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Depois de terminarem a especialidade, obstetras e ginecologistas preferem ir trabalhar para o setor privado. Ganham mais, correm menos ...
 
 
Por que razão as vagas de obstetrícia ficam desertas? Pela razão de se tratarem mal os funcionários públicos neste país.
Ainda hoje passei por um cartaz do PS em que se vê Costa e uma '#Cumprimos - mais investimento na educação e melhor SNS.' Fiquei estupefacta... uma coisa é fazer campanha outra é mentir com os dentes todos...
 
Os funcionários públicos são mal tratados - excepto os dos gabinetes de ministros e autarcas.
A mulher de um amigo meu é médica pediatra, chefia uma equipa especializada em obesidade infantil. Trabalha num hospital público importante. Tem trinta e tal anos de trabalho. Nos últimos cinco anos ou assim acompanha-o porque ele tem uma doença e trabalha menos uma ou duas horas por dia. Leva para casa 1500 euros. É pouco, chiça! Isso é menos do que ganha um puto qualquer acessor de secretário de Estado ou de Medinas, daqueles do partido que mal sabem ler e escrever e têm como credenciais no currículo, organizar sardinhadas.
 
Quem é que estuda anos e anos a fio para isto, podendo ter aquilo?
 
O Centeno justifica os salários e prémios dos seus colaboradore e gestores públicos dizendo que tem que se premiar o mérito. A questão é que só reconhece mérito a si mesmo e aos seus amigos e os outros que se lixem que são umas bestas como diz o Costa.
 
Uma amiga contou-me que uma médica novinha que conhece e que está a fazer a especialidade de anestesista faz turnos de enfiada. Faz cirurgias atrás umas das outras, com intervalos de descando muito curtos e quando chega ao fim já está mais para lá do que para cá. Isto até é um perigo. É como pôr uma pessoa pedrada de sono a guiar um carro numa auto-estrada com bebés a bordo.
 
Quem é que estuda anos e anos a fio para isto, podendo ter aquilo?
 

publicado às 19:23


Completamente de acordo

por beatriz j a, em 19.10.17

 

Temo que não aprendamos à segunda tragédia: é preciso um Plano Marshall para o interior

 ...“estamos dispostos a sentar-nos à mesa do orçamento para o alterar na especialidade tendo em conta a nova situação no interior do país, e estamos dispostos a fazê-lo mesmo que isso signifique que algumas das boas notícias do orçamento não possam agora ser tão generosas como antes se pensava”. É impensável que este orçamento possa ser aprovado sem um plano substancial e decisivo para a recuperação do interior e das zonas de catástrofe, que nos permita depois pedir também a ajuda da UE para um novo pacote do Fundo de Desenvolvimento Regional dedicado à reconversão da floresta portuguesa. Ou há solidariedade entre portugueses ou não teremos moral para exigir solidariedade aos outros.

 

Mas a fatia do orçamento não pode ser dada sem que saibamos todos quem vai fazer o quê, como e quando com o dinheiro senão é mais dinheiro para o ralo dos políticos e amigos. É que é preciso mais que dar uns dinheiros a bombeiros. É preciso contrariar a desertificação do país. É preciso termos consciência que se queremos ter um país com recursos, pessoas e bens e não apenas uma faixa de praia temos que assumir que isso tem custos. 

 

publicado às 18:28

 

 

 

 

Dilma investe todas as receitas do petróleo na Educação

O Ministro da Educação, Aloizio Mercandante, que juntamente com outros três ministros apresentou o novo projeto de lei presidencial em conferência de imprensa, acentuou o valor histórico da decisão do governo de Dilma Rousseff. "Não esxite futuro melhor para o país que investir na educação", disse.

Para o ministro, "só a educação fará do Brasil uma nação efetivamente desenvolvida, já que a educação é o fundamento de todo o desenvolvimento económico futuro".



publicado às 08:24


Evidências

por beatriz j a, em 02.09.11

 

 

 

Saúde, educação e segurança social são sectores mais afectados

Governo quer cortar 1500 milhões de euros nos ministérios sociais

 

O documento-base, a que o PÚBLICO teve acesso, é explícito: a fatia de leão dos cortes incide sobre as pastas sociais - Saúde, Educação e Segurança Social. São 1521,9 milhões de euros, o equivalente a 0,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), num total de 1,3 por cento que o Governo terá de poupar no próximo ano, de acordo com o compromisso internacional assumido com a troika.

 

Nunca se falou tanto de educação e da importância da educação para o futuro e nunca se fez tanto mal à educação como nestes últimos anos.

