciar, etc.) ou nunca tiveram um gajo qualquer a roçar-se nelas no metro, ou a segui-las até casa dizendo os tais 'piropos', ou outro a masturbar-se à sua frente num comboio ou no intervalo das aulas, ou segui-las até à casa de banho a dizer os tais piropos, ou tirar a pila para fora enquanto as miúdas esperam pelo autocarro ou até a dar-lhes palmadas como forma lisongeira de lhes dizer que são boas como o milho... ... e no trabalho também, há tipos que metem as mãos nos bolsos e se coçam ao pé das mulheres ou dizem alto e bom som, 'vem aí a gaja boa'... e outros mimos que não se percebe como é que as mulheres não gostam... num dia normal uma mulher, ou uma miúda a caminho da escola, pode ouvir e aturar estas coisas dez ou mais vezes, iato é, passar o dia a ser bombardeada com estas merdas insuportáveis.
O ataque que andam a fazer às deputadas do BE por causa disto já me anda a irritar e, pessoalmente, penso que há muitos homens como este jornalista ordinário que, não fora o acaso de terem nascido do sexo masculino e com pele branca numa sociedade machista e misogina, onde um ror de homens 'não se vêem a si mesmos', não teriam onde cair mortos pois, nem dizem nada de interesse sobre coisa alguma que nos informe ou faça aprender seja o que for e mais, se os julgássemos com os critérios com que eles julgam as mulheres, desapareciam quase todos da vida pública, pois são poucos os miúdos giros, bons como o milho e muitos os velhos, os feiosos, carecas, pançudos, com pelos a sair do nariz e, pior que tudo, completamente desinteressantes.
Se eu acho que faz sentido um debate que faça com que os homens percebam a diferença entre piropos e ofensas? Ah pois acho! E a prova está nesta crónica ordinária que este indíviduo escreveu, muito ufano de si mesmo e dos seus dotes de pôr as mulheres no seu lugar...
Vocês homens que são pais e têm filhas pequenas, devem saber que 'piropos' as esperam.
As Mulheres do Exército norte-americano têm mais chances de serem violadas na zona de combate do que de serem mortas por soldados inimigos. O Departamento de Defesa do país estima que, só em 2010, cerca de 19.300 soldados mulheres foram assediadas sexualmente. Na maioria das vezes os agressores são companheiros de batalha e chefes. Depois, abafam tudo ou dão duas semanas de prisão ao agressor e uma medalha de mérito e honra.
É triste, as mulheres terem que defender-se, em primeiro lugar, dos que deviam ser seus camaradas e, é triste perceber que a educação machista vai de vento em poupa.
A guerra mais antiga a decorrer no planeta é a que os homens fazem às mulheres e que, em muito grande parte, resulta da educação machista defendida pelas religiões, adoptadas pela maioria dos povos.
É uma vergonha. Se tivéssemos, uma geração que fosse, educada sem a violência do machismo e sem a violência física que os pais, irmãos, maridos e namorados fazem contra as mulheres, teríamos uma sociedade muito diferente.
6 Women Scientists Who Were Snubbed Due to Sexism - National Geographic News
Rosalind Franklin, uma biofísica inglesa, cujo trabalho foi essencial para o de Crick e Watson, mas que nunca recebeu nenhum reconhecimento.
Como muitas outras mulheres cientistas, Franklin foi roubada dos créditos do seu trabalho, em favor de homens, no mundo preconceituoso e machista das ciências.
Ao longo dos séculos, muitas mulheres, lutando com falta de meios, de apoios e em ambientes hostis, tiveram que assistir a que as suas descobertas fossem atribuídas a homens (geralmente maridos ou colegas de trabalho) para que pudessem ser aceites na comunidade científica.
Algumas delas:
Jocelyn Bell Burnell - descobriu os pulsares em 1967, quando ainda estudante de astronomia. A descoberta resultou num prémio Nobel para... Anthony Hewish e Martin Ryle, também astrónomos. Um supervisor, outro colega.
Esther Lederberg - fez todo o trabalho que possibilitou a descoberta da herança genética das bactérias, da sua regulação e combinação genéticas. O marido, que com ela trabalhava, recebeu um Nobel. Ela continuou a lutar por conseguir sequer bolsas para investigar.
Chien-Shiung Wu - participou no desenvolvimento da bomba atómica e foi ela que refutou a lei da paridade da mecânica quântica que revolucionaria a física quântica. Os seus recrutadores, Yang and Lee, receberam o prémio Nobel pelo trabalho dela... no caso dela também a origem étnica pesou na discriminação.
Lise Meitner - uma física nuclear austríaca nascida em 1878. Foi ela quem descobriu que o núcleo do átomo pode dividir-se em dois, possibilitando o desenvolvimento da bomba atómica. Foi para Estocolmo durante a guerra mas continuou a fazer o seu trabalho com Otto Hahn, colega que fez a experimentação. Este não não foi capaz de encontrar e elaborar a explicação teórica, o que ela fez com a colaboração de um sobrinho. Otto Hahn publicou os resultados com o seu nome, apenas, pelo qual ganhou um prémio Nobel.
