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A cultura é um luxo

por beatriz j a, em 06.01.18

 

 

Hoje acordei às duas e meia da manhã com uma frase na cabeça, de um site que me manda emails de publicidade. A fraze dizia, 'por favor não volte a incomodar-me na minha conta'. A coisa foi tão real que fiquei perplexa e levantei-me, abri o portátil e fui ver se tinha lá algum email do site a dizer aquilo. Não, claro, o que tinha era um email a tentar-me com artigos para compra. Deitei-me outra vez [convencida da justeza da teoria de Freud segundo a qual os sonhos são a realização de desejos]. Não sei se por causa disso mas quando voltei a acordar decidi que daqui até Maio não compro nada de nada a não ser alimentação e outras coisas de saúde e sobrevivência. Não vou aos saldos, não quero saber de compras, estou à dieta de compras. Excepto livros, claro, que disso não faço dieta.

Resolvi fazer as contas ao que gastaria em livros e outros artigos culturais, se de facto pagasse por todos os produtos culturais que consumo. Interesso-me por cerca de três livros por semana, dos quais leio um, pelo menos. Os livros custam em média, 25 a 30 euros, quando novos e, não sendo técnicos, pois esses custam 100€, ou mais. Se os comprasse gastava cerca de 300 por mês.

Se pagasse aquilo que os jornais e algumas revistas pedem de assinatura (online), cerca de 5 a 7 euros mês, era uma renda de 100 euros por mês a acrescentar ao outro preço porque tenho nos meus favoritos cerca de 80 jornais que leio com regularidade, pelo menos uns doze por dia. Junta-se mais um ou dois filmes por mês, uma ida a um museu de dois em dois meses, um concerto, mês sim, mês não (cada bilhete custa entre 40€ a 60€) e, tudo isto, sem entrar com os milhares de música que ouço por mês; ou seja, os gastos apenas com ler, ir ver uns filmes e ouvir música davam qualquer coisa como 600 ou 700 euros euros por mês. São 8500€ por ano. Mas eu ganho lá para isso...?

Se os jornais e revistas e sites de música me pedissem 50 cêntimos por mês eu pagava mas 5 ou 7 euros não posso pagar. Uma pessoa com interesses culturais não lê um jornal ou uma revista apenas, vai buscar informação a muitas fontes: lê uns 30 ou 40 jornais, lê umas 3 ou 4 revistas por semana (estou a falar em formato digital); ouve música de várias fontes, vê vários filmes. Não é possível pagar mais do que cêntimos pelo acesso a cada uma das coisas, a não ser que se tenha um orçamento de 800€ ou 1000€ por mês para gastar, só em produtos culturais. O meu patrão paga-me mal, deixa-me congelada por dezena de anos, sobe-me o preço de tudo e nem me deixa descontar os livros nos impostos...

Portanto, como a cultura é um luxo, se não somos ricos temos que arranjar maneira de aceder às fontes de outros modos ou conformarmo-nos em ser ignorantes e alienados. 

No primeiro dia de aulas do 2º período conversei com umas alunas da turma do 11º ano que gostam imenso de ler. Estiveram a dizer-me o que tinham lido nas férias e trocámos impressões sobre a própria experiência de ler e gostar de livros. Depois as miúdas (duas delas tocam instrumentos e gostam de música clássica) disseram-se que não lêem mais e não vão a concertos porque a família não tem dinheiro para esses luxos. É triste... vivemos num país onde quase tudo o que não seja o pão para comer é um luxo: a cultura, a educação, a saúde, tudo é um luxo. Não admira que as pessoas leiam pouco, frequentem pouco o cinema e arranjem maneira de ver filmes e ouvir música sem pagar.

Quando morei em Bruxelas, o museu de Belas Artes, que é do Estado, não cobrava entradas. Tinha uma espécie de mealheiro gigante no hall de entrada onde pedia para se deixar um donativo, coisa que a maioria fazia mas que quem não podia não o fazia. O que quero dizer é que qualquer pessoa, mesmo um pedinte podia entrar no museu e instruir-se, educar-se, apreciar arte, ler qualquer coisa interessante. Também havia uma política dos livreiros onde um livro, passados seis meses da sua publicação, podia ser editado em versão barata, de bolso e, posto à venda por uma ninharia. É por isso que era vulgar, no metro, ver operários a comprar um livro por um euro e ir a ler até casa. Cá os livros em saldo custam 23 euros... ... no nosso país, a cultura é um luxo. Daí a quantidade de ignorantes por toda a parte.

 

publicado às 13:21

 

 

 

Marcelo recusa carro de 129 mil € comprado por Cavaco Marcelo Rebelo de Sousa não quis utilizar o veículo e doou-o à Presidência do Conselho de Ministros, que o entregou a António Costa.


O Costa claro. Porque temos que pagar estes luxos aos políticos? Como se elegessemos representantes com o objectivo de que nos assaltem com as suas necessidades de excesso de luxos...

Marcelo Rebelo de Sousa tem dado um exemplo positivo neste neste deserto de deslumbrados bacocos sem ética que são os políticos portugueses quando toca a privilégios e luxos.