 

É evidente que quanto mais se depauperar as escolas de recursos piores serão os seus resultados; mais se alargará o fosso entre as oportunidades dos ricos que podem fugir à escola pública empobrecida e dos pobres a quem a escola não poderá compensar as desvantagens sociais; pior será, portanto, a mobilidade social; pior será a distribuição da riqueza; pior será a qualidade dos trabalhadores, a qualidade do trabalho, a qualidade dos decisores políticos, a qualidade do futuro do país.

 

É evidente que alunos de famílias em que os pais têm recursos, educação superior e responsabilidade podem frequentar más escolas sem recursos e maus professores que sobrevivem a isso tudo; agora, famílias onde os pais não têm recursos, nem formação superior, nem conhecimentos para acompanhar os problemas dos filhos não sobrevivem a uma má escola.

 

E evidente que uma escola não é má ou boa em si mesma. Se a escola tiver recursos adequados, professores motivados e respeitados na sua autonomia e responsabilizados pelo seu trabalho será uma boa escola; se a escola, aos poucos, for sendo esvaziada de recursos, se os professores forem impedidos de trabalhar com autonomia, se forem reduzidos a instrumentos políticos atirados uns contra os outros, usados em esquemas de benefícios de carreira destes e daqueles, também aos poucos vão baixando o nível do seu empenhamento, o nível da resistência aos ataques continuados, ao desvio do que é o seu trabalho; aos incompetentes que se perpetuam nos cargos...

 

É evidente que, já agora, neste momento, temos decisores políticos de fraca qualidade -pela Europa toda- resultado deste minar continuo da educação.

 

Mas, o que é mesmo importante é gastar dinheiro a criar 3 grupos de trabalho para estudar o futebol...

 

publicado às 12:31


sucesso requer investimento

por beatriz j a, em 30.05.11

 

 

 

O sucesso requer investimento. Estava há pouco tempo na TV uma rapariga nova que ganhou um prémio internacional por trabalho relacionado com as próteses para anca no pós-cirurgia de modo a evitar segundas cirurgias. Uma tal Maria João Runa. De facto, houve um grande investimento na área da ciência médica e biológica que se traduziu num aumento de investigadores bolseiros. Os resultados começam a ver-se. Imensos jovens a alcançar resultados de sucesso nesses domínios. Por aqui se vê que quando há estratégia e investimento, há retorno...

Agora, no ensino não universitário, em vez de investimento há desinvestimento há vários anos já. E, como sabemos, vai continuar. Logo, o que se pode esperar? Sucesso? Não me parece.

 

publicado às 20:23


o que sabemos

por beatriz j a, em 01.03.10

 

 

Portugal entre os piores. Educação dos pais limita salário dos filhos i

A influência do padrão de vida dos pais no futuro dos filhos é transversal a todos os países da OCDE, mas é mais intensa nos países do sul da Europa, que têm sociedades mais desiguais e barreiras de classe difíceis de transpor.

Em Portugal, um filho de um pai licenciado tem menos 50% de probabilidades de se ficar apenas pelo ensino secundário, ao contrário de um colega cujo pai tenha o nono ano.

O ambiente na escola é outro factor importante nos resultados dos alunos - Portugal cai no grupo de países em que o ambiente escolar (a diversidade social de alunos, por exemplo) tem um peso semelhante ao da família, não conseguindo inverter a lotaria social.

 

Que o padrão de vida dos pais influencia as expectativas dos filhos, já sabíamos.

Que o nível académico dos pais influencia as expectativas e a prestação escolar dos filhos, já sabíamos.

Que escolas diferenciadas pelo nível sócio-económico dos pais perpetua a diferença de classes e condiciona a mobilidade social, já sabíamos.

O que também sabemos é que:

Para inverter este caminho é preciso prover a escola pública de meios capazes de diminuir a diferença de contextos entre alunos.

A escola pode atenuar as diferenças proporcionando aos alunos o que eles não têm em casa: contexto culturalmente rico, exigente nas expectativas, apostado no desenvolvimento;

A escola, ou melhor, a educação, nos moldes do que é dito atrás, custa dinheiro: é cara;

A escola pública tem sido palco de drenagem de capital económico e humano ao contrário da escola privada que, apesar de ter já vantagens à partida, tem sido apoiada pelo Estado.

Sabemos que ninguém no país dos governantes quer gastar dinheiro com a educação pública e fazem de conta que não sabem que estão a condenar as gerações futuras a uma perpetuação da pobreza.

 

 

publicado às 09:08


no cabeçalho, pintura de Paul Béliveau. mail b.alcobia@sapo.pt

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