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no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau
Haghia-Sophia vista do Corno Dourado
Chamam-lhe O Corno Dourado
a esse vale profundo
permanentemente inundado
Bizâncio fê-lo fecundo
mas foi Justiniano inspirado
quem lhe deu o mais famoso
horizonte recortado
nas cúpulas da Hagia Sofia
rompeu os céus de um lado
do outro, a Torre Galátea
a dominar o vale sagrado.
bja
Os muçulmanos têm um calendário com o mês do Ramadão onde aparece, dia a dia, a hora que marca o fim do dia. Todos os dias encurta um minuto. Hoje a hora para se poder comer são as oito e vinte e seis, acho. Nestes dias, o chamamento para a horação é, na prática, a ordem de autorização do ataque à comida...lol. Os restaurantes têm pratos próprios para muçulmanos que estão em jejum. São pratos de digestão lenta cozinhados de modo a evitar a necessidade de água a açucares.
O que é que se pode dizer daquela cisterna...trezentas e muitas altas colunas num chão de espelho de água a fazerem uma espécie de catedral subterrânea. Um ambiente fantástico, escuro e fresco. Uma das colunas está toda decorada, em relevo, com o evil eye, um olho que eles aqui usam em todo o lado para escapar à má sorte.
Hoje estive na Ásia. Foi a primeira vez que pus o pé na Ásia :)
Logo à noite vou jantar a um restaurante de cozinha otomana. Uma pessoa come meio sentada meio deitada numas otomanas dispostas ao redor de mesas baixinhas com diversas entradas e pratos. A cozinha deles é pouco picante e muito à base de legumes e carne de cordeiro. A beringela é o bacalhau deles. Cozinham-na de toda a maneira e feitio e fica sempre óptima. Isso e as kebabs de cordeiro é do melhor...yhumm
Hoje vou começar por ver as cisternas da basílica (a Hagia Sofia). São as cisternas romanas que abasteciam a cidade no tempo em que era Constantinopla. Ainda lá corre água e parece que é uma espécie de Minas de Mordor sem orcs...
Já comprei as especiarias Comprei-as no mercado egípcio. Eles esperam que as provemos antes de comprar e ficam ofendidos se declinamos de modo que provei imensas e fiquei com a língua a arder. Têm chás lindos e com aromas inebriantes. Sim, também comprei chás. Venderam-me quantidades imensas de especiarias que não preciso mas quando dava por isso já me tinham enfiado a colher grande dentro do saco...acho que o que comprei dava para um restaurante funcionar durante três meses... Fiz um enorme esforço para resistir às 'turkish delights' de romã com pistáchio e mel que são mesmo uma delícia.
Fizémos um tour nas mesquitas e no palácio com um guia. Éramos 12. Ao meu lado, ao almoço, estava um casal de indianos de Goa, produtores de algodão, que conhecem imensos portugueses e palavras portuguesas. Perguntei-lhe pelas línguas que se fala na Índia. Disseram-me que os indianos têm tantas línguas e dialécticos que só se entendem uns com os outros em inglês...lol
Um dos sítios mais bonitos é a ponte Galata que atravessa o Golden Horn. Tem uma vista fabulosa e um restaurante por baixo, suspenso do tabuleiro.
É uma cidade enorme. Cinco ou seis vezes o tamanho de Lisboa e cheia de colinas. A disposição natural da cidade é o maior dos seus encantos.
Hoje vi a Hagia Sofia e a Mesquita Azul -que não tem esse nome mas que o usa para os turistas. Uma impressiona pela amplitude e altura da cúpula, outra pelo revestimento de azulejos iznic de cores azuis turquesa e cobalto e verdes esmeralda com vermelhos ocre. É linda.
Hoje também vimos "o diamante das três colheres" que é só o terceiro maior do mundo...Tem esse nome porque foi encontrado, em bruto, por um labrego qualquer que o trocou por três colheres...
Para vermos muitos turcos temos que ir ao lado asiático, que é pobre e é onde mora quase setenta por cento da população. Vê-se que esta é uma economia pujante e em crescimento. Percebe-se porque é que os alemães e os franceses têm medo da entrada da Turquia para a UE...medo da concorrência duma economia forte e competitiva.
É o nome do Bazar dos Livros em Istambul.
Não tem só livros. Tem gravuras, mapas, éditos antigos e, mais do que isso, existe desde a época Bizantina, embora já não ocupe toda a área que ocupava pois em 1453, quando a cidade foi conquistada, os gravadores de metal ocuparam parte dele. Há leilões de livros antigos regularmente. Dantes os livreiros pertenciam a Confrarias e tinham regras específicas, nomeadamente religiosas.
Se tudo correr bem, vou ver este pôr-do-sol
Este post vem a propósito de estar a pensar dar um pulo a Istambul aproveitando um fim de semana grande. Coisa de quatro dias. É para me ir apaixonando pela cidade.
Istambul, cidade do imaginário romanesco. Do meu, pelo menos. Nestas coisas, como se vê, as mulheres são sempre as primeiras vítimas.
Delacroix, A entrada dos cruzados em Constantinopla
Istambul é uma cidade linda. Uma pessoa não se cansa de olhar. Posta na ponta do Corno Dourado, ali onde o Bósforo se junta ao mar de Marmara num azul que marca toda a cidade e toda a cultura e separa a Europa da Ásia.
a ponta do Corno dourado
a mesquita azul
os azulejos Iznik, duma beleza estonteante. Podem ver-se alguns frisos destes azulejos no museu do Gulbenkian que os coleccionava com paixão. Confesso que vou de vez em quando ao museu Gulbenkian só para me deslumbrar com os azulejos da colecção.
Não há dúvida de que a contemplação da beleza faz bem à alma.
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