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A Ordem acusa António Costa de proferir declarações “incompreensíveis, factualmente erradas e que enfermam em problemas conceptuais que importa clarificar”.

 

Em relação ao ‘numerus clausus’ nos cursos de Medicina, explica que “a sua definição é da competência da Direção-Geral do Ensino Superior, na dependência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e não da Ordem dos Médicos”, que “nem sequer é ouvida”.

 

Mesmo assim, importa lembrar que o ‘numerus clausus’ de Medicina sofreu um aumento exponencial nas últimas décadas. Os ingressos em Medicina mais do que duplicaram em apenas 20 anos, de cerca de 600 vagas em 1999 para mais de 1.500 no último ano.

 

“O país conta com um rácio de 4,8 médicos por 1.000 habitantes, quando a média da UE28 é de 3,6 (dados Health at a Glance: Europe 2018). O problema não está, por isso, no número de médicos existentes no país e sim na incapacidade que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem tido em atraí-los e mantê-los, com um projeto de carreira estimulante e duradouro”, argumenta.

 

publicado às 12:37

 

E ambas as partes estão a perder o controlo da situação. O governo é o principal responsável. Não sabem falar nem negociar com ninguém, só sabem impôr, hostilizar e bater o pé. Amuam, dizem que ou se faz como gostam ou não se faz... isto não é digno de governantes numa democracia. Se não sabem argumentar e negociar e só sabem mandar com a força da assimetria de poder vão para a Venezuela. Agora o secretário de Estado amuou e diz que não fala com a Ordem porque não gosta desta bastonária...

 

Entretanto a bastonária e os sindicatos dos enfermeiros também já estão a perder o controlo da situação e já reivindicam a reforma aos 57 anos e ainda que querem ganhar como os médicos porque, dizem, não há grande diferença entre médicos e enfermeiros e com essas declarações abriram uma guerra com os médicos, o que é imprudente e mostra falta de perspectiva da realidade.

 

Não tarda muito estão ambos numa situação de não retorno com consequências gravíssimas para os doentes.

 

Bastonário condena "declarações falsas" sobre médicos

 

Bastonária dos enfermeiros critica secretário de Estado.

 

Secretário de Estado suspende relações institucionais com Ordem

 

publicado às 16:09


Vou ter que começar a mentir

por beatriz j a, em 25.05.18

 

 

Eu percebo que os médicos façam todos as mesmas perguntas quando olham para a minha ficha clínica e vêem lá escrito, 'adenocarcinoma do pulmão': ainda fuma? Foi fumadora? Quantos cigarros fumava? Com que idade começou a fumar? Quando respondo às últimas duas perguntas fazem uma expressão de choque e alguns de censura [porque não me conhecem, pois se conhecessem sabiam que sou literalmente aquele verso de Ricardo Reis, Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes] que já me irrita. Porque é que não se chocam antes com a corrupção que destrói o país ou com o canibalismo da banca? Um deles, depois de fazer essa expressão de choque disse-me a seguir, 'ah, mas não se sinta culpada'... um bocadinho tarde para dizer isso, não(?), depois dessa cara... de modo que vou começar a dizer meias verdades que é o mesmo que mentir e quando me perguntarem quantos cigarros fumava digo, humm... aí um maço ou algo mais ('algo mais' pode ir até ao infinito, não é verdade?); e quando me perguntarem com que idade comecei a fumar digo, lá para a adolescência (a adolescência vai dos 10 aos 20 anos, não é verdade?). Ou isto ou então digo, 'olhe, se quer que eu diga a verdade tem que ser capaz de fazer poker face de modo que comece já a ajustar a sua expressão facial para o modo de, 'impassível, nada me choca' e se não é capaz de fazer isso avise já para eu começar a mentir.

 

publicado às 21:27


Somos um país rico e populoso

por beatriz j a, em 12.03.18

 

Vem aí uma vaga de emigração de jovens médicos?

O presidente da Associação Europeia dos Médicos Hospitalares e o ex-presidente do Conselho Nacional do Médico Interno estimam que dentro de três a cinco anos a emigração volte a aumentar. Tudo por causa do número cada vez maior de jovens médicos que ficam sem vaga para fazer a especialidade em Portugal.

