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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Em primeiro lugar destacam esta frase de propósito porque poderiam ter destacado a outra em que diz, "há 20, 25% professores excecionais, 60% bons e 15% que nunca deviam ter entrado no sistema...", já que 15% é uma minoria, embora também não se saiba onde foi buscar estes números mas não interessa porque a verdade é que podemos aplicar o mesmo título a qualquer outra profissão, sendo que em algumas, parece-me que a percentegem dos maus estaria muito acima dos 15%...:
Há jornalistas que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há políticos que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há economistas que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há gestores que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há juízes que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há médicos que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há advogados que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há polícias que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há engenheiros que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há construtores que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há empresários que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há militares que nunca deviam ter entrado no sistema.
Há padres que nunca deviam ter entrado no sistema.
Etc., etc...
Enfim, a frase aplica-se a toda e qualquer profissão, de modo que este título bombástico que diz nada sobre coisa alguma, apenas enuncia uma 'Lapalissada', só pode ter como fim influenciar a opinião pública no sentido de pensar que há uma especial incompetência entre os professores, de modo que este título no jornal do irmão do Costa que promove uma perseguição aos professores juntamente com o da parelha, diz mais sobre a falta de ética dos jornalistas que sobre os professores.
O autor deste artigo de opinião argumenta que os portugueses não estão preparados para pagar os partidos políticos e até querem reverter o regime para o pré-25 de Abril a partir da indignação das pessoas com os abusos e a falta de consciência cívica dos deputados. Demagogia é isto. Dá ideia de que só há duas opções extremas: ou apoiamos os deputados e governos mesmo quando a sua acção é de prevaricação, de incompetência ou de imoralidade ou estamos contra os partidos e a democracia.
Por outro lado, se os portugueses se calam quanto aos abusos dos políticos, estes mesmos jornalistas dizem que a sociedade portuguesa está dormente e merece os políticos que tem mas se as pessoas se indignam e falam dizem que querem acabar com os partidos e a democracia. Demagogia é isto. As pessoas indigam-se porque lhes dão razão para isso. É triste dizer isto mas os nossos políticos não são grande coisa em termos de ética e falta-lhes formação filosófica para perceber os princípios que subjazem às suas decisões políticas e as implicações que nelas estão contidas no que respeita aos fundamentos e estrutura da sociedade. Só vêm o curto prazo e o interesse económico/partidário próprio está no topo das prioridades. Isso é visível no que fazem e, sendo contrário ao interesse público que deviam servir, constantemente prejudicam pessoas e as pessoas revoltam-se e indigam-se o que não é ser contra os partidos políticos em abstracto ou contra a democracia, é ser contra estes políticos em concreto que estas coisas fazem, como desagendar assuntos importantes para o país para se isentarem, à socapa, de pagar impostos e outras coisas.
Alguns jornalistas deviam fazer um upgrade da sua posição e passar de devotos a críticos porque o lugar dos devotos é nas igrejas a celebrar deuses, não na política onde só há seres humanos.
Ao generalizar a todo o povo português uns comentadores de jornal fez o mesmo que criticou nos comentadores de jornal que foi generalizarem a todos os políticos o que pertence a alguns deles. Mas não percebeu isso.
O que se retira desta conversa é que erros construídos sobre erros são o caminho para o desastre. Trump só é possível por causa dos erros anteriores acumulados e o que interessava agora era denunciar os erros actuais e combatê-los. E isto é válido para qualquer país ou política e estes dois dizem-no muito bem.
É que dantes a MTV era um canal de música. Agora é um canal de concursos e pornografia soft. Aconteceu o mesmo com os jornais. Dantes eram fontes de notícias. Agora são um misto de fait-divers , notícias políticas e empresariais encomendadas e pornografia soft. E se pudesse não pagar a taxa das TVs que deixei de ver pelas mesmas razões, não pagava.
Há uns dias fui ao site de um jornal, como faço todas as madrugadas em que dou uma volta pelas notícias e dei de caras com o Sócrates, em frente a um cartaz a dizer 'PS O Futuro' ou algo do género, logo ali na 1ª página em destaque. Passei logo para outro jornal porque se eu quisesse ver propaganda política esfregada na minha cara camuflada em notícia, já me tinha matriculado num partido político há muito tempo.
Hoje em dia confio mais em sites de pessoas particulares que têm acesso a fontes e partilham o que sabem na internet e em alguns jornais e canais de TV (estrangeiros) que informam mesmo. Dá-me trabalho encontrar essas pessoas mas uma vez encontradas, perfiro-as porque informam-me sem 'agendas partidárias' e sem ter que gramar mulheres nuas a torto e a direito mais cãezinhos a lamber bebés.
É só uma observação a propósito destas palavras no Observador.
Estas palavras de Mário Cruz a propósito da reportagem fotográfica que lhe deu o prémio são reveladoras. O jornalismo está nas mãos de comerciantes que só pensam no lucro, de modo que quem quer fazer um trabalho sério tem que fazê-lo por sua conta, às suas custas e, à margem das direcções dos jornais. Daí a decadência em que se encontra o jornalismo. E quem diz o jornalismo, diz as escolas e os hospitais que têm nas direcções pseudo-gestores ao serviço do lucro dos lobbies que por sua vez servem o lucro de grandes empresas. Quem quer trabalhar como deve ser, com um trabalho consequente e profundo, tem que fazê-lo às suas custas e à margem das direcções.
Dantes, quando os serviços eram dirididos por pares, fossem jornalistas, médicos ou professores o objectivos eram, respectivamente, o acto pedagógico, o acto médico e o serviço informativo público. Agora que os serviços estão nas mãos de comerciantes que só pensam no lucro a decadência é inevitável e é visível.
“Se dermos às pessoas apenas o que elas querem, sem irmos mais além, fazendo um jornalismo de contabilização de cliques da Internet, qualquer dia só publicamos vídeos de gatos”, ironizou Andrew Keen
... apesar de ter sido dito no âmbito do jornalismo. Se dermos aos alunos só o que eles querem acabamos a passar filmes de gatinhos e cãezinhos abandonados, vídeo jogos e pornografia.
rever-clube-dos-poetas-mortos-é-um-tormento
Dead Poets Society Is a Terrible Defense of the Humanities
(ainda ontem ou antes de ontem, já não sei, este indivíduo escrevia uma crónica disparatada a dizer que havia de obrigar a filha a estudar matemática porque não admite que vá para humanidades por preguiça...)
Está uma rapariga jornalista na RTPn a fazer uma entrevista muito interessante ao J. L. Peixoto. Uma coisa despretensiosa e inteligente. Nice.
Estava à conversa com uma amiga acerca do facto dos filmes portugueses actuais -salvo raras excepções- serem pouco mais que uma colecção de cenas de sexo para vender bilhetes e publicidade. Na mesma onda, por assim dizer, também os jornais trazem sempre na primeira página, ou mulheres nuas ou estatísticas sobre sexo ou artigos sobre actrizes porno ou sobre a feira do sexo...jornalismo já há pouco e nem disfarçam.
Enviou-me ela um vídeo muito interessante sobre a tendência do jornalismo actual, que é internacional e não apenas nacional e que está de acordo com os políticos que temos e outros (não) especialistas afins.
Aqui uma banda de música, que deveria ser entrevistada por um jornalista acaba por dar uma lição de jornalismo ao jornalista.
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