 

 

publicado às 05:53


O que se esperava do SS...?

por beatriz j a, em 21.01.16

 

 

 

Indústria de cutelaria sente-se "desconsiderada" por Estado comprar faqueiro alemão

 

Assim que chegou ao MNE não se pôs logo a viajar em executiva? Este fulano já foi ministro da educação... faz parte da classe dos ministros tudólogos, quer dizer, tanto faz estragar este ministério como o outro...

 

 

publicado às 02:23


O que dizem e o que fazem

por beatriz j a, em 31.10.15

 

 

Estado gastou mais de 360 milhões de euros na frota automóvel

 

Os contratos do Estado para a aquisição de carros novos não respeitam as boas regras da gestão. Chega a haver casos em que os equipamentos adicionais custam mais que o preço base do veículo. O alerta é feito num relatório do Tribunal de Contas a que a SIC teve acesso.

 

O que dizem quando vão para os governos é que vão cortar as gorduras, os privilégios, os excessos... o que fazem é o oposto. Todos. Sem excepção. Alguns têm mesmo o descaramento demagógico de chegar ao governo de motoreta...

Porque é que cada um não anda no seu próprio carro? Porque retiram o prestígio pessoal, não do bom trabalho que [não] fazem mas da cilindrada dos carros que nos obrigam a pagar-lhes e das mordomias a que têm acesso. E é com esta mesma mentalidade que tratam todos os assuntos da governação. Daí que todos queiram ir para o poder e que quando lá cheguem façam o oposto do que defendiam quando eram oposição.

 

 

publicado às 10:19


Os ministros que temos

por beatriz j a, em 12.10.14

 

Ministros que não são capazes de prescindir de luxos enquanto pedem sacrifícios aos seus concidadãos não têm credibilidade. Retiram a sua dignidade dos títulos, dos cargos, dos carros e dos luxos de que se servem em vez de a retirarem da qualidade do serviço que prestam.

 

 

 

 

publicado às 09:32

 

 

 

 

Passos 'não pagou' bilhete para Bruxelas

Segundo o Jornal de Negócios, a opção do primeiro-ministro não terá tido qualquer efeito de poupança nas contas do Estado, já que não é o chefe do Governo que paga as suas viagens na TAP. A decisão, sabe-se agora, tem um carácter meramente simbólico, e não monetário, já que não é o Governo que paga os bilhetes na transportadora aérea nacional.

 

Vamos lá a ver, a TAP é uma empresa pública, paga, portanto, por nós todos. De cada vez que o primeiro ministro ou outros ministros ou deputados ou assessores, etc. viajam em executiva com a sua comitiva, são lugares de classe executiva que ocupam e deixam de estar disponíveis para venda a particulares. Logo, é o erário público que paga esse custo (ou ausência de lucro) de ter lugares de executiva ocupados por quem não paga bilhete. Por isso, a medida não é meramente simbólica, nomeadamente, se a multiplicarmos pelas centenas de pessoas que vão dos governos aos assessores e que deviam incluir deputados europeus, também: são milhares de viagens em classe de luxo, milhares de lugares que ocupam e que o erário público suporta.

Depois, a atitude do primeiro ministro, mesmo que não poupasse aqui um tostão, é simbólica da nova atitude que este governante quer iniciar para a vida pública: não pedir aos outros sacríficios se não estiver disposto a fazê-los também, nomeadamente, prescindir de certos privilégios que são suportados pelo sacrifício dos outros. Se os deputados que andam a pedir subsídios de reintegração (deixa-me rir!) e pensões vitalícias(!) tivessem esta atitude do primeiro ministro, prescindiam delas e não vinham dizer que como são poucos não se poupa grande coisa que é tudo simbólico. De simbólico em simbólico poupavam-se milhões e milhões em vez de nos levarem à ruína como fizeram.

Ainda hoje não percebo porque é que os deputados têm direito a pequenas fortunas (secretas) por terem trabalhado numa função pública priviligiada e cheios de mordomias uns anos e o resto da função pública, que até pode ter trabalhado 30 ou 40 anos em péssimas condições vê os salários reduzidos por decisão unilateral, sem apelo nem agravo.

Mas claro, deve ser tudo simbólico e eu é que sou parva e não percebo.

 

publicado às 12:46


O jacto do BPP

por beatriz j a, em 25.05.09

 

 

Correio da Manhã, hoje

 

Em 2005, o eurodeputado britânico Nigel Farage denunciava que Durão tinha passado as férias do Verão de 2004 (já indigitado para a CE) a bordo do iate de um magnata grego. Este ano, veio a Portugal receber um prémio na Fundação Luso-Brasileira a bordo de um jacto privado pago pelo BPP.

 

Portanto, o BPP, aquele banco só para ricos que anda a chupar o dinheiro de todos em ajudas que o primeiro ministro lhe dá aos milhões enquanto condena os portugueses à miséria, porque, coitados, os queridos do banco agora estão mal e precisam etc., continua a manter um jacto a funcionar, e até oferece viagens a outros.

Pois claro, é para isto que precisam dos milhões perdidos ao jogo - para os aviões a jacto, 'yates', limusinas, casas de recreio, férias nas maldivas, compras em Rodeo Drive, etc. etc.

publicado às 08:13


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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