 

Formamos médicos com os nossos impostos e depois vemo-los ir para outros países produzir, pagar impostos e fazer babies, que é coisa que temos a mais, como todos sabemos...

 

publicado às 18:53

 

 

Árabes voltam a contratar médicos em Portugal e oferecem salário de 12 mil euros

 

Um estudo publicado em Junho na Acta Médica Portuguesa, uma publicação da Ordem dos Médicos, baseado na inquirição a mais de 800 internos de 45 especialidades diferentes, revelou que cerca de 65% dos que frequentam o internato da especialidade em Portugal admitem emigrar após concluída a formação.

Só no ano passado, emigraram 387 médicos e cerca de 1100 pediram o certificado à Ordem para poderem exercer a profissão noutro país, contabilizou recentemente o bastonário José Manuel Silva.

 

Quanto custa formar um médico? Quanto custa às vidas das pessoas a falta de médicos? Ao País a falta de contribuintes?

 

 

publicado às 21:12


Uma lei que obriga à falta de transparência

por beatriz j a, em 20.05.14

 

 

 

... e à cumplicidade por silêncio não é um código de ética. A lei dá prioridade à aparência das coisas. Os médicos devem trabalhar para a aparência do sistema: mesmo que o sistema esteja realmente mal é obrigatório fingir/mentir e manter as aparências?

 

 

Os médicos [do Norte] não aceitam a "lei da rolha" prevista na proposta de código de ética, que está a ser preparado pelo Ministério da Saúde, e preparam-se para romper todas as colaborações com a tutela

 

É a resposta ao código de ética que está a ser redigido pela tutela e que, entre outros pontos polémicos, obriga os profissionais de saúde a guardar "sigilo absoluto" em relação ao exterior de toda a informação que possa afetar ou colocar em causa a imagem da instituição.  

"Se os médicos forem proibidos de denunciar situações que estão mal nas instituições do SNS, quem sai prejudicado são os doentes, é a segurança dos doentes que fica em causa"

 

 

publicado às 05:30


Sobre a greve dos médicos

por beatriz j a, em 12.07.12

 

 

 

Não estou por dentro dos problemas das carreiras dos médicos mas há dois factores que me parecem significativos: o primeiro é que substituir médicos de carreira por tarefeiros é uma coisa que me faz fugir a sete pés dos hospitais públicos. Uma pessoa espera que os médicos trabalhem uns com os outros, que uns tutelem outros, que reunam para falar dos casos que têm para evitar que ande um qualquer a tratar dum doente com tensão alta como se tivesse uma pedra nos rins...

Deus me livre de ir parar a um hospital e apanhar um tarefeiro que anda para lá perdido e que veio sabe-se lá de que Lusófona...Tornar o trabalho dos médicos precário não me parece a melhor maneira de melhorar os serviços; em segundo lugar, não se pode pagar o salário mínimo a um médico!

Um médico não se forma à Relvas. Começam logo na escola. Enquanto os colegas se vão embebedar ao fim de semana eles ficam em casa a fazer exercícios de matemética e a encornar definições de biologia, que é muito difícil tirar média de 18 ou 19 no secundário. Um curso de Medicina custa um grande investimento de vida, de tempo (são seis ou sete anos, só para começar) e de dinheiro. É um curso caríssimo e que requer grandes sacrifícios. Não se vá equiparar um médico a um assessor de ministro, a um Relvas ou a um trabalhador que não teve para estudar e foi tirar um curso profissional de seis meses! É uma profissão stressante e de grande responsabilidade. Chegam a trabalhar nos bancos setenta e tal horas de enfiada. Eu estou de acordo em melhorar a formação dos médicos e em acabar com certos esquemas com as farmacêuticas, etc. Agora, tratar o trabalho do médico como o de um moço de recados? Mas está tudo doido?

 

publicado às 22:46


coisas incompreensíveis...

por beatriz j a, em 14.06.12

 

 

 

 

... e irritantes. Os médicos zangam-se uns com os outros e depois nós é que pagamos porque parece que temos que zangar-nos também com os colegas com quem se zangaram! Acho certas coisas um abuso.

 

publicado às 17:14


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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