Rosalind Franklin - usou raio x para fotografar o DNA, o que ficou conhecido como a 'foto 51'. Ela liderava um projecto, em Londres, de estudo da estrutura do DNA. Outro químico, Wilkin, que liderava outro projecto, mandou a James Watson e Francis Crick a 'foto 51', como se fosse dele. Foi com essa foto que Watson e Crick deduziram a correcta estrutura do DNA. Wilkin recebeu o prémio Nobel pela 'foto 51'...
Nettie Stevens - provou a determinação do sexo pelos cromossomas. Foi vítima da 'Matilda Effect' e Thomas Morgan recebeu o prémio por ela...
(o que choca mais nisto é a falta de escrúpulos destes homens 'de ciência' em roubar o reconhecimento e o trabalho de outras pessoas pela ganância dos prémios e títulos. Isto diz muito da credibilidade dos 'homens de ciência'... a História toda, e não só da ciência, tem que ser reescrita à luz da verdade dos factos e não da mentalidade machista)
A
Uma empresa de publicidade -que não deve ser pequena, para ter sido contratada pela Ford- achou normal e, quem sabe, piadótico, fazer um anúncio com mulheres presas e amarradas na mala de um carro, promovendo, publica e ostensivemente, a violência contra as mulheres, que é pouca, como se sabe, sobretudo em países como a Índia.
O que diriam os homens se a publicidade fosse toda assim...
Isto não é um problema local, é um problema global.
Já se sabia que mais de 600 mil sírios fugiram do país nos últimos 22 meses. Segundo um relatório divulgado esta segunda-feira, muitas jovens e mulheres fugiram da violência sexual.
A violação é “um fenómeno significativo e inquietante na guerra civil na Síria”, concluiu a organização International Rescue Committee depois de fazer três inquéritos junto de 240 refugiadas sírias no Líbano e na Jordânia. Interrogadas sobre os motivos que as levaram a deixar o país, muitas referem "violação ou violência sexual", descreve o IRC.
“Muitas mulheres e raparigas contaram ter sido atacadas em público ou nas suas casas, em geral por homens armados. Estas violações, por vezes colectivas, acontecem muitas vezes diante dos olhos dos membros das suas famílias”, descreve a organização. Nem todas as vítimas vivem para fugir e contar – algumas são raptadas, torturadas e mortas.
“As histórias que ouvimos, nas conversas com as sírias, são realmente horrendas”, disse ao diário Guardian Sanj Srikanthan, director para emergências do ramo britânico desta ONG.
No domingo, seis homens foram detidos no Estado indiano de Pendjab suspeitos de terem participado na violação coletiva de uma mulher num autocarro.
Subestimo sempre o machismo dos portugueses, mesmo aquele machismo não agressivo e benevolente. Nunca estou à espera dele. Como os meus melhores amigos não são nem um bocadinho machistas e como eu não ligo puto a isso nem me passa pela cabeça que os outros vivam nessa atitude. É assim que me acontece dizer qualquer coisa a um homem que não conheço bem mas que faz parte do círculo de conhecidos com a intenção de discutir uma ideia ou tentar perceber um ponto de vista e de repente apercebo-me que o indivíduo assumiu que eu estou a querer qualquer coisa a mais do que disse. Não lhe passa pela cabeça, sendo eu uma mulher, que esteja interessada em discutir uma ideia ou até em fazer uma amizade. Não senhor. O que lhe passa pela cabeça é que estarei com alguma intenção de qualquer coisa. É claro que volto costas e nem digo nada porque também não vale a pena embaraçá-lo. Mas isto surpreende-me sempre e deixa-me irritada. Se eu quisesse algo mais saberia dizê-lo...
Noutro dia li um artigo no jornal sobre blogs por género. Que há blogs femininos e masculinos. Que a blogosfera é masculina e que os blogs das mulheres são confessionais e o dos homens políticos...Achei o artigo todo estúpido. Assim como acho estúpidas as pessoas que estão sempre a ver se as mulheres são rosas e os homens azuis. Então não é evidente que numa sociedade machista como a nossa a maior parte dos homens, sobretudo de uma certa idade, e com uma faceta pública, terá pudor em ser sentimental e poético? Se o quiser ser assume um pseudónimo qualquer onde se possa esconder?
Acho o machismo uma ideia tão desinteligente. É tão evidente que as sociedades onde existe menos machismo são mais equilibradas, evoluídas em termos civilizacionais, inteligentes e com melhor qualidade de vida.
Nunca vejo as pessoas como homens ou mulheres, a não ser que seja essa a intenção deles/as. Vejo sempre como pessoas. Já andava na faculdade quando tive, pela primeira vez, noção do machismo, através de um professor idiota. Até lá, nunca me tinha apercebido disso -nunca me tinham tratado como 'mulher' em vez de pessoa- e, para mim os parvos eram só parvos, o que não tinha nada a ver com serem rapazes, ou raparigas, mas apenas com serem parvos. E ainda assim é.
Hoje em dia toda a arte e até a vida quotidiana exploram muito o lado sentimental das pessoas. Os homens já se vestem de rosa e com camisas de flores. Usam lingerie e choram na TV. Por muito lamecha que isso possa parecer é um sinal positivo de que as coisas podem melhorar. No dia em que a ideia de brutidade e de homem deixarem de estar ligadas o mundo melhorará.
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