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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
... Angelo Ciocca, na mesma conferência de imprensa sobre o orçamento, exibiu os documentos do comissário europeu, tirou um sapato e pisou os papéis com o tacão.
...o comissário europeu voltou a falar de "falta de respeito" e um gesto "grotesco", as mesmas considerações que exprimiu na terça-feira numa mensagem difundida através da rede social Twitter.
Os tecnocratas de Herr Schäuble tentaram fazer na Grécia o que fizeram na Itália ao Monti- o primeiro ministro que tomou medidas para retomar a economia e inverter a austeridade, para além de não professar a crença cega no dogma euro; o mesmo que disse coisas como, Se o ‘spread’ [da dívida pública] em Itália permanecer neste nível por algum tempo, então vamos ver [em Itália] um governo contra a União Europeia, o euro e a disciplina orçamental”, e outras (podem ver-se em baixo seguindo os links) que foram entendidas como desobediências insuportáveis... Olha, entre ele dizer aquelas coisas e ir parar ao olho da rua foi um ápice... é que ainda por cima ele tinha o descaramento de ser bom no trabalho... imagine-se o que era conseguir manter a Itália independente e autónoma... livra!! Agora está lá o querido Renzi... amigalhaço da Merkele.
Pois, queriam [herr Schäuble] fazer o mesmo na Grécia: meter os dois na rua [um deles, o Varoufakis já foi posto a andar] e subtitui-los por um amigalhaço tecnocrata [herr Schultz até o disse sem peias] que aprovasse muita austeridade e vendas de bens ao desbarato a empresas alemãs e etc. Mas, como não conseguiram desmanchar o governo grego e acontece que o Tsipras até aumentou a base de apoio com o referendo, querem pô-los a andar. Desobediências é que her diktator não admite...
Chão da Catedral de Florença, uma obra do arquitecto Filippo Brunellesch, famoso por ter desenvolvido a perspectiva linear. De facto, Itália, no que respeita a Arte, joga noutra categoria.
... só que é real, com centuriões e tudo! O autêntico 'cliché' das discussões italianas. Parece que a autoridade não gosta muito do aspecto dos centuriões que andam à volta do Coliseu e do Panteão.
Para saber se se deve privatizar o abastecimento de água, para saber se os ministros podem, ou não, escusar-se a responder em tribunal pelas suas decisões no cargo, etc., etc.
Cá nada se pergunta, é tudo imposto. Hábitos de democracia.
Hoje
O Tribunal de Milão anunciou hoje a condenação do ex-governador do Banco de Itália, António Fazio, a quatro anos de prisão devido a um escândalo bancário que ocorreu em Itália em 2005.
Não! Não é cá, claro! Se fosse cá era promovido...
Em Itália 500.000 pessoas manifestam-se contra a incompetência, a corrupção, a ameaça de totalitarismo e a vulgaridade do primeiro ministro que têm.
Cá em Portugal com um primeiro ministro idêntico em incompetência, tendências totalitárias, vulgaridade e suspeitas de corrupção o que faz o povo? Nada. Continua a dar-lhe o voto. Com uma excepção: OS PROFESSORES, que já saíram à rua mais que uma vez, em números de milhares e que lhe tiraram a maioria absoluta nas últimas legislativas.
Já o disse várias vezes e repito: a classe dos professores parece ser ter sido a única a perceber desde muito cedo o calibre dos que nos governam e parece ser a única que, ainda hoje, está disposta a dar o corpo ao manifesto para não deixar que façam à educação o que estão a fazer à justiça e, portanto, à democracia: quebrá-la, manietá-la, instrumentalizá-la.
SÓCRTAES ÉS MUITO MAU: DEMITE-TE E LEVA CONTIGO TODA A SUCATA!
As notícias, cada vez mais frequentes, que um ou outro dos nossos chefes, desvaloriza toda e qualquer crítica ao seu trabalho são, quanto a mim, um sintoma duma endémica falta de cultura democrática neste país. O pior é que esta moda, que durante algum tempo parecia afectar apenas um número reduzido de personalidades do poder alastrou de um modo assustador.
Hoje foi um sindicalista que protestou – o protesto não é comentado por ter sido desvalorizado; na assinatura do Tratado de Lisboa as manifestações de oposição foram desvalorizadas, comentadas como casos de falta de educação (!); quando milhares de trabalhadores se manifestam contra esta ou outra política, ou decisão, invariavelmente o caso não é sequer comentado porque as autoridades visadas declaram desvalorizar o acontecimento. Se as notícias informam que o desemprego aumentou, a notícia é desvalorizada. As notícias diárias e chocantes sobre o aumento, em simultâneo, da riqueza dos bancos e da pobreza dos trabalhadores, são desvalorizadas como coisa banal.
Desvalorizar significa não atribuir valor, ou pelo menos diminui-lo.
Mas, se as críticas, ou manifestações, ou perguntas, ou seja lá o que for, são as pessoas do povo que as faz, não lhes atribuir valor é desvalorizar o povo que as faz.
A minha pergunta é só esta: se os nossos manda-chuvas não atribuem valor às pessoas deste povo, porque não vão governar outro povo qualquer que tenha, a seus olhos, pessoas que valham a pena governar?
Li que a Itália, na região de Nápoles, está com uma crise tão grande de lixo, que já falam em prejuízos de 500 milhões de euros. Acontece que, como desvalorizaram durante muito tempo o trabalho de recolha e tratamento de lixo têm agora 15 mil toneladas de lixo nas ruas que já afastaram as transacções comerciais, o turismo, etc.. A crise é tão grande que as autoridades julgam que nem uma mega-campanha de publicidade poderá reverter facilmente a má imagem deixada por esta crise nojenta, consequência de se governar para as aparências pensando que varrer o lixo para debaixo do tapete é o suficiente para que ele não se veja.
Só mesmo para quem é de vistas curtas!
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